Política

Quem é María Fernanda Cabal, amiga dos Bolsonaro e líder da oposição a Petro na Colômbia

Foto: Reprodução/X/MaríaFdaCabal

Maria Fernanda Cabal, de 59 anos, ingressou no Senado colombiano em 2018, após um mandato como deputada, e consolidou-se como uma defensora do livre mercado, da segurança nacional e da propriedade privada. Sua atuação lhe rendeu comparações com Margaret Thatcher, principalmente devido à sua postura intransigente contra ideologias socialistas, semelhante à adotada pela ex-primeira-ministra britânica.

Nascida em Cali, ela e seu marido vêm de uma família com forte tradição na criação de gado, influenciando sua perspectiva sobre economia e propriedade privada desde cedo. Formada em Economia pela Universidade de Los Andes e também possui um mestrado em Ciência Política, o que ajudaria sua carreira política futuramente.

Cabal é uma crítica fervorosa dos Acordos de Paz de 2016, assinados entre o governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) , argumentando que eles facilitaram a impunidade e concederam poder político a ex-guerrilheiros, o que, em sua visão, prejudicou a segurança e a justiça na Colômbia.

Reconhecida internacionalmente, Cabal mantém alianças com figuras conservadoras de destaque mundial, como Donald Trump, Jair Bolsonaro e Javier Milei. Sua participação constante em eventos como o CPAC evidencia sua posição como uma das principais representantes do movimento conservador na América Latina.

Ela emerge como uma forte opositora ao governo de Gustavo Petro, criticando a inclinação de extrema-esquerda do atual presidente. Seu posicionamento político é marcadamente de direita e baseado nos princípios cristãos tradicionais. Grande admiradora de Olavo de Carvalho, chegou a ser aluna do filósofo. Cabal também expressa uma crítica contundente ao movimento “woke” e à agenda globalista, que considera ameaças à soberania e aos valores tradicionais colombianos. Sua atuação política reflete um combate às influências que percebe como perigosas para a autonomia nacional, fortalecendo sua figura no cenário conservador não apenas da Colômbia, mas de toda a América Latina.

Dentro da Colômbia, a insatisfação com Petro pôde ser medida no último dia 21 de abril, quando milhares de pessoas se reuniram na Plaza de Bolívar, na capital Bogotá, para protestar contra o governo. Entre as principais críticas estavam as reformas propostas pelo governo nas áreas da saúde e das pensões, bem como a gestão das Empresas Promotoras de Saúde (EPS).

Um dos elementos mais controversos e que galvanizou grande parte da oposição foi a proposta de Petro para a criação de uma nova constituição, percebida por muitos como uma tentativa de reestruturação radical dos pilares institucionais do país e baseada num modelo similar ao da Venezuela Chavista. Em entrevista à Gazeta do Povo, Cabal comenta a turbulência política do país e o embate contra o radicalismo de Petro.

Gazeta do Povo:  Senadora, como as recentes manifestações na Colômbia contra o presidente Gustavo Petro se comparam em tamanho e alcance com outros protestos significativos na história colombiana?

Senadora María Fernanda Cabal: Poderia dizer que a maior manifestação em que estive na minha vida foi em 2008, contra as FARC, e que esta última, de 21 de março, foi muito similar. Eram rios de gente de todas as classes sociais. Em todo o país, não apenas nas grandes cidades, mas também nas médias e pequenas. Foi uma resposta a um governo predatório porque as pessoas sentem incerteza sobre seu futuro. Sentem medo de ter que deixar o país. Sentem medo da pobreza, frente à administração de Gustavo Petro.

Gazeta do Povo: Quais foram as principais motivações por trás das manifestações de 21 de abril? Os manifestantes estavam focados principalmente no processo de destituição, nas propostas de uma nova constituição, nas reformas específicas propostas por Petro, ou havia outros fatores envolvidos?

Senadora María Fernanda Cabal: Já estava sendo preparada uma marcha, mas a proposta de uma Constituinte disparou os alarmes e foi o gatilho que uniu as multidões. Aqui, Gustavo Petro não conseguirá implementar a receita que destruiu outros países da América Latina com a mentira do socialismo do século 21. Aqui as pessoas, no meio de toda essa incerteza, a situação é terrível. As pessoas saíram para manifestar porque querem que Petro saia, querem que Petro vá embora. Não querem que ele vá embora porque seja a elite ou a oligarquia, como ele aponta, mas porque está empobrecendo o país. Todos os indicadores econômicos estão em queda, há desinvestimento, há desestímulo, o estancamento e o desemprego. Principalmente, soma-se a isso a variável mais importante hoje em dia, que é a insegurança. As mortes de colombianos, os massacres que já superam o número de 110, o narcotráfico tomando controle de municípios e o exército perdendo o controle territorial por uma ideia de paz total que nunca chegará. Pelo contrário, acabará elevando a violência no país.

