China financia mais de 100 sites de notícias para espalhar propaganda comunista

 

Um recente estudo conduzido pelo Citizen Lab, divulgado em fevereiro, oriundo de um centro de pesquisa sediado na Universidade de Toronto, no Canadá, revelou a existência de uma rede operada a partir da China, responsável por administrar mais de 100 sites de notícias locais em cerca de 30 países, incluindo o Brasil.

Esses sites, de acordo com o estudo intitulado “Paperwall: sites chineses disfarçados de mídia local miram audiências globais com conteúdo pró-Pequim”, tinham como propósito disseminar desinformação e realizar ataques pessoais contra opositores do regime comunista.

A pesquisa detalha como essa campanha utiliza técnicas de engenharia social e manipulação de conteúdo para influenciar a opinião pública em relação a temas sensíveis para Pequim, como a origem da Covid-19, a situação em Hong Kong e Taiwan, e as críticas ao autoritarismo do Partido Comunista Chinês (PCCh).

A investigação foi iniciada após uma reportagem do jornal italiano Il Foglio ter revelado a presença de seis sites de notícias locais utilizados para espalhar propaganda chinesa na Itália. Estes sites não estavam devidamente registrados como veículos de comunicação, conforme exigido pela legislação italiana. Antes disso, em novembro do ano passado, o governo sul-coreano também havia divulgado um relatório identificando 18 sites de notícias locais envolvidos na promoção significativa de propaganda pró-Pequim.

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Na imagem, os ditadores chineses Xi Jinping, atual líder do país, e Mao Tsé-Tung, que morreu em 1976 | Imagem: Greg Baker (Flickr)

O estudo do Citizen Lab identificou um total de 123 sites de notícias locais aparentemente autônomos, distribuídos em 30 países diferentes. No entanto, nenhum desses mais de 100 sites era verdadeiramente independente, como se faziam parecer. Todos eram controlados por uma empresa de relações públicas com sede em Shenzhen, na China, conhecida como Shenzhen Haimaiyunxiang Media Co., Ltd., ou apenas Haimai.

Esses sites, agrupados na rede Paperwall, publicavam uma mistura de conteúdo copiado de fontes legítimas das mídias locais dos países onde estavam hospedados, juntamente com comunicados de imprensa comerciais e conteúdo político alinhado com as visões de Pequim. Eles frequentemente veiculavam ataques pessoais contra indivíduos considerados hostis pelo regime chinês, como a virologista Li-Meng Yan e Li Hongzhi, fundador do movimento Falun Gong.

Os sites também reproduziam artigos de mídia estatal chinesa, como CGTN e Global Times, e propagavam teorias da conspiração sobre a Covid-19 e eventos políticos em Hong Kong, entre outros assuntos. Alguns até mesmo espalhavam notícias controversas alegando que os Estados Unidos estavam envolvidos na criação e disseminação do coronavírus.

A sondagem identificou sete sites direcionados ao público brasileiro, hospedados no Brasil e frequentemente usando nomes de cidades ou estados nacionais em seus domínios, como “brasilindustry.com” ou “goiasmine.com”.

A informação é do jornal Gazeta do Povo.

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