Rodoviários vão decidir se entram em greve após audiência

Os rodoviários  consideram começar uma greve por tempo indeterminado. Representados pelo Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários do Rio Grande do Norte (Sintro/RN), os trabalhadores terão uma audiência com os empresários, na sede do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), para deliberarem sobre o assunto. Eles cobram uma recomposição salarial, que não ocorreu em 2020 nem neste ano, de acordo com Júnior Rodoviário, presidente do Sintro. Após a audiência, eles devem decidir se entram em greve.

Em resumo, os trabalhadores cobram um acordo com os empresários, representados pelo Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros do Município do Natal (Seturn), que aguarda um posicionamento da Secretaria de Mobilidade Urbana de Natal (STTU), que por sua vez, não quis se pronunciar sobre o assunto. “A gente está aguardando essa audiência para ter um encaminhamento. Apresentaram uma tabela com informações erradas sobre o salário da gente, que não condizem com a realidade, e estamos buscando esse diálogo”, disse o sindicalista.
Os motoristas reclamam que na última audiência para discussão do reajuste salarial houve uma informação errada repassada pela STTU à Justiça do Trabalho. Segundo Júnior Rodoviário, os representantes da pasta informaram ao Tribunal Regional do Trabalho que o salário dos profissionais era de R$ 1.836,00. No entanto, o sindicato afirma que o valor do piso no contracheque dos rodoviários é de R$ 2.110,00, o que acabou emperrando as tratativas porque o reajuste seria calculado em cima de um valor defasado.
A categoria exige o cumprimento das datas-bases salariais deste ano e de 2020, previstas para acontecer em maio passado, que até o momento não foram implementadas pelas companhias de ônibus de Natal. Os rodoviários pedem que o reajuste seja o equivalente à inflação acumulado Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para os últimos 12 meses, que é 10,67%, segundo dados de outubro do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Essa situação depende do órgão gestor. O tribunal fez um ofício à STTU pedindo que ela apresente a planilha e diga quanto é o salário da planilha, que ela vai chegar num resultado, para os motoristas. As empresas vão seguir o que ela [STTU] vai responder ao Tribunal Regional do Trabalho. Isso está sendo discutido ainda e a gente aguarda uma definição. Os motoristas estão querendo reajuste com razão, faz três anos que não tem. É justo o que eles estão pedindo”, afirma Nilson Queiroga, diretor técnico do Seturn.
As datas-base salariais dos rodoviários ocorrem anualmente entre janeiro e maio. Como os salários desses profissionais – que correspondem por 48,8% em média dos custos das empresas, segundo estimativa da  Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) – estão pressionados pela inflação, o setor permanecerá mobilizado para cobrar os reajustes salariais. “As empresas prometeram a retomada gradual no pagamento, mas ainda segue abaixo do que era pago antes da pandemia. Aguardamos desde o início do ano que as empresas nos chamem para conversar”, reclamou diretor de comunicação do Sintro, Harley Davidson.
Além disso, os motoristas querem a recomposição do vale-alimentação. Até março do ano passado, as empresas pagavam R$ 315 aos trabalhadores, mas, com a redução das linhas em circulação em decorrência da pandemia da covid-19, o valor foi reduzido para R$ 180.
A reportagem da TRIBUNA DO NORTE questionou a Secretaria de Mobilidade Urbana de Natal (STTU) sobre o impasse envolvendo o reajuste salarial dos rodoviários, que pode resultar na greve da categoria no dia 14 dezembro, mas a pasta não quis se pronunciar. Por meio da assessoria de imprensa, o órgão se limitou a dizer que a “discussão é entre o Sintro e o Seturn”. A secretaria também não informou o percentual de reajuste definido para a categoria, que deve ser remetido ao TRT.
Manifestações
Em outubro deste ano, o Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários aprovou indicativo de greve, mas voltou atrás após iniciar as negociações sobre o reajuste salarial No último dia 1º de dezembro, os rodoviários cruzaram os braços durante o início da tarde. Os ônibus ficaram parados no Viaduto do Baldo, o que causou lentidão no trecho.
Desde o início da pandemia, os rodoviários fizeram uma série de paralisações e ameaças de greve. Ao longo desse período, a categoria protestou contra a demissão de motoristas, fiscais, mecânicos e, principalmente, os cobradores, que foram todos mandados embora diante da crise do setor.
Em junho do ano passado, a categoria chegou a entrar em greve, reivindicando o pagamento do vale-alimentação e do plano de Saúde dos trabalhadores.
Em março de 2021, os motoristas de Natal fizeram um protesto contra as mudanças em 15 linhas de ônibus de Natal, que foram anunciadas pela STTU. A manifestação bloqueou parcialmente ruas da cidade, na Cidade Alta. O principal argumento da categoria foi que empresários e membros da secretaria se reuniram sem a presença dos rodoviários.

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