Notícias

Lula impõe sigilo em pareceres do Planalto sobre o Marco Temporal

Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

 

O governo Luiz Inácio Lula da Silva decidiu manter em sigilo pareceres sobre os vetos ao projeto de lei do marco temporal. A gestão federal alega que uma série de informações não devem vir a público porque podem comprometer a defesa do Poder Executivo junto ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Como mostramos, o Congresso derrubou o veto de Lula ao marco temporal e, por maioria, os parlamentares restituíram a validade de trecho do projeto que havia definido um limite para demarcação das terras indígenas.

“É necessária a garantia do sigilo das suas próprias manifestações [da AGU] quando ainda da análise de sanção e veto e das manifestações técnicas que subsidiaram as manifestações jurídicas, do contrário, corre-se o risco de que se utilizem, como já ocorreu, das manifestações prestadas pela AGU, bem como de manifestações técnicas que subsidiaram os pareceres jurídicos, para contraditar ela própria na ação de controle concentrado”, sustenta a Secretaria Especial para Assuntos Jurídicos (SAJ).

De acordo com a SAJ, fornecer as informações seria, na prática, violar os advogados da União envolvidos no debate interno do governo. É dito também que a fundamentação está garantida no respaldo do estatuto da advocacia, além de contar com a Controladoria Geral da União, que dá razão ao sigilo nesse tipo de caso.

Com base no texto aprovado pelo Legislativo na semana passada sobre o Marco Temporal, só podem ser demarcadas as reservas em áreas ocupadas por indígenas até a promulgação da Constituição de 1988.

O governo petista recorrerá, então, ao STF. A expectativa é de conseguir anular a derrubada do veto de Lula pelo Congresso.

Deu no Conexão Política

Notícias

MARCO TEMPORAL: Frente do Agro diz que vetos de Lula serão derrubados

 

A Frente Parlamentar do Agronegócio (FPA) afirmou que os vetos de Lula ao texto sobre o marco temporal para terras indígenas serão derrubados no Congresso Nacional.

A frente é composta por 303 deputados federais e 50 senadores.

Ao vetar alguns pontos, Lula disse que manteria as partes “que têm coerência com a Constituição”, disse o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha.

Veja a nota da FPA:

A Frente Parlamentar da Agropecuária, bancada temática e suprapartidária, constituída por 303 deputados federais e 50 senadores em exercício, informa que os vetos realizados pela Presidência da República à Lei do Marco Temporal serão objeto de derrubada em Sessão do Congresso Nacional, respeitados os princípios de representatividade das duas Casas Legislativas, com votos suficientes para a ação.

Deu no Diário do Poder

Notícias

Lula tem até hoje para decidir sobre Marco Temporal

 

Lula tem até esta sexta-feira (20) para decidir se vai vetar ou sancionar o texto sobre o marco temporal para terras indígenas que foi votado e aprovado pelo Congresso Nacional.

A proposta aprovada pelos parlamentares estabelece claramente a data de 5 de outubro de 1988, quando a Constituição Federal foi promulgada, como parâmetro de reivindicação das terras.

A expectativa é de que Lula vete ao menos trechos do projeto. Caso isto ocorra, os vetos serão apreciados pelo Congresso, que pode manter ou derrubar a decisão.

Deu no Diário do Poder

Notícias

Começou: indígenas invadem fazenda após decisão do STF sobre Marco Temporal

 

O deputado federal Pedro Lupion (PP-PR) denunciou em suas redes sociais, indígenas invadindo uma fazenda em Tamarana, norte do Paraná. Em publicação o deputado disse que avisou a frente parlamentar da agropecuária que “não reconhecer o Marco Temporal é um atentado ao direito de propriedade”.

Aproximadamente 300 indígenas da etnia Kaingang invadiram terras privadas em Tarana, nesta quinta-feira (28),  as lideranças indígenas argumentaram que houve erros na demarcação das terras, o que justificaria a invasão.

Os trabalhadores da fazenda disseram que vão continuar na propriedade que conta com dois silos, cinco casas de funcionários e duas garagens. Lupion alega que não reconhecer o Marco Temporal causará insegurança jurídica no campo.

