Economia

FIERN emite nota sobre inflação e diz que secretário de administração do RN usou de “má-fé”; entenda

Foto: Alex Régis

 

A Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte (FIERN) divulgou uma nota em que se posiciona sobre as acusações feitas pelo secretário de Administração do RN, Pedro Lopes. Neste sábado, a federação esclareceu sobre a inflação de janeiro e caracterizou os comentários do titular da pasta como de “má-fé”.

Em nota, a FIERN esclareceu sobre os números da inflação de janeiro e classificou o IPC (índice de preços aos consumidor) com “a menor variação desde o ano de 2020 e a 4º menor da série histórica iniciada nos anos 2000”. A Federação apresentou uma análise sobre a inflação no mês de janeiro e esclareceu que as variações podem ser acarretadas devido ao período de turismo intensificado.

Diante da publicação de Pedro Lopes, a FIERN descreveu que: “O Secretário de Administração usou de má-fé ao dizer que ‘os empresários ficaram com o dinheiro do ICMS’, induzindo conclusão falsa acerca da causa desta inflação do mês de janeiro. Vale lembrar que quem paga o imposto é o consumidor, a indústria arrecada e repassa aos entes públicos”.

Além disso, diante das acusações feitas pelo secretário, a federação ressaltou o seu papel de fomentar e desenvolver a economia potiguar. “A missão maior desta Federação é a defesa da indústria potiguar e o compromisso com o desenvolvimento econômico, social e ambiental do RN”, afirmou em nota.

Nota de Esclarecimento sobre a inflação de janeiro e o posicionamento do Secretário Estadual de Administração

A Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte (FIERN) vem a público diante das inverdades divulgadas em rede social neste sábado (17) pelo Secretário Estadual da Administração, Sr. Pedro Lopes, autoridade responsável por tão importante pasta do Governo que deveria, por dever de ofício, primar pela verdade no que diz respeito às informações econômicas do Estado.

O IPC (Índice de Preços ao Consumidor) é um indicador fundamental para compreender a inflação no município de Natal, sendo publicado mensalmente desde o ano 2000 pelo IDEMA – Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente. É importante ressaltar que o IPC é um índice referente apenas à capital, e não abrange outras regiões do Estado. Na história do indicador nunca houve um mês de janeiro em que se pôde constatar deflação (redução abaixo de zero).

Neste sentido, o IPC divulgado pelo IDEMA em 06 de fevereiro de 2024, informando a inflação de janeiro para a capital potiguar em 0,46% significou, não só uma variação abaixo da média histórica do indicador, atualmente em 0,76%; como também, representa a menor variação desde o ano de 2020 e a 4º menor da série histórica iniciada nos anos 2000.

Ao detalhar o IPC de janeiro de 2024, apurou-se que o grupo alimentos e bebidas tiveram a maior contribuição para a inflação, impulsionando a média para cima. Essa tendência é compreensível, não só pela sazonalidade do indicador, mas também por questões intrínsecas ao período como aumento do movimento turístico e, consequentemente, maior circulação financeira e consumo neste grupo do IPC.

O Secretário de Administração usou de má-fé ao dizer que “os empresários ficaram com o dinheiro do ICMS”, induzindo conclusão falsa acerca da causa desta inflação do mês de janeiro. Vale lembrar que quem paga o imposto é o consumidor, a indústria arrecada e repassa aos entes públicos.

Indignada diante da manipulação dos números, a FIERN reforça a importância da precisão na divulgação de informações econômicas, obrigação tanto da indústria quanto das autoridades do nosso Estado. Aliás, a missão maior desta Federação é a defesa da indústria potiguar e o compromisso com o desenvolvimento econômico, social e ambiental do RN. Desta missão a FIERN não esmorecerá – ainda mais diante de críticas infundadas.

Diretoria da FIERN

Informações da Tribuna do Norte

Economia, Política

“Indústria do Rio Grande do Norte perdeu competitividade”, afirma presidente da Fiern

 

O presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (Fiern), Roberto Serquiz, voltou a destacar a preocupante situação fiscal do estado e sua limitada capacidade de investimento no setor industrial.

Uma das questões mencionadas é a manutenção da alíquota de ICMS em 20%, atualmente sob análise na Assembleia Legislativa, e a da falta de perspectivas de receitas para o estado.

Em uma entrevista nesta segunda-feira 6, Serquiz destacou que somente um plano de contenção de despesas pode tirar o Rio Grande do Norte das últimas posições nos rankings nacionais de competitividade.

