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Seturn pedirá nova isenção de ICMS

14-12-2021- Natal – ICMS sobre o Diesel , Empresas de Ônibus
foto/adriano abreu/h/selecionadas

 

Ainda no primeiro semestre deste ano, empresas do transporte público de Natal receberam isenções fiscais da Prefeitura e do Governo do Estado – o qual estendeu a isenção para os transportes da Região Metropolitana – como forma de reduzir os prejuízos provocados pelo desequilíbrio econômico do sistema. Ambas as isenções terminam no próximo dia 31. Na segunda-feira (20), o Seturn deverá se reunir com a Secretaria de Estado da Tributação para debater sobre uma provável renovação da isenção por parte do Estado.
O diretor-técnico do Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros do Município do Natal (Seturn), Nilson Queiroga, afirma que irá pedir ao Governo que a medida seja renovada para todo o ano de 2022, nos mesmos moldes em que ela ocorre atualmente. A isenção, no caso, se refere ao Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS).
“Estamos otimistas, porque o Governo tem sido sensível à questão. A Transcoop (cooperativa dos transportes opcionais) e as empresas do Seturn vão participar do encontro na próxima segunda. Os ordenamentos até aqui, são para que haja continuidade [da medida]. Estamos colocando como contrapartida para o Governo que não haverá reajuste no próximo ano”, revela Nilson Queiroga. “A governadora já sinalizou para que haja essa desoneração”, complementa.
A Secretaria de Estado da Tributação (SET/RN) não quis comentar sobre o que será definido. A pasta informou apenas que pretende discutir o assunto na próxima semana. O secretário de Tributação do Estado, Carlos Eduardo Xavier, disse que os esforços do Governo, quando das tratativas sobre os próximos passos em relação ao assunto, é para que não haja aumentos.
“A questão central é não haver aumento de tarifa para a população. O Governo não abre mão disso”, afirmou. Após as tratativas com o Governo, o Seturn pretende dialogar com a Prefeitura, para que seja renovada a isenção do Imposto Sobre Serviços (ISS), que também vigora até o dia 31 de dezembro.
“Pretendemos conversar sobre a renovação com a Prefeitura após o diálogo com o Governo. Neste caso, especialmente se houver negativas [do Governo], a proposta será também para que o Município compre as passagens dos estudantes e dê para eles, como acontece em Maceió (AL)”, relata Queiroga.
“Essa é uma opção para evitar o aumento da tarifa ao mesmo tempo em que vai aliviar o prejuízo das empresas com o benefício destinado aos estudantes. Se nenhuma das propostas [do Estado e do Município] forem aceitas, a situação vai ficar caótica”, avalia o presidente do Seturn.
Prefeitura sem data
A Secretaria Municipal de Tributação de Natal (Semut) afirmou que ainda não foi procurada para tratar do tema. “Não fui procurado a respeito dessas tratativas – que acontecem dentro de um contexto com diversas variáveis – entre o Gabinete do prefeito e a STTU”, disse o secretário de Tributação de Natal, Ludenilson Lopes.
De acordo com ele, a isenção concedida pela prefeitura – do ISS – se trata de ‘uma variável para a possível solução de um problema’ e não é classificada como benefício fiscal isolado. Por isso, segundo Lopes, o assunto não é tratado diretamente com a pasta.
“Nós poderemos ser chamados se essa variável entrar em uma eventual composição de solução de problema, para quantificar a isenção, ou algo nesse sentido”, explicou o secretário. A TRIBUNA DO NORTE procurou a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (STTU) e a Prefeitura para saber se há discussões sobre a questão.
A Prefeitura informou, por meio da assessoria de imprensa, que o tema será debatido, mas não esclareceu detalhes e disse não haver previsão para que as discussões aconteçam. “O tema será debatido, mas não há previsão para isto acontecer”, afirmou. A Secretaria de Mobilidade não deu retorno aos questionamentos da reportagem.
Município estima perdas de R$ 1 milhão por mês
As isenções fiscais para o transporte público da capital tiveram início em abril deste ano, quando o Estado zerou o ICMS do diesel para as empresas de Natal e também da Região Metropolitana. A medida vigorou até outubro, mas foi renovada até o dia 31 de dezembro.
Em maio, a Prefeitura do Natal também concedeu isenções e zerou o ISS para concessionárias e permissionários do transporte público da capital. Com a medida, a Secretaria Municipal de Tributação (Semut) estima que a pasta deixou de arrecadar R$ 1 milhão por mês.
“A queda varia de acordo o movimento do transporte público, porque houve redução de passageiros nesse período. Com isso, cai a receita e, consequentemente, [os valores da] renúncia. A gente estima R$ 1 milhão ao mês, mas em algumas ocasiões, pode ser menor esse volume”, esclarece o titular da Semut, Ludenilson Lopes.
O secretário avalia que o momento não é propício para renúncias e disse que a isenção em vigor só é aceitável porque se trata de tentativa de resolver problemas sérios, como os encarados pelo sistema de transporte da capital. “A isenção veio para impedir o aumento do preço das passagens, o que a gente pode afirmar que seria um problema de cunho social, inclusive”, pontuou.
Ludenilson Lopes lembra que a situação é complexa. “É descobrir um problema para encobrir outro, como dizem na linguagem popular. A isenção aconteceu para beneficiar o cidadão que é quem paga a conta”, sublinha.
“Mas a renúncia de receita hoje não cabe. Nenhum município pode abrir mão disso, porque a situação é difícil, com uma demanda grande e receitas limitadas. As despesas são galopantes a cada dia. Natal suporta uma grande demanda só na área de Saúde, por exemplo. Se a gente multiplicar a receita atual por dois ou três, ainda não dá vencimento”, ilustra.
Para o secretário municipal, as prováveis soluções deverão somente amenizar os problemas do transporte coletivo de Natal. “A matéria é complexa e tem que ser tratada sistematicamente. Não pode ser algo de forma isolada. As soluções que vierem servirão, eu diria, para amenizar e não solucionar a questão. Mas não posso falar sobre isso, porque não é a minha área”, encerra.
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Rodoviários vão decidir se entram em greve após audiência

