“Turista quer ser bem tratado”

Por Nelson Melo

O potencial do mercado do turismo no Brasil é tão grande, que, se fosse incentivado e explorado profissionalmente, teria condições de gerar tantos bons negócios, que acabaria com a pobreza no país. O brasileiro é criativo, empreendedor e gosta de trabalhar, principalmente quando é estimulado pelos ganhos financeiros, pois, por mais comunista que seja o cidadão, todos gostamos de ganhar dinheiro e usá-lo para nos satisfazer. Quem negar estará mentindo.

Quantas opções de negócios temos aqui no nosso grande Rio do Norte, que deixam empreendedores da área do turismo salivando, mas não acontecem? Incontáveis!

Não nos faltam boas atrações, mas falta salubridade nos ambientes oferecidos aos visitantes. A má qualidade e subdesenvolvimento dos lugares de turismo está na crua realidade de que vivemos dentro de uma Cortina de Ferro Econômica, formatada para atrapalhar, dificultar e desencorajar. É uma infindável lista de barreiras legais, que torna difícil empreender. Enfrentar essa barreira é tão desafiador, que só os grandes sonhadores enfrentam. Infelizmente, o Estado, a entidade reguladora e responsável pelo bem estar da sociedade, é o grande vilão do insucesso do empreendedorismo como um todo. Seus programas de incentivo não funcionam num Estado confiscador.

Turismo é coisa séria, necessária, essencial para o equilíbrio emocional da população. Tirar férias é um direito absoluto a todo trabalhador e o turismo é o veículo que proporciona o prazer, a alegria e as boas lembranças do descanso anual, e qualidade é essencial, desde o charme ao atendimento, pois é isso que o turista quer comprar. Ele é exigente e paga para ser feliz, pois ralou um ano para ser rei por alguns dias. A nossa estrela quer tapete vermelho. Lembram das ilhas do Pacífico recebendo seus visitantes, no aeroporto, com colares de flores? É por aí!

Voltando ao nosso potencial, não custa lembrar que para um negócio ter sucesso e ganhar dinheiro, a principal preocupação é satisfazer da melhor forma possível, o cliente. O objetivo de qualquer negócio é ser lucrativo, óbvio, pois todo esforço deve ser remunerado e, para isso, seu produto precisa atrair quem vai pagar por ele.

Exemplos de descuido e desrespeito às regras elementares encontramos em todo lugar, principalmente nas praias do Estado.

As notícias informam que Ponta Negra vai ganhar uns quilinhos, entrar num regime de engorda, que vão empurrar a água mais pra longe do calçadão e aumentar a parte de areia que não inunda com a maré cheia. Que se empurre o mar e se ganhe mais espaço para camelôs, barraqueiros e carrinhos com música estridente, o real objetivo dos políticos municipais. Afinal, cada camelô na orla rende muitos votos da sua numerosa família agradecida, e o bem estar do turista nem é levado em conta.

O descontrole da ocupação desenfreada e sem limites por ambulantes, além de empobrecer a paisagem e incomodar os frequentadores, debilita os comércios instalados nos imóveis da orla, haja vista que camelôs são concorrentes oportunistas que desrespeitam todas as regras tributárias, trabalhistas, sanitárias e urbanísticas que os comércios legais ali instalados são obrigados a cumprir, sob pena de ações pesadas. É uma concorrência desproporcional, desleal e, do ponto de vista legal, criminosa. Um ambiente turístico da envergadura de Ponta Negra, que poderia ser a orla mais bacana do mundo com um pouco de organização, está sendo vergonhosamente desperdiçado.

Exemplos como este se espalham por todo o território do RN, e, para o bem de todos, precisamos exigir que as regras sejam cumpridas e que tenhamos espaços públicos dignos dos príncipes que nos trazem riqueza em troca de descanso e boas lembranças.

 

Nelson Melo é advogado e empresário ecológico

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