OPINIÃO

Parabéns meu Filho !

Por Ney Lopes de Souza

Hoje, 25 de março, você completaria 48 anos de vida.

Deixou-nos muito cedo. Mas, são os desígnios de Deus.

Esperamos que comemore com os antepassados e amigos, que estão na Eternidade com você.

Infelizmente, entre nós não haverá comemoração.

Sentimos muita falta de você.

Muita mesmo.

Restou-nos a saudade, que não significa estarmos separados, mas sim a dor da ausência, após tantos anos que estivemos juntos.

Como gostaríamos de estar hoje ao seu lado, meu filho, para abraçá-lo carinhosamente.

Este 25 de março era um dos dias mais felizes, por tê-lo conosco, ao lado das suas irmãs e familiares.

Sempre lhe desejávamos saúde, felicidades.

Hoje, em família, iremos ao final da tarde, assistir a missa celebrada pelo seu amigo Padre Charles, na Igreja de Santa Terezinha e rogar a Deus para que descanse em paz.

Visitamos o seu túmulo e depositamos, como sempre fazemos, as flores que expressam nossas recordações e amor duradouro.

Feliz aniversário, Ney Júnior!

É o que desejam sua mãe (Abigail) e seu pai (Ney)

 

 

Dr Ney Lopes de Souza é advogado, professor titular da UFRN e ex-deputado federal

OPINIÃO

“Interrogações sobre as eleições de 2022”

Por Ney Lopes de Souza

Faltam menos de sete meses para a realização das eleições gerais de 2022 no Brasil. Ainda perduram muitas interrogações sobre os quadros partidários, após a “janelinha” que autoriza mudanças, até 1° de abril.

Outro ponto são as “federações”, validadas pelo STF e que terão o prazo final em 31 de maio para serem legalizadas.

A inovação das federações teve o objetivo de dar aos partidos chance de superarem a cláusula de barreira. Essa clausula exige que a sigla alcance 2% dos votos válidos nacionais para a Câmara, ou a eleição de pelo menos 11 deputados federais, em nove estados.

Os partidos que não obtenham esse desempenho ficam sem verba pública e tempo de propaganda na TV.

As previsões são de muitas dificuldades, em função das disputas para governos estaduais serem marcadas por palanques fragmentados, traições e jogo duplo em relação ao cenário nacional.

Prevalecerão a competitividade dos candidatos em nível local e a popularidade dos presidenciáveis, em cada região.

Veja-se, que a federação anunciada entre PSDB/Cidadania, corre riscos de ser desfeita, pelo “veto” do governador, João Azevedo, da Paraíba (Cidadania).

É tida como certa, a união entre Rede e PSOL.

Judicialização do pleito

A judicialização eleitoral ocorre, quando uma decisão, que deveria ser do partido é tomada pela justiça.

Tem aumentado no país esse fenômeno. Percebe-se como principal causa as constantes ameaças públicas, principalmente da Presidência da República, com alegações, sem prova material, de fraude nas urnas eletrônicas.

O ministro da Defesa Braga Neto, o “preferido” do Planalto para ser candidato a vice, em agosto passado mandou “recado” ao presidente da Câmara, de que, ou aprova o que governo quer, ou a disposição das Forças Armadas é que o pleito não seja realizado.

Bolsonaro, em seguida, completou: “Ou fazemos eleições limpas no Brasil, ou não temos eleições”.

Com a “espada de Dâmocles” sobre a cabeça, o TSE adotou medidas públicas, comprovando a lisura do processo eletrônico.

Várias Resoluções foram editadas, além de articulação com órgãos públicos e sociedade.

Enquanto isso, o grupo radical, aliado do presidente, lança chamas contra o STF e o TSE, acusando as Cortes por não acolherem a impugnação do processo eleitoral eletrônico.

Fazem tábula rasa do limite constitucional entre os poderes – “sistema de freios e contrapesos” -, consagrado há mais de 200 anos, no qual um poder deve sempre fiscalizar o outro.

A origem desse mecanismo de controle vem do caso Marbury contra Madison, julgado na Suprema Corte Americana, em 1803.