De acordo com os funcionários da fazenda, os indígenas não os ameaçaram e nem agrediram. Entretanto, equipes da Polícia Militar e da Polícia Federal durante o dia. O comandante do 5º Batalhão, Marcos Tordoro, afirmou que ficarão no local até que a situação seja resolvida.

Os advogados dos proprietários da fazenda informaram que a área é altamente produtiva, comprada e registrada, e que vão entrar com um pedido de reintegração de posse na justiça.

Deu no Diário do Poder

Notícias

Lula sinaliza veto ao marco temporal, e Congresso diz estar pronto para invalidar ação presidencial

Brasília (DF), 13/02/2023 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante cerimônia de assinatura de decretos recriando o Programa Pró-Catador de materiais recicláveis.

 

O Palácio do Planalto já prepara medida de veto ao projeto de lei que institui o marco temporal para a demarcação de terras rurais, aprovado por ampla maioria no Congresso e com apoio de parte expressiva da base.

Lula (PT) deve barrar o texto na íntegra, de acordo com interlocutores do petista. A ação é uma forma de reagir o que, para a ala lulopetista, trata-se de gestão ofensa.

Como mostrou o Conexão Política, a norma endossada pelos senadores já havia sido aprovada pela Câmara no fim de maio. As duas Casas concordaram em dar aval ao marco temporal. No entanto, em atropelo ao Legislativo, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) formam maioria para derrubar as demarcações de terras rurais.

Caso o veto se concretize, o Conexão Política apurou que o Congresso irá revidar à altura. Parlamentares ouvidos por este jornal digital dizem que o Executivo levará ‘rasteira trocada’, sinalizando que o veto não terá poder algum, já que eles atuarão para invalidar a manobra presidencial.

Os congressistas dizem que manterão o texto aprovado por eles, já que possui representatividade popular e tem total atribuição sobre a legislação.

Ainda não há previsão de uma intervenção de Lula sobre o tema. Questionado sobre o assunto nesta quinta-feira (28), o mandatário não quis comentar.

Deu no Conexão Política

Notícias

Senado se impõe e aprova Marco Temporal; texto segue para sanção presidencial

 

O Plenário do Senado aprovou, nesta quarta-feira (27), o projeto que regulamenta os direitos originários indígenas sobre suas terras (PL 2.903/2023). Foram 43 votos a favor e 21 contrários.

Do ex-deputado Homero Pereira (1955-2013) e relatado pelo senador Marcos Rogério (PL-RO), o projeto segue agora para a sanção da Presidência da República. A matéria foi aprovada nessa manhã pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e enviada ao Plenário — onde foi aprovado um requerimento para o texto tramitar em regime de urgência.

Entre os principais pontos, o texto só permite demarcar novos territórios indígenas nos espaços que estavam ocupados por eles em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal — tese jurídica que ficou conhecida como marco temporal para demarcação de terras indígenas.

O projeto também prevê a exploração econômica das terras indígenas, inclusive em cooperação ou com contratação de não indígenas. A celebração de contratos nesses casos dependerá da aprovação da comunidade, da manutenção da posse da terra e da garantia de que as atividades realizadas gerem benefício para toda essa comunidade.

O relator defendeu o texto aprovado na CCJ, ao rejeitar as emendas apresentadas em Plenário. Marcos Rogério afirmou que o tema foi debatido de forma profunda e exaustiva. Segundo o senador, o projeto é uma oportunidade de devolver segurança jurídica ao Brasil do campo. Ele disse que hoje há um sentimento de insegurança e desconforto no meio rural, por conta da indefinição do limite para demarcação. Para o senador, a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em considerar o marco temporal como inconstitucional não vincula o Legislativo.

Deu no Diário do Poder

Notícias

Marco temporal: Agronegócio sustenta o Brasil e é quem de fato precisa ser ouvido

Marco temporal: Agronegócio sustenta o Brasil e é quem de fato precisa ser ouvido

 

O Brasil, que é reconhecido como uma das principais potências agrícolas globais, sustenta sua economia predominantemente por meio do setor agropecuário. O agro desempenha um papel crucial no fornecimento de alimentos em escala internacional, devido à extensão de suas áreas de cultivo, diversificação na produção e dedicação à inovação.

