Racismo

Fifa abre investigação sobre canto racista de argentinos contra França

Foto: Divulgação

 

A Fifa anunciou nesta quarta-feira (17) a abertura de uma investigação sobre o canto racista dos jogadores da Argentina contra a seleção francesa durante as comemorações no ônibus da equipe após a conquista do título na Copa América. “A Fifa tomou conhecimento de um vídeo que circula nas redes sociais e o incidente é objeto de uma investigação”, afirmou a entidade em um comunicado. “A Fifa condena com veemência qualquer forma de discriminação, por parte de qualquer pessoa, incluindo jogadores, torcedores e dirigentes”, acrescenta. O escândalo também levou o Chelsea, da Inglaterra, a abrir um processo disciplinar contra o meia argentino Enzo Fernández, que gravou e transmitiu ao vivo o vídeo que provocou o escândalo. O canto inclui frases como “eles jogam pela França, mas vêm de Angola”. Sobre Mbappé afirma “sua mãe é nigeriana [na verdade é franco-argelina], seu pai é camaronês, mas no documento tem nacionalidade francesa”.

Desde segunda-feira, circula nas redes sociais um vídeo em que vários jogadores argentinos são vistos comemorando o título da Copa América-2024, nos Estados Unidos, conquistado no domingo, em Miami, ao vencer a Colômbia por 1 a 0 na final, e começam a cantar uma música que contém termos racistas, antes de um corte na transmissão. A versão completa do canto já havia sido entoada por torcedores argentinos para atacar os integrantes da seleção francesa e Kylian Mbappé, em particular após a final da Copa do Mundo do Catar-2022, vencida pela Argentina contra a França (3-3, 4-2 nos pênaltis). A Federação Francesa de Futebol (FFF) apresentou queixa por declarações racistas nas redes sociais, assim como a SOS Racismo.

O zagueiro francês Wesley Fofana, colega de time de Fernandéz no Chelsea, reagiu na rede social X com a frase: “Futebol em 2024: racismo sem pudor”. “Lamentável”, acrescentou o zagueiro francês do Barcelona, Jules Koundé, nas redes sociais. Diante do escândalo, o jogador argentino publicou uma mensagem no Instagram para pedir desculpas pelo vídeo. “A canção inclui uma linguagem muito ofensiva e não há absolutamente nenhuma desculpa para essas palavras”, admitiu. “Sou contra todas as formas de discriminação e peço desculpas por ter me deixado levar pela euforia das comemorações da Copa América. O vídeo, esse momento, essas palavras, não refletem minhas crenças nem meu caráter. Lamento muito”, completou.

Deu na JP News

 

Racismo

‘Esquerda me odeia por ser negra, mulher, nordestina e livre’, diz

 

A secretária da Mulher do Estado de São Paulo, Sonaira Fernandes, que é figura de destaque no governo Tarcísio, contou durante conferência conservadora que ocorre em Camboriú, Santa Catarina, com confirmação da presença de Javier Milei e Jair Bolsonaro, como é ser o alvo da oposição ao governo paulista sob o viés do identitarismo e de ataques incessantes que visam desgaste de imagem.

“Por ser negra, mulher, nordestina, não rezar a cartilha do politicamente correto e ser livre a esquerda me ama. Só que não. A Câmara Municipal de São Paulo é total militante e tem os seus representantes que movimentam as raças. A esquerda sempre acha que se é mulher e se for negro, é propriedade exclusiva da esquerda. O nosso papel dentro das casas legislativas é expor essa hipocrisia”, declarou Sonaira, que também é vereadora.

Ao prosseguir com o uso da palavra, a secretária seguiu defendendo que “a esquerda não é dona da periferia, a esquerda não é dona dos negros e a esquerda não vai perverter os nossos filhos. Eles precisam de um marketeiro para falar sobre família para tentar enganar, sobretudo, o povo cristão. A vigilância precisa estar em nós”, cravou. 

Deu no Diário do Poder
Racismo

Deputado Hélio Lopes é chamado, mais uma vez, de capitão do mato na Câmara dos Deputados

Foto: Divulgação

Nesta quarta-feira (19), na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, o deputado federal Hélio Lopes (PL/RJ) foi chamado, outra vez, de capitão do mato, após questionar os deputados da bancada sobre o percentual de escravos negros após a abolição da escravidão. O sujeito que ofendeu Hélio Negrão, não foi identificado pelo Departamento de Polícia Legislativa (DEPOL).