O processo redefiniu as relações entre os poderes e se tornou o ponto básico do sistema de controle jurisdicional, que previne abusos.

Pouca gente sabe, que nos primórdios da Justiça Eleitoral brasileira, já se falava no emprego de “máquinas de votar” para registrar, sem a intervenção humana, a vontade popular.

A atual urna eletrônica começou a ser desenvolvida pelo TSE, na década de 1990, tendo sido implementada a partir de 1996.

O voto eletrônico não é uma particularidade do Brasil. Segundo o Instituto Internacional para a Democracia e a Assistência Eleitoral (IDEA Internacional), sediado em Estocolmo, na Suécia, inúmeros países já utilizam sistemas eletrônicos para captação e apuração de votos

A lista inclui nações democráticas como Suíça, Canadá, Austrália e Estados Unidos, país que adota sistemas eletrônicos em alguns estados. Na América Latina, México e Peru também fazem uso desse sistema.

Na Ásia, além de Japão e Coréia do Sul, há o exemplo da Índia, que utiliza urnas eletrônicas semelhantes às brasileiras, adaptadas à realidade eleitoral local.

Por essas razões, o ministro Fux, presidente do STF, contestou as acusações de fraude, qualificando-as de “práticas antidemocráticas, ilícitas e intoleráveis”.

Mesmo assim, o presidente insiste nas denúncias. Analistas consideram, que se trata de estratégia semelhante à usada por Trump nos Estados Unidos, para tentar cancelar as eleições, ou contestar a decisão da população, se ele não for reeleito.

Mesmo com ameaças, espera-se que, diante de um mundo conturbado com pandemia e guerra, o Brasil preserve a sua tradição de paz e compromisso com as liberdades públicas.

 

 

Dr Ney Lopes de Souza é advogado, professor titular da UFRN e ex-deputado federal

OPINIÃO

Por que Rússia invade Ucrânia ?

Por Ney Lopes de Souza

Momento difícil vive a humanidade.

O presidente russo Vladimir Putin, ao oprimir a Ucrânia, desafia não só a independência do país, mas também o sistema europeu amplo, que repousa sobretudo na inviolabilidade das fronteiras e da lei das nações.

Não houve nenhum evento comparável na Europa, desde a era Hitler.

Projeto – O império russo se caracterizou pela mistura de pobreza doméstica, opressão brutal, paranoia e aspirações de domínio global.

Sempre foi resistente à modernização – não apenas na época dos czares, depois com Lênin e Stalin e hoje também sob Putin.

Queda – A comparação entre a  economia da Rússia e a da China mostra que a renda per capita chinesa cresceu robustamente, enquanto os padrões de vida russos diminuem.

Diferença – Putin leva a Rússia de volta ao século XIX, em busca da grandeza passada, enquanto a China avança para se tornar a superpotência do século XXI.

Ucrânia – Enquanto isso, a Ucrânia tem tentado escapar do ciclo interminável de pobreza, opressão e ambição imperial com sua orientação cada vez mais próxima da Europa.

Deseja ser democracia liberal de estilo europeu. Putin entende, que isso coloca em risco o seu governo autoritário.

Razões – É por tal motivo, que Putin invade a Ucrânia, que paga o preço do seu povo desejar ser livre dos soviéticos.

OLHO ABERTO

Omissão – Votaram “abstenção” na Assembleia da ONU que condenou a invasão russa na Ucrânia os seguintes países:

Argélia; Angola; Armênia; Bangladesh; Bolívia; Burundi; República Centro-Africana; China; Congo; Cuba; El Salvador; Guiné Equatorial; Índia; Irã; Iraque; Cazaquistão; Quirguistão; Laos; Madagascar; Mali; Mongólia; Moçambique; Namíbia; Nicarágua; Paquistão; Senegal; África do Sul; Sudão do Sul; Sri Lanka; Sudão; Tadjiquistão; Uganda; Tanzânia; Vietnã; Zimbábue.

China – Quem mais ganha com a guerra é a China. A Rússia passa a depender cada vez mais desse país.

Enquanto Putin busca a vitória total com a invasão, os chineses integram-se às cadeias de produção e de comércio mundial.