“O segmento industrial está preocupado com a manutenção do ICMS, porque a indústria do Rio Grande do Norte perdeu competitividade. No último ranking divulgado em julho, o RN caiu 3 posições no âmbito nacional, ficando em 13º, e está em último lugar na região nordeste”, disse Serquiz em entrevista à TV Tropical.

Serquiz atribuiu isso à falta de investimento em infraestrutura e ao desequilíbrio entre receita e despesa. Ele insistiu na necessidade de um plano de arrecadação equilibrado com um plano de contenção de gastos para resolver essa situação.

“A infraestrutura que o estado oferece hoje para o desenvolvimento e a atração de novos empreendimentos possui um ponto negativo devido à perda da capacidade de investimento causada pelo descompasso entre receita e despesa. Então, nós vemos o seguinte: não adianta você arrecadar e matar a fonte; é importante ter um plano de contenção de despesas.”

Ele enfatizou que o problema fiscal do estado não é novo e lembrou que aumentos anteriores na alíquota de ICMS não foram suficientes para garantir uma melhoria na arrecadação. Segundo Serquiz, a falta de investimentos também afeta diretamente na arrecadação.

“Esse momento de hoje que vem se arrastando há 13 anos. Nós tivemos lá atrás o uso do Fundo Previdenciário. Tivemos aumento de ICMS de 17% para 18%, e não resolveu o problema. O estado hoje investe anualmente menos do que arrecada em um mês, então isso tem uma influência direta na infraestrutura, que é exatamente onde a indústria pode escoar sua produção, por estradas, portos e aeroportos. Esta é uma preocupação que destacamos enfática para encontrar uma solução.”

Gastos

Entre janeiro e agosto deste ano, o Rio Grande do Norte viu um crescimento significativo nas despesas com pessoal e encargos, registrando um aumento de 84,5% em comparação com o mesmo período de 2018. Esse aumento resultou em despesas no valor absoluto de R$ 4,1 bilhões, superando o crescimento das receitas correntes, que foi de 66,68%, bem como a receita corrente líquida destinada a gastos com pessoal, que aumentou 66,20%.

No entanto, a contrapartida dessa situação mostra que os investimentos no estado diminuíram em 47,64% durante o mesmo período. Os números são do Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do Setor Público Brasileiro (Siconfi), do Tesouro Nacional.

Resposta do Governo

O Governo do Rio Grande do Norte planeja criar uma nova regra para conter o avanço das despesas com pessoal. Segundo o secretário estadual de Administração, Pedro Lopes, em entrevista ao AGORA RN, o modelo será inspirado no arcabouço fiscal implementado pela equipe econômica do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A regra proposta pelo governo, em parceria com o Ministério Público junto ao Ministério Público de Contas (MPjTCE), estabelece que, a partir de 2024, o crescimento anual das despesas com pessoal não poderá ultrapassar 80% do crescimento da receita. Por exemplo, se a receita aumentar 10% em um ano, as despesas só poderão aumentar no máximo 8%.

Todos os reajustes salariais e promoções devem se adequar a essa nova regra, e novos concursos só poderão ser realizados se houver margem disponível. A expectativa é que as despesas com pessoal diminuam em 10% ao ano.

A proposta de arcabouço fiscal está em uma minuta que aguarda a aprovação da governadora Fátima Bezerra, e que no final será enviado para a ALRN como projeto de lei.

O secretário de Administração afirma que, caso a regra seja implementada, o Governo do Estado reduzirá suas despesas com pessoal até 2031 para o limite máximo previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal, que é de 49% da receita.

Deu no Agora RN

Notícias

Em 5 anos, gastos com pessoal crescem 84,5% e investimento cai 47,6% no RN

 

O Rio Grande do Norte, governado pela petista Fátima Bezerra, registrou um aumento de 84,5% nas despesas com pessoal e encargos no comparativo entre os oito primeiros meses de 2018 e o mesmo período deste ano. Em números absolutos, o aumento foi de R$ 4,1 bilhões, superando o crescimento das receitas correntes de 66,68% e a receita corrente líquida para gasto com pessoal de 66,20%. Os investimentos, por sua vez, caíram 47,64% no período analisado.

Os dados são do Sistema de Informações Contábeis e Fiscais do Setor Público Brasileiro (Siconfi), mantido pelo Tesouro Nacional, e serviram de base para análise feita pela Federação das Indústrias do Estado (Fiern).