A reunião tinha o objetivo de discutir um projeto de lei que visa reconhecer e titular terras de comunidades quilombolas. Além de o caso denunciado pelo deputado, enquanto o deputado Gilvan da Federal (PL/ES) discursava, o homem gritou “viva à maconha”, após ele relacionar a União Nacional dos Estudantes com o apoio às drogas. O sujeito também foi o expulso.

Não é a primeira vez que Hélio Lopes é chamado de capitão do mato em discussões na Câmara dos Deputados. Em maio de 2023, ele denunciou no Ministério Público do Rio de Janeiro por esse mesmo caso, mas o juiz Marcos Augusto Ramos Peixoto, da 37ª Vara Criminal do Rio, alegou que a expressão não é injúria racial.

No caso de ontem, além de a ofensa ao deputado carioca do PL, após ouvir o grito de “viva à maconha”, Gilvan da Federal e o homem cujo o nome não foi identificado discutiram e o deputado pediu para o revistar antes de retirar-se.

Racismo

Vinicius Júnior faz cobrança após três casos de racismo no mesmo dia na Espanha

Foto: José Jordan

 

O futebol espanhol foi palco de diversos episódios de racismo neste sábado (30), levando o jogador brasileiro Vinícius Júniora se manifestar nas redes sociais mais uma vez. O atacante do Real Madrid lamentou os casos envolvendo Marcos Acuña e Quique Flores, do Sevilla, e o goleiro senegalês Saar, do Rayo Majadahonda.

Vini expressou sua indignação: “Os racistas devem ser expostos”, disse ele em seu perfil nas redes sociais. O atleta destacou três incidentes no mesmo dia, incluindo o caso de Marcos Acuña, chamado de “macaco” por torcedores do Getafe, e o técnico Quique Flores, insultado em relação às suas origens ciganas. O brasileiro também mencionou o goleiro Saar, que enfrentou ofensas racistas durante uma partida da terceira divisão espanhola.

O lateral-esquerdo argentino Marcos Acuña relatou os insultos ao árbitro, que paralisou a partida para repreender os torcedores. O técnico Quique Flores também foi alvo de insultos relacionados às suas origens. Sergio Ramos, do Sevilla, condenou os incidentes, exigindo respeito e a exclusão de pessoas que praticam tais atos dos estádios de futebol. No jogo entre El Sestao River e Rayo Majadahonda, o goleiro senegalês Cheikh Sarr foi ofendido por torcedores locais, resultando em sua expulsão e na suspensão da partida. O Rayo se pronunciou contra os insultos racistas, enquanto o River limitou-se a informar a suspensão do jogo.

Deu no Estadão Conteúdo

Racismo

Lula destrói a credibilidade brasileira no cenário internacional

O presidente Lula comparou Israel aos nazistas durante viagem oficial à África.| Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República

 

A língua sem freio de Lula voltou a atacar no encerramento de sua viagem à África – mas antes se tratasse apenas das boquirrotices habituais do presidente da República sobre assuntos como economia, por exemplo. Desta vez, Lula foi muito além do aceitável, e em duas breves frases ditas no domingo, em entrevista coletiva realizada na Etiópia, onde participou da abertura da 37.ª Cúpula da União Africana, deixou muito claro que está incondicionalmente alinhado com o que existe de pior no mundo em termos de autoritarismo e uso do terror contra uma população.

Ao comentar a morte de Alexei Navalny, ocorrida na sexta-feira, criticou a “pressa” dos que rapidamente atribuíram ao autocrata russo Vladimir Putin a responsabilidade pelo falecimento do seu principal opositor – o que incluiu praticamente todo o mundo livre. “Temos de primeiro fazer uma investigação para saber do que o cidadão morreu. (…) Para que essa pressa de acusar alguém?”, questionou o petista, que, para citar um caso recente, não esperou a investigação da Polícia Federal para chamar os envolvidos no empurra-empurra do aeroporto de Roma de “canalhas” e “animais selvagens” que “não merecem respeito”.

Aquilo que Lula chamou de “interesses” da parte de quem afirmou haver o dedo de Putin na morte de Navalny, no entanto, não tem nada de precipitação. Afinal, é inegável que o líder opositor já havia sofrido uma tentativa de envenenamento em 2020 com o uso de uma arma química que, segundo especialistas, só está disponível a agentes estatais – outros adversários de Putin foram atacados ou mortos com métodos semelhantes –, e as autoridades russas abortaram as investigações ainda na fase premilinar. Navalny estava em uma prisão remotíssima, e o governo russo se recusa a entregar o corpo para uma autópsia independente. Mesmo na hipótese de a causa imediata da morte de Navalny ser mesmo um mal súbito, e não uma ação letal direta como um novo envenenamento, não haveria como negar a influência de sua precária condição de saúde, consequência dos confinamentos e das tentativas anteriores de eliminá-lo.