O setor agropecuário, em busca constante de aumento da produtividade, necessita, invariavelmente, de acesso a terras para fins de cultivo e criação de gado. No entanto, muitas vezes, as áreas reivindicadas por comunidades indígenas são consideradas estratégicas para esse propósito, resultando em conflitos de interesses. Sendo um dos maiores exportadores de produtos agrícolas no mundo, o Brasil é dependente da competitividade internacional e, obviamente, as restrições à expansão agrícola decorrentes das demarcações territoriais podem comprometer a sua posição no mercado global.

Além disso, há também outro fator que não pode deixar de ser mencionado, considerado e destacado: a infraestrutura de transporte no território brasileiro. Todas essas reivindicações que miram o agro podem também travar por completo o desenvolvimento de estradas e ferrovias no país, que desempenham um papel vital no escoamento da produção agrícola. Diversas áreas reivindicadas por indígenas estão estrategicamente localizadas em áreas de desenvolvimento do país e, não à toa, suscitam preocupações de ordem logística.

Em meio a tudo isso, líderes do setor agropecuário têm se movimentado para estabelecer um diálogo construtivo com as comunidades indígenas e, em paralelo, realizado uma série de consultas para encontrar soluções mutuamente vantajosas. É de interesse do agro que o desenvolvimento sustentável e a preservação ambiental andem lado a lado, como já tem sido até os dias atuais, mas que tudo isso ganha ainda mais protagonismo no país, ciente de que é, sim, possível coexistir harmonicamente.

O agro, apesar de ser alvo de constantes narrativas que buscam minar o setor e colocá-lo como um grande vilão, tem atuado em larga escala para sanar bloqueios que surgem, combinando conquistas econômicas com compromissos de preservação ambiental.

Atualmente, como o ‘marco temporal’ em vigor, as terras destinadas à agricultura no Brasil correspondem a 7,8% do território, enquanto as áreas indígenas abrangem cerca de 118 milhões de hectares, o que gera uma disparidade significativa. No entanto, a revogação desse marco poderia ampliar substancialmente as terras indígenas para quase 30% do território brasileiro, um desenvolvimento que prejudicaria consideravelmente tanto o setor agropecuário quanto a sociedade em geral.

Dados oficiais do governo mostram que o saldo da balança comercial atingiu um recorde de US$ 42.166,5 bilhões entre janeiro e junho de 2023. Esse montante coincide com a projeção de perdas anuais nas exportações do setor agropecuário —que gira em torno de uma estimativa aproximada— caso o marco temporal seja revogado.

No primeiro trimestre deste ano, a economia brasileira registrou um crescimento de 1,9%, impulsionado, em grande parte, pelo setor agropecuário, que apresentou um crescimento de 21,6%. Como mostram os dados fornecidos pelo IBGE, o agro tem sido consistentemente o principal propulsor do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Em outras palavras, o Brasil depende do agro, visto que o agro é quem carrega o país nas costas.

Dentro do Congresso Nacional, o projeto que fixa o marco temporal foi aprovado na Câmara dos Deputados e tramita na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado.

O deputado federal Rodolfo Nogueira (PL-MS) vê eventual cenário como sombrio e degradante. O parlamentar, que representa a região do Centro-Oeste, menciona, entre outros pontos, a perda de milhões de empregos no país.

O parlamentar considera que há uma ligação direita e crucial entre o marco temporal na proteção da agricultura brasileira e na manutenção da estabilidade econômica do país.

“O Marco Temporal assume uma importância crucial na garantia da segurança alimentar global, na estabilidade econômica e no cumprimento da Constituição”, defende Nogueira,

Em declarações recentes sobre o tema, o ex-ministro da Defesa, Aldo Rebelo, disse que o Brasil tem uma grande dificuldade de distanciar suas paixões ideológicas. Para ele, outra interpretação fora do que já impera desde 1988 causará conflitos sociais graves e instabilidade judicial no campo.

