Judiciário

Moraes impõe multa de R$ 405 mil a Daniel Silveira

 

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), impôs nesta terça-feira (3) multa de R$ 405 mil ao deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ).

De acordo com o despacho, a medida é justificada por causa de descumprimentos de decisões judiciais por parte de Silveira. Moraes alega que o parlamentar deixou de utilizar tornozeleira eletrônica e concedeu entrevistas à imprensa, violando determinações anteriores.

Por conta disso, foi fixado o valor de R$ 15 mil por dia de desobediência. Para executar o pagamento da multa, o magistrado determinou que o Banco Central (BC) bloqueie todas as contas bancárias do congressista em até 24 horas.

Na decisão, o ministro elenca algumas exigências: usar a tornozeleira, impedimento de ir a eventos públicos e dar entrevistas, proibição de usar redes sociais e de se ausentar do estado do Rio de Janeiro.

Daniel Silveira foi condenado pelo STF a quase 9 anos de reclusão por ameaças, ofensas e xingamentos contra os integrantes do Judiciário, mas foi indultado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) no dia seguinte ao julgamento.

A graça presidencial em favor do deputado tem sido motivo de debate no que diz respeito aos direitos políticos. A defesa alega que o perdão extingue todas as penas impostas pelo Supremo, incluindo reprimendas acessórias, como multas e restrições de direitos.

Informações do Conexão Política

 

Judiciário

Alexandre Moraes prorroga por 60 dias inquérito contra Daniel Silveira

 

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), prorrogou nesta segunda-feira (2), por mais 60 dias, o inquérito contra o deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) que investiga suposto crime de desobediência por violação da tornozeleira eletrônica.

De acordo com o magistrado, um relatório da Polícia Federal (PF) demonstrou que houve ocorrências não justificadas por fim de bateria e duas por área de inclusão.

“Considerando a necessidade de prosseguimento das investigações, notadamente no que diz respeito à obtenção dos dados cadastrais dos usuários dos IPs apurados, para que seja possível a apresentação dos locais físicos de onde foram feitos acessos ao sistema da Câmara dos Deputados, nos termos solicitados pela Polícia Federal, prorrogo por mais 60 dias o presente inquérito”, escreveu o ministro.

A defesa do parlamentar alega que Silveira não pode ser alvo de medidas que possam restringir o mandato, conforme foi decidido pela própria Suprema Corte no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5.526, em 2017.

De acordo com os advogados, nos casos de medidas judiciais que tenham impacto no mandato, a decisão precisa ser votada pela Câmara dos Deputados, no prazo de 24 horas, como ocorre nos casos de prisão, e Moraes não seguiu esse precedente.

Deu no Conexão Política

Judiciário

Moraes ameaça : “Aqueles que pretenderem colocar em dúvida o pleito eleitoral serão combatidos com a força da constituição”

 

 

O magistrado criticou a divulgação de informações que coloquem em dúvida o processo eleitoral e a urna eletrônica. “Não vamos aceitar a atuação de milícias digitais nas eleições de 2022, não iremos aceitar fake news, notícias fraudulentas sobre supostas fraudes”, declarou. “Aqueles que pretenderam de qualquer forma colocar em dúvida o pleito eleitoral, atacar a democracia, serão combatidos com a força da Constituição, com a força da Lei, com a independência e autonomia do Poder Judiciário”.

Moraes fez uma palestra com o tema “Desafios da Justiça Eleitoral para 2022”, parte do seminário “Desafios e inovações da Justiça Eleitoral para as eleições de 2022”, organizado pelo TRE-RJ (Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro). Ele participou por videoconferência.

O ministro disse que o maior desafio das eleições de 2022 é o combate à desinformação. Ele defendeu a urna eletrônica e falou que nunca houve nenhuma comprovação de fraude nos equipamentos. “Aqueles que dizem o contrário, ou dizem por ignorância, ou por má-fé, e às vezes pelas duas coisas”.

“Juízes eleitorais devem, assim como eu e todos os membros do TSE, se sentir absolutamente indignados com esse discurso fraudulento, mentiroso, criminoso de tentar desqualificar uma das grandes conquistas do Brasil, que é a conquista da lisura nas eleições com as urnas eletrônicas”.