Segundo apontam os dados, as receitas correntes do Rio Grande do Norte tiveram um aumento de aproximadamente R$ 5,6 bilhões. Apesar do crescimento, o Governo do Estado projeta manter a alíquota de 20% do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para 2024. Em resposta à reportagem da TRIBUNA DO NORTE, a Secretaria da Fazenda (Sefaz) afirmou que a finalidade é evitar um déficit na arrecadação no próximo ano e possíveis prejuízos advindos com a reforma tributária.

De acordo com a pasta, a proposta de manutenção da alíquota foi enviada para apreciação na Assembleia Legislativa (ALRN) e a expectativa é de que a aprovação da medida possa compensar as perdas causadas pelas leis 192/22 e 194/22. Enquanto a primeira determinou a aplicação de alíquotas de ICMS pelo piso (17% ou 18%) sobre combustíveis, energia elétrica, comunicações e transporte coletivo, a segunda estabeleceu a incidência por uma única vez do ICMS. Caso não seja feita a manutenção, a estimativa é que o Estado tenha um déficit de R$ 700 milhões na arrecadação de 2024.

A Sefaz afirma que as perdas iniciadas em 2022, mesmo após o decreto estadual que elevou a alíquota de 18% a 20% em abril deste ano, continuaram ocorrendo. Aliado a isso, as mudanças de tributos previstas na reforma tributária, que extingue o ICMS e o Imposto sobre Serviços (ISS) nos níveis estadual e municipal e cria o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) para ser partilhado entre ambas esferas de poder, também motivou a mudança. Caso mantivesse o percentual da alíquota em 18%, afirma a pasta, o Rio Grande do Norte teria uma participação menor no percentual da partilha única.

A proposta do Governo do Estado em aumentar de 18% para 20% a alíquota modal do ICMS para 2024 será discutida com o setor produtivo e representantes do Governo do Estado na próxima terça-feira (7), às 9h, na comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte.

Fonte: Tribuna do Norte

Notícias

Novo presidente da Fiern critica manutenção do ICMS em 20%: “Problema do Estado não é arrecadação, é gasto”

 

O empresário Roberto Serquiz, novo presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (Fiern), criticou nesta segunda-feira (30) o projeto de lei que mantém a alíquota modal do ICMS em 20%. Na avaliação dele, o principal fator de desequilíbrio das contas públicas do Estado é o crescimento desenfreado das despesas, e não a necessidade de maior arrecadação.

“O problema do Estado não é arrecadação, é gasto. O gasto no Estado aumentou, de 2018 para cá, em 84%. O investimento caiu. Ou se juntam forças ou todos vão afundar no mesmo barco”, disse Serquiz em entrevista à Jovem Pan News Natal.

Segundo o presidente da Fiern, o retorno do imposto para 18% seria um “diferencial” do Estado em relação a estados vizinhos. “Não temos a infraestrutura. Todos os estados vão para 20%, mas não temos a mesma estrutura que têm os outros estados. Não temos diferencial. O setor salineiro sai toda a produção refinada por Pecém (CE). Eles dizem: ‘Estamos levando recurso para Pecém’. O ICMS fica lá. Essas coisas precisam ser corrigidas”, declarou.

Roberto Serquiz registra que, desde a gestão de Rosalba Ciarlini (2011 a 2014), os governadores do Rio Grande do Norte têm adotado ações para elevar as receitas do Estado, como o saque dos recursos do fundo previdenciário e a elevação do ICMS de 17% para 18%. Além disso, nos últimos 13 anos, segundo o líder da Fiern, foram 11 Refis realizados pelo governo estadual. Apesar disso, a situação fiscal só vem piorando.

O presidente da Fiern lembra que, quando aumentou o ICMS temporariamente o ICMS de 18% para 20%, a gestão da governadora Fátima Bezerra (PT) argumentou que era necessário recompor receitas perdidas com a redução do imposto sobre combustíveis, telecomunicações e energia elétrica promovida por força de lei federal. Ele disse que, agora, a perda já foi compensada.

“Existia um déficit, na época quando (o governo) apontava a necessidade de 20%, de R$ 500 milhões por conta da lei federal que baixou as alíquotas. O Estado alegou que, se houvesse a compensação, o Estado recuaria. Caso não, manteria até dezembro. Como não houve compensação total – houve apenas R$ 277 milhões –, o Estado manteve 20%. Mas o Estado arrecadou, de abril até agora, os R$ 500 milhões. Ou seja, o motivo (da elevação do imposto) foi sanado”, declarou Roberto Serquiz.

