Flordelis é condenada a 50 anos de prisão pela morte do pastor Anderson do Carmo

Flordelis vai a julgamento em júri popular no Fórum de Niteroi, na região metropolitana do Rio de Janeiro

 

A ex-deputada federal Flordelis foi condenada a 50 anos e 28 dias de prisão pela morte do pastor Anderson do Carmo. A pastora foi condenada por homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio duplamente qualificado, uso de documento falso e associação criminosa armada. A filha biológica de Flordelis, Simone dos Santos Rodrigues, foi condenada a 31 anos e 4 meses de reclusão por homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio duplamente qualificado e associação criminosa armada.

Os filhos adotivos André Luiz de Oliveira e Marzy Teixeira foram inocentados, assim como a neta biológica Rayane dos Santos. A decisão foi tomada pela 3ª Vara Criminal de Niterói após seis dias de julgamento no júri popular. O julgamento começou na segunda-feira, 7, e se estendeu por sete dias, sendo presidido pela juíza Nearis dos Santos Carvalho Arce. O último dia de sessão durou 21 horas. Anderson foi morto a tiros na garagem de sua casa em junho de 2019, na cidade de Niterói. A ex-deputada está presa desde agosto de 2021.

Após a condenação, o advogado Rodrigo Faucz, que defende Flordelis, disse que vai pedir a anulação do júri. De acordo com a defesa, a condenação era esperada, porque “a opinião pública estava majoritariamente contrária a ela”. Faucz disse ter constatado “duas nulidades absolutas” que teriam ocorrido no último dia de julgamento, o que irá fundamentar o recurso a ser apresentado.

“Dos quatro acusados, três foram absolvidos e a Flordelis, condenada. Como tínhamos dito no decorrer do julgamento, era uma condenação esperada, tendo em vista que a opinião pública estava majoritariamente contrária a ela. Obviamente, isso impacta os jurados, porque são seres humanos, são pessoas que conviveram o tempo todo com diversas notícias e diversos acontecimentos relacionados ao caso. É muito difícil não relacionar uma coisa com a outra, porque, na visão da defesa, as provas, majoritariamente, para quem acompanhou o processo, o julgamento, era no caminho da absolvição para todos. Infelizmente, uma delas, a Flordelis, foi condenada. Tem duas nulidades absolutas que ocorreram no decorrer desse último dia, então, vamos recorrer para que o júri seja anulado em relação à Flordelis”, disse.

O advogado Ângelo Máximo disse que a família de Anderson do Carmo ficou “satisfeita” com a condenação da ex-deputada, a quem chamou de “chefe dessa organização criminosa”. “Depois de três anos na busca pela justiça a família do Anderson está satisfeita com a condenação da chefe dessa organização criminosa, pois sem a atuação dela o Anderson do Carmo não teria sido assassinado. Estamos satisfeitos com a condenação da Simone que tentou puxar toda essa falsa acusação de estupro em desfavor do Anderson”, afirmou à imprensa.

Como a Jovem Pan mostrou, em depoimento prestado no sábado, 12, Flordelis disse que o assassinato de Anderson do Carmo foi motivado por abusos que teriam ocorrido em sua casa, mas negou a autoria do crime. “É muito difícil para mim falar, mas foi a ciência dos abusos que aconteceram dentro da minha casa”, afirmou.

Ela também disse ter sido agredida e abusada pelo marido, mas que não acreditava que o pastor pudesse ter a mesma conduta “com outras mulheres”. “O meu marido só sentia prazer se me machucasse, ele me machucava, ele só chegava a vias de fato se me machucasse. Eu achava que era por problemas familiares de quando ele era criança e eu me sujeitava, porque eu aprendi com minha mãe, que era submissa. Ela dizia que se o marido fizesse algo, tinha que tentar resolver as coisas”, disse.

Acusada de ser a mandante do crime, Flordelis disse que não poderia pagar “pelos erros de ninguém”. “Não tenho que pagar pelos erros de ninguém. Há três anos pago por uma coisa que não fiz. Estou sendo chamada de mandante do assassinato da pessoa que mais amei na vida”, disse. No depoimento deste sábado, a ex-deputada mencionou os dois filhos condenados pela morte de Anderson do Carmo, mas ressaltou que não poderia confirmar quem executou o pastor. “Não posso acusar ninguém. Não estava no local, não vi [quem fez os disparos]”, disse.

“Meu filho Flávio foi sentenciado e meu filho Lucas foi sentenciado”, acrescentou. Flávio dos Santos Rodrigues, acusado de atirar no padrasto, foi condenado a 33 anos e dois meses de prisão por homicídio triplamente qualificado, porte ilegal de arma, uso de documento ilegal e associação criminosa armada. Lucas Cézar dos Santos Souza foi condenado a 7 anos e meio por homicídio triplamente qualificado – ele teria comprado a arma do crime. A pena de Souza foi reduzida por ter colaborado com as investigações.

Deu na Jovem Pan.

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