Moraes também declarou que o país aprendeu com a disseminação de fake news nas eleições de 2018. Disse que o fenômeno atinge o Brasil e “vários” países do mundo, “com a utilização de algoritmos e verdadeiras milícias digitais na tentativa de influenciar o eleitor com mentiras, suposições e ilações criminosas”.

 

Deu no Poder 360

Judiciário

Alexandre de Moraes diz que ‘liberdade de expressão não é liberdade de agressão’

 

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, afirmou nesta sexta-feira, 29, duranta palestra na FAAP (Fundação Armando Alvares Penteado) que “liberdade de expressão não é liberdade de agressão”.

A declaração ocorre uma semana após a Suprema Corte condenar o deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) a oito anos e nove meses de prisão pelos crimes de incitar a tentativa de impedir o livre exercício dos Poderes da União e por coação no curso do processo. “Não é possível defender volta de um ato institucional número cinco, o AI-5, que garantia tortura e morte de pessoas, o fechamento do Congresso e do Poder Judiciário. Ora, nós não estamos em uma selva. Liberdade de expressão não é liberdade de agressão”, declarou o magistrado.

Apesar de não ter citado nominalmente o parlamentar, é claro que Moraes se refere ao caso de Silveira, que se tornou réu no Supremo pela publicação de um vídeo no qual ele defende o AI-5, ato mais repressivo da ditadura militar, e incita a população a invadir o STF e agredir os ministros.

Informações da Jovem Pan

Judiciário

Alexandre de Moraes dará palestra sobre ‘defesa da democracia’

 

Nesta sexta-feira (29), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), fará uma palestra para universitários da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), em São Paulo (SP).

Principal personagem da crise institucional entre Palácio do Planalto e Suprema Corte, o magistrado irá discursar sobre “combate à desinformação e a defesa da democracia”.

A FAAP promove neste mês de abril a semana acadêmica e, além do ministro do STF, outras autoridades também devem passar pela instituição, a exemplo do economista Sérgio Vale e o diretor de RH do Grupo Carrefour Brasil, Alexandre Espinosa.

 

Deu no Conexão Política

Judiciário

Moraes cita Lei da Ficha Limpa e afirma que Silveira continua inelegível mesmo com indulto

 

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), escreveu em uma decisão exarada nesta terça-feira (26) que a Corte vai avaliar se o indulto presidencial concedido a Daniel Silveira (PTB-RJ) está de acordo com a Constituição.

Segundo o magistrado, o ato não deve livrar o deputado federal da inelegibilidade de 8 anos. No texto, Moraes afirmou que “o Poder Judiciário tem o dever de analisar se as normas contidas no decreto de indulto, no exercício do caráter discricionário do presidente da República, estão vinculadas ao império constitucional”.

“Apesar de o indulto ser ato discricionário e privativo do chefe do poder Executivo, a quem compete definir os requisitos e a extensão desse verdadeiro ato de clemência constitucional, a partir de critérios de conveniência e oportunidade, não constitui ato imune ao absoluto respeito à Constituição Federal”, diz trecho do despacho.

O ministro destacou que a legalidade da graça presidencial será analisada em ações de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) ajuizadas por partidos de esquerda e relatadas pela ministra Rosa Weber.

Na decisão, Alexandre de Moraes frisou que, na avaliação dele, está claro que o congressista, mesmo com o perdão de pena pelo chefe do Executivo, deve se tornar inelegível em razão da Lei da Ficha Limpa.

“Ressalte-se, ainda, que, dentre os efeitos não alcançados por qualquer decreto de indulto está a inelegibilidade decorrente de condenação criminal em decisão proferida por órgão judicial colegiado”, anotou.

A partir de agora, o decreto deverá ser anexado ao processo da ação penal contra Silveira e a defesa terá 48 horas para se manifestar sobre o ato e ainda explicar relatos de supostos descumprimentos de medidas cautelares.

Deu no Conexão Política

 

 

Judiciário, Notícias

Moraes dá 48 horas para Silveira explicar por que parou de usar tornozeleira eletrônica

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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), intimou o deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) a se explicar em até 48 horas sobre o descumprimento das medidas cautelares impostas a ele, como a que o obrigava a utilizar uma tornozeleira eletrônica. Segundo a defesa do parlamentar, ele está sem o equipamento. O governo do Distrito Federal também informou à Suprema Corte que a tornozeleira já estava descarregada desde o dia 17 de abril. A decisão de Moraes determina ainda que Silveira se manifeste sobre a graça constitucional concedida a ele pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) e explique a sua presença em eventos e concessão de entrevista.