“Em 24 anos no Congresso, nunca tinha testemunhado outra interpretação sobre o Marco Temporal que não a oferecida em 1988. Outra interpretação causará conflitos sociais graves e insegurança jurídica no campo, principalmente para pequenos agricultores que ocupam áreas que podem vir a ser reivindicadas por indígenas com base em ocupações pretéritas”, externou à SNA, Sociedade Nacional de Agricultura.

O engenheiro agrônomo e empresário Paulo Wires, responsável pela empresa Agrocienes, é um dos representantes do setor que reconhece que os indígenas têm direito à preservação de suas culturas. Entretanto, ele sublinha a necessidade imperativa de encontrar um equilíbrio que leve em conta o progresso na sociedade moderna e a promoção da sustentabilidade.

“Não se trata de uma ameaça ao setor agropecuário. Na realidade, essa ameaça está diretamente ligada à segurança alimentar do país. Colocar a demarcação de terras em questão implica em arriscar o abastecimento alimentar, especialmente considerando o fato de que as populações indígenas não são tradicionalmente envolvidas na produção [agropecuária]”, explica.

Wires enfatiza que é fundamental estabelecer diretrizes claras no Brasil, de modo a conciliar essas necessidades e evitar extremos, sobretudo por parte de setores políticos que sistematicamente adotam uma postura hostil em relação ao agronegócio. A incerteza jurídica, diz ele, que resulta desses debates, impacta negativamente as decisões de investimento, prejudicando projetos de infraestrutura e de expansão habitacional.

Fonte: Conexão Política

Notícias

STF retoma julgamento sobre marco temporal de terras rurais

STF retoma julgamento sobre marco temporal de terras rurais

 

O Supremo Tribunal Federal retoma nesta quarta-feira (20) o julgamento sobre a constitucionalidade do marco temporal para demarcação de terras rurais.

O julgamento, como mostrou o Conexão Política, foi suspenso em 31 de agosto, quando o ministro Roberto Barroso proferiu o 4º voto contra o marco. O placar do julgamento está 4 votos a 2 contra a tese.

Até o momento, além de Barroso, os ministros Edson Fachin, Alexandre de Moraes e Cristiano Zanin se manifestaram contra o marco temporal. Nunes Marques e André Mendonça se manifestaram a favor. Os ministros Luiz Fux, Dias Toffoli, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes e Rosa Weber ainda vão apresentar seus votos.

Entenda

Os ministros discutem o chamado marco temporal. Pela tese defendida por proprietários de terras, os indígenas somente teriam direito às terras que estavam em sua posse no dia 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal, ou que estavam em disputa judicial na época.

Em outras palavras, o que prevalece atualmente é o entendimento de que pode ser objeto de demarcação as áreas habitadas por indígenas em 5 de outubro de 1988, dia da promulgação da Constituição Federal. Áreas com títulos centenários, como é o caso de muitas famílias no país, não podem ser destinadas aos indígenas.

No entanto, partidos políticos, ativistas, movimentos sociais e representantes do espectro político de esquerda, que alegam representar os setores indígenas, são contra o entendimento.

O processo que motivou a discussão trata da disputa pela posse da Terra Indígena Ibirama, em Santa Catarina. A área é habitada pelos povos Xokleng, Kaingang e Guarani, e a posse de parte da terra é questionada pela procuradoria do estado.

Insegurança jurídica e política

Além do entendimento do Supremo. Em abril deste ano, por meio do Decreto 11.505, assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), cerca de 230 famílias serão afetadas — entre pequenos agricultores, proprietários em área urbana e de um empreendimento turístico.

Isso porque, o texto em questão ignora o marco temporal para demarcação de terras indígenas em Vicente Dutra, no noroeste do Rio Grande do Sul, que conta com 4.665 habitantes. A insegurança jurídica e política sinalizam um cenário pode abrir precedentes perigosos no país. Agora, por causa do aval de Lula, 711 hectares previstos no decreto serão destinados para os 182 indígenas que vivem no município.

A insegurança jurídica e política sinalizam um cenário pode abrir precedentes perigosos no país. Agora, por causa do aval de Lula, 711 hectares previstos no decreto serão destinados para os 182 indígenas que vivem no município.

