OPINIÃO

A confissão de Dias Toffoli

Por Renato Cunha Lima

O ministro Dias Toffoli confessou, durante palestra no 9° Fórum Jurídico de Lisboa, a usurpação dos poderes do Presidente da República com a chancela do Supremo Tribunal Federal.

Disse sem nenhum pudor: “Nós já temos um semipresidencialismo com um controle de poder moderador que hoje é exercido pelo STF” e acrescentou: “Basta verificar todo esse período da pandemia”.

Ainda foi além: “O sistema presidencial tem muita força, mas o parlamento é a centralidade, na medida em que, é no parlamento que se formam os consensos das elites regionais, sendo a Justiça sua fiadora.

O ministro só não contou aos presentes na palestra que o STF, hoje, tutela a república, quando não julga os infindáveis processos penais envolvendo parlamentares.

Com o agravante que a corte é composta majoritariamente por indicados de ex-presidentes enrolados em escândalos de corrupção.

O ministro Dias Toffoli ainda ironizou dizendo que governar o Brasil não é fácil, o que é nítido e notório, sobretudo se o presidente eleito for alguém que seja contra o “establishment”, contra o sistema carcomido de perpetuação de poder.

Nesta pandemia o Supremo pintou e bordou, interferiu tando nos poderes, que os ministros desavergonhados e despudorados estão convictos da razão.

Acontece que somente um novo pebliscito teria o poder de modificar o sistema de governança do Brasil, assim como foi realizado em 1993, onde o presidencialismo foi escolhido por larga maioria da população.

Na prática estamos diante de um golpe gestado há muitos anos, ainda na época dos famigerados governos do PT, que agora com o governo Bolsonaro ganhou contornos de guerra declarada.

O grande problema é que toda responsabilidade da governança do país recai nas costas do presidente eleito de plantão, enquanto quem de fato governa são os ministros do STF, sem um só voto popular.

Na prática vivemos um parlamentarismo real com uma espécie de monarquia jurídica, que está acima da democracia e das próprias Leis que juraram guardar. É um escândalo.

O Senado, que poderia ser o freio, o contrapeso a tudo isso, na verdade está fechado para balanço, com o atual presidente, o senador Rodrigo Pacheco leniente e covarde com os abusos, incluindo casos de censuras e prisões políticas.

No Congresso Nacional há dois tipos de parlamentares sócios dos ministros dos STF, os que enxergaram oportunidades de abocanhar nacos do orçamento da união, como os que vislumbram uma saída para seus inquéritos e processos criminais.

Triste demais tudo isso, desalentador saber que o voto do povo vale tão pouco no Brasil. Que temos uma democracia de faz de conta, uma impressionante FakeNews.

 

Renato Cunha Lima é administrador de empresas, empresário e escritor

OPINIÃO

“Crédito educativo, sim; FIES, não “

Por Ney Lopes de Souza

Li consternado, o texto do repórter Cláudio Oliveira neste jornal “Tribuna do Norte”, intitulado “No RN, número de contratos do FIES cai 93% em 5 anos”. Essa é um a história que precisa ser contada.

Em 15 de abril de 1975 exercia o mandato de deputado federal. Nesta data dei entrada ao projeto de lei nº 274/75, a origem no Brasil do “crédito educativo”.

O financiamento abrangia “todos” os estudantes das Universidades, “públicas e privadas”, “sem exceções”, com o pagamento mensal, em média de dois salários mínimos, ajudando nas despesas com alimentação, vestuário, transporte, habitação, mensalidades, livros e material acadêmico.

O resgate era após dois anos da conclusão do curso, com prorrogação, juros especiais, prazo de até o dobro do tempo da graduação, em função da renda e emprego.

Encontro sempre inúmeras pessoas graduadas e agradecidas, por essa iniciativa que tive.

O jornalista conterrâneo Murilo Melo Filho, que militava a época na imprensa sulista, em reportagens na revista Manchete registrou a evolução do projeto de lei nº 274/75, que subscrevi.

O então ministro da educação Ney Braga, no governo Ernesto Geisel, confessou a Murilo o desejo de implantar imediatamente a proposta do “crédito educativo, através de linha de crédito criada por Resolução do BC, para operações através da CEF e BB.

O Ministro considerava mais rápido, do que aprovar a lei no Congresso.

