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Great Wall, fabricante de carros chinesa, chega ao Brasil

 

Apesar do cenário de grandes incertezas na indústria automotiva nacional, ainda existem montadoras dispostas a investir por aqui. Uma delas é a Great Wall Motors, a maior fabricante da China sem participação estatal e que começará a vender seus carros no Brasil a partir do último trimestre de 2022.

O primeiro passo dessa jornada da empresa no mercado brasileiro começou ainda no ano passado, quando a Great Wall adquiriu a antiga fábrica da Mercedes-Benz em Iracemápolis, em São Paulo. A marca alemã havia deixado de produzir veículos no Brasil ainda em 2020.

 

Agora no final de janeiro, a gigante chinesa detalhou um pouco mais seus planos para cá. Confira:

Investimentos no país

A fábrica de Iracemápolis tem capacidade instalada para a produção de 20 mil veículos por ano. A Great Wall anunciou que a linha de montagem está sendo totalmente adaptada para se alinhar com os métodos produtivos da empresa na China. A expectativa é a de que a operação brasileira seja a maior da companhia fora de seu país de origem.

Inicialmente, serão investidos R$ 4 bilhões até 2025 por aqui. Este dinheiro será usado no aprimoramento da fábrica, além de pesquisa e desenvolvimento por aqui. Até o final de 2025, a Great Wall espera faturar R$ 30 bilhões e gerar cerca de 2.000 empregos diretos. Entre 2026 e 2032, o plano da marca é injetar mais R$ 6 bilhões para ampliar a capacidade produtiva da linha de montagem para até 100.000 unidades ao ano.

Os primeiros carros ainda devem chegar importados da China e desembarcarão por aqui até o final do ano. As primeiras unidades nacionais de fato devem sair de Iracemápolis a partir de 2023. Segundo a Great Wall, o objetivo é que estes primeiros carros feitos no Brasil já tenham 60% de índice de nacionalização.

Até o final de 2022, o plano da empresa é já deve ter concessionárias abrangendo todos os estados, o que chamou de “cobertura de 100% do território nacional”. Em 18 meses, a meta é ter 130 pontos de vendas distribuídos entre 112 cidades e cerca de 30 grupos diferentes de distribuidores.

A fábrica de Iracemápolis também será responsável por alimentar os demais mercados da região do Mercosul, além de outros países do continente americano. Os planos — e os investimentos — da Great Wall no Brasil também incluem o trabalho em conjunto com universidades para o desenvolvimento de tecnologias envolvendo geração de energia a partir do etanol e também a instalação de infraestrutura e carregadores para veículos elétricos por aqui.

Somente elétricos e híbridos

A Great Wall já avisou: seus carros no Brasil serão sempre eletrificados, sejam eles híbridos ou puramente elétricos. A questão é que todos eles compartilharão uma nova plataforma da empresa que ainda será apresentada na China nos próximos meses, batizada de LMN. Então, é difícil dizer com certeza quais serão tais modelos.

O que se sabe é que a Great Wall Motors trabalha com diversas marcas. Entre as principais estão a Haval, com foco em SUVs, a Poer, especializada em picapes, a ORA, que trabalha com veículos elétricos e a TANK, que produz modelos com maior capacidade off-road e utilitários esportivos de luxo.

Para o Brasil, a Great Wall diz que se focará nos segmentos de SUVs e picapes. Dessa forma, as marcas mais prováveis para cá seriam a Haval e a Poer, com a ORA ainda sendo uma possibilidade por conta dos carros movidos a bateria.

Seja qual for a marca, o conjunto motriz dos modelos fabricados no Brasil deverá ser o mesmo. No caso dos híbridos, serão do tipo plugável, que podem ter as baterias carregadas também na tomada. O motor a combustão será um 1.5 turbo, que trabalhará mais como um extensor de autonomia.

Quem movimentará o veículo será um propulsor elétrico – ou mais – alimentado por baterias com 45 kWh de capacidade. Com isso, a potência deve variar entre 230 cv e 430 cv, enquanto o torque ficará entre 41,8 kgfm e 77,7 kgfm. Tração integral será uma opção.

No caso dos carros híbridos, a Great Wall afirma que os modelos com a plataforma LMN terão consumo entre 75 km/l e 208 km/l. Os híbridos plugáveis também serão capazes de utilizar carregadores rápidos, que podem recuperar 80% de carga em 30 minutos. A autonomia puramente elétrica destes veículos chegará a 200 km.

Já para os carros 100% elétricos com a arquitetura LMN feitos por aqui, a Great Wall diz que os modelos ainda estão em desenvolvimento, mas utilizarão baterias com até 85 kWh de capacidade e sem uso de cobalto, material raro e caro.

Nesse caso, serão 5 opções de potência, variando entre 61 cv e 272 cv. De acordo com a empresa, os modelos híbridos devem ser os primeiros a chegar inicialmente importados e posteriormente com produção local. Da mesma forma, um segundo passo será a introdução de carros 100% elétricos.

