Mundo

EUA anunciam programa para expulsar imigrantes venezuelanos para o México

Secretário de Segurança Interna, Alejandro Mayorkas | Foto: Reprodução/Flickr

 

Os Estados Unidos e o México anunciaram na quarta-feira 12 um plano conjunto para barrar a entrada de venezuelanos, pela fronteira mexicana, em solo norte-americano. Pelo acordo conjunto, os Estados Unidos podem expulsar para o México os imigrantes da Venezuela, mas levarão acesso humanitário a milhares deles por via aérea.

Com a proximidade das eleições para o Congresso, o presidente Joe Biden está sendo pressionado a dar uma resposta ao problema crescente da imigração ilegal. Com a crise na ditadura de Nicolás Maduro, milhares de venezuelanos têm tentado chegar aos EUA. O número de cubanos e nicaraguenses, também afligidos pelas ditaduras comunistas de seus países, também aumentou nos últimos meses.

Os adversários republicanos de Biden, que pretendem eleger a maioria no Congresso em 8 de novembro, criticam o que consideram o fracasso de Biden em proteger a fronteira.

Em uma nota conjunta, México e EUA disseram que as autoridades norte-americanas irão processar o acesso de 24 mil imigrantes venezuelanos por via aérea. O prazo para as admissões desses imigrantes não foi informado e as autoridades não explicaram como chegaram a esse número.

“Essas ações deixam claro que existe uma maneira legal e ordenada para os venezuelanos entrarem nos Estados Unidos, e a entrada legal é a única maneira”, disse o secretário de Segurança Interna, Alejandro Mayorkas, em um comunicado. “Aqueles que tentarem cruzar a fronteira sul dos Estados Unidos ilegalmente serão devolvidos ao México e não poderão participar desse processo no futuro.”

O México disse que, para lidar com o aumento dos fluxos, permitiria “temporariamente” a entrada de alguns cidadãos venezuelanos oriundos dos EUA, sem especificar um número. Mais de 150 mil venezuelanos foram detidos na fronteira entre EUA e México entre outubro de 2021 e agosto de 2022, segundo dados do governo norte-americano.

Os EUA já estavam expulsando centenas de venezuelanos para o México antes que o plano fosse anunciado, segundo autoridades mexicanas. As estatísticas dos EUA mostram 453 expulsões de venezuelanos em agosto.

A pedido do México, os Estados Unidos concederão mais 65 mil vistos temporários a imigrantes para trabalhos não agrícolas, disse o governo mexicano. Desses vistos, 20 mil serão concedidos a cidadãos de países da América Central.

Deu na Revista Oeste

Notícias

Brasil é um dos países mais buscados por imigrantes venezuelanos em busca de vida melhor

 

Entre olhares desconfiados e cansados, crianças brincando e malas que se amontoam, filas se formam nas tendas da Operação Acolhida, com centenas de venezuelanos que ainda buscam no Brasil um local para recomeçar a vida. Na fronteira entre Santa Elena de Uairén e Pacaraima, cerca de 750 pessoas por dia, em média, atravessam para o lado brasileiro, carregando o que coube em malas e trazendo também expectativas: de encontrar parentes e amigos que já estão no país, de conseguir emprego e de uma nova vida.

Nas tendas da Operação Acolhida, criada em 2018, os atendimentos não param. Há guichês para pedidos de residência e refúgio, para emissão de documentos, como CPF e cartão SUS, para cadastro no sistema de emprego. Uma força-tarefa atua nesse primeiro contato do migrante com o Brasil para facilitar a entrada e interiorização dos venezuelanos.

O país é o quinto destino mais procurado por esses migrantes para viver. De janeiro de 2017 a março de 2022, o Brasil recebeu 325.763 venezuelanos que permaneceram aqui. Em primeiro lugar está a Colômbia, com 1.842.390 refugiados venezuelanos; seguida pelo Peru, com 1.286.464. Equador (513.903) e Chile (448.138) ocupam a terceira e quarta posição, respectivamente. Os dados são da plataforma R4V, que reúne informações do sistema das Nações Unidas e do governo brasileiro.

Em uma das filas, Yurisbel Lopes aguardava atendimento acompanhada pelos dois filhos pequenos. Havia chegado naquele dia de San Félix, no norte da Venezuela, depois de 12 horas em um ônibus, percorrendo cerca de 600 quilômetros (km) até ali. Mas ela sabe que a fronteira é apenas uma das etapas até conseguir chegar no local em que o marido a espera, em Santa Catarina, a mais de 5,2 mil km dali. Deixou para trás os outros familiares e trouxe em três malas o que restou da vida no país natal.

 

Agência Brasil