Consultado, logo concordei em antecipar a vigência do benefício.

Assim nasceu o crédito educativo, a maior conquista e galardão da minha atividade parlamentar.

Em setembro de 1976, o “crédito educativo” já começou a liberar empréstimos para o custeio das despesas de estudantes carentes e permaneceu, durante mais de 13 anos.

Posteriormente, vi a completa deformação da ideia que defendera, em benefício dos universitários e suas famílias.

O crédito educativo foi substituído pelo FIES, que se compara a uma operação bancária de rotina, com a exigência de fiadores, multas exorbitantes e protesto em cartórios.

O FIES foi colocado nas mãos dos bancos privados e das Universidades particulares, que em parceria, fazem a seleção e exigem até aplicações financeiras para liberar o crédito.

Verdadeiro absurdo.

Como é possível entes privados manusearem o dinheiro da nação para facilitar o recebimento das suas próprias anuidades e parcelas de empréstimo, na “boca do cofre do Tesouro”?

O crime de extinção do “crédito educativo” permitiu que algumas universidades privadas incluíssem no FIES alunos “fictícios” e assim recebessem valores fraudados.

O “resumo da ópera” é que o TCU constatou descalabro e “rombo bilionário”.

Os contratos firmados nos governos Lula e Dilma, revelaram fraudes e “passivo” de mais de 55 bilhões.

As consequências são constatadas no RN.

De acordo com dados da TRIBUNA DO NORTE, o estado tem hoje 17.969 estudantes inadimplentes com o FIES.

No meu projeto originário – PL nº 274/75 – o estudante beneficiado era financiado e somente começava a pagar após a formatura e a obtenção de emprego estável.

Com os índices de desemprego atuais, como um jovem ao terminar o curso poderá pagar as prestações do seu financiamento se não conseguir trabalho imediato?

O resultado é a exigencia de altas taxas de juros e multas.

Além do desemprego há sinais de ganância dos bancos.

Tratam os universitários como um cliente qualquer.

Os juros são antecipadamente capitalizados.

Paga ou vai para o SPC.

O financiamento ao estudante carente é um direito da cidadania.

Portanto, o governo deve agir sem assistencialismo, porém com elevado grau de sensibilidade social.

O financiamento deve voltar a ser o que era em 1976, de acordo com o projeto de lei 274/75, que apresentei no Congresso.

Por todas essas razões, sinto-me comprometido com o “crédito educativo”.

O FIES não pode continuar.

O aluno das “Universidades públicas” também deve ter direito ao benefício para fazer jus a sua manutenção, sem prejuízo do financiamento das anuidades em faculdades particulares.

A volta do crédito educativo será uma tarefa do Congresso Nacional, a ser eleito em 2022.

Não nego, que gostaria de ajudar no retorno, ao modelo que era antes.

 

 

Dr Ney Lopes de Souza é advogado, professor titular da UFRN e ex-deputado federal

OPINIÃO

Português errado !

