Política

Quantas pessoas foram mortas pela ditadura cubana, da tomada de poder até hoje

“Socialismo ou Morte”, diz o cartaz em Havana, capital de Cuba: para milhares de cubanos, a ascensão de Fidel Castro ao poder significou a segunda opção| Foto: EFE / Ernesto Mastrascusa

 

Juan Owen Delgado, estudante cubano do ensino médio, tinha 15 anos quando sua família buscou asilo na embaixada do Equador em Havana em 14 de fevereiro de 1981. O grupo era formado por 14 pessoas, incluindo três mulheres e quatro menores de idade.

Eventualmente, a família foi presa e levada para a Sede da Segurança do Estado Villa Marista, conhecido centro de tortura de Cuba. Depois de ter sido espancado e perdido parte de uma orelha, Juan foi mandado para casa, onde sua condição de saúde piorou, o que o levou a entrar em coma e morrer.

O menino é uma das vítimas conhecidas e documentadas do governo vigente em Cuba desde 1959, quando o grupo revolucionário comandado por Fidel Castro tomou o poder após derrubar o ditador Fulgencio Batista.

No entanto, o número exato de pessoas mortas em consequência do regime instaurado por Castro é desconhecido. “Estimar o número real é praticamente impossível”, afirma Maria Werlau, co-fundadora e diretora executiva do projeto Cuba Archive, que busca documentar de forma objetiva o custo em vidas da revolução cubana.

“O regime não deseja divulgar a ‘contagem de corpos’ associada a sua repressão”, explica Joseph J. Gonzalez, professor de Estudos Globais na Appalachian State University nos EUA sobre a dificuldade em fazer esse cálculo.

Enquanto muitos autores usam modelos matemáticos com poucos fundamentos, a organização de Werlau, sediada nos EUA, é considerada a mais meticulosa nesse sentido, por trabalhar baseada em documentos e relatos de sobreviventes. “É um trabalho muito difícil”, diz Werlau. O balanço mais recente considera 9.222 mortes de 1º de janeiro de 1959 a 31 de dezembro de 2020, sendo 3.051 delas de execuções por fuzilamento.

“Atualmente, o número que mais me preocupa é o de pessoas que estão morrendo nas prisões. Sabemos que são muitas e que elas morrem porque não recebem atendimento médico, porque há muito suicídio e também que os guardas as matam”, diz Werlau.

Ela explica que o projeto busca divulgar as consequências do regime na segurança das pessoas, além de criar a consciência de que a violência não é o caminho para a solução de conflitos em uma sociedade. “Queremos disponibilizar informação verificável e confiável para que cada um tire suas próprias conclusões sobre Cuba”.

Gonzalez destaca que não existem critérios ou protocolos para definir quem pode ser considerado uma vítima da ditadura. Além das pessoas mortas em conflitos armados e aquelas executadas pelo governo, há inúmeros cubanos que morreram afogados tentando escapar da ilha. “Não é claro como ou quando você deve começar a contar os corpos. Não há critérios prontos”, diz o acadêmico.

Justiça revolucionária

Imediatamente após a fuga de Batista, integrantes do exército derrotado suspeitos de serem criminosos de guerra foram capturados, submetidos a julgamentos sumários e, caso condenados à morte, fuzilados. O jornalista Jon Lee Anderson descreve em Che Guevara: Uma Biografia um dos episódios mais notórios do período, quando Raúl Castro comandou a execução com rajadas de metralhadoras de mais de 70 soldados capturados.

A chamada justiça revolucionária era considerada por Che e Fidel como necessária para consolidar a revolução, um posicionamento muito diferente daquele defendido por Fidel em 1957, em uma famosa entrevista ao jornal norte-americano The New York Times. À época, ele afirmava que todos os prisioneiros eram soltos, não assassinados. “Castro teve todos os motivos para ser gentil com os soldados cubanos, os soldados rasos lutando por Batista porque queria que eles lutassem por ele e por sua revolução. Ele queria que os soldados cubanos soubessem que, caso se rendessem, seriam bem tratados e teriam a oportunidade de servir em seu exército. Depois da revolução, as coisas foram muito diferentes porque ele tinha motivos diferentes”, diz Gonzalez.

Conforme o regime se radicalizava, Castro foi perdendo aliados. E a resposta era violenta. A família do menino Juan é um exemplo. Rómulo, pai do adolescente, tinha participado do Movimento 26 de Julho contra Batista, mas ficou decepcionado com o regime implantado em Cuba e decidiu, junto com seu irmão, buscar asilo político quando passou a temer represálias por seu descontentamento.