Deu na CNN

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Carro elétrico: você ainda vai ter um

 

Algumas previsões muito interessantes, mas também assustadoras com a chegada do carro elétrico :
 1.  As oficinas de reparação de automóveis desaparecerão.
 2.  Um motor a gasolina/diesel tem 20.000 peças individuais.  Um motor elétrico tem 20. Os carros elétricos serão vendidos com garantia vitalícia e só são reparados pelas concessionárias.  Leva apenas 10 minutos para remover e substituir um motor elétrico.
 3.  Motores elétricos defeituosos não são reparados na concessionária, mas são enviados a uma oficina regional que os repara com robôs.
 4.  A luz de mau funcionamento do seu motor elétrico acende, então você dirige até o que parece ser um lava-rápido e seu carro é rebocado enquanto você toma uma xícara de café e lá vem seu carro com um novo motor elétrico!
 5. As bombas de gasolina irão desaparecer.
 6. As esquinas das ruas terão medidores que dispensam eletricidade.  As empresas irão instalar estações de recarga elétrica;  na verdade, eles já começaram no mundo desenvolvido.
 7.  Grandes fabricantes de automóveis inteligentes já destinaram dinheiro para começar a construir novas fábricas que só constroem carros elétricos.
 8.  As indústrias de carvão irão embora.  As companhias de gasolina/petróleo irão fechar. A perfuração de petróleo irá parar.  Portanto, diga adeus à OPEP! O Oriente Médio estará em apuros.
 9. As residências produzirão e armazenarão mais energia elétrica durante o dia e em seguida, usarão e venderão de volta para a rede.  A rede armazena e distribui para indústrias que são grandes consumidoras de eletricidade.  Alguém viu o telhado do Tesla ?
 10.  Um bebê de hoje só verá carros pessoais em museus.  O FUTURO está se aproximando mais rápido do que a maioria de nós podemos suportar.
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Carro Elétrico : Você ainda vai ter um

Carro elétrico — Foto: Unsplash
Foto: Divulgação

O cemitério Hollywood Forever é um ponto turístico de Los Angeles. Em seus jazigos descansam ícones do cinema e da música como Judy Garland, Cecil B. DeMille, Chris Cornell e os Ramones Johnny e Dee Dee. Mas, no dia 23 de julho de 2003, o local recebeu um velório

inusitado. O morto era um carro: o EV1, fabricado pela General Motors entre 1996 e 1999. Ele não foi o pioneiro dos carros elétricos (esse tipo de veículo surgiu em 1881, com um protótipo criado pelo inventor parisiense Gustave Trouvé), mas foi o primeiro fabricado por uma grande

montadora.

O EV1 usava baterias de chumbo, pesadas e fracas, e por isso não era nenhuma maravilha – podia rodar no máximo 89 km antes de voltar para a tomada.

Mas essa autonomia já era suficiente para uso urbano leve (ir e voltar do trabalho, fazer compras, levar os filhos na escola etc.), e por isso o EV1 conquistou uma pequena legião de fãs: 1.117 unidades foram produzidas pela GM, que as alugava (não vendia) por US$ 300 mensais.

Até que, um belo dia, a empresa resolveu acabar com tudo. Houve gente implorando para manter o aluguel ou comprar o carro, mas a GM não quis nem saber.

Alegando que o EV1 não dava retorno sobre o investimento, que havia sido de US$ 1 bilhão, ela recolheu todas as unidades do veículo – guardou algumas, mas a maioria acabou triturada no ferro-velho.

A história suscitou uma série de teorias da conspiração (o documentário americano Quem Matou o Carro Elétrico, de 2006, alega que a GM foi pressionada pela indústria do petróleo) e até hoje causa polêmica.

Anos depois de deixar o cargo de CEO da empresa, Rick Wagoner disse que acabar com o EV1 havia sido o maior erro de sua vida.

Quando a GM resolveu acabar com o EV1, seu primeiro modelo elétrico, os donos se rebelaram – e fizeram até um velório em Los Angeles.
Quando a GM resolveu acabar com o EV1, seu primeiro modelo elétrico, os donos se rebelaram – e fizeram até um velório em Los Angeles. Ilustrações : Gustavo Magalhães/Superinteressante

 

Como todo erro leva a um aprendizado, houve quem se inspirasse na morte do EV1. “Poucas pessoas sabem que começamos a Tesla quando a GM obrigou o recall de todos os carros elétricos dos clientes, em 2003, e depois os esmagou em um ferro-velho”, disse Elon Musk,

fundador da Tesla, hoje a principal fabricante de carros elétricos. Em 2020, as vendas de veículos em geral caíram 16% no mundo. Mas os elétricos fizeram o caminho oposto, e cresceram 41%. Após desprezar o carro elétrico, agora as montadoras estão correndo atrás.

