Japão dá exemplo de prioridade social

Por Ney Lopes de Souza

O Japão é um arquipélago no Extremo Oriente, que tem a terceira maior economia do mundo, atrás apenas de Estados Unidos e China.

Devastado na Segunda Guerra Mundial renasceu das cinzas e se desenvolveu de forma impressionante, preservando até hoje princípios de liberdade econômica.

Neste contexto, o Japão dá exemplo de ações de total prioridade social, sem prejuízo do incremento da sua economia.

O Governo japonês aprovou o terceiro pacote de estímulo econômico desde o início da pandemia, o maior de sua história, avaliado em 55,7 trilhões de ienes (cerca de 2,7 trilhões de reais, mais de 10% do PIB).

A preocupação será redistribuir a riqueza entre as famílias e pequenos negócios.

O pacote, segundo o primeiro ministro, “tem tamanho e escala suficientes para proporcionar uma sensação de segurança e esperança ao povo japonês” e acrescentou que essas medidas econômicas “levarão a uma “nova” sociedade após a pandemia”.

O projeto inclui grandes medidas de financiamento para os setores que mais sofreram com a devastação da pandemia e os grupos sociais marginalizados da sociedade.

A maior parte dos recursos será destinada ao desenvolvimento de vacinas e à melhoria das condições dos hospitais: o número de leitos será aumentado, a disponibilidade de testes de PCR será ampliada.

Entre os planos do Governo japonês, está a entrega de um cheque de 100.000 ienes (cerca de 4.800 reais) a pessoas com baixos rendimentos, outro de valor semelhante por cada criança com menos de 18 anos e agregados familiares de poucos recursos. O  objetivo é promover o consumo de produtos básicos e arcar com despesas em educação.

Aumentos salariais também foram aprovados para pessoal de saúde, funcionários de casas de repouso, professores de creches e pré-escolas e assistentes sociais.

Incluem-se investimentos de 24 bilhões de reais em indústrias estratégicas para o país e cerca de 34 bilhões de reais em equipamentos de segurança e defesa.

Para adoção dessas medidas sociais o Japão contraiu dívida de longo prazo que é o dobro de sua economia.

O exemplo japonês mostra como um país responsável, que não é socialista, lida com a proteção aos mais pobres.

Enfrenta desafios fiscais de aumento da dívida, dentro da ótica de que somente a “população com garantia à vida” poderá desfrutar de avanços futuros.

O futuro presidente do Brasil terá o desafio de implantar uma estratégia de recuperação na pós pandemia.

Mesmo com as evidentes diferenças entre as economias americana e japonesa, esses dois países dão expressivos exemplos, ao adotarem as últimas ações dirigidas, fundamentalmente, a garantia de melhor qualidade de vida à população, sobretudo aos excluídos sociais.

 

Dr Ney Lopes de Souza é advogado, professor titular da UFRN e ex-deputado federal

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