Os rodoviários  consideram começar uma greve por tempo indeterminado. Representados pelo Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários do Rio Grande do Norte (Sintro/RN), os trabalhadores terão uma audiência com os empresários, na sede do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), para deliberarem sobre o assunto. Eles cobram uma recomposição salarial, que não ocorreu em 2020 nem neste ano, de acordo com Júnior Rodoviário, presidente do Sintro. Após a audiência, eles devem decidir se entram em greve.

Em resumo, os trabalhadores cobram um acordo com os empresários, representados pelo Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros do Município do Natal (Seturn), que aguarda um posicionamento da Secretaria de Mobilidade Urbana de Natal (STTU), que por sua vez, não quis se pronunciar sobre o assunto. “A gente está aguardando essa audiência para ter um encaminhamento. Apresentaram uma tabela com informações erradas sobre o salário da gente, que não condizem com a realidade, e estamos buscando esse diálogo”, disse o sindicalista.
Os motoristas reclamam que na última audiência para discussão do reajuste salarial houve uma informação errada repassada pela STTU à Justiça do Trabalho. Segundo Júnior Rodoviário, os representantes da pasta informaram ao Tribunal Regional do Trabalho que o salário dos profissionais era de R$ 1.836,00. No entanto, o sindicato afirma que o valor do piso no contracheque dos rodoviários é de R$ 2.110,00, o que acabou emperrando as tratativas porque o reajuste seria calculado em cima de um valor defasado.
A categoria exige o cumprimento das datas-bases salariais deste ano e de 2020, previstas para acontecer em maio passado, que até o momento não foram implementadas pelas companhias de ônibus de Natal. Os rodoviários pedem que o reajuste seja o equivalente à inflação acumulado Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para os últimos 12 meses, que é 10,67%, segundo dados de outubro do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Essa situação depende do órgão gestor. O tribunal fez um ofício à STTU pedindo que ela apresente a planilha e diga quanto é o salário da planilha, que ela vai chegar num resultado, para os motoristas. As empresas vão seguir o que ela [STTU] vai responder ao Tribunal Regional do Trabalho. Isso está sendo discutido ainda e a gente aguarda uma definição. Os motoristas estão querendo reajuste com razão, faz três anos que não tem. É justo o que eles estão pedindo”, afirma Nilson Queiroga, diretor técnico do Seturn.
As datas-base salariais dos rodoviários ocorrem anualmente entre janeiro e maio. Como os salários desses profissionais – que correspondem por 48,8% em média dos custos das empresas, segundo estimativa da  Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) – estão pressionados pela inflação, o setor permanecerá mobilizado para cobrar os reajustes salariais. “As empresas prometeram a retomada gradual no pagamento, mas ainda segue abaixo do que era pago antes da pandemia. Aguardamos desde o início do ano que as empresas nos chamem para conversar”, reclamou diretor de comunicação do Sintro, Harley Davidson.
Além disso, os motoristas querem a recomposição do vale-alimentação. Até março do ano passado, as empresas pagavam R$ 315 aos trabalhadores, mas, com a redução das linhas em circulação em decorrência da pandemia da covid-19, o valor foi reduzido para R$ 180.
A reportagem da TRIBUNA DO NORTE questionou a Secretaria de Mobilidade Urbana de Natal (STTU) sobre o impasse envolvendo o reajuste salarial dos rodoviários, que pode resultar na greve da categoria no dia 14 dezembro, mas a pasta não quis se pronunciar. Por meio da assessoria de imprensa, o órgão se limitou a dizer que a “discussão é entre o Sintro e o Seturn”. A secretaria também não informou o percentual de reajuste definido para a categoria, que deve ser remetido ao TRT.
Manifestações
Em outubro deste ano, o Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários aprovou indicativo de greve, mas voltou atrás após iniciar as negociações sobre o reajuste salarial No último dia 1º de dezembro, os rodoviários cruzaram os braços durante o início da tarde. Os ônibus ficaram parados no Viaduto do Baldo, o que causou lentidão no trecho.
Desde o início da pandemia, os rodoviários fizeram uma série de paralisações e ameaças de greve. Ao longo desse período, a categoria protestou contra a demissão de motoristas, fiscais, mecânicos e, principalmente, os cobradores, que foram todos mandados embora diante da crise do setor.
Em junho do ano passado, a categoria chegou a entrar em greve, reivindicando o pagamento do vale-alimentação e do plano de Saúde dos trabalhadores.
Em março de 2021, os motoristas de Natal fizeram um protesto contra as mudanças em 15 linhas de ônibus de Natal, que foram anunciadas pela STTU. A manifestação bloqueou parcialmente ruas da cidade, na Cidade Alta. O principal argumento da categoria foi que empresários e membros da secretaria se reuniram sem a presença dos rodoviários.