Ainda mais abjeta, no entanto, foi a afirmação de Lula sobre a contraofensiva israelense em resposta aos ataques terroristas do Hamas, em 7 de outubro do ano passado. Depois de criticar a reação de vários países do Ocidente que reduziram ou cortaram seu financiamento à Agência das Nações Unidas para Refugiados Palestinos (UNRWA), após a notícia de que alguns funcionários da agência teriam colaborado com o ataque terrorista, Lula comparou a reação israelense ao nazismo alemão. “O que está acontecendo na Faixa de Gaza não existe em nenhum outro momento histórico – aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”, afirmou o presidente brasileiro.

O repúdio imediato que a declaração despertou – do premiê israelense, Benjamin Netanyahu, a lideranças políticas brasileiras e a praticamente toda a comunidade judaica nacionais, inclusive da parte que apoiou Lula em 2022 – foi até comedida perto do absurdo da comparação. É perfeitamente possível defender uma solução de dois Estados, considerar que a resposta israelense tem usado meios desproporcionais em sua busca por eliminar o Hamas e resgatar os reféns, ou até mesmo dizer que Israel está cometendo crimes de guerra em Gaza; mas não existe a mínima base histórica ou moral para comparar a contraofensiva à “solução final” do Holocausto, que foi um plano deliberado para exterminar toda uma população inocente simplesmente por sua origem étnica. Quem está próximo do nazismo não é Israel, mas o Hamas, que se nega a aceitar a existência do Estado de Israel e prega sua destruição – o grupo terrorista palestino, aliás, parabenizou Lula pelas declarações na Etiópia.

E, para não deixar dúvidas de que o antissemitismo está definitivamente impregnado no DNA petista – algo de que já se suspeitava fortemente, especialmente depois de José Genoino defender boicote a empresas com donos judeus –, os petistas e seus aliados, em vez de reconhecer o absurdo lulista, dobraram a aposta. O chefão do MST, João Pedro Stédile; o ministro Paulo Pimenta e a presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann; e o chanceler de facto Celso Amorim endossaram as afirmações de Lula. O Itamaraty e aquele que, no papel, comanda a diplomacia brasileira, o ministro Mauro Vieira, andam tão ausentes (o máximo que Vieira fez foi pedir uma reunião com o embaixador israelense em Brasília) que foi Amorim quem adiantou que não haverá retratação pelas palavras de Lula.

A essa altura, não há gerenciamento de crise ou contenção de danos capaz de convencer o mundo livre de que o Brasil é um interlocutor confiável ou um mediador imparcial. Hoje, não somos nem sequer capazes de estar em uma mesa de negociações com russos e ucranianos, ou israelenses e palestinos, quanto mais tomar a iniciativa de buscar um entendimento entre eles. Lula escolheu seu lado, está sendo festejado por isso por seus aliados, e mostrou mais uma vez o nível de degeneração moral que consegue atingir quando se trata de proteger os amigos ou fustigar desafetos. O 18 de fevereiro de 2024 tem tudo para entrar na história da diplomacia brasileira como o seu “dia de infâmia”.

Deu na Gazeta do Povo

Política, Racismo

Mulher chama segurança de ‘negro macaco’ e é presa no interior do RN

 

Um caso de racismo foi registrado durante o final de semana na cidade de Mossoró, região Oeste potiguar. Uma mulher de 24 anos foi presa em flagrantes após chamar o segurança de um estabelecimento comercial de ‘negro macaco’.

O momento foi flagrado em um vídeo que repercutiu nas redes sociais. Segundo a Polícia Civil, a mulher que era cliente do restaurante foi autuado por injúria racial.

De acordo com o boletim de ocorrência, era por volta das 23h30 de sábado (3) quando o crime aconteceu. A Polícia Militar informou que a mulher havia discutido com garçons do restaurante e, já na saída do estabelecimento, ofendeu o segurança.

Após o registro do caso na Delegacia de Plantão de Mossoró, a mulher passou por audiência de custódia no domingo (4) e foi solta. Ela vai responder em liberdade e, se for condenada, pode pegar até 5 anos de prisão em regime fechado.

