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Conheça o fitoterápico que ganhou fama e é chamado de ‘Ozempic natural’

Composto é usado na medicina tradicional chinesa

 

O nome de um fitoterápico passou a circular nas últimas semanas entre usuários do TikTok sendo descrito como o “Ozempic natural”, em referência ao medicamento semaglutida, usado para o tratamento de diabetes tipo 2 e off-label (sem indicação em bula) para pacientes que desejam perder peso.

O composto em questão é a berberina, encontrada em várias plantas e usada há séculos na medicina tradicional chinesa e ayurvédica para uma série de condições de saúde.

“Na semana passada eu perdi um total de 0,5 libra (226 g), então, a balança continua baixando, trazendo meu total em 30 dias para 6,5 libras (cerca de 3 kg)”, disse uma defensora da berberina, que, inclusive, recomenda algumas marcas em seu perfil.

“Estou usando berberina (1.200 mg por dia) há um mês e perdi 3 kg. É uma grande ajuda com SOP (síndrome do ovário policístico)”, comentou uma seguidora dela.

Houve ainda quem tenha comemorado supostos resultados ainda mais consistentes.

“Eu tomei por 30 dias e perdi 20 libras (9 kg). Com certeza funciona”, disse outra jovem.

No fim das contas, o negócio não é bem assim, conforme alertou uma usuária da rede social. “Isso não está aprovado, por favor, tenham cuidado.”

O fato de ser natural não significa que a berberina não possa oferecer riscos à saúde. Esse fitoterápico pode interagir com alguns medicamentos, razão pela qual não deve ser tomado sem supervisão ou indicação médica.

Nos últimos anos, cientistas se dedicaram a estudar propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias, antimicrobianas e até anticancerígenas da berberina.

Há indícios, ainda carentes de evidências robustas, de que ela possa ter efeitos benéficos no controle da glicose no sangue.

Uma meta-análise (revisão de vários artigos científicos já realizados) publicada em 2014 na Revista de Etnofarmacologia avaliou o efeito e a segurança da berberina no tratamento de diabetes tipo 2, hiperlipemia (alto nível de gordura no sangue) e hipertensão.

Os autores concluíram que a berberina tem efeito terapêutico nas três condições e que “pode ser uma boa alternativa para pacientes de baixo nível socioeconômico” para tratá-las.

Os pesquisadores, porém, fazem uma ressalva em relação à “qualidade geral limitada dos estudos incluídos” na meta-análise, sugerindo novos ensaios controlados com a berberina padronizada para confirmar ou descartar eventuais benefícios.

Os estudos incluídos nessa e em outra meta-análise — de 2012, no periódico Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine — foram baseados em amostras pequenas e com heterogeneidade entre elas.

Não há, todavia, nenhuma comprovação de que o composto ajude a perder peso, tampouco indicações de regimes terapêuticos e doses.

É importante entender que a obesidade e o sobrepeso requerem uma abordagem de mudança de estilo de vida, com uma alimentação balanceada, rotina de exercícios físicos, sono de qualidade e controle da ansiedade e do estresse.

Alguns pacientes podem se beneficiar de medicamentos testados e aprovados por órgãos fiscalizadores para a perda de peso, o que não é o caso, até o momento, da berberina.

Deu no R7

Ciências

Planta popular no Brasil vira spray cicatrizante em pesquisa de farmacêutico potiguar

Aproveitando uma matéria-prima bastante disponível na flora brasileira, a Guaçatonga (sylvestris swartz), o potiguar Luiz Humberto Fagundes Junior realizou uma pesquisa com a planta buscando extrair seu máximo potencial anti-inflamatório e cicatrizante.

Após 18 meses de estudos, ele criou um fitoterápico em spray que apresentou resultados animadores no reparo de feridas.

Toda a pesquisa de Luiz, que é farmacêutico, aconteceu durante o seu curso de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia da Universidade Potiguar (PPGB/UnP), sob a orientação da professora Deborah Padilha.