Por Renato Cunha Lima
O meu xará , Renato Russo, cantava assim a música “Meninas e Meninos” sem o tal “menines”:
“Eu canto em português errado
Acho que o imperfeito não participa do passado
Troco as pessoas
Troco os pronomes”
A turma do LGBTI+ não precisa usar o “todes” para conquistar respeito. O ex-professor de inglês Renato Manfredini Júnior, o roqueiro Renato Russo, não precisou ofender a língua portuguesa para amar e ser amado.
Nosso idioma é tão desrespeitado hoje em dia que deveríamos exaltar o 5 de maio, que é o dia internacional da língua portuguesa.
Seria um dia sem galicismos e anglicismos, sem estrangeirismos e sem essa aberração e invencionice de linguagem neutra.  Um dia para Olavo Bilac, Augusto dos Anjos, Cora Coralina, Fernando Pessoa e outros tantos conhecidos e anônimos que bem usaram e usam, sem abusar do idioma de Camões.
Tudo bem que o importante é se comunicar, mas o idioma é a identidade cultural maior de um povo e merece respeito. Até hoje não entendo a substituição do termo “entrega a domicílio”, pela palavra inglesa “delivery”. É mais bonito?
Com fome do bom português, resolvi substituir os estrangeirismos:
“Eu não sou nada light, nem gosto de fitness. Vou tomar um drink, que está gelando no freezer do meu flat e no app do smartphone, vou pedir um hot dog.”
E assim ficou:
“Eu não sou nada leve e nem gosto de ginástica. Vou tomar uma bebida que está gelando no congelador do meu apartamento e no aplicativo do celular, vou pedir um cachorro-quente”.
A língua é viva, quem a mata é a ignorância e cada qual com sua ignorância.
O inesquecível Ariano Suassuna contou que um sociólogo apareceu em Taperoá para avaliar o nível de conhecimento das pessoas e na feira livre questionou um peixeiro: “Sabe quem é o presidente dos Estados Unidos?” Peixeiro: “Não sei, não senhor.” O sociólogo: “E a cotação do dólar?” O peixeiro: “Não sei o que é dólar, nem muito menos cotação.” O sociólogo: “Então, o senhor é um ignorante!”
O peixeiro então pegou uma traíra e indagou: “O senhor sabe que peixe é este?” O sociólogo: “Não, desconheço.” O peixeiro pegou um curimatã: “E este?” O sociólogo: “Não.” O peixeiro, pegando uma tilápia: “E este aqui?” O sociólogo: “Também, não.”
O peixeiro, guardando seus peixes, finalizou: “Pois é, doutor, cada qual com sua ignorância…”
Aproveitando este causo, outro dia perguntei para um vaqueiro semianalfabeto se ele era um doutor, logo depois que ele velozmente abateu e limpou um carneiro, com uma habilidade incrível com a faca. Ele me respondeu com a faca na mão, que sim: “Naquilo que sei fazer, eu sou doutor”.
O novo imortal da Academia Brasileira de Letras, Gilberto Gil, que chega agora para a cadeira antes ocupada pelo saudoso potiguar Murilo Melo Filho, tem uma composição extraordinária de nome metáfora, que num trecho diz:
“Deixe a meta do poeta, não discuta
Deixe a sua meta fora da disputa
Meta dentro e fora, lata absoluta
Deixe-a simplesmente metáfora”
Portanto, quem sou eu para dizer se cabe ou não Gilberto Gil como imortal da academia? Outro dia o Bob Dylan ganhou o Nobel de literatura. Não é uma surpresa, acho até mais válido que a eleição da atriz Fernanda Montenegro. O que sei, que na música, Gil já era um doutor e imortal e quem não gostou: Aquele abraço!
Aproveito e estendo o merecido abraço, sem embaraço algum, com minhas salvas de palmas para o extraordinário orador potiguar e também romancista Geraldo Melo,  novo integrante da Academia Norte-rio-grandense de Letras.
 — Doutor Geraldo, o tamborete ficou mais alto.

Renato Cunha Lima é administrador de empresas, empresário e escritor

 

OPINIÃO

RN Caloteiro

Por Cleano Barreto
Mais de 1.000(mil) cirurgias eletivas deixaram de ser executadas pelos SUS.
Detalhe: O Governo Federal está RIGOROSAMENTE EM DIA com os repasses das verbas da saúde para o Estado do Rio Grande do Norte que, consequentemente, deveria também estar em dia com os repasses aos municípios!!!
Com sucessivos atrasos, os municípios não tem dinheiro para o custeio da saúde, nem para pagar as cooperativas médicas que, por sua vez, se recusam a realizar os procedimentos médicos sem que as dívidas atrasadas sejam quitadas.
O montante atrasado de verbas da saúde pelo Governo do RN aos municípios, ultrapassa os R$ 100 milhões.
O Hospital do Câncer de Mossoró fez uma paralisação de advertência nos atendimentos, no mês passado, devido os constantes atrasos de pagamentos do Governo do RN. Houve um acordo e mantiveram os atendimentos.
Perguntinhas:
1) Onde foram parar as verbas da saúde, enviadas mensalmente pelo Governo Federal para serem repassadas aos municípios???
2) É legal o Governo do RN receber as verbas Federais para custeio da saúde e não as repassar aos gestores executivos do SUS: Os municípios???
Não há penalidades???
No meio desse mar de incompetência e má fé, está a população carente que precisa do SUS para procedimentos diversos, cirurgias, internações, inclusive para tratamento de doenças crônicas complexas, letais, como o lúpus, câncer…
Resposta do Governo do RN: “Reconhecemos os atrasos dos repasses aos municípios, não há prazo para quitação dos mesmos.
Já iniciamos conversações com as cooperativas médicas e hospitais, sobre as dívidas em atraso…”
Ou seja, o Governo do RN vai enchendo linguiça e empurrando com a barriga, a população que se lasque!!!!!
Cleano Barreto é administrador de empresas e empresário
OPINIÃO

Prova de fogo para a “Terceira Via”

Por Ney Lopes de Souza

A tramitação da PEC dos precatórios no senado será prova de fogo para a viabilização como “terceira via legítima” da candidatura do senador Rodrigo Pacheco à presidência.