Uma semana depois de chegarem à embaixada do Equador, em 21 de fevereiro de 1981, uma equipe das Forças Especiais de Cuba invadiu o local levando a família presa e separando os menores de seus pais. Após a morte de Juan como consequência da tortura, vários de seus familiares foram condenados, incluindo seu pai, sua mãe e seu tio.

“As discussões sobre a ditadura de Castro se politizaram muito rapidamente, com defensores e críticos fervorosos de ambos os lados”, explica Gonzalez. A perseguição a opositores que haviam sido aliados não era uma novidade no governo Castro. O primeiro presidente de Cuba após a revolução, Manuel Urrutia, renunciou em julho de 1959 por não concordar com a radicalização de Fidel e trocou a ilha pelos Estados Unidos, onde morreu em 1981.

Mortos no mar

Um dos maiores desafios é contabilizar as pessoas que morreram ao tentar fugir de Cuba em embarcações improvisadas rumo aos EUA. “Apenas neste ano a Guarda Costeira já teve alguns casos”, diz Werlau. A falta de informação sobre essas pessoas impossibilita sua identificação e contagem. “Às vezes não ficamos sabendo nem seus nomes”, explica, destacando que também não é possível chegar a esses dados por Cuba. “As pessoas que tentam fazer esse trabalho em Cuba acabam presas. E as famílias dos desaparecidos não querem colaborar porque têm medo do governo”.

O cientista político Rudolph Joseph Rummel (1932 – 2014), estudioso de genocídios e reconhecido por ter criado o termo ‘democídio’ para se referir a mortes em massa causadas pelo próprio governo de um povo, divulgou em 1987 estimativas do número de mortos pelo regime de Fidel variando de 35 mil a 141 mil naquela época. Mas são números baseados em modelos matemáticos.

“Nós temos o que podemos documentar”, diz Werlau sobre os números usados por sua organização. O trabalho começou há 20 anos com a análise de listas e livros, especialmente dos anos 1960. Alguns desses documentos continham problemas como duplicação de casos e o refinamento da lista só foi possível com o uso de ferramentas eletrônicas nos últimos anos. “Ao longo dos anos, limpamos nossos arquivos, buscamos fontes primárias e usamos ferramentas para encontrar e apagar os registros repetidos”, explica.

Um dos desafios de Werlau é investir na pesquisa sobre quantas pessoas morreram como consequência da intervenção de Cuba em outros países, como em guerras na África e em guerrilhas na América do Sul. “Provavelmente não seria possível fazer uma lista nominal, mas poderíamos estimar os números e seriam centenas de milhares de mortes”, diz. “O custo em vidas perdidas deste governo é muito alto”.

Informações da Gazeta do Povo

Política

Lula chama Bolsonaro de “covardão”: “Ficou dentro de casa, chorando”

Foto: Ricardo Stuckert

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)comentou pela primeira vez sobre os depoimentos de generais das Forças Armadas à Polícia Federal (PF) que confirmaram a existência de um plano do governo de Jair Bolsonaro (PL) para dar um golpe de Estado após as eleições presidenciais de 2022, que teve o petista como vencedor.

O chefe do Executivo, durante reunião ministerial nesta segunda-feira (18/3), afirmou que, agora, há uma “certeza” de que o país correu risco de sofrer um golpe e que isso só não ocorreu porque o ex-presidente era um “covardão”. E disse que Bolsonaro ficou “chorando em casa”.

Lula diz que golpe não era insinuação

O presidente afirmou que, depois dos depoimentos, a suposta tentativa de golpe deixou de ser apenas insinuação. “Hoje nós temos certeza que o país correu sério risco de ter um golpe em função das eleições de 2022”, afirmou.

Deu no Metrópoles

Polícia, Política

Protesto contra Putin durante as eleições na Rússia resulta em 65 pessoas presas

Mulher segura cartaz com o rosto de Navalny e a mensagem de que ele foi assassinado enquanto aguarda para votar na eleição russa em Washington Foto: Roberto Schmidt

 

Pelo menos 65 pessoas foram detidas em 16 cidades russas durante o protesto “Meio-dia contra Putin”, de acordo com informações do grupo de direitos humanos OVD-Info. O protesto ocorreu horas antes do encerramento das eleições no país. Enquanto isso, a agência estatal de notícias da Rússia, Tass, relatou que a participação eleitoral total ultrapassou o recorde de 2018, atingindo 67,54%. Por volta das 8h (horário de Brasília), a participação nas seções eleitorais era de 66,07%, com 6,89% dos votos sendo realizados de forma online.