O yuan pode sair dessa crise como uma moeda internacional.

 

Dr Ney Lopes de Souza é advogado, professor titular da UFRN e ex-deputado federal

 

Notícias, OPINIÃO

“Riscos do telefone e da internet na política”

Por Ney Lopes de Souza

Por mais que tenhamos tecnologia avançada, ainda permanece entre os políticos muita cautela nas conversas ao telefone.

O ex-presidente José Sarney, em crônica publicada, coletou exemplos desde tempos passados.

Conta ele que Getúlio Vargas não gostava de falar ao telefone.

Nunca ninguém recebeu dele uma chamada.

Preferia ditar os recados para Lourival Fontes, que os anotava e transmitia aos ministros.

Tancredo Neves era discreto e nada dizia. Falava muito pouco, monossilábico e misterioso.

Tinha a sua própria definição de telefone. ” É uma maravilha! Serve para a gente marcar encontros a que não se vai.”

Juscelino falou bem, com cuidado, escolha, precavido, mas pródigo.

Castelo Branco gostava de falar. Todos recebiam suas ligações. Sempre assuntos de serviços.

Geisel, na primeira tarefa do dia, cobrava explicações ao telefone dos citados na imprensa.

Mas prudente mesmo era o nosso Valadares.

Certo dia, quando a revolução de 64  foi deflagrada, o sussurro de informações de prioridade era monopólio de uns poucos.

Dinarte Mariz frequentava os quartéis, tinha grandes amizades entre os militares, sempre sabia de tudo uma fonte que ninguém e por isso explorava.

Um dia Valadares viajou do Rio com Dinarte Mariz e sentaram-se juntos.

A conversa foi aberta e rica de novidades. Dinarte contou tudo que sabia.

Dinarte sabia de tudo.

Ao chegar a Brasília, quis retificar uma informação que dera ao Valadares e telefonou-lhe.

Ele atendeu, voz fanha inconfundível. “Benedito, aqui é o Dinarte. Quero informar um pouco mais sobre a nossa conversa ontem, no avião”.

Valadares desconfiado estático respondeu: “Ele não…”.

Como não está?!”’, retrucou Dinarte. “É você e aqui é o Dinarte.

“Eu já disse que ele não está”, retrucou o próprio Valadares.

Dinarte então, irritado, perguntou:

“Ô Valadares, e quem está falando aí?

“É o rádio“, respondeu Benedito, com pressa em desligar.

Gustavo Capanema era diferente.

O telefone era para ele como uma cátedra.

Dava aulas imensas, falaram horas e horas, e o interlocutor é que deve desligar.

Adauto Lúcio Cardoso, o grande Adauto, um dos maiores e melhores, certa vez, nos primórdios da fundação de Brasília, quando os serviços da rede telefônica do Brasil funcionam mal, com linhas fixas e interferências, me disse:

“Cuidado com telefone em Brasília. A gente não fala com outra pessoa, fala num simpósio“.

O jornalista Elio Gaspari relata a conversa do embaixador americano no Brasil, Lincoln Gordon, com o presidente Kennedy, na manhã de 30 de 1962.

Naquele dia, o presidente inaugurou o sistema de gravação clandestina de suas conversas no Salão Oval.55, da Casa Branca.

Dessa forma, conversamos hoje como lembranças de 28 minutos públicos de Gordon, de fita do conhecimento.

O embaixador dissera a Kennedy que a hipótese de um golpe militar no Brasil estava no baralho. Kennedy opunha-se à ideia na posição de Jango, mas havia declarado que desejava ter essa carta na mão.

E assim aconteceu.

Na política internacional, ampliam-se as preocupações acerca de serviços de vigilância “online”, inclusive entre os cidadãos.

Nos Estados Unidos, esse temor levou ao surgimento de organizações para protestar contra essa violência, entre elas, a  American Civil Liberties Union (ACLU), as fundações World Wide Web e Mozilla, e o Greenpeace.

O site “WikiLeaks”, que revela documentos sigilosos da diplomacia norte-americana, publicou a existência de grampos no telefone da presidente Dilma Rousseff e 29 números de auxiliares da administração.