Deu no Conexão Política

Notícias

Senado acelera votação do marco temporal de terra indígena

Câmara aprova regime de urgência para votação do marco temporal de terras  indígenas

 

Em uma disputa com o Supremo Tribunal Federal (STF), o Senado votará um projeto que transformará em lei o marco temporal, princípio que só permite demarcação de terras indígenas ocupadas até 1988, ano da promulgação da Constituição. Nesta quarta-feira (20), o STF vai em direção oposta e retoma julgamento que pode derrubar a tese que define uma data limite para criação de reservas.

O texto, que está na pauta da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, proíbe a ampliação de terras indígenas. Pela proposta dos senadores, uma área só pode ser demarcada se as comunidades indígenas estavam no local antes de 1988.

É preciso ainda atestar que o ocupantes são, de fato, indígenas com adoção de hábitos e costumes das tribos. No caso do julgamento no STF, a maioria dos ministros até agora entendem que não existe esse marco de ocupação até 1988 para demarcar uma reserva.

A PEC também permite a instalação de bases, unidades e postos militares nos territórios independentemente de consulta às comunidades, indeniza as benfeitorias “de boa-fé”, isto é, aqueles que ocuparam um território antes da demarcação.

A previsão é que o relator, senador Marcos Rogério (PL-RO), que emitiu parecer favorável ao tema, leia o relatório e o submeta a votação nesta quarta. A pauta é defendida por parlamentares ruralistas, como o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Pedro Lupion (PP-PR).

Para o relator, o STF só poderia se pronunciar sobre o tema quando sancionada a lei. Enquanto a discussão estiver no Congresso, afirma Rogério, a Corte não pode intervir.

No STF, o placar da votação está em 4 a 2 contra o marco temporal. O dois votos favoráveis foram de André Mendonça e Kassio Nunes Marques.

Há resistência ao texto do projeto no Senado e, por isso, a previsão é que a votação entre os senadores aconteça apenas na próxima semana.

Deu no Estadão

Notícias

STF suspende julgamento do marco temporal; placar está 4 a 2 contra a tese que dificulta as demarcações

 

O Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu nesta quinta-feira (31) o julgamento do marco temporal para demarcação de terras indígenas. O placar está em 4 a 2 contra a tese que dificulta as demarcações.

O julgamento será retomado na semana que vem.

A tese do marco temporal estabelece que só pode haver demarcação de terra para comunidades indígenas que ocupavam a área no dia da promulgação da Constituição Federal: 5 de outubro de 1988.

É uma interpretação do artigo 231 da Constituição, que diz: “São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.

Indígenas são contra o marco temporal. Afirmam que a posse histórica de uma terra não necessariamente está vinculada ao fato de um povo ter ocupado determinada região em 5 de outubro de 1988.

Nesta quinta, o ministro André Mendonça concluiu seu voto, iniciado na quarta (30). Ele foi a favor do marco temporal e sugeriu critérios para aplicação da tese.

Em seguida, o ministro Cristiano Zanin votou contra o marco temporal. O voto foi comemorado pelos indígenas presentes no STF.

“Verifica-se a impossibilidade de se impor qualquer marco temporal em desfavor dos povos indígenas, que possuem a proteção da posse exclusiva desde o Império”, afirmou Zanin.

A sessão desta quinta terminou sem a conclusão do voto do ministro Luís Roberto Barroso, mas ele adiantou que é contra a tese do marco temporal.

A Câmara dos Deputados aprovou em maio um projeto que estabelece o marco temporal. Mas o texto ainda precisa passar pelo Senado. A decisão do STF pode servir de base para o Senado decidir se vai ou não votar a proposta.

Impacto do julgamento

A análise do caso envolve definir se a aplicação da tese sobre fixação da posse de terras indígenas viola ou não a Constituição.

O resultado do julgamento da Suprema Corte terá impactos tanto em processos judiciais em curso que tratam de disputas de terras nessas circunstâncias quanto no procedimento de demarcação de áreas pelo governo federal.

Ou seja, a decisão vai vincular a análise dos procedimentos semelhantes na Justiça e deve orientar a atuação do Poder Executivo na questão.

Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça, já 226 processos suspensos nas instâncias inferiores do Judiciário, aguardando uma definição sobre o tema.

Fonte: g1