“Intimação da defesa do réu Daniel Silveira para que, no prazo de 48 horas, se manifeste sobre o Decreto de Indulto Presidencial, bem como em relação ao descumprimento das medidas cautelares por parte do réu Daniel Silveira. Após a manifestação da defesa, abra-se vista dos autos à Procuradoria-geral da República, para manifestação, no mesmo prazo de 48 horas”, diz a parte final da intimação, publicada no site e nas redes sociais do STF. Moraes disse que o ato é necessário para duas questões de competência privativa do STF: a análise de extinção de punibilidade antes da publicação do acórdão e a definição dos reflexos nos efeitos secundários da condenação, como inelegibilidade.

Na quarta-feira passada, Daniel Silveira foi julgado pela Suprema Corte e condenado a oito anos e nove meses de prisão por ameaçar a instituição e seus ministros. No dia seguinte, o presidente Bolsonaro concedeu a ele o perdão, conhecido como “graça constitucional”, que é uma prerrogativa do chefe do Executivo e permite que ele fique em liberdade. Entretanto, o STF também determinou que o deputado fique inelegível para as próximas eleições, decisão que o indulto não deve alcançar. No final de março, Alexandre de Moraes já havia mandado que Silveira fosse até a Polícia Federal, com hora marcada, para colocar uma tornozeleira eletrônica.

Deu na Jovem Pan

Judiciário

Ex-ministro Marco Aurélio Mello diz que Moraes não é “Xerife”

 

O ministro aposentado Marco Aurélio Mello teceu duras críticas às decisões e atitudes do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em relação ao caso do deputado federal Daniel Silveira (União-RJ) e do inquérito do “fim do mundo” e disse “temer muito pelas próximas eleições porque ele vai presidir o Tribunal Superior Eleitoral (TSE)”.

“O momento é de temperança, de evitar-se esses antagonismos indesejáveis presentes às instituições, a instituição que é o STF e a instituição respeitável por todos, porque os integrantes foram eleitos pelo povo, que é a Câmara dos Deputados”, disse.

Segundo Marco Aurélio, o objetivo da decisão de colocar uma tornozeleira no parlamentar ainda lhe é desconhecido e que a decisão sobre o “ato de constrição” cabe aos demais parlamentares. “Esse ato de constrição, repito porque é um ato de constrição, limita a liberdade de ir e vir, a meu ver, fica submetido ao colegiado, com a palavra os pares do deputado Daniel Silveira e que eles se pronunciem de acordo com o figurino legal”, disse, antes de completar. “Eu vejo algo até mesmo humilhante, um deputado federal ter que usar uma tornozeleira. Que período vivemos. Que tempos estranhos”.

Sobre a sessão de julgamento do deputado Daniel Silveira, marcada pelo presidente do STF, ministro Luiz Fux, para  o dia 20 de abril, a reação foi de espanto. “Eu não sei que processo é esse. É apreciação do inquérito desmembrado que envolve outras pessoas também para ter-se o crivo quanto ao deputado federal? Aí será muito ruim”, disse.

Apesar disso, para ele, toda essa polêmica será em vão. “Tudo está no inquérito que eu rotulei como ‘fim do mundo’, que vai dar em nada”, cravou.

 

Fim do xerifado

Chegou a hora, segundo Marco Aurélio, de o ministro Alexandre de Moraes se comportar è altura do cargo que ocupa e evitar antagonismos com o presidente da República, Jair Bolsonaro. “Ambos os lados estão muito acirrados. O presidente, num arroubo de retórica atacando a instituição Judiciário e o ministro Alexandre de Moraes, esquecendo que ele hoje é integrante do Supremo e também do TSE e que, portanto, não é mais secretário de Segurança Pública, não é mais ministro da Justiça e não é mais, eu diria mesmo, xerife”, lamentou.

Questionado sobre a origem do problema, ele não titubeou e falou da origem controversa das investigações e lembrou que todo inquérito que começa errado, tende a terminar mal.