Em 2016, o então juiz federal Sérgio Moro tornou públicas as gravações de telefonemas entre a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O procedimento foi condenado, em razão de que a presidente da República tinha prerrogativa de foro por função e a prova deveria ter sido enviada ao STF.

Os fatos mostram, que desde 1990, com a popularização da Internet, o risco do telefone transferiu-se para formas rápidas e eficientes de comunicação, reduzindo as fronteiras e possibilitando o contato instantâneo das pessoas no mundo todo.

Mesmo assim, a cautela nas conversas políticas aumentou, ao invés de diminuir.

 

Dr Ney Lopes de Souza é advogado, professor titular da UFRN e ex-deputado federal

OPINIÃO

Jogo jogado

Por Ney Lopes de Souza

Ferve a política do RN.

Dois personagens se sobressaem: Carlos Eduardo Alves, ex-prefeito de Natal e Rogério Marinho, ministro da República.

O traço marcante foi a ousadia de ambos se lançarem candidatos ao senado, sem a confirmação prévia das decisões partidárias e composições.

Carlos – O ex-prefeito não gaguejou, ao dizer que está em progresso sua aliança política com Fátima Bezerra.

No mesmo dia, o chefe da Casa Civil do governo declarou que a governadora “ainda” nada decidiu.

Porém, quem conhece Carlos Eduardo sabe que ele não falou no vazio. O entendimento está em marcha galopante para unir o PDT ao PT.

Estilo Fátima – Recordar é viver! Em 2018 na composição política de Fátima para o governo do estado, houve episódio semelhante.

O PCdoB para apoiar Fátima condicionou a aprovação do nome do geólogo Gutemberg Dias, como vice.

Em silêncio, (como hoje) a governadora optou pelo seu preferido Antenor Roberto.

Rogério – O ministro Rogério Marinho fez como Carlos Eduardo: definiu-se candidato ao senado, com silentes ressalvas, em relação ao presumido concorrente Fábio Faria.

Não faria isso, numa véspera de visita presidencial ao RN, se não fora pelo menos “pré combinado”, em Brasília.

Aparência – Pelo que se vê, tanto Carlos, quanto Rogério, parecem estar com o “jogo jogado” nos bastidores.

No caso do PT, o que Fátima deseja é ter Antenor Roberto novamente como seu vice.

Ela disputará o senado em 2026.

Na hipótese do PL, sabe-se a absoluta prioridade de Fábio, por várias razões, para eleger o seu pai deputado federal.

O caminho é apoiar Rogério para o Senado.

Diferença – A única incógnita ainda é no PL-RN e aliados: quem disputará o governo do estado?

Será que com a hipótese do PSDB aliar-se ao MDB, o quadro se inverterá, com Ezequiel para governador e Walter Alves vice?

 

Dr Ney Lopes de Souza é advogado, professor titular da UFRN e ex-deputado federal

OPINIÃO

O RN agradece, em voz alta !

Por Ney Lopes de Souza

Não se pode negar, que quarta-feira próxima será um dia histórico para o RN: o presidente Jair Bolsonaro e o seu ministro do Desenvolvimento Regional, conterrâneo Rogério Marinho, farão a vistoria da Barragem de Oiticica, em Jucurutu-RN, que significará a porta de entrada das águas da Transposição do São Francisco, em nosso estado.

Com as comportas da barragem abertas, as águas represadas cairão em imenso canal, rolando rumo às terras ressequidas do nosso sertão. As obras se arrastam por 70 anos, desde 1952.

Benjamin Disraeli, escritor e político britânico, já disse que “a justiça é a verdade em ação”.

Por fidelidade a verdade, o reconhecimento dessa conquista histórica começa pela exaltação à determinação do presidente Bolsonaro e do seu ministro potiguar Rogério Marinho.

Tudo começou com a orientação do atual governo federal em priorizar a conclusão de obras não terminadas de governos anteriores, antes de iniciar novos projetos.

Decisão acertada, por evitar danos de grandes proporções sofridos pelo erário.

O desperdício de dinheiro público reforça a ideia de que o interesse público não está sendo atendido.