A confusão teria começado dentro do restaurante, quando segundo a cliente, funcionários do restaurante teriam tentado retirar os pratos da mesa. A mulher disse que foi ofendida pela garçonete.

Segundo a Polícia Civil, o segurança relatou na Delegacia de Plantão de Mossoró que a cliente ameaçou quebrar os vidros do restaurante e, que, já do lado de fora, disse que voltaria para dentro do estabelecimento, o que foi impedido por ele. Neste momento, ela o ofendeu.

Deu no Novo Notícias

Racismo

Hotéis na Argentina e Uruguai se recusam a receber Roger Waters após ele duvidar do massacre do Hamas contra Israel

 

Dois hotéis de Montevidéu, no Uruguai, e outros dois de Buenos Aires, na Argentina, rejeitaram o músico britânico Roger Waters por suas críticas a Israel. A decisão foi tomada após Waters negar a responsabilidade do Hamas pelos ataques que mataram mais de mil civis em Israel em outubro de 2023.

Waters, ex-integrante da banda Pink Floyd, está previsto para se apresentar em Montevidéu nesta sexta-feira (17). No entanto, sua chegada ao país provocou fortes reações devido às suas posições políticas.

O presidente do Comitê Central Israelita do Uruguai, Roby Schindler, enviou uma carta ao hotel Sofitel Montevidéu, onde Waters deverá se hospedar, solicitando que rejeitasse quaisquer reservas do artista. Na carta, Schindler descreve Waters como “misógino, xenófobo e antissemita” e alerta para o risco de contribuir para o aumento da judeofobia no país ao hospedá-lo.

“Ao recebê-lo, você será, mesmo que não queira, um propagador do ódio que este homem exala e estará contribuindo para o aumento da judeofobia em nosso país”, afirmou Schindler na carta dirigida ao gerente geral do Sofitel.

As declarações de Waters que geraram repúdio foram feitas em uma entrevista ao advogado e jornalista Glenn Greenwald. Na ocasião, ele declarou: “Como diabos os israelenses não sabiam que isso iria acontecer? Ainda estou um pouco nessa toca do coelho. Quero dizer, o Exército Israelense naqueles 11, 10 ou 11 campos não ouviu as explosões quando elas aconteceram? O que eles tiveram que voar para cruzar a fronteira? Há algo muito suspeito nisso.”

Quando questionado se o massacre selvagem de civis perpetrado pelo Hamas pode ser justificado, o britânico garantiu que ainda não sabe que eles foram os responsáveis. Durante a entrevista, evitou reconhecer as evidências inegáveis dosacontecimentos ocorridos no dia 7 de outubro nos kibutzim e no festival de música, onde mais de mil civis foram massacrados a sangue frio por terroristas.

Da mesma forma, apesar das evidências confiáveis apresentadas por Israel sobre a morte de bebês, o músico garantiu: “A coisa foi exagerada pelos israelenses que inventaram histórias sobre decapitação de bebês.”

E depois expandiu sua posição dizendo: “O que sabemos é se foi uma operação de bandeira falsa ou não, ou o que quer que tenha acontecido, e não sabemos se algum dia teremos uma história real. É sempre muito difícil saber o que realmente aconteceu. Eles chamam isso de 11 de setembro. O que diabos aconteceu em 11 de setembro na América do Norte? Ninguém sabe. Claramente, a narrativa oficial tem enormes lacunas.”

As declarações de Waters foram condenadas por organizações judaicas e por políticos de ambos os países. O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, afirmou que “não se pode justificar o terrorismo, nem a incitação ao ódio”.

Deu na Gazeta Brasil

Racismo

A cada 100 mortos pela polícia em 2022, 65 eram negros, segundo estudo

 

O número de pessoas mortas pela polícia em apenas oito estados brasileiros chegou a 4.219 em 2022. Desse total, 2.700 foram considerados negros (pretos ou pardos) pelas autoridades policiais, ou seja, 65,7% do total. Se considerados apenas aqueles com cor/raça informada (3.171), a proporção de negros chega a 87,4%.

Os dados são do estudo Pele Alvo: a Bala não Erra o Negro, realizado pela Rede de Observatórios da Segurança, do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec), e divulgado nesta quinta-feira (16), com base em estatísticas fornecidas pelas polícias do Rio de Janeiro, de São Paulo, da Bahia, de Pernambuco e do Ceará, Piauí, Maranhão e Pará, com base na Lei de Acesso à Informação (LAI).