Caso ele seja cooptado por aqueles que se opõem a mudança constitucional estará inviabilizando o pagamento do auxílio mensal de R$ 400 reais aos excluídos sociais, sobretudo do Nordeste.

Em tais circunstancias perderá fôlego para decolagem do seu nome.

A quebra do teto de despesas pública não é novidade brasileira. Ocorreu no Reino Unidos, Estados Unidos, França e vários países, não por irresponsabilidade fiscal, mas pelo aumento das carências sociais.

Sabe-se, que o pagamento do precatório é sagrado. Trata-se de ordem judicial que deve ser respeitada.

Porém, não impede ajustes à realidade de calamidade pública, que atravessa o país.

Os mais necessitados, com precatórios até 600 mil reais, receberão à vista.

O parcelamento será apenas para os precatórios de bancos e grandes empresas, inclusive os especuladores que com deságio de 40% adquirem esses créditos e fazem “lobbie” para receber na “boca” do cofre do Tesouro Nacional.

Na condição de presidente do Senado, ajudar na aprovação da PEC será prova do espírito público do senador Rodrigo Pacheco, independentemente de sua vinculação ao presidente da República.

Pior do que tentar evitar que Bolsonaro politicamente  se beneficie com essa  proposta, seria rejeitá-la e deixar ao relento milhões de miseráveis.

Note-se que, embora o PT tenha votado contra na Câmara, Lula se mantém em silêncio e não contesta a medida de emergência.

Na eleição presidencial de 2022 prevalecerá o discurso consistente, com propostas verdadeiras nas áreas política, econômica e social.

O senador Rodrigo Pacheco deve preocupar-se com a mensagem objetiva a ser oferecida ao povo brasileiro, que começaria com o gesto altivo de não prejudicar a nação por eventuais desacordos com o presidente Bolsonaro.

Com certeza, o verdadeiro eleitor da “terceira via” irá aplaudi-lo, por ser contra a  radicalização inconsequente da política,

A prioridade social do momento deve superar as divergências políticas e convergir para o atendimento das demandas coletivas daqueles que estão excluídos na sociedade.

Isto se chama ajudar a construir a paz social.

 

Dr Ney Lopes de Souza é advogado, professor titular da UFRN e ex-deputado federal

OPINIÃO

Chuva de Bala !

Por Renato Cunha Lima

 

No sincretismo religioso brasileiro, que associa a crença nos orixás aos santos católicos, um dos mais tradicionais é o costume umbandista de presentear com doces, balas e guloseimas as crianças no dia de São Cosme e Damião.

Os orixás Ibejis, filhos de Xangô e Iansã e denominados protetores das crianças, foram associados aos santos gêmeos Cosme e Damião, que ficaram conhecidos em vida por prestar assistência médica aos pobres e aos animais sem custo.

Na fé católica, Cosme e Damião são conhecidos como protetores dos médicos, enfermeiros e farmacêuticos, mas ganhou a fama no sincretismo religioso de protetores das crianças.

Dito isto, tenho a crença que foram os santos gêmeos que protegeram as crianças uruguaias vítimas de uma chuva de balas, não de doces e guloseimas, mas de balas desferidas por pistola e revólver.

Neste caso não é necessário ser devoto de qualquer religião ou mesmo de alguma
ideologia para constatar a intenção assassina que deixaram marcas de 10 balaços na residência dos adolescentes uruguaios.

Entretanto, o atirador, o tal Ivênio Hermes, que dizem que surtou, que baixou um santo ruim, tem proteção, pense num homem protegido. Depois do “bang bang” sequer foi algemado e conduzido numa viatura policial para a delegacia, o “bacana” chegou em carro particular com celular na mão.

