Censura

Jornalista dos Twitter Files denuncia Jorge Messias por abuso de poder na OEA

 

Após ser incluído em uma petição de investigação do advogado-geral da União Jorge Messias endereçada ao ministro Alexandre de Moraes, o jornalista americano Michael Shellenberger declarou na quinta-feira (25) que está reagindo por meio de uma petição à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), que é parte da Organização dos Estados Americanos (OEA).

Messias vê no trabalho de Shellenberger nos Twitter Files Brasil, feito em parceria com a Gazeta do Povo e o jornalista brasileiro David Ágape, um suposto ilícito na publicação de documentos sigilosos. As fontes primárias das revelações, contudo, são todas emails internos de funcionários na maior parte brasileiros do Twitter comentando decisões sigilosas do TSE e do STF, além de outros trâmites como petições de CPIs à rede social.

Escrevendo em português no X (antigo Twitter), Shellenberger acusou a Polícia Federal, o Supremo Tribunal Federal e Messias de tentar “banir jornalistas e políticos independentes das plataformas de mídia social”.

O jornalista disse que sua petição, que é por uma medida cautelar, foi endereçada a Pedro Vaca Villarreal, relator especial para a liberdade de expressão da CIDH.

Detalhes da petição de medida cautelar à OEA

No campo de “informações adicionais” da petição, Shellenberger diz que está “em risco iminente de processo criminal pelo governo brasileiro por noticiar informações legais e verdadeiras”. Na lista de justificativas para o pedido, ele marcou “situação de risco no exercício da liberdade de expressão”, “condições precárias de privação da liberdade” e “risco de perda de laços familiares”. De próprio punho, o americano explicou que, além do risco de censura, também estão em risco sua “liberdade de viajar de forma segura para o Brasil” e sua “liberdade de associação no Brasil”.

Shellenberger relata que Alexandre de Moraes “instrumentalizou a Polícia Federal, inclusive contra mim, por publicar os Twitter Files no Brasil”. A PF não o ouviu, ele alega, e “em vez disso está espalhando desinformação a meu respeito”.

Ele se refere a um relatório produzido pela Polícia Federal, que motivou as petições de Messias e menciona os Twitter Files e, sem detalhar o motivo disso, até apresenta capturas de tela de personalidades como o senador Arthur Virgílio elogiando Elon Musk.

“O relatório põe destaque em mim e sugere que é de alguma forma suspeito que eu tenha somente uma assinatura paga no X, que é do [perfil do] Elon Musk”, explica o jornalista. “Mas não há nada suspeito nisso. Eu pago a Musk, não o contrário. E, como o relatório da Polícia nota, Musk ganha uma porcentagem dos fundos das pessoas que têm assinatura do meu conteúdo no X”.

Shellenberger reclama para a CIDH que Jorge Messias “sugeriu atividade ilegal”, “mas não mostrou que eu ou meus coautores Eli Vieira [editor da Gazeta do Povo] e David Ágape mentimos ou apresentamos informações incorretas ou ilegais nos Twitter Files Brasil”. Ele termina a seção de justificativa de sua petição rebatendo a alegação de Messias de que os arquivos conteriam documentos sigilosos, ou que as reportagens seriam uma tentativa de desestabilizar o Estado democrático de direito; além de citar as garantias da Constituição brasileira para jornalistas.

“O advogado-geral está abusando de seus poderes e agindo como legislador, usurpando o papel do Congresso do Brasil”, acusa Shellenberger na petição.

Informações da Gazeta do Povo

OPINIÃO

OPINIÃO: “Alexandre de Moraes é um autoritário brutal”

Por Michael Shellenberger

Ontem, um ministro do Supremo Tribunal Federal, que também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral, atacou com raiva o proprietário do X, Elon Musk. Em evento promovido pela Globo News, Alexandre de Moraes afirmou que Musk faz parte de uma vasta conspiração extremista global para minar a soberania e a democracia do Brasil. Ele alegou que Musk é um dos “irresponsáveis mercantilistas” que se “uniu” com “políticos brasileiros extremistas”.