Por justiça, cabe relembrar e homenagear potiguares, que contribuíram com o resgate dessa dívida histórica do Brasil com os nordestinos.

Como classificou o ministro Rogério Marinho, é uma “obra emancipatória” e estruturante, destinada a diminuir desigualdades regionais.

A história mostra que a riqueza nacional nos primórdios da nossa história, começou no Nordeste com a cana-de-açúcar e o algodão.

Se a transposição já tivesse ocorrido, seria diferente o destino de milhares de nordestinos, que vivem na miséria.

Gilberto Freire já escreveu, que “a região já foi o centro da civilização brasileira”. Hoje, o quadro é de pobreza e indigência.

Em 1993, no governo de Itamar Franco, Aluízio Alves, então ministro da Integração Nacional reabriu a discussão sobre a transposição das águas do São Francisco.

O projeto estava arquivado e não se falava nele.

O ministro Aluízio Alves convocou o empresário norte-rio-grandense Abelírio Rocha para a Secretaria Nacional de Irrigação, entregando-lhe a a missão de concluir em sete meses o projeto de engenharia da transposição de águas.

Os também potiguares Rômulo Macedo (designado secretário de Infraestrutura Hídrica) e Alexandre Firmino, coordenaram os grupos de trabalho de elaboração do projeto técnico.

Os três demonstraram competência e deram contribuições valiosas.

O ministrou enfrentou os protestos de proprietários rurais, que alegavam colapso hídrico – espécie de apagão das águas do rio.

Diante das contestações, Aluízio Alves, em declaração emblemática, liquidou a polêmica: “Levamos a energia de Paulo Afonso para o Rio Grande do Norte há mais de 30 anos e as turbinas de Paulo Afonso nunca deixaram de gerar energia por falta de água”.

Outra participação decisiva se deve ao ex-ministro senador Fernando Bezerra (RN), que deixou o projeto totalmente pronto, no ministério da Integração Regional.

Quando o ministro Ramez Tebet anunciou a paralização das obras, Fernando Bezerra, seu antecessor, não se conformou com a postergação e protestou: “O argumento de suspender o projeto devido à falta de água é ridículo, pois sua realização demoraria, pelo menos, quatro anos. Por isso, deveria ser iniciado já”. Deu certo o protesto incisivo.

O governo do Estado do RN assumiu a responsabilidade de construção da barragem, com apoio financeiro da União.

Os recursos federais repassados não sofrem qualquer discriminação, em decorrência do antagonismo político da govenadora Fátima Bezerra com o atual presidente da República.

A governadora assegura, que o RN possui projetos para utilizar toda a demanda de oferta de água da Transposição do Rio São Francisco e assume contra partidas do Estado.

O momento exige espírito público, acima de preferencias políticas, ou ideológicas, a exemplo do que fazem estados vizinhos, quando unem forças em prol da preservação do interesse coletivo.

O reconhecimento público se estende a todos os citados neste artigo, que contribuíram para que o sonho se tornasse realidade.

O RN agradece, em voz alta!

 

Dr Ney Lopes de Souza é advogado, professor titular da UFRN e ex-deputado federal

OPINIÃO

“Que saudade meu Deus”

Por Ney Lopes de Souza

Não sabia, que o próximo dia 30 de janeiro é anualmente considerado o Dia da Saudade, data especial em nosso calendário.

Uma homenagem merecida, sobretudo na recordação da memória de pessoas queridas.

Como definir essa palavra saudade?

Saudade é de origem latina, derivada de “soltarem” e quer dizer “solidão”.

Trata-se do vocábulo, considerado por uma empresa britânica, após ouvir vários tradutores, como a sétima palavra mais difícil de ser traduzida.

Para Bráulio Bessa, consagrado poeta popular, “Saudade talvez seja o sentimento mais poético que existe, mais até do que o amor. Porque nem todo mundo sentiu amor na vida, mas saudade, sim”.

Patativa do Assaré, ídolo e inspirador de Bráulio Bessa, vaticinou que “Há dor que mata a pessoa, Sem dó e sem piedade, porém não há dor que doa, Como a dor de uma saudade”.