Dos oito estados, apenas o Maranhão não informou a cor/raça de qualquer um dos mortos. Já nos estados do Ceará e Pará, há um grande número de mortos sem identificação de cor/raça: 69,7% e 66,2% do total, respectivamente.

Os dados mostram que a polícia baiana foi a mais letal no ano passado, com 1.465 mortos (1.183 tinham cor/raça informada). Desse total, 1.121 eram negros, ou seja, 94,8% daqueles com cor/raça informada, bem acima da parcela de negros na população total do estado (80,8%), segundo a pesquisa, feita com base em dados do Instituto Brasileiro e Geografia e Estatística (IBGE).

Aliás, isso ocorre em todos os sete estados que informaram a cor/raça de parte das vítimas. No Pará, por exemplo, 93,9% dos mortos com cor e raça identificadas eram negros, enquanto o percentual de negros na população é de 80,5%, de acordo com o estudo.

Os demais estados apresentaram as seguintes proporções de mortes de negros entre aqueles com cor/raça informada e percentuais de negros na população: Pernambuco (89,7% e 65,1%, respectivamente), Rio de Janeiro (87% e 54,4%), Piauí (88,2% e 79,3%), Ceará (80,43% e 71,7%) e São Paulo (63,9% e 40,3%).

Racismo
“Os negros são a grande parcela dos mortos pelos policiais. Quando se comparam essas cifras com o perfil da população, vê-se que tem muito mais negros entre os mortos pela polícia do que existe na população. Esse fator é facilmente explicado pelo racismo estrutural e pela anuência que a sociedade tem em relação à violência que é praticada contra o povo negro”, diz o coordenador do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), Pablo Nunes.

Nunes também destaca que há falta de preocupação em registrar a cor e raça dos mortos pela polícia em estados como Maranhão, Ceará e Pará. “A dificuldade de ser transparente com esses dados também revela outra face do racismo, que é a face de não ser tratado com a devida preocupação que deveria. Se a gente não tem dados para demonstrar o problema, a gente ‘não tem’ o problema e, se ‘não há’ problema, políticas públicas não precisam ser desenhadas.”

O estudo mostrou ainda que, neste ano, a Bahia ultrapassou o Rio no total de óbitos (1.465 contra 1.330). Em terceiro lugar, aparece Pernambuco, com 631 mortes. “Isso significa um cenário de degradação das forças policiais baianas e um processo de falta de políticas públicas de ação do governo estadual para lidar com essa questão, elencando-a como prioridade e estabelecendo metas e indicadores de redução dessa letalidade por parte das forças policiais”, afirma Nunes.

Segundo a Rede de Observatórios, a quarta edição do estudo demonstra o crescente nível da letalidade policial contra pessoas negras. “Em quatro anos de estudo, mais uma vez, o número de negros mortos pela violência policial representa a imensa maioria. E a constância desse número, ano a ano, ressalta a estrutura violenta e racista na atuação desses agentes de segurança nos estados, sem apontar qualquer perspectiva de real mudança de cenário”, afirma Silvia Ramos, pesquisadora da rede.

Segundo ela, é preciso entender esse fenômeno como uma questão política e social. “As mortes em ação também trazem prejuízos às próprias corporações que as produzem. Precisamos alocar recursos que garantam uma política pública que efetivamente traga segurança para toda a população”, completa.

Posicionamentos
A Secretaria de Segurança de São Paulo informou, por meio de nota, que as abordagens da Polícia Militar obedecem a parâmetros técnicos disciplinados por lei, que criou a Divisão de Cidadania e Dignidade Humana e que seus protocolos de abordagem foram revisados. Além disso, oferece cursos para aperfeiçoar seu trabalho – nos cursos de formação, os agentes estudam ações antirracistas.

Uma comissão analisa todas as ocorrências por intervenção policial e se dedica a ajustar procedimentos. A Polícia Civil paulista busca “estabelecer diretrizes e parâmetros objetivos, racionais e legais, sem qualquer tipo de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, origem, onde o policial civil, no desempenho da sua atividade”.

A Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Pará (Segup) informa que, de janeiro a outubro de 2023, o estado alcançou redução de 22% nas mortes por intervenção de agentes do Estado, se comparado ao mesmo período de 2022, quando foram registrados, respectivamente, 440 e 569 casos em todo o Pará. A Segup ressalta que as ocorrências são registradas no Sistema Integrado de Segurança Pública pela Polícia Civil e que o campo “raça/cor” não é de preenchimento obrigatório, sendo a informação de natureza declaratória por parte de parentes ou da vítima no momento do registro.