“Ou seja, mostra, são sinais, indicadores que temos uma situação fragilizada do ponto de vista do empreendedorismo. Fragilizando a economia, se fragiliza o tecido social. As consequências são imediatas”, destacou.

Roberto Serquiz enfatizou que o Estado precisa conter o crescimento da despesa com pessoal, principal ralo das receitas do governo.

“A nossa secretaria (de Fazenda) é muito eficiente. O sistema arrecadador é muito eficiente, faz o trabalho. Infelizmente, do outro lado tem uma despesa que não se controla. Isso precisa ser revisto. A indústria é produtora do progresso, mas ela precisa ter as condições de a gente crescer. Não existe desenvolvimento social sem desenvolvimento econômico. É um caminho real, não tem como a gente fugir”, finalizou.

Deu no Portal da 98

Economia, Política

“Nossa prioridade é trazer mais indústrias para o Rio Grande do Norte”, afirma o novo presidente da Fiern, Roberto Serquiz

 

Eleito de forma unânime pelos 30 sindicatos que compõem a Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (Fiern), o empresário Roberto Serquiz tomou posse nesta semana como novo presidente da entidade para os próximos oito anos e elencou suas principais prioridades no mandato. Empresário do ramo de água mineral e de materiais recicláveis, Serquiz defende união entre poderes e afirma que “é preciso melhorar o ambiente de negócios do Rio Grande do Norte” e defende Parcerias Público-Privadas (PPPs) para eixos estruturantes do Estado. “Insistirei com uma sugestão ao Governo do Estado e aos demais Poderes de que seja formada uma ampla aliança, incluindo os Poderes constituídos, a sociedade e o setor produtivo, que vise a ampliação da nossa infraestrutura, o tão necessário salto educacional e um estado eficiente, resgatando, assim, a capacidade competitiva do nosso Estado”, ressaltou durante sua posse. O empresário, do ramo de água mineral e de reciclagem, apontou as frentes de atuação de sua gestão no comando da FIERN durante seu discurso na solenidade que aconteceu na noite desta quinta-feira (26), no Olimpo Recepções. O novo presidente da Fiern se posicionou contrário à possibilidade de manutenção da alíquota de 20% do ICMS para 2024. Confira a entrevista.

Qual sua expectativa nesse mandato que se inicia na Fiern?
Tive o privilégio de ser eleito há um ano atrás e isso está reproduzido no tempo que tive para desenhar todo um caminho a frente. Esse caminho tem como prioridade o industrial do RN, aumentar nossa base sindical, trazer indústrias para o RN e escancarar as portas para o industrial, logicamente fortalecendo os que já estão e trazendo novos segmentos. Desenvolvemos um projeto chamado meritocracia sindical. Criamos um portfólio de serviços e só podemos fazer isso pois estamos recebendo uma Fiern com unidades capazes de prestar um excelente serviço, como o Sesi, IEL, Senai, escolas e centros tecnológicos. Construímos isso para que os presidentes dos sindicatos possam utilizar, mas não engessado, eles podem trazer seus próprios projetos. Do outro lado, criamos um fundo para alimentar a questão financeira. Esse fundo não é dinheiro na conta do sindicato, mas sim para pagar esses serviços, necessidades e prioridades que serão definidas pelos líderes. Temos um peso ainda para a performance: na medida que forem aumentando a base sindical, renovação de lideranças, utilização dos serviços do Sesi, Senai, então tem esse ranking para receber mais recursos e ir evoluindo. O foco nosso é esse, fazer um chamamento do industrial para conhecer a Fiern, saber que aqui existe o benefício e a promoção e a defesa do interesse do industrial.

Além desse projeto, quais os outros para serem iniciados de forma prioritária?
Dentro desse mesmo contexto, mas que vai auxiliar muito está a criação de um espaço próprio e moderno para o Mais RN, que é um núcleo de estudo e pesquisa e vai ganhar esse espaço com tecnologia e um ambiente capaz de fazermos um bom debate entre as instituições. Outra prioridade é a criação da Fiern Jovem. Quero muito trazer os jovens para cá. As lições dos mais antigos para os mais jovens. Queremos lapidar alguns conceitos. O mundo é dinâmico e quem traz isso é o jovem da universidade, recém-formado, é o filho do industrial que já está aqui dentro, mas ele precisa se motivar. Queremos criar esse espaço na Fiern. São dois investimentos que faremos inicialmente, pois há recursos físicos nisso. Estamos desenvolvendo o sistema de coworking na Fiern. Outra coisa que estamos focados para colaborar nesse processo de trazer os industriais para a Fiern é o núcleo de pessoas para pensar o Rio Grande do Norte. Olhamos para nosso Estado e vemos muitas potencialidades, como a fruticultura, somos o maior exportador de atum, 95% do sal do Estado abastece o Brasil. Só que vemos isso de forma in natura. Esse grupo vai fazer projetos estruturantes e olhar com os líderes, que são eles que sabem o que é preciso, para agregarmos valor às cadeias.