“Teria sido instaurado pela própria vítima, o Supremo, na gestão do ministro Dias Toffoli e o relator teria sido escolhido a dedo. Isso não se coaduna, não se harmoniza com ares democráticos. Não se levou o inquérito sequer à distribuição. E o relator (Moraes) aceitou essa designação para assumir o papel, e eu digo com desassombro, de verdadeiro xerife. Eu temo muito pelas próximas eleições. Porque ele vai presidir o TSE.

 

Temor pelas eleições

Marco Aurélio presidiu o TSE por três vezes e disse que o motivo da sua preocupação é que o presidente do TSE é mais ouvido no colegiado que o presidente do Supremo. “Então um suspiro dele (Moraes) no âmbito do TSE repercute junto aos pares. Eu não sei se os demais integrantes se oporão a uma postura que venha a ser adotada”, explicou.

Questionado sobre um exemplo em que essa situação se manifestaria, Marco Aurélio citou um caso extremo, mas plausível. “A apreciação do registro do candidato à Presidência da República era do colegiado, mas na gestão do ministro Ayres Britto se transferiu para o presidente, ou vice e versa. E aí, o indeferimento de uma candidatura do atual presidente da República, como soará? Será um rebuliço sem tamanho”, disse.

 

Ativismo político

Marco Aurélio também comentou outro fato inusitado, que foi o não arquivamento do inquérito que apura se o presidente da República, Jair Bolsonaro, prevaricou no caso envolvendo a compra das vacinas Covaxin.

“O PGR pediu arquivamento de um inquérito contra o presidente da República e a ministra relatora (Rosa Weber) resolveu não arquivar”, destacou.

Na sua opinião, tal atitude torna o “estado julgador” também o “estado acusador” e essa acumulação de poder é “imprópria e conflita com a CF”. Segundo ele, quando o titular de uma ação penal pede o arquivamento da investigação, “resta ao órgão que aprecia essa manifestação, esse pedido, formalizar o arquivamento e o término do inquérito”.

“Isso assusta. Toda concentração de poder é perniciosa. Não cabe ao órgão julgador assumir a postura de estado acusador”, disse durante entrevista ao âncora Felipe Vieira, do canal BandNews TV.

A verdade é que muita água ainda vai rolar debaixo dessa ponte, e vamos ver até onde vão apertar essa “corda’

 

Informações do Diário do Poder

Notícias

Alan dos Santos denuncia Alexandre de Moraes na OEA

BOMBA: Allan dos Santos denuncia Alexandre de Moraes na OEA

 

O jornalista Allan dos Santos, do Terça Livre, denunciou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), órgão da Organização dos Estados Americanos (OEA). A denúncia foi apresentada na quarta-feira (8).

Moraes decretou a prisão preventiva do jornalista e bloqueou todas as contas bancárias atreladas ao nome dele no âmbito do chamado “inquérito dos atos antidemocráticos”. Allan dos Santos pede que a decisão seja revogada e afirma que ela impede o funcionamento do site, fere a liberdade de imprensa e caracteriza censura.

Segundo o Terça Livre, o bloqueio das contas deixou “cerca de 50 colaboradores do Terça Livre TV sem o salário”. Os funcionários – entre os quais estão jornalistas, redatores, técnicos de estúdio e cinegrafistas – são incluídos como vítimas no documento. A petição recorre a uma jurisprudência da CIDH de 2002, relacionada ao fechamento da Radio Caracas, da Venezuela, decretado pelo antigo ditador do país, Hugo Chávez. Na época, o caso foi levado à OEA, e a Venezuela foi condenada por violação aos direitos humanos.

Allan dos Santos pede ainda, segundo o Terça Livre, “que a Comissão recomende a revogação das intervenções de Moraes nos processos em que Santos pleiteia reparação à sua honra contra outros órgãos de imprensa que o acusaram falsamente de receber dinheiro público”.

No começo do ano, Moraes revogou uma decisão da Justiça do Distrito Federal em favor de Allan dos Santos contra a revista Isto É. A publicação tinha sido condenada a indenizar o jornalista em R$ 25 mil por danos morais, após a publicação de uma matéria que o acusava de receber uma mesada da Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom). Em 2020, a Secom desmentiu o boato.