Neruda expressou em versos, a dimensão da saudade:

Saudade – O que será… não sei… procurei sabê-lo
em dicionários antigos e poeirentos
e noutros livros onde não achei o sentido
deste doce palavra de perfis ambíguos.

Dizem que azuis são as montanhas como ela,
que nela se obscurecem os amores longínquos,
e um bom e nobre amigo meu (e das estrelas)
a nomeia num tremor de cabelos e mãos”.

O Dicionário Aurélio conceitua o sentimento da saudade como “Lembrança nostálgica e, ao mesmo tempo, suave, de pessoas ou coisas distantes ou extintas, acompanhada do desejo de tornar a vê-las ou possuí-las; nostalgia”.

A saudade torna-se companheira permanente.

Chega com intensidade nos resplendores matinais da brisa das madrugadas, desabrochando a sensação, de que a pessoa especial  não morreu e permanece viva, ao nosso lado.

Uma Ave Maria votiva é rezada, com fé nos desígnios de Deus.

Mario Quintana descreve a solidão da saudade como “a penumbra do amanhecer; Via você na noite, nas estrelas, nos planetas, nos mares, no brilho do sol e no anoitecer”.

A vida continua, com a lida do alvorecer.

Mas, não se pode esconder a saudade do ente querido já na Eternidade.

Drummond tinha razão:

Sim, tenho saudades.; sim, porque fizeste o não previsto nas leis da amizade e da natureza; nem nos deixaste sequer o direito de indagar porque o fizeste, porque te foste”.

Ainda Pablo Neruda descreveu a “Saudade como sentir que existe o que não existe mais. Saudade é solidão acompanhada”.

Escrevo o texto chorando.

Na expressão de Machado de Assis, as lágrimas traduzem o alívio da minha saudade e dever do meu amor, de Abigail, dos filhos e familiares pela morte prematura do nosso filho querido Ney Lopes de Souza Júnior, por coincidência ocorrida há sessenta dias do próximo domingo, o Dia Nacional da Saudade.

Ainda lembrando Quintana, continuamos a conviver com Ney Jr no ontem, no hoje e no amanhã.

Ao relembrá-lo, parece um sonho que tenha partido!

Para sempre será nosso filho e para sempre todos nós lhe amaremos!

Resta-nos recordar os momentos inesquecíveis com ele, que se foram.

Os olhos brilhantes que não abrem mais.

Mãos que não nos afagarão.

Jamais ouviremos a sua voz, transmitindo amor filial, nem o seu sorriso aberto.

Nunca mais poderei pedir-lhe “um cheiro na cabeça”, como sempre fazia.

Que saudade, meu Deus!

Dá-nos forças para suportar.

 

Dr Ney Lopes de Souza é advogado, professor titular da UFRN e ex-deputado federal

OPINIÃO

Federação de partidos cria tensão política

Por Ney Lopes de Souza

No RN, tudo é incógnita em relação a possíveis federações de partidos.

O PSB junta-se ao PT?

O PL ao PP?

E o União Brasil competiria sozinho?

 

Rumos – O ex-governador Robinson Faria e o seu filho sempre foram ligadíssimos ao presidente do PSD, Gilberto Kassab, que garantiu a eles a legenda no RN.

De repente, ocorreram fatos nos bastidores, levando Robinson a interessar-se pelo PP e deixar o PSD.

 

Razões – Admite-se que essa mudança de Robinson Faria seja em função de uma reaproximação que estaria ocorrendo entre Lula e Kassab.

Com o filho ministro de Bolsonaro, seria impossível ele manter-se no partido.

 

Composição – A proposta de Lula ao PSD passa pelo apoio a Alexandre Kalil (PSD), em MG, para o governo e retiraria a candidatura do ex-governador e senador Jaques Wagner ao governo da Bahia, apoiando em seu lugar o senador Otto Alencar, do PSD de Kassab.

Na chapa, estaria o atual governador do estado, Rui Costa, como candidato ao Senado.

 

Tensão – Até 2 de abril, prazo fatal para a formação de federações, o clima político será de tensão.