Gazeta do Povo: Senadora, em relação às recentes manifestações, qual considera que foi o impacto destas no contexto político colombiano? Provocaram alguma mudança significativa na dinâmica política ou na percepção pública em relação ao governo?

Senadora María Fernanda Cabal: “Impactou tudo porque as pessoas sentem a força da rua. E inversamente Petro perdeu as ruas e Petro tem uma personalidade esquerdopata. Isso significa que ele precisa que o povo o adore como bom narcisista. Ele se sente messiânico. Sente que vai nos levar ao paraíso como todos esses socialistas que acabam destruindo países. A força dessas ruas fez com que sentíssemos que sim, podemos, que somos maioria, que não vamos nos deixar roubar o país. Politicamente, a mira está no Congresso para ver se vão passar as reformas. Mas já estão na arena pública todos os congressistas, graças às redes sociais, que trabalham ou agem em favor do governo e contra o desejo cidadão.”

Gazeta do Povo: “Na sua opinião, existe um risco real de que a Colômbia avance para uma forma de governo ditatorial sob a liderança de Gustavo Petro?

Senadora María Fernanda Cabal: “Petro não está sozinho, mas acompanhado por uma equipe oculta que desenha políticas predatórias para levar o país ao desmembramento total. Atrás de cada ministério, há uma equipe paralela pensando em como, através de múltiplas decisões administrativas, decretos e resoluções, destruir a estabilidade institucional. Este é o perigo, porque isso também coloca em xeque a rapidez e a eficácia com que as altas cortes podem responder diante de demandas de atos claramente contrários à Constituição. Se as instituições resistirem e o povo continuar se manifestando contra Petro, ele não terá outra opção, exceto a violência em que o país se encontra.”

Gazeta do Povo: A senhora acredita que há uma agenda do presidente Petro que aspire a transformar a Colômbia em um modelo político-econômico similar ao da Venezuela? Quais evidências ou ações específicas reforçam essa percepção?

Senadora María Fernanda Cabal: Sim, há uma agenda. Para mim é claríssima. As evidências são a complacência com o crime, a complacência através de processos de paz que não vão acontecer, pela erradicação e não fumigação dos cultivos de coca, também com certa aquiescência do Departamento de Estado dos Estados Unidos, que não está sendo tão exigente quanto foi com outros governos. Vemos que todos os projetos vão caminho à estatização e ao controle do indivíduo, destruindo um dos melhores sistemas de saúde do mundo para nos levar de volta ao sistema que tínhamos há 30 anos, um sistema de controle dos pacientes. Uma reforma trabalhista que fortalecerá as centrais sindicais que não têm o poder que tinham antes, porque aqui a economia que gera mais empregos é através do pequeno e médio empreendedor. Uma reforma do sistema previdenciário onde o indivíduo também não poderá decidir sobre sua poupança previdenciária, afinal, é a mesma receita socialista de sempre. Que o perigo é nos tornarmos definitivamente um Narcoestado que é o que significa ser membro do Foro de São Paulo, Grupo de Puebla e da Internacional Progressista, que abraçam ideias que só produzem violência, pobreza e morte.

Gazeta do Povo: Quais são as principais mudanças que o presidente Petro deseja implementar na constituição colombiana? Quais seriam os impactos dessas modificações para o funcionamento democrático do país?

Senadora Maria Fernanda Cabal: O que sabemos é que Petro tem uma abordagem anarquista que busca desmantelar toda a ordem constitucional. Ele apoiou a constituição criada pelo M-19, na qual muitas forças participaram e se beneficiaram de um acordo de impunidade total para os criminosos. Propõe estatizar setores chave como saúde, educação e previdência. Na saúde, busca que as pessoas dependam do governo de turno; na educação, eliminar a concorrência com o setor privado para doutrinar os estudantes; e na previdência, controlar as poupanças que deveriam pertencer aos cidadãos, não ao governo. Além disso, sua reforma trabalhista impõe cargas insustentáveis para os empregadores, o que poderia levar a que empresas estrangeiras abandonem o país e as locais não cresçam nem gerem emprego.

Gazeta do Povo: Como a senhora vê as semelhanças e diferenças entre o presidente Gustavo Petro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, especialmente em termos de políticas públicas e governança?

Senadora Maria Fernanda Cabal: Petro e Lula compartilham o populismo de esquerda, pretendendo representar o povo como se fosse uma massa uniforme, sem direito a pensar diferente. Petro tem estado envolvido em cumplicidades com o narcotráfico, que financia campanhas em grande parte do território. Ambos buscaram desmantelar a ordem constitucional e foram beneficiários da impunidade. No entanto, Lula não é tão ideologicamente extremo quanto Petro; reconhece a importância do petróleo, gás e carvão para o desenvolvimento do país, ao contrário de Petro, que os rejeita.

Gazeta do Povo: Como a senhora vê a situação brasileira?

