Polícia

Câmara deve convocar para depor ministro de Lula que desfilou na Vai Vai, ‘reduto do PCC’

 

O ministro de Direitos Humanos, Silvio Almeida, terá de explicar na Câmara sua participação no desfile da escola de samba Vai Vai, de São Paulo, investigada por ligações a facções criminosas como o “PCC”. A investigação definiu a Vai. Vai, em dezembro, como “reduto do PCC”. Na investigação, a Vai Vai teve um diretor preso. O autor da convocação, deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP), lembrou que Almeida é o mesmo ministro que patrocinou a participação da chamada Dama do Tráfico em evento de Brasília, “o mesmo que nada fez contra a morte de policiais”.

Bilynskyj está convencido de que essa “é mais uma demonstração da preferência do governo Lula pelo crime organizado”.

Ala da escola Vai Vai retratou policiais como “demônios” e exibiu outros adereços, como mestre sala e a porta-bandeira vestidos de presidiários.

Informações do Cláudio Humberto
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Em 2022, suspeito de chefiar PCC emprestou R$ 300 mil a Vai-Vai

 

Protagonista de uma polêmica no carnaval de São Paulo em 2024 ao retratar policiais como demônios em uma de suas alas, a escola de samba Vai-Vai recebeu um empréstimo de R$ 300 mil de um homem apontado como chefe da facção Primeiro Comando da Capital (PCC) para conseguir desfilar em 2022. Naquele ano, a agremiação acabou rebaixada para o grupo de acesso.

De acordo com uma reportagem do jornal Folha de São Paulo, o credor em questão seria Luiz Roberto Marcondes Machado de Barros, conhecido como Beto Bela Vista, ex-diretor da Vai-Vai e, de acordo com a polícia, um dos líderes do PCC em São Paulo. A informação do empréstimo para a escola está em um dos processos de lavagem de dinheiro que tramitam na Justiça contra Luiz.

Segundo a Folha, documentos sigilosos indicaram que o empréstimo foi comunicado à Polícia Civil pelo então presidente do Conselho Deliberativo da Vai-Vai, Luiz Pereira de Mattos Filho, e posteriormente confirmada pelo presidente da agremiação, Clarício Aparecido Gonçalves.

A informação em questão fazia parte de um relatório policial que integrava um inquérito sobre a compra de um terreno para a nova sede da Vai-Vai. Mattos Filho foi ouvido pela polícia para explicar a escolha do imóvel e disse ter aprovado a compra, mas relatou que não sabia que o local pertencia a Luiz Roberto, então diretor financeiro da escola.

Na apuração, a polícia identificou que Beto Bela Vista tinha comprado dois lotes por R$ 2,8 milhões –pagos em espécie– e os vendeu menos de um ano depois por R$ 6,8 milhões. O empréstimo para a Vai-Vai, por sua vez, ocorreu justamente após esse negócio ser concretizado.

Ao final da investigação, a polícia disse que não viu irregularidades na aquisição dos lotes, mas vislumbrava possível lavagem de dinheiro por parte de Luiz. Apontado como possível chefe do PCC, ele esteve preso por cerca de 10 anos e deixou a prisão em 2014. O último local em que ele ficou detido foi a Penitenciária 2 de Venceslau, no interior de São Paulo, onde fica a cúpula da facção.

De acordo com a polícia, Luiz tem passagens por formação de quadrilha, roubo, uso de documento falso, desacato, motim de presos, extorsão mediante sequestro, porte ilegal de armas, lesão corporal, resistência, desobediência e dano.

Sobre o caso, a Vai-Vai disse ao jornal Folha de São Paulo que o empréstimo em questão foi registrado em cartório e está respaldado pelo estatuto da escola. Em relação aos valores emprestados, a Vai-Vai disse que pagou parte do empréstimo e que o restante foi amortizado em forma de publicidade da empresa de Luiz Roberto.

A agremiação afirmou ainda que o Ministério Público não comprovou qualquer ilegalidade por parte da escola ou envolvimento na investigação de lavagem de dinheiro.

A defesa de Luiz Roberto, por sua vez, disse que todas as relações “comerciais travadas entre ele e a escola de samba Vai-Vai são lícitas e já foram analisadas pela Polícia Civil, que afastou qualquer indício de irregularidade”. Sobre a ligação com o PCC, a defesa disse que Luiz Roberto nunca foi condenado nem denunciado por fazer parte de uma organização criminosa.