As federações, diferentemente das coligações, precisam se manter durante quatro anos.

Na política brasileira, a cultura é de acomodação, com mudanças de partido constantes.

 

Competência- Os “competentes” não são aqueles que têm coerência, ideias e propostas. Ocorre o contrário.

Competentes são os que montam “nominatas”, a base de favores, privilégios e dinheiro, para garantir previamente quem ganha a eleição.

 

Objetivo-As federações seriam para agregar legendas com afinidade ideológica e a redução dos chamados partidos de aluguel.

Mas, os interesses locais impedem que isso aconteça.

 

Dr Ney Lopes de Souza é advogado, professor titular da UFRN e ex-deputado federal

 

OPINIÃO

“A pandemia está perto de terminar ? “

Por Ney Lopes de Souza

Continua a dúvida se a pandemia está próxima do fim, ou não.

Embora inexista fundamento cientifico para garantir o final, as perspectivas são animadoras.

A ômicron se mostrou avassaladora na sua origem: dois dias após a sua detecção na África do Sul e em Botsuana, ela já foi classificada como uma variante de preocupação pela OMS, em 26 de novembro.

Os cientistas ficaram alarmados com a quantidade e a variedade de mutações, que ela apresentava.

A boa notícia foi de que essa nova variante estaria por trás de quadros mais leves e uma menor taxa de hospitalizações e mortes, especialmente entre vacinados com três doses, o que trouxe um pouco de alívio.

Mesmo assim, não foi feliz o presidente Bolsonaro ao afirmar que a “variante é bem vinda”.

A orientação correta é a população manter rígidos os cuidados com a utilização correta de máscara, o distanciamento social e a higienização adequada das mãos.

Médicos e virologistas pedem muita cautela, diante do fato da variante ser extremamente transmissível, como nos mostram os aumentos expressivos nos casos de covid.

A ômicron é de duas a três vezes mais transmissível que a delta.

Pesquisa realizada no Imperial College do Reino Unido trouxe informação otimista: após uma terceira dose, o nível de proteção volta a subir consideravelmente.

O reforço vacinal eleva a proteção para 55 a 80% nesses indivíduos.

A Universidade de Cambridge, na Inglaterra, mostra em estudo que, caso o indivíduo seja infectado com a ômicron, o risco de hospitalização é 81% menor se ele tiver tomado as três doses do imunizante.

Dados recentes dos EUA revelam que pessoas não vacinadas têm um risco 17 vezes maior de hospitalização e um risco 20 vezes maior de morrer por covid, em comparação com quem foi vacinado.

Isso significa que as vacinas disponíveis estão funcionando.

O objetivo delas nunca foi barrar quadros leves de infecção, mas proteger contra a morte.

A crença de que se aproxima o final da pandemia vem de investigações em países como África do Sul e Reino Unido, onde a infecção pela ômicron foi veloz, mas tende a cair e se estabilizar mais rapidamente.

Na Califórnia, nos Estados Unidos, uma comparação entre 52 mil pacientes infectados com a ômicron e 16 mil com a variante delta revelou que o primeiro grupo (de acometidos pela ômicron) apresentou risco reduzido de complicações e, mesmo entre aqueles que precisaram ser internados, o número de dias no hospital foi menor.

A conclusão é que o quadro de covid provocado pela ômicron ainda é preocupante, mas surge luz no final do túnel.

A própria OMS alertou que encarar agora essa variante como algo de menor importância representa uma armadilha.

Mesmo com um percentual baixo de complicações, o vírus pode representar um número alto de novos pacientes graves, o que sobrecarrega os serviços de saúde.

Cabe, portanto, seguir a orientação médica e manter os cuidados, já do conhecimento público.

Certamente, a pandemia está próxima de terminar.

Mas, ainda não terminou.

 

Dr Ney Lopes de Souza é advogado, professor titular da UFRN e ex-deputado federal

OPINIÃO

“Nove meses para a eleição”

Por Ney Lopes de Souza

Faltando nove meses para as eleições presidenciais permanece a constatação, de que as tentativas passadas de “terceira via” no processo eleitoral brasileiro resultaram de conjunturas específicas, como aconteceu com Brizola em 1989 e Heloísa Helena em 2006; centro-esquerda (Ciro Gomes em 1998, Marina Silva 2010 e 2014 e Ciro em 2018) e centro (Garotinho em 2002).