Senadora María Fernanda Cabal: Os brasileiros enfrentam dois grandes desafios. O primeiro é uma Corte Suprema controlada por juízes que violam as garantias judiciais e o devido processo. É essencial se manifestar contra essa ditadura judicial. O segundo desafio são as eleições, que atualmente não são transparentes devido à Indra manipular a capacidade de refletir a intenção de voto cidadão. É crucial controlar o resultado eleitoral, exigir transparência e utilizar todos os mecanismos, inclusive internacionais, para garantir que as eleições sejam transparentes e livres.

Deu na Gazeta do Povo

Tragédia

Argentina, Chile, Equador, México e Peru registram terremotos

Carro destruído pelos destroços do terremoto que atingiu Cuenca, cidade localizada a mais de 200 km do epicentro, na costa do Equador — Foto: Xavier Caivinagua/AP

 

Pelo menos cinco países da América Latina foram atingidos por terremotos neste sábado (18): Argentina, Chile, Equador, México e Peru.

Todos esses países integram o Círculo de Fogo do Pacífico, uma grande área de 40 mil quilômetros em forma de ferradura que circunda o oceano Pacífico (passa também por EUA, Canadá, Rússia, Japão, Sudeste Asiático e Oceania).

Ao longo dele, são pelo menos 450 vulcões ativos e alta incidência de terremotos – cerca de 90% de todos tremores registrados no mundo ocorrem dentro dele.

Mapa identifica a região do Círculo de Fogo do Pacífico — Foto: Ciência/G1
Mapa identifica a região do Círculo de Fogo do Pacífico — Foto: Ciência/G1

 

O tremor mais forte do dia foi registrado no Peru. O Centro Sismológico Nacional peruano registrou um sismo de magnitude 7,0 às 12h12 (horário local; 14h12 horário de Brasília), com epicentro em Tumbes, norte do país. De acordo com o Instituto Nacional de Defesa Civil, não há notícias de mortos ou feridos e nem de perdas materiais.

 

 

Na sexta-feira, o Peru já havia registrado mais dois tremores: um de magnitude 4,2 em Huarmey, na costa peruana; e outro de 3,5, em Caylloma, sul do país.

No Equador, um terremoto de magnitude de 6,8 atingiu a costa do país às 12h12 (horário local; 14h12 horário de Brasília). Seu epicentro foi a cerca de 30 quilômetros do município de Balao, província de Guayas, informa o Instituto Geofísico da Escola Politécnica Nacional do Equador. Segundo a agência Reuters, não há ameaça de tsunami no litoral do país.

Na sequência foram registrados dois novos abalos na mesma região, de magnitudes 4,6 e 3,7, e moradores de Guayaquil e mais seis cidades relataram notar os tremores. As autoridades equatorianas confirmam a morte de 14 pessoas, e o número de feridos passa de 120. As vítimas se concentram nas províncias de El Oro e Azuzay.

 

 

Nas últimas 24 horas, o Instituto Nacional de Prevenção Sísmica identificou dois tremores na Argentina: em Mendoza (magnitude 5,0) e em Catamarca (magnitude 3,0), com menos de meia hora de diferença um do outro – o primeiro ocorreu às 12h41. Cerca de 40 minutos depois, um novo tremor foi observado em San Juan (magnitude 2,6).

No mesmo período, pelo menos seis ocorrências de tremores foram registradas no Chile. O mais forte deles foi observado em Arica (magnitude 4,0), no extremo norte do país, às 5h01. As cidades de Antofagasta, Araucania, Bio-Bio, Calam e Cobquecura também foram afetadas

Já no México, há o registro de pelo menos 18 tremores, informa o Serviço Sismológico Nacional mexicano. O epicentro do mais forte deles (magnitude 4,3) foi identificado a cerca de 150 quilômetros de San Jose Del Cabo, na costa oeste do país, às 10h33 (horário local; 13h33).

 

 

Outros tremores, que variaram entre magnitudes 3,3 a 4,2, ocorreram nas regiões de Michoacan, Chiapas, Guerrero, Jalisco, Oaxaca e Baja California.

Deu no G1

Economia

Inflação na Argentina atinge 64%, maior taxa em 30 anos

 

A segunda maior economia da América do Sul continua amargando maus resultados sob o governo de Alberto Fernández e Cristina Kirchner.

No mês de junho, os preços ao consumidor na Argentina subiram no ritmo mais rápido em mais de 30 anos. A taxa atingiu 64% no acumulado de 12 meses.

No mês passado, o índice inflacionário acelerou 5,3%. Em maio, a alta foi de 5,1%, conforme informações do Instituto Nacional de Estatística e Censo (Indec).

A divulgação vem em um momento em que o dólar apresenta alta em relação ao peso e em meio à crise do governo peronista depois que o ministro da Economia, Martín Guzmán, pediu para sair do cargo.

O banco central argentino já elevou a taxa básica de juros ao menos seis vezes em 2022, atingindo 52%, em uma estratégia para tentar conter a alta dos preços de alimentos e combustíveis.