Na delegacia, mesmo depois de invadir uma residência e desferir 10 tiros contra crianças, o então coordenador da Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Norte, conseguiu o “milagre” de ser indiciado apenas por ameaça e disparos de armas de fogo. Que beleza!

Depois a sociedade ficou sabendo, através da imprensa, que o dito cujo, o homem das estatísticas criminais é aposentado por invalidez da Polícia Rodoviária Federal por questões psiquiátricas.

Alguém me diz o nome santo para o milagre do Ivênio Hermes ter assumido um cargo na segurança pública potiguar? Opa, nem arma ele poderia ter mais, pois um dos pré-requisitos é exatamente a sanidade mental.

O abençoado do Ivênio Hermes tem muitos outros santos protetores, até o Ministério Público que costuma ser tigrão com muita gente, acabou sendo tchutchuca, na prática pareceu defensoria pública quando defendeu a redução do valor fiança para sua soltura.

Por sua vez, as vítimas, os adolescentes ficam à mercê do infortúnio de ter um vizinho “doido”, livre e solto, a lhes ameaçar. Nada o poder público fez para protegê-los. Os meninos só podem contar com a proteção divina e a intercessão de Cosme e Damião.

Só digo uma coisa para os adolescentes, caso queiram traquinar outra vez e apertar campainhas de residências, escolham a minha e serão recebidos com balas, as doces e azedinhas. Quem não foi traquino não teve infância, antes toda molecagem fosse inocente assim. A molecagem que incomoda não é essa.

 

Renato Cunha Lima é administrador de empresas, empresário e escritor

 

OPINIÃO

“A política e o STF”

Por Ney Lopes de Souza

Observa-se no Brasil de forma crescente a judicialização da política, que consiste no uso crescente do judiciário pela classe política, a fim de gerar protesto e mobilização em torno de interesses específicos.

Não se nega a condição do STF de “guardião da Constituição” e que ninguém pode ser vedado de recorrer à justiça.

Porém, a judicialização frequente, e quase rotineira, leva ao aumento da influência e ação do poder Judiciário nas questões político-sociais.

Juristas entendem que, a judicialização pode ser definida tanto pela propagação da ação e da influência do Judiciário na função dos demais poderes, como também pelo aumento na quantidade de processos judiciais realizados.

Cabe destacar que o princípio da separação de poderes se tornou um dogma constitucional, desde o século XIX.

Por isso, mesmo com a existência visível de novas formas de poder, a tripartição de poderes de Montesquieu ainda é tão protegida e priorizada pelos Estados Constitucionais.

Conforme o Artigo 60, §4º, inciso III, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, a abolição da separação dos poderes não é possível.

Segundo Montesquieu, todo Estado deveria ter sua divisão baseada nas três funções estatais básicas, sendo elas: legislar, governar e julgar.

O Legislativo seria responsável pela criação das leis, bem como o poder de derrogar as leis criadas no passado, a partir do momento que se torna necessária  uma atualização.

O Judiciário tem a competência de julgar e prezar pela aplicação e obediência à justiça.

Ultimamente existiram situações curiosas.

Um exemplo de judicialização foram os recentes pedidos formulados por parlamentares e partidos políticos, que pediam a anulação da votação da PEC (proposta de Emenda à Constituição) dos Precatórios.

Em liminar, a ministra Rosa Weber decidiu corretamente, que as características da votação da PEC são de “índole interna corporis, insuscetível de análise por meio da via do mandado de segurança”.

Ou seja, as condições da votação são de competência interna da Câmara dos Deputados.

Unanime o entendimento de que o pagamento do precatório é sagrado.

Todavia, num momento de crise social há que ser entendida a necessidade de parcelar o resgate dos precatórios de maior valor, pertencentes a grandes empresas, bancos e pagar integralmente aqueles de menor valor.

Boa ou ruim a matéria foi aprovada pela Câmara dos Deputados.

Se o STF interferisse, estaria caracterizado um superpoder.

Nesse fenômeno da judicialização atual do Brasil, a maior parcela de culpa é da classe política, que coloca seus interesses e conflitos pessoais acima do respeito à Constituição e busca proteção no STF, que é obrigado a pronunciar-se.

A classe política deve abrir os olhos e somente recorrer ao judiciário quando evidente a necessidade.