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Sindicato dos delegados de polícia divulga nota de repúdio ao desfile da Vai-Vai

 

O Sindpesp (Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo), representado pela presidente, Jacqueline Valadares, divulgou nesta segunda-feira (12) um manifesto de repúdio ao desfile da Vai-Vai no sambódromo do Anhembi, na capital paulista, na noite do último sábado (10). Segundo o comunicado divulgado à imprensa, a escola tratou “com escárnio a figura de agentes da lei”.

“Com direito a chifres e outros itens que remetiam à figura de um demônio, as alegorias utilizadas na ala ‘Sobrevivendo no Inferno’, demonizaram a Polícia —algo que causa extrema indignação”, destacou a nota.

“Ao adotar tal enredo, a escola de samba, em nome do que chama de ‘arte’ e de liberdade de expressão, afronta as forças de segurança pública, desrespeita e trata, de forma vil e covarde, profissionais abnegados que se dedicam, dia e noite, à proteção da sociedade e ao combate ao crime, muitas vezes, sob condições precárias e adversas, ao custo de suas próprias vidas e famílias”, seguiu o comunicado.

A Vai-Vai foi a primeira a desfilar no Carnaval paulistano deste ano com um samba-enredo em homenagem aos 40 anos do movimento hip-hop.

A escola apresentou um passeio pelos anos 1970 e 1980, enchendo a avenida de empoderamento negro —com peruca black power em diversas fantasias— e referências ao hip-hop na cidade de São Paulo. Expoentes do movimento, como Nelson Triunfo, a cantora Negra Li e integrantes dos Racionais MC’s participaram do desfile.

O grupo do rapper Mano Brown —que acompanhou os puxadores do samba— foi homenageado em uma das alas, batizada com nome do álbum “Sobrevivendo no Inferno”, justamente a criticada pelo Sindpesp.

“O Sindpesp aguarda que a Vai-Vai, num momento de lucidez e de reflexão, reconheça que exagerou e incorreu em erro na ala em questão, e se retrate, publicamente. Não estamos falando, afinal, apenas dos policiais, sejam civis ou militares, mas, sobretudo, de uma instituição de Estado que representa e está a serviço de toda a sociedade bandeirante”, finalizou o sindicato.

Fonte: Folha de São Paulo

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Deputados pedem corte de dinheiro para Vai-Vai e apontam elo com PCC

 

O deputado federal Capitão Augusto e a deputada estadual Dani Alonso, ambos do PL, encaminharam, nessa segunda-feira (12/2), um ofício ao prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB) e ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas(Republicanos), pedindo que a Vai-Vai não receba dinheiro público no próximo ano.

O motivo é a escola ter representado a tropa de choque da Polícia Militar (PM) com alusão à figura de demônios, em desfile realizado no último sábado (10/12), no sambódromo do Anhembi.

“Foi com grande consternação que presenciamos a escola de samba em questão retratar, de forma deliberadamente ofensiva, os policiais militares e outros agentes de segurança como figuras demoníacas em uma de suas alegorias”, diz o documento.

De acordo com os deputados, “tal atitude não somente desrespeita a honra e a dignidade dos profissionais que dedicam suas vidas à proteção da sociedade, mas também contribui para a propagação de uma imagem negativa das forças de segurança”.

Os parlamentares ainda apontam “revelações de possíveis ligações” entre a escola de samba e organizações criminosas, como o PCC. “Estas associações são extremamente preocupantes, pois sugerem uma tentativa de minar a confiança pública nas instituições responsáveis pela segurança e ordem pública”, afirmam.

“Proponho que a escola de samba Vai-Vai seja proibida de receber qualquer forma de recurso público no próximo ano fiscal, como forma de sanção pela conduta irresponsável e ofensiva demonstrada”, conclui o deputado Augusto.

O que diz a Vai-Vai

Em nota, a Vai-Vai afirma que a ala retratada no desfile de sábado “fez uma justa homenagem ao álbum e ao próprio Racionais Mcs, sem a intenção de promover qualquer tipo de ataque individualizado ou provocação, mas sim uma ala, como as outras 19 apresentadas pela escola, que homenageiam um movimento”.

“Em 2024, a escola de samba Vai-Vai levou para a avenida o enredo Capitulo 4, Versículo 3 – Da rua e do povo, o Hip Hop – Um manifesto paulistano. Como o próprio nome diz, tratou-se de um manifesto, uma crítica ao que se entende por cultura na cidade de São Paulo, que exclui manifestações culturais como o hip hop e seus quatro elementos – breaking, graffiti, MCs e DJs. Além disso, o desfile buscou homenagear e dar vez e voz aos muitos artistas excluídos que nunca tiveram seu talento e sua trajetória notadamente reconhecidos”, diz a Vai-Vai.

Deu no Metrópoles