Na Bahia, a Secretaria da Segurança Pública ressalta que as ações policiais são pautadas dentro da legalidade e que qualquer ocorrência que fuja dessa premissa é rigorosamente apurada e todas as medidas legais são adotadas. A secretaria informa que investe constantemente na capacitação dos efetivos e também em novas tecnologias, buscando sempre a redução da letalidade e a preservação da vida.

Para tanto, foi criado um grupo de trabalho voltado para a discussão e criação de políticas que auxiliem na redução da letalidade policial, promovendo uma análise mais aprofundada das informações provenientes dessas ocorrências, como o perfil das pessoas envolvidas, contextualização e região, entre outros dados que possam colaborar para a redução desses índices. A secretaria destaca ainda que a maioria dos acionamentos policiais se dá a partir dos chamados via 190 (Centro Integrado de Comunicações) e 181 (Disque Denúncia), além das operações para cumprimentos de mandados determinados pela Justiça.

No Rio de Janeiro, a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar informa que, em todos os cursos de formação e aperfeiçoamento de praças e oficiais, a corporação insere nas grades curriculares como prioridade absoluta disciplinas como direitos humanos, ética, direito constitucional e leis especiais. A questão racial perpassa, de forma muito incisiva, por todas essas doutrinas na formação dos quadros da corporação.

De acordo com a assessoria, internamente, a Polícia Militar do Rio de Janeiro tem feito a sua parte para enfrentar o desafio do racismo estrutural ao longo de mais de dois séculos. Foi a primeira corporação a oferecer a pretos uma carreira de Estado, e hoje mais de 40% do seu efetivo é composto por afrodescendentes.

A instituição orgulha-se também de seu pioneirismo em ter pretos nos postos de comando. O coronel PM negro Carlos Magno Nazareth Cerqueira comandou a corporação durante duas gestões, nas décadas de 1980 e 1990, tornando-se uma referência filosófica para toda a tropa, ao introduzir os conceitos de polícia cidadã e polícia de proximidade. No decorrer dos últimos 40 anos, outros oficiais negros ocuparam o cargo máximo da corporação.

Deu na Agência Brasil

Racismo

Assessora racista perde cargo para ‘preservar’ Anielle

A assessora exonerada em área vip com a então chefe, Anielle Franco, e o ministro Silvio Almeida

 

O governo demitiu a assessora racista do Ministério da Igualdade Racial para tentar poupar a atitude deslumbrada da ministra Anielle Franco, exibindo-se nas redes sociais a bordo do jato da FAB que a levou a São Paulo para torcer pelo seu time, Flamengo, derrotado no Morumbi. O uso abusivo da mordomia, em outros governos, recebia tratamento de escândalo, mas desta vez o caso foi praticamente ignorado na mídia e até pelos sempre atentos membros do Ministério Público Federal (MPF).

A jogada do governo, ao dispensar da assessora por intolerância racial, é oferecer mais um pretexto para que mídia e MPF “esqueçam” o episódio.

A demissão foi ordenada pela Casa Civil da Presidência da República, diante da repercussão negativa de todo o episódio.

A aspone estava com Anielle no voo da alegria, e depois publicou post racista contra torcedores do São Paulo e com insultos aos paulistas.

Informações do Cláudio Humberto

Política, Racismo

CCJ da Assembleia aprova projeto da Política Vini Jr. de Combate ao Racismo nos estádios

 

Na sua 17ª reunião ordinária, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa aprovou o projeto que institui a “Política Estadual Vini Jr. de combate ao racismo nos estádios e nas arenas esportivas do RN”.  A matéria, de iniciativa do mandato do deputado Francisco do PT, foi aprovada na manhã desta terça-feira (4), junto com outros projetos de iniciativa parlamentar e do Executivo.

De acordo com o projeto, torna-se obrigatório no âmbito das atividades dos estádios e arenas do RN a divulgação e a realização de campanhas educativas de combate ao racismo nos períodos de intervalo ou que antecedem os eventos esportivos ou culturais, preferencialmente veiculadas por meios de grande alcance, tais como telões, alto-falantes, murais, telas, panfletos, outdoors etc.

A matéria também institui a divulgação das políticas públicas voltadas para o atendimento às vítimas das condutas combatidas pela lei e a interrupção da partida em andamento, em caso de denúncia ou manifestação de  conduta  racista  por  qualquer  pessoa  presente.