De outro lado, o STF terá que basear-se em critérios exclusivamente técnicos, com prudência e moderação, para evitar a manipulação pelos interesses político-partidários.

Tais comportamentos favorecerão a paz nacional.

 

Dr Ney Lopes de Souza é advogado, professor titular da UFRN e ex-deputado federal

OPINIÃO

Não foi apenas um ato de mera hipocrisia

Por Maurício Pandolphi

O caso do Coordenador de Análises Criminais da Secretaria de Segurança do RN, que invadiu a casa de um vizinho de arma em punho e por pouco não gerou uma tragédia é sintomático do momento peculiar que vivemos hoje no Brasil.

O sujeito defendia publicamente o desarmamento dos outros mas guardava a própria arma em casa e não hesitou em utiliza-la, por conta de uma banal brincadeira de crianças.

Foi uma típica ação – ainda que tresloucada, excepcional e momentaneamente insana, como já acenam alguns em sua defesa – praticada por um daqueles que se julgam donos de todas as verdades e parte de um grupo de iluminados e privilegiados, os mesmos que se acreditam acima de qualquer suspeita e, como tal, detentores do direito incontestável de determinar como e por quem a sociedade deve ser conduzida.

Lamentável. Que se faça justiça, segundo uma constituição que afirma serem todos iguais perante a lei.

 

Maurício Pandolphi é Jornalista e professor da UFRN 

OPINIÃO

Onde está o crime de Maurício ? Não há lei nem decisão do STF que obrigue a gostar do Superman Gay

 

Por J R Guzzo

 

 

O linchamento moral e profissional do atleta Maurício Luiz de Souza, medalhista de ouro da seleção olímpica brasileira de vôlei, é um novo marco na história, cada vez mais violenta, da repressão às liberdades no Brasil por parte do condomínio que se diz “identitário” – a mistura de grupos que monopoliza os “movimentos” homossexuais, negros, feministas e indígenas neste país. É o DOI-Codi, ou a polícia política da ditadura, no Brasil de hoje. A partir de agora, pela decisão dos controladores deste mecanismo, os brasileiros que entrarem em sua lista negra, por qualquer razão que seja, serão punidos com a perda de emprego – uma agressão inédita a um dos direitos mais elementares do cidadão. Não basta mais, para as milícias “identitárias”, envenenar em público a reputação das vítimas. É preciso, também, tirar o seu sustento.

Não tinha acontecido nada de semelhante até agora – não com uma personalidade conhecida pelo público como é Maurício Souza. A mensagem que os proprietários dos “movimentos” citados acima estão mandando é a seguinte: “Ninguém mais está seguro no seu emprego. Somos nós que damos as ordens nos departamentos de R.H. e de marketing de um número cada vez maior de empresas privadas. Se você fizer alguma coisa, qualquer coisa, que a gente não goste, estará no olho da rua. Aliás: não precisa fazer nada – basta dar uma opinião que a nossa polícia considere homofóbica, racista, machista, etc. que a punição virá na hora. Você não tem direito à defesa, nem antes e nem depois da demissão”. O próximo passo, que na verdade já vem sendo ensaiado, será jogar os inimigos na cadeia, por conta das crescentes exigências de “criminalização” da homofobia ou do racismo. Repressão sempre exige mais repressão – nunca é o contrário. É inevitável, simplesmente, que ocorra em todos os sistemas que funcionam aplicando os métodos das tiranias. “Demissão”, “proibição”, “cassação”, “criminalização”, “prisão” – é essa a linguagem que eles gostam, e que estão usando cada vez mais no Brasil.

Fiat e Gerdau fizeram uma chantagem explícita para que o atleta fosse demitido

Exagero? O que aconteceu com Maurício, na vida real, é a melhor prova de que pouca coisa que se diz sobre a repressão “identitária”, hoje em dia, é algum exagero. Quem poderia acreditar, antes do episódio, que uma história dessas seria possível? Mas foi. Os fatos não deixam nenhum tipo de dúvida. Como milhões de pessoas ficaram sabendo, a Fiat e a Gerdau, patrocinadoras do Minas Tênis Clube, fizeram uma chantagem explícita para que o atleta fosse demitido; ou isso, ou então elas cortariam as verbas que mantêm a equipe. O Minas aceitou – e Mauricio foi desligado. (O técnico da seleção brasileira de vôlei apareceu para executar os feridos depois de acabada a batalha; aproveitou o clima e cortou o atleta do time. É mais um herói das lutas “identitárias”.) Locutores de rádio e de televisão, na segurança habitual dos departamentos de esporte – onde se pode fazer discurso político sem correr risco nenhum – se juntaram ao linchamento.