A Rússia conclui neste domingo suas eleições presidenciais, com previsões apontando para a reeleição de Vladimir Putin. O contexto eleitoral foi marcado por tensões, incluindo a repressão, a morte do opositor Alexei Navalny e o conflito com a Ucrânia. Durante os três dias de votação, houve um aumento nos bombardeios mortais no país vizinho, incursões de milícias pró-Ucrânia em território russo e atos de vandalismo em locais de votação. O Kremlin destacou as eleições como uma oportunidade para os russos demonstrarem apoio à ofensiva militar, enquanto Kiev as considera ilegítimas, instando os aliados ocidentais a não reconhecerem o resultado.

Os apoiadores de Navalny convocaram os eleitores a votar como forma de honrar sua memória e expressar oposição de maneira legal. Em outras partes do mundo, houve filas nas embaixadas russas, especialmente em Paris e Berlim, onde muitos russos vivem no exílio. Enquanto alguns demonstraram apoio a Putin, outros expressaram críticas e protestos pacíficos. A dissidência pública na Rússia tem sido reprimida, com relatos de detenções por protestos eleitorais.

Deu na JP News

Política

Senador Rogério Marinho denuncia intervenção do governo na Vale

Foto: Jefferson Rudy

 

O senador Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição no Senado, apresentou representações denunciando a tentativa do governo federal de intervir no processo sucessório da Vale e possível interferência no mercado de capitais, por meio da indicação do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega ao conselho de administração da empresa. As denúncias foram encaminhadas à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e à Procuradoria-Geral da República (PGR).

Os pedidos de investigação destacam ações governamentais que, para Rogério Marinho, configuram abuso de poder e manipulação política, que poderiam ter prejudicado a mineradora Vale e seus acionistas, incluindo milhares de trabalhadores brasileiros. O senador também destaca a carta pública de José Luciano Duarte Penido, então conselheiro da empresa, que renunciou na terça-feira (12).

Na representação à CVM, o senador aponta para a interferência direta do governo na escolha do conselho de administração da Vale e na tentativa de nomear Mantega para o conselho de administração. Rogério Marinho solicita à CVM uma investigação rigorosa para garantir a integridade e transparência no processo de gestão da empresa, visando proteger os interesses dos acionistas, a governança corporativa e o mercado de capitais.

À PGR, o líder da oposição expande suas preocupações, citando não apenas a intervenção na escolha do CEO, mas também as pressões regulatórias e financeiras impostas à Vale, além da hostilização pública da empresa por figuras governamentais. Ele pede ao MPF que investigue esses atos, considerados abusos de poder, que resultaram em perdas significativas no valor de mercado da Vale, prejudicando acionistas e afetando a estabilidade econômica da empresa e do país.

Comissão de Ética

O senador Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição no Senado, encaminhou denúncias contra o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, para investigação de possível violação ética e improbidade administrativa.

As representações foram apresentadas à Comissão de Ética Pública da Presidência da República e à Procuradoria-Geral da República (PGR), sob a suspeita de que Prates teria comprometido a integridade corporativa ao vazar informação sensível fora dos protocolos e acarretando variação negativa do valor de mercado da estatal.

As representações reforçam a preocupação do senador com a integridade da gestão pública, e a necessidade de uma apuração rigorosa para garantir a justiça e a transparência na administração da maior empresa estatal do Brasil. Em ambas as denúncias, Rogério Marinho destaca a importância da responsabilização em casos de violações éticas ou de improbidade administrativa cometidos por Prates.

Na representação enviada à PGR, o líder da oposição aponta para a divulgação de informações pelo presidente da Petrobras que teriam afetado negativamente as ações da estatal na Bolsa de Valores. O senador solicita uma investigação sobre possível ato de improbidade administrativa, materializado no vazamento de informação privilegiada, que poderia sugerir um benefício a terceiro, demandando medidas cabíveis para preservar a justiça e o patrimônio público.