O que é a CIDH e qual é a chance de que a denúncia de Allan dos Santos avance

A CIDH é uma corte complementar à Justiça de países do continente americano, cujo objetivo é apreciar casos de violações aos direitos humanos e defender as liberdades individuais de cidadãos dos 25 estados signatários do Pacto de San José da Costa Rica. O Brasil assinou esse pacto em 1992.

“Por exemplo, se você está em um momento de ditadura, a Justiça do país não serve para nada. Não é independente. Nesses momentos, a OEA através da Corte, pode abrir um procedimento, analisar e julgar”, explica Manuel Furriela, mestre em Direito Internacional pela Universidade de São Paulo (USP).

Foi nessa linha que, em 2002, a Venezuela foi condenada por violação aos direitos humanos. Mas, segundo o especialista, decisões como essa não são comuns na CIDH.

“Os julgamentos e condenações são raros, justamente porque há muita restrição na hora de fazer a análise e o processamento. Tem que vir com provas objetivas. São duas coisas: primeiro tem que mostrar que não dá para buscar a Justiça local, e depois, o outro critério é apresentar provas muito concretas do que está sendo alegado. E tem que envolver questões de direitos humanos, nunca outras questões”, diz.

O primeiro passo depois que uma denúncia é levada à CIDH é um estudo de admissibilidade, que não tem prazo para terminar. “O que é feito nessa pré-análise é principalmente a verificação da possibilidade daquele que está reclamando de usar a própria Justiça do país, a Justiça interna, e não procurar a Corte. Isso é uma primeira análise. Isso barra muitos casos, porque geralmente há a possibilidade de se buscar a Justiça local”, afirma Furriela.

Se a denúncia for aceita, a CIDH abre um procedimento, e o governo do país é chamado a se defender. Depois disso, caso tenha constatado violações aos direitos humanos, a CIDH pode emitir recomendações ao país acusado. Se essas recomendações não forem cumpridas, o país pode ser oficialmente condenado pela Corte Interamericana da OEA por violação aos direitos humanos.

Para Furriela, a chance de que o caso de Allan dos Santos avance até mesmo na primeira etapa – o estudo de admissibilidade – é bastante remota.

“Você tem que comprovar que a Justiça do país não é isenta em relação àquele caso específico, que a Justiça se nega a fazer uma averiguação. É difícil você levar uma questão dessa de um país que é democrático. Se você está num país com uma ditadura, é muito mais fácil provar que a Justiça local se nega a julgar. Num regime democrático, como é o caso do Brasil, fica muito difícil você fazer uma comprovação desse tipo. Não vejo chance, porque a própria Justiça brasileira está julgando o caso, porque ela é o Poder da República competente para fazer isso”, afirma.

O Terça Livre refutou a ideia de que as chances de o caso prosperar sejam remotas. Segundo a empresa, a petição cumpre o requisito principal de esgotamento dos recursos internos – isto é, a impossibilidade de se solucionar a alegada violação aos direitos humanos dentro do próprio país.

“Existem requisitos de admissibilidade para se levar o caso à Comissão Interamericana de Direitos Humanos. É necessário cumprir esses requisitos, que estão listados na Convenção – o Pacto de San José da Costa Rica – e no regulamento, que é como se fosse um regimento interno da Comissão, que se chama Regulamento da Comissão. O artigo 28 do Regulamento da Comissão exige identificar as pessoas, descrever quais foram as violações praticadas pela autoridade do Estado denunciado… Um dos pontos mais importantes se chama ‘esgotamento dos recursos internos’. Geralmente é o Poder Judiciário a quem você recorre para fazer cumprir a lei e a Constituição. No nosso caso, quem está violando a Convenção e a lei é o próprio STF, a mais alta corte do país. A quem recorrer? No sistema processual brasileiro, não existe órgão acima do STF. Acima do STF, não há um órgão estatal de revisão. A nossa petição, no capítulo 2, fala do esgotamento dos recursos da jurisdição interna. A gente esclarece muito bem isso. A gente até tentou tomar providências, com um mandado de segurança e um HC (habeas corpus) – o mandado de segurança para desbloquear as contas da empresa, e o HC para revogar a prisão do Allan. E isso já foi indeferido. Então, a quem recorrer agora, já que o próprio STF disse que não cabe impugnar através de ações ou de recursos ordens e decisões de juízes da sua corte?”, questiona o Terça Livre.

 

Deu na Gazeta do Povo