A acusação contra o atleta foi “homofobia”. Muito bem: qual foi então, concretamente, a ação homofóbica praticada por ele? Sem um ato objetivo não pode haver culpa ou responsabilidade, não é mesmo? Pois aí é que está: Mauricio não fez nada que possa ser descrito, mesmo pelo militante mais radical do Ministério Público, como ato, gesto ou simples pensamento homofóbico. Tudo o que ele fez foi dizer que não gostou do novo Superman gay; também disse que homens biológicos não deveriam jogar em times femininos de basquete, e que desaprova a ideia da Rede Globo de fazer uma novela com “linguagem neutra”. (Aquela coisa de falar “ile”, “alune” e outras bobagens.) Onde está, em qualquer dessas três coisas, o delito de homofobia? Não há nenhuma lei sobre homofobia, nem decisões do Supremo a respeito, dizendo que é obrigatório gostar de algum personagem de gibi, de qualquer “gênero” – ou, contrariamente, que é proibido desgostar do Superman gay. Da mesma forma: onde está escrito que é crime, ou contravenção, ou falha de ordem moral, não gostar de “linguagem neutra”? É absolutamente lícito, enfim, manifestar-se sobre a presença, em equipes esportivas femininas, de homens que passaram por cirurgias e se apresentam como “transgêneros”. Há gente que é contra. Há gente que é a favor. Maurício é contra – trata-se de sua opinião pessoal, unicamente isso, como qualquer outra. Onde está o crime?

É raro armar-se uma acusação tão desprovida de qualquer fundamento, ou tão sem pé nem cabeça, como a denúncia de que Maurício de Souza cometeu atos de homofobia em alguma das suas manifestações públicas. Mas é essa, justamente, a nova marca do “movimento gay” – pouco importa se a acusação é justificada ou não, e menos ainda importam os fatos; o que interessa, hoje e cada vez mais, é criar uma atmosfera de terror em torno da questão “identitária”. Já não se trata mais de fazer propaganda contra a homofobia, ou as atitudes de discriminação – trata-se de intimidar ativamente quem não participa do “movimento gay” e seus similares. Não basta respeitar o homossexual como ser humano e cidadão; é indispensável, também, concordar com a visão de mundo do “movimento”, com as suas iniciativas e com as suas prioridades a cada momento. Os homossexuais, obviamente, não têm nada a ver com isso – como não têm os negros, as mulheres ou os índios. Em sua imensa maioria, estão cuidando de suas próprias vidas, trabalhando, indo atrás dos seus projetos pessoais e pagando imposto. Quem fala por eles exige coisas que não estão pedindo e comete violências em seu nome – como a que está sendo praticada contra Maurício – são indivíduos que sequestram em seu próprio benefício a causa do “gênero”. Eles controlam a direção (e as verbas) dos movimentos “identitários”. Estabelecem o que pode e o que não pode. Têm presença decisiva nas empresas, na mídia e na máquina do estado. Fiat e Gerdau, na verdade, nem são militantes ativas da nova ordem. Como tantas outras empresas, terceirizam todas as suas questões de “sociedade” – homofobia, racismo, direitos das “mulheres”, “sustentabilidade”, defesa da democracia, alimentação orgânica e salvação do planeta – a escritórios de marketing e a agências de correção política, que suspostamente sabem o que é certo e errado sobre os assuntos relacionados acima e todos os outros. A partir dessa fuga, seus diretores passam a obedecer a ordens. É um ambiente perfeito para a covardia de rebanho, como no caso de Fiat e Gerdau. É, também, muito mais seguro para os seus executivos.