Na denúncia à Comissão de Ética, Rogério Marinho busca uma análise da conduta de Prates sob a ótica do Código de Conduta da Alta Administração Federal. Ele evidencia a necessidade de esclarecer se houve violação ética na gestão de informações sensíveis, que resultaram em uma desvalorização significativa da empresa, pedindo ações que assegurem a manutenção da ética e da transparência na administração pública.

Deu na Tribuna do Norte

Economia, Política

Dívida do governo não para de crescer, mas Lula quer licença para gastar mais

Foto: André Borges

 

O crescimento da arrecadação de impostos em janeiro, festejado pela equipe econômica, está longe de sinalizar um equilíbrio das contas do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Ao contrário. O temor do mercado é de que o breve fôlego propiciado pela receita extra, vinda de eventos não recorrentes, seja visto pelo atual governo como uma “licença para gastar”, agravando ainda mais a trajetória da dívida pública, considerada preocupante pelos especialistas ouvidos pela Gazeta do Povo.

E, de fato, bastou o resultado do primeiro mês do ano para Lula começar a falar em “aumentar o limite de gastos” – limite este definido pelo chamado arcabouço fiscal, que recém começou a vigorar.

“A perspectiva geral não é boa. Quando olhamos o indicador mais importante para a solvência do governo no médio e longo prazo, a dívida pública sobre o PIB [Produto Interno Bruto], vemos que ela não para de crescer”, alerta Cristiane Schmidt, professora da Fundação da Getulio Vargas (FGV-RJ) e do Instituto Millenium e consultora sênior para o Banco Mundial.

Depois de dois anos em queda, a trajetória da dívida pública do país se inverteu em 2023 e subiu quase três pontos percentuais em um ano, passando de 71,7% do PIB em dezembro 2022 para 74,3% do PIB 12 meses depois.

Os últimos dados do Banco Central revelam que em janeiro de 2024 a dívida subiu mais um pouco e atingiu 75% do PIB, o maior nível desde julho de 2022.

Dívida vai continuar crescendo, segundo projeções do mercado

Conforme o BC, o resultado primário de janeiro do setor público consolidado – que inclui os governos das três esferas e estatais – ficou negativo em R$ 246 bilhões, no acumulado de 12 meses.

O rombo é apenas ligeiramente menor que o acumulado até o mês anterior – R$ 249,1 bilhões, o pior resultado desde 2020, quando os gastos aumentaram com o combate à pandemia de Covid-19.

Mas o resultado primário não reflete os gastos financeiros com a dívida. E eles nunca foram tão altos. Em um ano, os juros consumiram R$ 746 bilhões, segundo o dado de janeiro – o maior valor da história para um acumulado de 12 meses, equivalente a quatro anos de Bolsa Família.

Como acontece quase sem trégua desde 2014, todos os juros foram pagos com emissão de novas dívidas, uma vez que o governo não está poupando dinheiro.

Na soma do déficit primário com os juros, o chamado resultado nominal do setor público foi de um rombo acumulado de quase R$ 1 trilhão em 12 meses. O resultado só foi pior que isso em alguns meses entre 2020 e 2021.

A perspectiva da corretora XP, a se manter o ritmo atual, é de que a dívida pública atinja 77% do PIB ao fim de 2024, 79% em 2025 e 81,4% em 2026. A expectativa mediana de pouco mais de 30 bancos, corretoras e consultorias consultados pelo Banco Central é ligeiramente pior: nesse cálculo, a dívida ao fim dos mesmos três anos seria de 77,8%, 80% e 82,5% do PIB, respectivamente.

“A dívida é uma variável importante que a gente tem que monitorar, porque representa um risco que tem impactos tanto em atividade econômica, afetando o crescimento, quanto em inflação”, afirma o economista Tiago Sbardelotto, da XP Macro Watch.

Deu na Gazeta do Povo

 

 

Política

Taveira diz que deverá anunciar candidato à sucessão até próxima semana: “Caminhando para isso”

 

O prefeito de Parnamirim, Rosano Taveira (Republicanos), deverá anunciar na próxima semana qual candidato terá seu apoio na disputa eleitoral de 2024. À 98 FM, o prefeito disse que a previsão é que o nome seja divulgado até o dia 22 de março (próxima sexta-feira).

“Está caminhando para isso”, disse o prefeito à 98 FM.

Nas últimas semanas, Taveira tem se reunido com aliados para discutir a sucessão municipal. Uma das principais reuniões aconteceu no dia 23 de fevereiro, quando ele se encontrou com o senador Rogério Marinho, presidente estadual do PL, partido pelo qual o candidato do prefeito deverá disputar a eleição. Por isso, o anúncio deverá ocorrer no dia “22”, número do partido.