A Volvo anunciou que, a partir de 2030, deixará de vender carros a combustão. Ford e Mercedes prometeram o mesmo para o mercado europeu, enquanto a Volkswagen estipulou metas para que seus elétricos sejam 70% das vendas na Europa e 50% nos EUA e na China. Já a GM

definiu 2035 como fim da linha para seus carros e caminhões a gasolina e diesel. “O veículo elétrico está muito mais próximo do que se imagina, ele é um tema presente. Prova disso é a cotação das ações. Quem vale mais: a Tesla ou a Volkswagen, a Ford, a GM?”, diz o analista

Geovani Fagunde, da consultoria PwC. A Tesla tem valor de mercado de US$ 630 bilhões. Isso é o equivalente a Toyota, Volkswagen, Daimler (Mercedes), GM, Honda, Hyundai, FCA (Fiat Chrysler), Ford e Nissan – somadas.

Há quem diga que o valor de mercado da Tesla está inflado. Seria uma bolha financeira que não reflete a realidade da empresa. De fato: ela produz 500 mil carros por ano, bem pouco se comparada a Toyota (9,5 milhões), VW (9,3 milhões) ou GM (6,8 milhões). Mas o valor da Tesla

reflete o que os investidores acreditam que vai acontecer daqui para a frente – e há sinais fortíssimos de que o carro elétrico deve se tornar o novo padrão em um período relativamente curto.

No fim do ano passado, o Reino Unido anunciou que irá proibir a fabricação de carros e vans com motor a combustão a partir de 2030, e a União Europeia pretende fazer o mesmo a partir de 2035. Se você levar em conta a vida útil de um carro, 10 a 15 anos, perceberá o seguinte:

para os europeus que estão comprando um veículo a combustão agora, ele pode ser o último.

Nos Estados Unidos, terra das casas e dos carros gigantes (há 39 anos consecutivos, o veículo mais vendido no país é a picape Ford F-150, um elefante de 3.000 kg), ainda não há planos de banir os motores a combustão. Mas os carros elétricos também avançam rápido, por

outra via: o bolso. Um estudo feito pela empresa de pesquisas BloombergNEF (1), que obteve dados internos dos sete maiores fabricantes de baterias do mundo, prevê que em 2024 os carros elétricos irão se igualar, pela primeira vez na história, ao preço dos modelos a gasolina.

Isso se deve à evolução das baterias, que são a peça mais cara do carro elétrico – correspondem a até 40% do valor do veículo.

O preço delas está despencando (veja gráfico abaixo), por três razões: o aumento da produção, a pressão competitiva da Tesla (que produz as próprias baterias em sociedade com a Panasonic, e tem forçado os demais fabricantes a abaixar os preços) e a evolução tecnológica. As

baterias de lítio mais modernas armazenam até 800 watts/hora de eletricidade por quilo de bateria. É um ganho de 23% sobre os modelos tradicionais – e permite colocar 23% menos baterias nos carros, reduzindo seu preço sem comprometer a autonomia.

<strong>Clique na imagem para ampliá-la.</strong>

Imagem : Carlos Eduardo Hara / Bruno Garattoni / Superinteressante

 

Hoje os carros elétricos já têm alcance de sobra, com vários modelos superando 600 km, autonomia média dos veículos com motor a combustão. O desafio tecnológico já foi vencido, falta só a parte financeira. Quando os preços se igualarem, os veículos elétricos terão tudo para

conquistar os americanos – inclusive porque é muito mais barato “abastecê-los” (o custo por km rodado é 50% a 80% menor do que num carro a gasolina).

Enquanto isso não acontece, os EUA tentam acelerar o processo com subsídios. Este ano, a Casa Branca anunciou um plano para investir US$ 174 bilhões em veículos elétricos. Desse total, US$ 100 bilhões irão para incentivos aos consumidores. O restante, para projetos como

a instalação de 500 mil estações de recarga e financiamento a fabricantes de baterias. A intenção é depender menos de importações, já que todas as principais plantas ficam na Ásia (a exceção é a megafábrica Tesla/Panasonic, construída em Nevada).

Ao mesmo tempo em que estimulam o carro elétrico, EUA e Europa apertam o cerco à indústria do petróleo. Em maio, a Justiça da Holanda obrigou a multinacional Shell (cuja sede fica lá) a cortar em 45% suas emissões de CO2 até o ano de 2030.

A americana ExxonMobil sofreu um baque similar: o fundo de investimento Engine No. 1, que detém ações da empresa e quer que ela pare de vender combustíveis fósseis, conseguiu eleger três representantes para o conselho de administração. O fundo possui apenas 0,02% das

ações da ExxonMobil – mas terá25% dos votos nas decisões da petroleira. Isso aconteceu porque os maiores acionistas da Exxon concordam com a visão do fundo: de que o futuro não é do petróleo, é das baterias.Em suma, há vários fatores convergindo em favor do carro elétrico.

Mas e no Brasil? Aqui, como você deve imaginar, é diferente. A infraestrutura tem avançado, com a instalação de mais pontos de recarga rápida, e as vendas de carros elétricos bateram recorde nos primeiros meses deste ano. Mas ainda estamos bem atrás dos países ricos.

Isso tem várias explicações, a começar por uma meio inusitada: o peso das baterias.

 

Fonte : Superinteressante