O fato é que com a degeneração dos movimentos contra a discriminação, os preconceitos e a desigualdade, está sendo criada uma situação que poderia ser descrita como a “nova injustiça”. Como aceitar, perante a lei brasileira e todo o seu aparato gigante de proteção ao trabalhador, que um cidadão seja demitido do seu emprego por ter dado uma opinião? (Não acontecia isso desde o AI-5 – e, assim mesmo, naquela época a pessoa com a opinião política errada perdia o seu ganha-pão de maneira mais discreta; os perseguidores, então, tinham mais vergonha daquilo que faziam.) Quem terá coragem, agora, de dar um lugar para Maurício num time de vôlei? Também é incompreensível que se exija a punição da vítima. O atleta foi alvo, pelo menos, do crime de calúnia, segundo está escrito no artigo 138 do Código Penal Brasileiro. Ele foi acusado publicamente de um crime que não cometeu, o de homofobia – e a lei diz que imputar falsamente a alguém um fato definido como crime é calúnia. O atleta não é réu, como querem o “movimento” gay e os seus servidores; ao contrário, é vítima. Como é que fica, então? (Há 25 dias, desde 12 de outubro, quando expressou nas redes sociais sua opinião sobre a bissexualidade do filho do Superman, o Ministério Público ainda não acusou Maurício de crime nenhum.) O mundo “identitário” está agindo com os mesmos métodos operacionais das tiranias. É esta a sociedade que os seus comandantes querem no Brasil.

 

Deu na Jovem Pan News

 

OPINIÃO

Marília rima com Família !

Por Renato Cunha Lima

Toda “sexta” deveria caber somente coisas boas, mas o “sextou” de ontem entristeceu o Brasil, enlutou todo o pessoal da música sertaneja e deixou desolado amigos e familiares das vítimas do acidente aéreo, que dentre os passageiros, vitimou a carismática cantora Marília Mendonça.

Com perplexidade recebemos as primeiras notícias do acidente aéreo que ocorreu em Caratinga, Minas Gerais. As primeiras notícias eram esperançosas, com notícias de sobreviventes.

Com a demora de novas notícias e com as imagens dos bombeiros em ritmo cauteloso, invés da reação frenética e natural de retirar e socorrer as vítimas da fuselagem logo o que pensei se confirmou, não houve infelizmente sobreviventes.

Que tragédia!! Não corri para comentar ou ler postagens nas redes sociais, foram raros os grupos de WhatsApp que troquei alguma mensagem e na verdade minha vontade foi de correr para casa e beijar meus filhos.

Existe uma música incrível do Elton John, Rocket Man, que trata da pessoa que precisa viajar a trabalho e passar muito tempo fora de casa.

“Ela fez minhas malas, noite passada, antes do voo
Hora do lançamento: 9 da manhã
E eu estarei tão alto
Quanto uma pipa quando chegar lá”

Não é só de glamour que vive os artistas e profissionais envolvidos no “show business”, são muitas viagens e noites em hotéis diferentes e vários dias longe de casa, ainda mais para o pessoal da música sertaneja.

O sertanejo e variações reúnem os artistas que mais trabalham, que mais produzem, quem mais faturam e notadamente os que mais se arriscam em voos fretados. Alguns artistas, inclusive, já são possuidores de aeronaves.

Os artistas, cantores e cantoras, são empresas que empregam uma série de profissionais. Existe todo um cuidado, como sempre deve existir mais e mais com a agenda e a logística, mas não há como controlar o imponderável.

Muito triste o que aconteceu com Marília e demais vítimas, exatamente quando os eventos estão voltando depois dessa hecatombe da pandemia, uma tragédia comovente que nos chega quando buscamos esperança para retomar a vida normal.

Viver é um risco! Costumo dizer que a vida é incurável e ninguém escapa dela com vida. Estamos sujeitos infelizmente ao acaso do destino e aos desígnios divinos.

O que nos faz pensar que devemos valorizar o agora, o presente de Deus. Não podemos simplesmente deixar se esvair a areia da ampulheta da vida entre os dedos! — Que Jesus nos guarde e nos abençoe!

Marília rima com família, por conta dela, em todas as casas brasileiras, as pessoas estão consternadas, tristes e reflexivas. O poeta já disse que a vida é uma belezura e que vale mais pela largura, que pelo comprimento e a largura da brevíssima vida da jovem cantora merece aplausos, só fez o bem.

Vamos superar, só não vamos esquecer. É mais que uma “sofrência”, tem saudade, tem lamento, mas tem agradecimento, tem resiliência e fé. Quem sabe cantando, os males espantamos….

 

Renato Cunha Lima é administrador de empresas, empresário e escritor