Judeus do RN temem que falas de Lula aumentem o antissemitismo

 

A diretoria do Centro Israelita do Rio Grande do Norte (CIRN) diz temer que as falas de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que comparou os ataques militares de Israel na Faixa de Gaza com o Holocausto nazista da Segunda Guerra Mundial, aumentem os ataques contra o povo judeu. A comunidade judaica e seus representantes residentes em Natal preferiram não se expor além de uma nota de repúdio, temendo o aumento de represálias e até ameaças que dizem já sofrerem constantemente.

De acordo com o Centro Israelita do Rio Grande do Norte, o antissemitismo (preconceito, hostilidade ou discriminação contra judeus) tem crescido de forma assustadora, com judeus sendo ofendidos de forma escalonada, tanto pessoalmente, quando em redes sociais. “Os judeus têm sido chamados de assassinos, xingados, ameaçados de agressão física, bem como, escutando comentários vis e criminosos como o que Hitler deveria ter acabado com todos judeus ou, ainda, que deveriam ser enviados para a Câmara de Gás”, relata.

A comparação feita por Lula se deu em discurso no último domingo (18) quando criticou a suspensão de ajuda humanitária aos palestinos, justificando que estava “ocorrendo uma guerra entre soldados altamente preparados e mulheres e crianças” na faixa de Gaza, referindo-se às ações militares que o Estado de Israel tem empreendido desde que o grupo terrorista Hamas invadiu seu território, tendo matado, estuprado e sequestrado civis, inclusive mulheres, idosos e crianças, em outubro de 2023.

“O que está acontecendo na Faixa de Gaza e com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”, afirmou o presidente brasileiro.

“Assim, o Presidente da República – de forma improvisada, irresponsável e desarrozoada – comparou as ações de Israel à ‘Solução Final’, tentada pelos nazistas, que vitimou 6 milhões de judeus; cujo número, ainda hoje, é inferior ao número de judeus no mundo antes do Holocausto”, enfatiza a nota enviada à TRIBUNA DO NORTE.

Por isso, classifica o discurso do presidente como antissemita, uma vez que poderia ter emitido opinião de forma equilibrada. “O Presidente da República pode emitir opiniões a favor dos palestinos terem um país, criticar Israel ou pedir um cessar-fogo. Poderia, também, solicitar a liberação dos reféns, aí sim contribuindo para o encerramento do conflito, mas jamais comparar a ação do IDF – Forças de Defesa de Israel – contra o grupo terrorista Hamas com o Holocausto, com o nazismo e com a tentativa deliberada e sistemática de eliminar palestinos civis”, aponta a entidade.

Para os judeus em solo potiguar, as falas de Lula não contribuem para um caminho de paz e resgate da liberdade e recuperação de nenhuma das populações sofridas e impactadas com tanta agressividade. “Basta dizer que José Genuíno, ex-presidente do partido do Presidente da República, recomendou abertamente que as pessoas boicotassem as empresas de judeus. Isso, sim, lembra – e muito – os atos da Alemanha nazista”, diz a nota.

“Receamos, profundamente que a fala injusta e infeliz do Presidente da República sirva de ‘justificativa’ e fomento para que criminosos destilem ódio gratuito contra o povo judeu e esperamos que o bom-senso prevaleça e que haja uma retratação (…) visando amenizar o enfreamento do crescente antissemitismo em nosso país”, complementa.

Deu na Tribuna do Norte

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