O estudo observou o comportamento do spray em cobaias de laboratório. Após verificar o sucesso do fitoterápico, Luiz e sua orientadora começaram a colher os frutos do trabalho.

“Recebemos com muita alegria a notícia da anuência da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa, pois trata-se de um passo importante no processo de patente”, afirma o farmacêutico.

Com o apoio de uma farmácia de manipulação localizada em Natal, o spray chegou a um formato maduro. Já registrado (BR 102018071621-2 A2), o fitoterápico ainda precisa de outras análises da Anvisa para começar a ser testado em humanos. Estas etapas marcarão outras fases relevantes da pesquisa.

A expectativa pelos próximos passos do estudo com a Guaçatonga é marcada pelo desejo de oferecer esta solução, oriunda da natureza, para a população. “A ideia é que sua utilização para o tratamento de feridas não-infeccionadas se difunda de forma acessível para todos”, pontua o pesquisador.

Luiz Humberto quer tornar o seu produto acessível à população

 

Ciências

Fitoterápico desenvolvido por pesquisadores potiguares tem aprovação da Anvisa e ganha Carta Patente

Um fitoterápico desenvolvido no Rio Grande do Norte à base do vegetal Croton cajucara Benth, típico da Amazônia brasileira, ganhou o consentimento da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e recebeu Carta Patente do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

Conhecida popularmente como Sacaca, a planta foi objeto de estudo para pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia da Universidade Potiguar (PPGB-UnP) e da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), que a transformaram em um fitoterápico para uso oral destinado ao tratamento de inflamações crônicas como artrite, artrose, fibromialgia e colites ulcerativas.

A pesquisa contou com a idealização e orientação da professora doutora Maria Aparecida Medeiros Maciel, que já estuda o vegetal desde 1991 e tem mais de 50 artigos publicados sobre a aplicação da planta na área da saúde. Na descoberta atual, os estudos foram realizados pelo professor Magnaldo Inácio Tavares Medeiros (egresso do PPGB-UnP) e Daniel Luiz de Medeiros (egresso do curso de medicina, que atuou na pesquisa como aluno de Iniciação Científica), bem como Joherbson Deivid dos Santos Pereira (doutorando do curso de biotecnologia da Rede Renorbio/UFRN) e professor doutor Frederico Argolo (UFRRJ).

Na pesquisa, o professor Magnaldo Medeiros, em parceria com a UFRRJ, desenvolveu a parte aplicativa, que em função da qualidade dos experimentos in vivo (realizados no biotério da UnP), e dos resultados obtidos, possibilitou a anuência da ANVISA, para o novo produto fitoterapêutico.

Já conhecido no meio científico, graças ao seu potencial medicinal, o vegetal Croton cajucara vem ganhando espaço em pesquisas nacionais e internacionais. “A equipe envolvida no projeto local considera a conquista de extrema relevância, já que a utilização de plantas medicinais e seus produtos derivados aplicados em diversos tratamentos de saúde, remete à prática milenar fitoterapêutica, que nas últimas décadas têm se beneficiado pelo desenvolvimento de novos sistemas carreadores de fármacos”, afirma Maria Aparecida.

Para a eficácia científica do medicamento desenvolvido, que está na área da nanobiotecnologia, foi necessário um esforço interdisciplinar que reúne conhecimentos sobre química de produtos naturais, química de interface, farmacologia e bioquímica.

O produto recebeu Carta Patente do INPI sob a numeração BR102016014237-7 e está disponibilizado pela equipe para o setor da indústria farmacêutica. “Nesta perspectiva, diante da validação científica deste vegetal, há de se considerar o desenvolvimento de novas formulações e suas diferentes aplicações”, complementa.

A recente descoberta se junta a outros estudos sobre o uso medicinal do vegetal no Brasil há pelo menos 20 anos. Sua aplicação na área da saúde vem sendo estudada há pelo menos 20 anos e passou a fazer parte da Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS (Lista Renisus), com recomendação de uso pelo Sistema Único de Saúde (SUS).