Atualmente, pelo menos seis políticos disputam o apoio do prefeito no próximo pleito.

São eles:

  • Homero Grec (sem partido), ex-vereador e atual secretário-chefe do Gabinete Civil;
  • Kátia Pires (União Brasil), ex-vereadora e atual vice-prefeita;
  • Salatiel de Souza (União Brasil), ex-vereador de Natal e apresentador de TV e rádio;
  • Vavá Azevedo (PP), vereador;
  • Wolney França (PSDB), presidente da Câmara Municipal;
  • Irani Guedes (Republicanos), vereador.

Deu no Portal 98 FM

Política

“Não adianta querer combater a corrupção com Lula no poder”, diz Dallagnol

Foto: Bruno Spada

 

Apesar de todo o esforço de parte do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso para desmontar e desgastar a Lava Jato, a maioria da sociedade compreende que a maior operação anticorrupção da história do país foi positiva. Essa é a opinião de Deltan Dallagnol, ex-chefe da força-tarefa de Curitiba, relatada em entrevista à Gazeta do Povo na semana em que a primeira fase da operação completa 10 anos.

“Ela abriu os olhos da sociedade brasileira. Pela primeira vez na história, a Lava Jato mostrou que o monstro sangra. O monstro do abuso. O poder da corrupção política sangra”, diz o ex-procurador e ex-deputado federal (Novo-PR).

Nesse período, um dos legados da operação, em sua visão, foi provar que é possível vencer a impunidade, que sempre imperou na política brasileira para proteger os poderosos corruptos. Mas uma nova operação assim não será possível, para Dallagnol, enquanto Luiz Inácio Lula da Silva ocupar a Presidência da República. Ele foi condenado por corrupção, mas teve o processo anulado pelo Supremo Tribunal Federal.

“Não adianta você querer combater a corrupção com Lula no poder. Quem Lula vai escolher como ministro do STF? Gente que não vai apoiar a prisão em segunda instância, que não vai apoiar o fim do foro privilegiado. Sem um bom presidente, não teremos bons ministros do STF que combatam a corrupção”, diz.

Deltan Dallagnol deixou o Ministério Público Federal em 2021, num momento de ocaso da operação. O procurador-geral da República à época, Augusto Aras, era um inimigo declarado dos métodos da Lava Jato. Além de acabar com as forças-tarefa, fez uma devassa nas investigações que corriam em Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo. No comando do Conselho Nacional do Ministério Público, deixou correr processos disciplinares movidos por políticos investigados para punir os procuradores, sobretudo Dallagnol, sancionado com advertência e censura.

Candidato mais votado no Paraná para uma cadeira na Câmara dos Deputados em 2022, Dallagnol não ficou um ano no mandato. Foi cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob a acusação de ter deixado o MPF para escapar de processos disciplinares – que, no entanto, já não existiam. No Tribunal de Contas da União (TCU), foi condenado a pagar pelas diárias que os colegas procuradores recebiam para ir a Curitiba, e no Superior Tribunal de Justiça (STJ), foi obrigado a indenizar Lula por expor à imprensa, na forma de um PowerPoint, a denúncia do caso triplex.

Nesta entrevista, Dallagnol aponta que o retrocesso no combate à corrupção parte principalmente do STF, com decisões mal fundamentadas, em sua visão, que têm apenas uma “conta de chegada”: livrar novamente os poderosos de responsabilização por corrupção, como sempre ocorreu na história do Brasil.

Com isso, para Dallagnol, a Corte manda uma mensagem de que o risco de corromper é baixo, o que é reforçado pela anulação da condenação de Lula e sua volta à Presidência. “A mensagem é: ‘roube pouco e você vai para a cadeia, roube muito e você vira presidente da República’”, resume o ex-procurador. Além disso, ele avalia que o STF comete abusos no inquérito das fake news e nos processos sobre o 8 de janeiro de 2023.

Deu na Gazeta do Povo

Política

Oposição aposta na pressão internacional para desgastar STF

 

A coletiva organizada por parlamentares brasileiros nos Estados Unidos, nesta terça-feira (12), mostra que a oposição brasileira busca na internacionalização das pautas internas como uma forma de pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF) a recuar no ativismo judicial. Com as recentes penas aplicadas pela Corte aos envolvidos no 8 de janeiro, os congressistas buscam conscientizar autoridades estrangeiras sobre os atos do tribunal.

