Produção de camarão no RN pode saltar de 28 mil toneladas para 560 mil

 

Uma das atividades produtivas mais antigas da economia potiguar, a produção de camarão vive atualmente uma expectativa de expansão a níveis jamais vistos na história da atividade em todo o Brasil. A carcinicultura do Rio Grande do Norte é atualmente a segunda maior do país em produção do crustáceo, com resultados que chegam a 28 mil toneladas de camarão no último ano, e de 30 mil em 2023, e a previsão é de aumentar para até 560 mil toneladas com o programa de interiorização da produção de camarão.

Esses dados são da Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC), que na última semana realizou, em Natal, mais uma edição do maior evento do setor no Brasil: a Feira Nacional do Camarão (Fenacam). O presidente da ABCC, o engenheiro de pesca Itamar Rocha, é quem aponta as boas expectativas para o futuro da carcinicultura potiguar, e espera contar com apoio do poder público para tirar do papel o projeto de interiorização da produção, anunciado pela governadora Fátima Bezerra no evento de lançamento da Fenacam, no último dia 14 de novembro.

“A gente tem que aumentar. Agora, com a governadora dizendo que vai fazer um programa, se isso for concretizado, a tendência é de crescer, porque a interiorização é uma coisa que cresce muito rápido”, diz Itamar Rocha.

Esse projeto, de acordo com o presidente da ABCC, passa diretamente pela exploração das águas de um grande reservatório natural existente em boa parte da extensão do RN, o aquífero Jandaíra. Itamar Rocha explica que é a partir desse passo, que vamos começar a explorar o nosso enorme potencial produtivo.

“Tem uma riqueza muito grande aqui – no RN – que é o aquífero Jandaíra. Até 150 metros, ele tem um volume hídrico de 2,3 trilhões de metros cúbicos, e essa água não é de beber, mas é boa para o cultivo do camarão”, explica Itamar.

O presidente da ABCC reforça ainda que o RN precisa avançar na produção, a exemplo dos vizinhos Paraíba e Ceará, que lideram a produção do Brasil com aproximadamente 78 mil toneladas por ano. Atualmente são 36 municípios potiguares contribuindo para a produção de camarão, enquanto no Ceará são 62 e na Paraíba já são 78 municípios produtores. Ou seja, no quesito interiorização, já estamos atrasados, e precisamos avançar.

O aquífero Jandaíra se estende desde a região do Mato Grande no Rio Grande do Norte, até a região Oeste, cruzando todo o estado e entrando em território cearense. No entanto, enquanto no estado vizinho as águas já estão sendo exploradas, no RN o projeto ainda é apenas uma ideia. “É uma riqueza muito grande. Ninguém tem esse potencial”, destaca Itamar Rocha.

É essa riqueza que deve elevar o patamar da carcinicultura potiguar. No caso de os produtores poderem explorar o aquífero Jandaíra, a área de produção, que hoje é de 7 mil hectares, pode aumentar 1.043%.

“Fazendo cálculos conservadores, vamos para 80 mil hectares. Na verdade, o estado tem potencial para muito mais. Mas pegando essa base de 80 mil, a nossa produção deve ir para 560 até 600 mil toneladas por ano. Isso é praticamente três vezes mais do que estamos produzindo hoje em todo o Brasil”, completa Itamar Rocha.

Burocracia no licenciamento é um ‘calo’ para o setor

Ao analisarmos os números de produção dos dois estados que mais se destacam no Brasil, é possível ver uma enorme diferença. Enquanto o RN, segundo colocado, fez 28 mil toneladas em 2022, o Ceará liderou com 78 mil. Para tentar diminuir essa disparidade, o presidente da ABCC acredita que o RN precisa avançar em apoio público, especialmente na diminuição da burocracia.

“O licenciamento ambiental, por exemplo, o governo diz que está liberando, mas o presidente da associação daqui – do RN – está lá há dois anos pedindo licença. Cristiano Maia – maior produtor do Brasil – passou três anos para conseguir uma licença. Então, assim, é preciso mudar essa questão do licenciamento ambiental. O governo não tem mais justificativa para delongar uma análise de um processo para dar a licença ambiental”, lamenta Itamar.

Ele continua seu apelo por menor burocracia, lembrando que a demora de licenciamentos atrasa outros passos importantes da cadeia produtiva, como a busca por financiamentos.

“A licença ambiental é o passaporte para você se cadenciar e você entrar com o projeto junto às financeiras”, finaliza.

Deu no Novo

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