Quais as principais dificuldades no segmento industrial do RN?
Temos um ambiente de negócios que precisa ser pensado. Ainda existe um peso muito ideológico, de algumas pessoas, que trazem uma dificuldade muito grande para esse ambiente. Vou dar dois exemplos: fui relator da resolução de fotovoltaica, em 2018. Até hoje ela não foi aprovada. Participei ativamente do grupo da resolução da energia eólica, que já foi concluída há um ano e não foi aprovada ainda. A resolução é um guia, então o técnico no licenciamento, se ele a tem, fica mais fácil e prático para ele, porque ele sabe o que precisa pedir (ao empreendedor). Se não tiver, ele começa a pedir informações. Isso é ruim. Além do tempo do licenciamento, você gera todo um ambiente desgastante para quem quer vir ao RN. O ambiente de negócios é frágil da seguinte forma: vamos analisar o atendimento do órgão ambiental. O convívio que eu tenho, percebo que ele avançou e melhorou, mas a capacidade de atendimento dele é muito pequeno para a demanda e precisa passar por uma reorganização. Eu avalio que precisam ser descentralizados os licenciamentos para os municípios. O Idema precisa ter autonomia. Enquanto isso não for feito, você sufoca o órgão ambiental, já congestionado, e não consegue-se atender o empresariado e grandes empreendimentos. Para se fazer isso é preciso fazer uma revisão na lei 272 de 2004, onde autorizaria o descentralizamento do licenciamento ambiental e daria autonomia ao Idema, que hoje é um braço da Semarh. Essa é uma mudança parecida com o do Plano Diretor de Natal, que passou 12 anos engessado. O ambiente de negócios em nosso Estado precisa ser melhorado, e ele avança com pequenas definições, como ter uma resolução, uma modernização de uma lei, para dar novos rumos. Há 20 anos não tínhamos esse boom de energia, por exemplo… Precisamos de um órgão que tenha esse fôlego.

Temos discutido bastante a questão das PPPs, que inclusive teve legislação sancionada recentemente. Elas podem alavancar a economia do RN?
Podem sim. Participei ativamente das discussões da lei das PPPs, que virou lei agora, mas precisa ser regulamentada. Tivemos um bom diálogo com o Sinduscon e o que levamos para a ALRN teve uma recepção muito boa, de modo que considero que nossa lei está moderna e competitiva. A PPP traz um instrumento chamado MIP: Manifesto da Iniciativa Privada. Esse MIP, permite que uma empresa, ao identificar um determinado investimento, uma praça por exemplo, que ela possa apontar o investimento e o ente público recepcionar. Uma outra coisa: as garantias que estão postas, têm uma parte do Governo do RN e outra da União. Temos dispositivos que dão uma condição especial para que as PPPs possam ser realizadas. O que precisamos agora é regulamentá-la.

Como o Sr como presidente da Fiern avalia a manutenção da alíquota de ICMS na casa dos 20%?
Tem o caminho da história e o dos números. Há 13 anos, o Governo Rosalba usou parte do Fundo Previdenciário. A lampada amarela acendeu que alguma coisa não estava bem. No final de 2014, o Mais RN era lançado, e já apontava para necessidade de um choque de gestão financeira no Estado, e chamava para um pacto, que os poderes e instituições pudessem dialogar. No Governo Robinson, subiu de 17 para 18 o ICMS e usa praticamente todo o Fundo Previdenciário, quase R$ 1 bilhão. O Estado passou para o próximo Governo Fátima com 3,5 bilhões de folhas atrasadas. Se tivesse sido feito o que foi dito lá atrás, a situação era outra. Vivemos hoje um colapso financeiro. E isso não tem relação com arrecadação não, que tem crescido ano a ano e mês a mês. Isso tem a ver com gasto. Aí o Governo atual propôs sair de 18% para 20% em 2022. Lei aprovada, nos posicionamos contrários, mas quem decide é o Executivo e o Legislativo. A justificativa era de que existia uma perda de R$ 500 milhões e com o dispositivo da compensação do Governo Federal. Só que o Governo só compensou R$ 277 milhões, o governo manteve a alíquota. De julho para agosto foram arrecadados R$ 475 milhões. Se você somar, dá R$ 752 milhões, portanto, estava resolvido. O Governo ainda tem setembro, outubro, novembro e dezembro. Se ele somar isso, deveria sair com caixa para 2024 e com adendo: a lei que está aprovada cai para 18%. Se vai manter dois pontos percentuais a mais e um saldo arrecadado maior, nosso problema não é arrecadação, é gasto e despesa. Quando você fala isso, você atinge os negócios, empresas e empregos, porque quando se aumenta preço, se impacta o consumidor na ponta e as empresas em consequência. Na hora que se carrega esse peso no consumidor e no setor produtivo, isso não é bom, sobretudo num Estado que tem dificuldades de infraestrutura.

