O eleitor brasileiro estará, em outubro, na mesma posição das pessoas que estavam no julgamento de Jesus Cristo feito por Pôncio Pilatos: terá que escolher entre o Messias e o Barrabás dos tempos modernos. Passados mais de 2 mil anos, parece até fácil a escolha, mas por diversos motivos que citaremos a seguir, não é. Muitos brasileiros, por falta de informação, desconhecimento da realidade política, inocência, ignorância, fixação em uma ideologia ilusória, entre outros, votarão no ladrão.
Este é um retrato histórico importante para entendermos melhor como são tomadas as nossas decisões no dia a dia, desde as mais comuns, até as mais complexas. Apesar de a inteligência ser um diferencial entre os humanos e os animais, ela apenas se desenvolve a partir das informações que vão sendo adquiridas durante a vida, somadas a percepção dessas informações.
Algo que poderia ser muito claro, previsível e transparente para alguns, pode ser duvidoso, irrelevante ou fantasioso para outros. A inteligência não é igual em todos os humanos, é uma variável dependente da realidade de seu mundo. Barrabás era um ladrão para aqueles que decidiram por sua liberdade? Sim, as pessoas sabiam e preferiram o ladrão. Hoje as pessoas sabem que Lula é um ladrão? Sim, sabem, mas este detalhe não pesa na decisão de seus adeptos.
Bom observar que a decisão de estar no lado errado não conclui o processo. Para estas pessoas é preciso justificar. Jesus era o maluco da hora, se arvorava em dizer que era o filho de Deus, queria ser o bonzinho, perdoando todo mundo, não tinha ódio a nenhum povo, raça ou gênero, andava com prostitutas, cobradores de impostos e doentes.
A decisão pessoal e suas justificativas acabam sendo reveladoras do pensamento, caráter e comportamento de cada eleitor. Identificar-se com seu escolhido é o principal fator a pesar nesta escolha. Por isto, uma decisão que parece ser fácil, tornar-se complexa, como é a própria vida. Em outubro, o povo brasileiro decidirá, no voto, quem é ele mesmo.
Sérgio Levy é Jornalista