Em 2018, foi a primeira vez, desde 2002, que um partido de esquerda ficou em segundo lugar.

O PSL, com Jair Bolsonaro, terminou o primeiro turno atingindo 46,03% dos votos, seguido pelo PT com 29,28%.

Prevaleceu o “voto útil”, anti-PT.

Mesmo em tais circunstâncias, 42,1 milhões de brasileiros votaram nulo, branco ou não compareceram ao local de votação.

Em 2022, a última pesquisa da Genial/Quaest registra 57% de indecisos na espontânea.

Quando perguntado quem prefere que vença, 31% responde “nem um, nem outro”.

Teoricamente, haveria espaço para crescimento de uma terceira via.

O problema é a fragmentação de nomes, o que antecipa o mesmo cenário do segundo turno de 2018.

O sociólogo inglês Anthony Giddens define a “terceira via” como a aceitação de aspectos comuns nos sistemas do Capitalismo Liberal e o Socialismo.

Ele defende, que o “Estado tem a obrigação de fornecer bens públicos, que os mercados não podem suprir, ou só o podem fazer de maneira fragmentada”.

Constata-se na disputa presidencial brasileira, que nem Lula, nem Bolsonaro, incorporam as pré-condições da “terceira via”.

O presidente atua no sentido de manter a polarização de direita contra esquerda.

Lula “faz de conta” que é centro, apenas para bloquear o surgimento de outro grupo político-eleitoral, que o combata.

Ambos desejam a permanência do “nós contra eles” e as posições radicalizadas.

Uma terceira via, que se apresente como alternativa a Lula e Bolsonaro, precisaria capturar massivamente o eleitorado indeciso.

Isso somente será possível, caso haja convergência de forças entre candidatos potenciais como Ciro Gomes (PDT), Rodrigo Pacheco (PSD), Sergio Moro (Podemos), João Doria (PSDB), Simone Tebet (MDB) e Alessandro Vieira (Cidadania).

O desafio será convencer tais pretendentes formarem “coalizão” de partidos, oriundos do centro, direita e esquerda não radicais.

O discurso sensato preservaria a “responsabilidade social e a austeridade fiscal”, demonstrando que o equilíbrio das contas públicas pode ser alcançado, juntamente com as políticas de redução das desigualdades sociais e investimento público para geração de empregos.

Tais diretrizes, não significarão “populismo”, mas apenas a indispensável vinculação da estabilidade econômica, com a distribuição justa de renda.

A adoção dessa estratégia poderia ensejar o surgimento de “nome” capaz de usar uma linguagem entendida pela população, que transmitisse confiança de fazer na presidência do Brasil, “melhor do que os dois atuais líderes na disputa”.

Além do discurso, outro componente fundamental seria o compromisso inabalável com a paz nacional, após a eleição.

O Brasil precisa construir uma pacificação política, comprometida com reformas, que garanta a governabilidade futura.

Sem isso, nada mudará.

Assim como a Independência não foi uma revolução liberal, o mesmo fenômeno repetiu-se em ciclos nas décadas de 1830 e 1840, em 1889, 1930, 1945, 1961 e 1964.

Concessões indevidas sempre anularam as reformas tidas como inadiáveis.

O poder continuou manipulado por grupos e interesses.

Permaneceram as distorções, sobretudo fiscais, até hoje.

A grande esperança é o nascimento de um “novo Brasil” nas urnas de 2022, sob a influência do sentimento dominante de reconstrução, após a catástrofe da pandemia.

Observa-se a sociedade global comprometida com o resgate da plena cidadania e da solidariedade, como única forma de amenizar os efeitos da cruel desigualdade social.

Talvez, um sonho.

Porém, como já disse Victor Hugo, “não há nada como o sonho para criar o futuro”.

 

Dr Ney Lopes de Souza é advogado, professor titular da UFRN e ex-deputado federal