O que pode ser feito pelo Poder Público para fomentar a atração de investimentos e geração de emprego e renda?
Melhorando o ambiente de negócio. Quando falo nisso, falo em infraestrutura. E só se faz isso com dinheiro. E para dar fôlego às empresas e poder manter as que estão aqui e atrair novos investimentos, você não pode carregar peso mais do que já tem. Quando falamos em competitividade, por exemplo, passamos um ano atrás dos nossos estados do Nordeste, que estavam tudo a 18%, e a gente a 20%. E nós com dificuldades de estradas, infraestrutura, e com as dificuldades dos ambiente de negócios. Precisamos melhorar a infraestrutura e melhorar esse ambiente que dê competitividade pelo menos igual com os outros estados.

Perfil
Natalense, 64 anos, Roberto Serquiz é empresário dos setores de água mineral e de reciclagem. Tem formação universitária na área de Administração de Empresas pela UFRN, com especialização em Finanças e MBA em Meio Ambiente. Sócio proprietário da Água Mineral Santa Maria e da RS Reciclagem, ele presidiu o SICRAMIRN (Sindicato da Indústria de Bebidas e Águas Minerais do RN) por dois mandatos (não consecutivo), sendo o primeiro entre 2004-2012. Também foi presidente da Comissão Temática do Meio Ambiente da FIERN e conselheiro do CONEMA (Conselho Estadual do Meio Ambiente), membro dos Conselhos do SENAI, do SEBRAE e do SESI Nacional. Também foi fundador e primeiro presidente do SINDRECICLA (Sindicato de Reciclagem e Descartáveis do RN, entre 2014-2020.

Deu na Tribuna do Norte

Economia

FIERN e Marinha lançam Cluster Tecnológico Naval no RN

 

O Sistema FIERN e a Empresa Gerencial de Projetos Navais (Emgepron), da Marinha – principal referência em engenharia estratégica no Brasil – lançam, nesta terça-feira (24), o “Cluster Tecnológico Naval” do Rio Grande do Norte, o primeiro a ser criado na região Nordeste do país.

“O Cluster será uma associação de instituições, com o objetivo de discutir desafios, estratégias e soluções que ajudem a fortalecer a nossa pujante economia do mar”, diz o presidente do Sistema FIERN, que engloba a Federação das Indústrias, o SENAI-RN, o SESI e o IEL no estado, Amaro Sales de Araújo.

A criação do grupo, segundo ele, ocorre em um momento chave para o estado, em que os primeiros projetos de energia eólica offshore – a energia que será gerada por parques eólicos no mar – estão à espera de licenciamentos e da regulamentação da atividade no Brasil.

Representantes do setor, que tem o RN como uma das zonas mais promissoras para investimentos, e de outros já tradicionais na economia, como o turismo, as indústrias metal mecânicas, de petróleo e gás, além da pesca oceânica – que lidera a produção e as exportações nacionais de pescados – estão entre os participantes convidados. Governos, portos e outras instituições que contribuem para a competitividade dos negócios, como a própria Federação, o SENAI, o Sebrae e a academia também são esperados.

A proposta de criação do Cluster Tecnológico Naval do Rio Grande do Norte será apresentada pelo diretor presidente da Emgepron, vice-almirante Edesio Teixeira Lima Junior, na palestra “Oportunidades para a Economia do Mar”, com início previsto às 16h na Casa da Indústria.

São esperadas para o evento instituições como Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Agência Espacial Brasileira (AEB), Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern), Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico do Rio Grande do Norte, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico, Prefeitura de Natal, SENAI-RN, SESI e IEL.

Informações do AgoraRN