O reconhecimento das atitudes do STF por parte do deputado americano Chris Smith durante a coletiva, que acusou a Corte de censura, indica que os congressistas brasileiros conseguiram, em certa medida, maior atenção de agentes internacionais do que em ocasiões anteriores.

A crítica feita pelo bilionário Elon Musk, fundador da Tesla e dono do X (antigo Twitter), sobre a prisão do motoboy Wellington Luiz Firmino endossa a percepção dos deputados de que suas denúncias estão sendo ouvidas. Firmino foi condenado pelo STF a 17 anos de prisão. No 8 de janeiro de 2023, ele subiu 28 andares e ficou isolado no alto de uma das torres do Congresso por mais de uma hora.

Questionado sobre a importância do evento em frente ao Parlamento americano, o deputado Marcel Van Hatten (Novo-RS) ressalta que o objetivo do ato era estimular o Legislativo dos EUA a pressionar o governo brasileiro.

“Esse evento é fundamental para que nós possamos levar ao mundo o conhecimento do que está acontecendo de fato no Brasil. Inclusive, pressionar as autoridades dos Estados Unidos, em particular no Parlamento americano, a pressionar o governo daqui, a tomar as atitudes necessárias nas reuniões bilaterais com o governo brasileiro, para defender a democracia e a liberdade”, disse Van Hatten à Gazeta do Povo.

Ele também afirmou que a relação entre Brasil e EUA é importante para a recuperação do Estado de Direito no Brasil. “Nós somos nações, historicamente falando, aliadas. Os Estados Unidos são a maior democracia das Américas, o Brasil sempre foi a segunda maior. Com nossa democracia sob risco, com a ditadura do Judiciário, é importante que as nossas relações históricas possam ser normalizadas com a recuperação da democracia e do Estado de Direito no Brasil”.

O ato em frente ao Capitólio americano é o segundo movimento da oposição no cenário internacional em menos de um mês. Em 24 de fevereiro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) discursou na CPAC 2024 e criticou os abusos do Judiciário no Brasil. Ele citou a prisão de idosos e mulheres grávidas que estavam no 8 de janeiro e a censura sofrida pela oposição em criticar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Para o cientista político Adriano Cerqueira, do Ibmec de Belo Horizonte (MG), o posicionamento de ministros do STF acentua a necessidade da oposição de levar os acontecimentos internos para o exterior. Recorrentemente, deputados e senadores de oposição têm relatado que sentem pressionados e até perseguidos pelo Judiciário brasileiro.

Cerqueira cita a declaração do ministro Gilmar Mendes, do STF, feita ao GloboNews, na segunda-feira (11), na qual o magistrado afirmou que o Supremo está “combatendo” a “extrema-direita”.

“Esse ano está sendo muito positivo para a direita aqui no Brasil, principalmente por conta desse clima percebido por eles de perseguição política. Declarações como essa do Gilmar Mendes agravam ainda mais essa percepção da oposição. Ele não qualificou o que ele entende que seja extrema-direita, só disse que o STF está combatendo nitidamente essa corrente política”, salientou o cientista político.

Política

Petrobras dobrou gastos de publicidade em 2023 para mais de R$186 milhões

 

O primeiro ano do terceiro mandato de Lula foi de bonança para veículos de comunicação amigo, que recebem anúncios da Petrobras. Entre TV, internet, mídia exterior e etc, são nove nichos onde a petroleira despejou exatos R$186.202.739,71 em 2023. A montanha de dinheiro é mais do que o dobro usado em 2022, quando a companhia usou R$92,2 milhões. A dinheirama supera o recorde de 2017, conforme consta da transparência da petroleira, torrando R$170 milhões em propaganda.

Jornalões faturam

Com circulação cada vez mais rara, jornais também multiplicaram a verba, que passou de R$1 milhão em 2022 para R$5,7 milhões.

Para inglês ver

Para ficar bem na fita, gastos com mídia exterior foram turbinados, saltaram de R$6,1 milhões para impressionantes R$24,5 milhões.

Gastos com publicidade na internet, outra bolada: R$34 milhões. Até revistas em declínio receberam um arame, R$128,3 mil.

Emissoras de canais abertos e fechados não têm o que reclamar: foram mais de R$90 milhões para divulgar a Petrobras.

Informações do Cláudio Humberto