Mas não há evidências de qualquer conspiração. Musk não sabia que eu iria publicar o Twitter Files Brasil. Nem os políticos brasileiros que reagiram à publicação. E muitos dos políticos e jornalistas que Alexandre de Moraes demoniza como “extremistas” são defensores dos direitos e garantias individuais, como a liberdade de expressão e o princípio da legalidade, incluindo o direito de criticar Alexandre de Moraes.
É verdade que algumas das pessoas que Alexandre de Moraes está censurando pediram intervenção militar no Brasil e fizeram afirmações infundadas sobre as eleições e sobre a pandemia, mas são uma minoria que não representa a sociedade brasileira. Não concordo com muitas das declarações feitas pelas pessoas que Moraes censurou.
Mas a liberdade de expressão não significa nada se não servir para proteger as pessoas e ideias das quais você discorda. Se não permitirmos que as pessoas critiquem a democracia, as eleições e as vacinas, como saberemos se eventualmente são boas ou ruins? Se as pessoas espalham informações falsas sobre a democracia, as eleições e as vacinas, a melhor forma de lidar com as informações falsas é com informações precisas e não com a censura.
O verdadeiro extremista que espalha desinformação aqui é Alexandre de Moraes. Se Elon Musk fosse motivado apenas por dinheiro, ele não teria enfrentado Alexandre de Moraes, o que resultou na suspensão de toda a publicidade no X feita pelo governo brasileiro, resultou na demissão do principal advogado do X no Brasil porque temia por sua segurança, e pode resultar no fechamento do X por ordem de Alexandre de Moraes.
Na verdade, é tudo muito pior do que isso. Não é possível ser político ou jornalista se você não tiver como se comunicar nas redes sociais. Dessa forma, Alexandre de Moraes não está apenas violando as proteções da Constituição brasileira à liberdade de expressão: ele está, também, atacando a liberdade de imprensa, destruindo carreiras e interferindo nas eleições.
Alexandre de Moraes agiu sozinho para inventar leis inteiramente novas. Ele está, portanto, interferindo e assumindo o papel do Congresso e do presidente, fragilizando a soberania popular. Isso significa que ele está se comportando como um ditador.
E, agora, Alexandre de Moraes instrumentalizou a Polícia Federal, inclusive contra mim, por eu ter publicado os arquivos do Twitter no Brasil. A Polícia Federal entregou dois relatórios a Alexandre de Moraes, um no dia 18 de abril e outro no dia 19 de abril. Os relatórios consistem em uma gigantesca teoria da conspiração, sugerindo ligações e relacionamentos que simplesmente não existem.
Os relatórios me colocam em destaque e sugerem que eu sou, de alguma forma, suspeito, apenas por eu ter pagado por uma assinatura no X, uma assinatura que é paga para Elon Musk. Mas não há nada de suspeito nisso. Eu que estou pagando a Musk, não o contrário! E, como observa o relatório da Polícia Federal, Elon Musk fica com uma porcentagem da receita das pessoas que assinam meu conteúdo no X.
E os relatórios afirmam que as pessoas que Alexandre de Moraes exigiu que fossem censuradas obtiveram acesso limitado para se comunicarem através do X, em particular no X Spaces, que permite conversas ao vivo.
Em outras palavras, Alexandre de Moraes está totalmente obcecado em silenciar seus inimigos. Não basta que o X tenha perfis bloqueados. Ele também não quer que essas pessoas possam usar as suas vozes.
Contribui, ainda, o fato de o governo brasileiro pagar diretamente à mídia de notícias​​ brasileira. O governo de Lula aumentou em 60% o financiamento governamental apenas para a Globo. A Globo é a maior empresa de comunicação do Brasil. Ela tem exigido mais censura e feito propaganda a favor de Moraes.
E o governo brasileiro parou de anunciar no X depois que Elon Musk se manifestou publicamente contra a censura.
Alexandre de Moraes é um autoritário brutal. A sua censura é tão perversa quanto qualquer censura imposta por qualquer outro governo ditador, a exemplo do que já aconteceu no passado brasileiro. Ele procura, como juiz, eliminar particularmente políticos e jornalistas da vida pública.
Esta não é a primeira vez que Moraes instrumentaliza a Polícia Federal. E ao chamar Elon Musk de mercantilista estrangeiro, Alexandre de Moraes está usando exatamente o mesmo tipo de retórica nacionalista que ele usou para acusar seus inimigos de utilizarem.
Por que Alexandre de Moraes tem tanto poder? No Brasil, as pessoas me disseram que isso acontece porque Moraes controla muitos processos judiciais envolvendo pessoas poderosas, principalmente políticos e outros juízes.
A solução é o Congresso brasileiro abrir uma investigação, conhecida como Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). Uma CPI pode investigar abusos de autoridade do Poder Judiciário, e é obviamente isso que está acontecendo no Brasil.
Com uma CPI, o Congresso do Brasil poderá obter acesso às comunicações entre a polícia e os juízes ou qualquer outra pessoa. Também pode ouvir as vítimas da censura. Poderá trazer luz aos milhares de casos sob sigilo. E poderá descobrir como as plataformas de redes sociais foram obrigadas a se submeter ou a colaborar com o regime, mesmo violando as leis brasileiras e a própria Constituição Federal.
Musk tomou medidas extraordinárias e históricas para proteger a liberdade de expressão. O mesmo aconteceu com o Congresso dos EUA. Agora é hora de o Congresso brasileiro agir contra o extremismo antidemocrático de Alexandre Moraes. E deve fazê-lo antes que o extremista Alexandre de Moraes comece a prender mais inimigos políticos, acabe com o X e, portanto, cerceie a liberdade de expressão no Brasil.
Michael Shellenberger é Jornalista
Mundo

