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No RN, 428 mil convivem com falta de comida de forma moderada ou grave

Foto: Cássio Morais

 

Dados do IBGE mostram que cerca de 428 mil potiguares convivem, em algum grau, com a fome. O número foi divulgado nesta quinta (25) pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua) e corresponde à quantidade de pessoas no Estado que afirmaram sofrer com a diminuição da quantidade de comida, no último trimestre de 2023, de forma moderada ou grave.

O IBGE aponta que o RN possui 167 mil pessoas em situação de insegurança alimentar grave e outras 261 mil pessoas em insegurança alimentar moderada. A escala utilizada pelo Instituto considera insegurança moderada quando as pessoas da família precisam diminuir a quantidade e qualidade da alimentação e pular refeições pela falta de alimento. Já quando há insegurança grave, as pessoas chegam a ficar sem nenhuma comida por um dia ou mais. Na insegurança alimentar grave, a privação do alimento atinge também as crianças.

A metodologia da pesquisa envolve um questionário sobre a situação alimentar do domicílio nos 90 dias que antecederam a entrevista. “A gente não fala de pessoas [individualmente], a gente fala de pessoas que vivem em domicílios que têm um grau de segurança ou insegurança alimentar”, destaca o pesquisador do IBGE Andre Martins.

Sobre o quantitativo de pessoas em situação de insegurança alimentar, o secretário adjunto de Trabalho e Assistência Social do Rio Grande do Norte, Adriano Gomes, explica que é um número “inquietante” e cita que o Estado tem investido em políticas públicas para mitigar esse número, como Programa do Leite e Restaurante Popular.

No comparativo com a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018, a proporção de domicílios potiguares em que as famílias têm acesso regular e permanente a alimentos de qualidade e quantidade, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, subiu de 59% para 66,6% em 2023, enquanto à de domicílio em situação de insegurança alimentar grave caiu de 7,6% para 4,9%.

No quarto trimestre de 2023, tendo como referência os três meses anteriores à data de realização da pesquisa, dos 78,3 milhões de domicílios particulares permanentes no Brasil, 72,4% (56,7 milhões) estavam em situação de segurança alimentar, ou seja, tinham acesso permanente à alimentação adequada. Essa proporção cresceu 9,1 pontos percentuais (p.p.) frente à última pesquisa do IBGE a investigar o tema, a POF 2017-2018, que havia encontrado 63,3% dos domicílios do país em situação de segurança alimentar.

No entanto, 21,6 milhões de domicílios (27,6%) eram afetados por algum grau de insegurança alimentar. A forma mais grave englobava cerca de 3,2 milhões de domicílios (4,1%). Os dados são do módulo Segurança Alimentar da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, divulgado hoje, 25, pelo IBGE.

A proporção de domicílios em segurança alimentar havia atingido nível máximo em 2013, (77,4%), mas caiu em 2017-2018 (63,3%).

Deu na Tribuna do Norte

Economia

Insegurança alimentar atinge 70 milhões de brasileiros, aponta ONU

 

O Mapa da Fome, relatório publicado pela Organização das Nações Unidas (ONU) nesta quarta-feira, 12, expôs um alerta sobre a gravidade da crise alimentar. Em todo o mundo, mais de 122 milhões de pessoas foram empurradas para uma situação de insegurança alimentar desde 2019.

De acordo com o estudo, cerca de 735 milhões de pessoas enfrentam a fome. A pandemia, as emergências climáticas e conflitos humanitários são apontados como os principais motivos para esta crise.

O levantamento foi divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em parceria com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura e o Fundo das Nações Unidas para a Infância(Unicef). Em 2022, o relatório constatou que aproximadamente 29,6% da população global, o equivalente a 2,4 bilhões de pessoas, não tinha acesso constante a alimentos. Dentro desta quantia, cerca de 900 milhões de pessoas enfrentavam grave insegurança alimentar.

No Brasil, 70,3 milhões de pessoas estavam em situação moderada o severa de falta de acesso à alimentação. A insegurança alimentar mais grave passou de 4 milhões de pessoas (1,9% da população), entre 2014 e 2016, para 21 milhões de pessoas (9,9% da população), entre 2020 e 2022.

A África continua como o continente mais afetado pela fome, com uma em cada cinco pessoas em situação de insegurança alimentar severa, o que representa mais do que o dobro da média global. De acordo com as agências da ONU que elaboraram o relatório, em 2030, quase 600 milhões de indivíduos ainda serão vítimas da fome.

Se estes números se mantiverem, o objetivo de desenvolvimento sustentável de acabar com a fome até 2030 não será alcançado, como explicou o professor e pesquisador da FGVAgro, Felippe Serigati, em entrevista à Jovem Pan News: “Em condições normais já seria um grande desafio. De um lado, teria que aumentar a oferta de alimentos, ou melhorar fortemente as cadeias de distribuição, mas isso não basta. Porque a gente vai melhorar as cadeias de distribuição para chegar em um mercado que não tem tenda para comprar o produto. Ou seja, o que a gente precisa é gerar renda”.

Apesar dos dados preocuparem especialistas, Serigati apontou que há uma certa expectativa otimista para o futuro no caso do Brasil: “Diversas dessas grandes commodities, que são a base da alimentação brasileira, com exceção talvez do feijão, têm seu preço fortemente associado ao dólar. Então, quando o dólar fica mais barato, esses alimentos também ficam mais baratos. Por fim, vale destacar. de um lado, as políticas sociais. O reforço no caixa dessas políticas sociais, desde que bem focalizado, tende a melhorar a situação, principalmente dos mais vulneráveis e, o que eu acho que seria o principal desafio, retomar o crescimento econômico de forma sustentada”.

De acordo com o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Wellington Dias, a pasta deve lançar em breve um novo plano para retirar o país do Mapa da Fome: “Estamos trabalhando e já aprovamos na Câmara Integrada de Segurança Alimentar e Nutricional. São 24 ministérios trabalhando junto, integrados com Estados e municípios, com o setor privado e as entidades, garantindo um Brasil sem fome. Nós vamos ter as condições de ter muito em breve o lançamento do plano Brasil Sem Fome”.

Deu na JP News