Como Lula reaparelhou o governo com sindicalistas

Lula Moro

 

Em janeiro de 2011, quando assumiu a Presidência, Dilma Rousseff espantou-se com o mapa dos cargos de confiança no governo que chegara às mãos do então chefe da Casa Civil, Antonio Palocci. “À época, o PT havia indicado mais de 1,3 mil assessores comissionados — metade deles como cota da Central Única dos Trabalhadores (CUT)”, lembrou Silvio Navarro, em reportagem publicada na Revista Oeste. “Chamado de ‘tucano’ pela esquerda radical, Palocci pretendia enxugar a ‘república sindical’ no país.”

Esses cargos apareciam no Diário Oficial da União com as siglas DAS 5 a 6 (Direção e Assessoramento Superiores) e NE (Natureza Especial). São a elite da administração pública, com salários de R$ 20 mil, além de benefícios.

Por isso, são escolhidos a dedo no meio de uma imensidão de 190 órgãos públicos. Um estudo com o raio X do aparelhamento sindical foi publicado em 2010 pela pesquisadora Maria Celina D’Araújo, do Rio de Janeiro — A Elite Dirigente do Governo Lula (Fundação Getulio Vargas).

No ano passado, toda a estrutura de cargos, funções e gratificações na administração pública foi reformulada, por meio de uma medida provisória assinada por Jair Bolsonaro. Passaram a se chamar Cargos Comissionados Executivos (CCE) e Funções Comissionadas Executivas (FCE).

 

Lula

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Cinco anos depois do fim da era PT, o batalhão de petistas ficou desempregado. A novidade é que, com 100 dias de governo, eles estão voltando.

Da lista de vagas em empresas, bancos e autarquias, a mais disputada é da Petrobras. Um cargo de gerente da estatal, ou da Transpetro (armazenamento e transporte de petróleo e derivados), por exemplo, chega a R$ 50 mil, além dos benefícios — o presidente ganha mais de R$ 100 mil. Neste ano, o escolhido para comandar a empresa que virou símbolo da corrupção institucionalizada foi o petista Jean Paul Prates.

Ele era suplente de Fátima Bezerra, hoje governadora do Rio Grande do Norte, no Senado. Prates conhece bem o setor: era dono de empresas de combustíveis, óleo e gás, mas nem Lula nem o Judiciário enxergaram conflito de interesse.

Com carta branca, Prates nomeou o ex-sócio Sérgio Caetano Leite para a Diretoria Financeira. Leite também foi secretário do Consórcio do Nordeste, epicentro do “Covidão” — respiradores fantasmas foram comprados de uma empresa de produtos derivados de maconha. O presidente do consórcio é o atual chefe da Casa Civil, Rui Costa, ex-governador da Bahia.

Na mais recente investida, O Ministério das Relações Exteriores pagou a conta dos custos da viagem de Lula e de representantes de centrais sindicais à China. O voo da comitiva ficou sob responsabilidade do governo.

Lula se reuniu com representantes de sindicatos chineses na sexta-feira 14, em Pequim. Representantes sindicais devem compor outras comitivas de viagens internacionais do governo petista.

Deu na Revista Oeste

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