Michael Shellenberger afirma que o TSE recebeu ajuda do FBI para trabalhar na censura do Brasil junto com policiais brasileiros; VEJA VÍDEO

Michael Shellenberger, o jornalista norte-americano responsável pelo Twitter Files Brazil, declarou nessa terça (9 de abril de 2024) ao site Poder360 que há outros arquivos a serem examinados e investigados em relação às demandas da Justiça brasileira dirigidas à antiga rede social X(anteriormente conhecida como Twitter). Essas demandas envolvem a liberação de dados pessoaise o bloqueio de perfis.

“Acredito que todo o material que tenha interesse público foi divulgado. Meus jornalistas parceiros acharam mais coisa. É possível que publiquem. Eu estava lendo com pressa, para publicar rapidamente quando chegasse ao Brasil. É possível, sim, que venha mais detalhes, mas a informação principal já foi publicada”, disse o jornalista.

Shellenberger também mencionou que o proprietário do X, Elon Musk, concedeu acesso a esses arquivos entre dezembro de 2022 e fevereiro de 2023. No entanto, ele acredita que o empresário tenha desanimado após verificar que a rede social não havia censurado informações relacionadas à covid.

“Houve muita demanda dentro dos Estados Unidos por informações [do Twitter Files] sobre a covid-19. Publicamos muitas coisas a partir disso. Mas, depois de descobrirmos que o Twitter não havia censurado as informações sobre a covid, ao contrário de outras plataformas, acredito que Elon Musk tenha desanimado e considerado que já havia publicado a parte mais relevante. Mas ainda tenho os arquivos no meu computador”, declarou.

Michael Shellenberger, o jornalista norte-americano por trás do Twitter Files Brazil, tornou público, na quarta-feira (3 de abril), uma série de e-mails trocados entre representantes da antiga rede social X (anteriormente conhecida como Twitter) no Brasil e nos Estados Unidos, durante o período de 2020 a 2022. Essa divulgação ocorreu antes de Elon Musk adquirir a empresa. Os funcionários mencionavam repetidos pedidos vindos tanto do Judiciário quanto do Congresso brasileiro, solicitando que a plataforma fornecesse dados pessoais de perfis presentes na rede social. Vale ressaltar que a empresa teria recusado parte dessas determinações.

Na quarta-feira, 3 de abril, o jornalista norte-americano Michael Shellenberger divulgou uma série de e-mails trocados entre funcionários do setor jurídico da antiga rede social X no Brasil, abrangendo o período de 2020 a 2022. Essas mensagens tratavam de solicitações e ordens judiciais relacionadas aos conteúdos dos usuários.

Os e-mails revelaram pedidos de várias instâncias do Judiciário brasileiro, nos quais se solicitava a divulgação de dados pessoais de usuários que utilizavam hashtags relacionadas ao processo eleitoral e à moderação de conteúdo.

Shellenberger fez críticas diretas ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, acusando-o de liderar uma ampla repressão à liberdade de expressão no Brasil. Segundo o jornalista, as decisões de Moraes, também presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ameaçam a democracia no país. Isso ocorre devido às intervenções solicitadas em publicações de membros do Congresso Nacional e à divulgação de dados pessoais de contas, o que vai contra as diretrizes da plataforma. Os autos dos processos mencionados permanecem sob sigilo.

O caso ficou conhecido como Twitter Files Brazil, em referência aos Twitter Files originalmente publicados em 2022, após a aquisição da X por Elon Musk em outubro daquele ano.

Na ocasião, Musk entregou materiais a jornalistas que evidenciavam como a rede social colaborou com as autoridades dos Estados Unidos durante as eleições de 2020. Essa colaboração resultou no bloqueio de usuários e na supressão de conteúdo relacionado ao filho do então candidato Joe Biden, que posteriormente foi eleito presidente.

Os arquivos publicados pelos jornalistas incluem trocas de e-mails que revelam, em certa medida, como o Twitter respondia aos pedidos dos governos em relação à política de publicação e remoção de conteúdo. Em alguns casos, a rede social acabava cedendo às solicitações.

No contexto brasileiro, Elon Musk não foi explicitamente apontado como a fonte que forneceu o material, mas o empresário fez críticas a Alexandre de Moraes ao longo desse período.

Deu no Poder 360