11 de setembro: 20 anos do dia que mudou o mundo


Todo mundo se lembra onde estava naquele fatídico 11 de setembro de 2001. Todos, menos a geração que nasceu durante ou após o drama que deixou mais de 3.000 mortos. A repórter da RFI, Anne Bernas, conversou com jovens nas escolas de Nova York sobre um dos maiores ataques terroristas da História. Qual o significado do 11 de setembro para aqueles que não vivenciaram o drama, seja nos Estados Unidos ou em outros países? No liceu francês de Nova York, este é um dos temas do curso de História. O acontecimento é descrito nos manuais escolares oficiais como símbolo do fim do século 20. “Os professores acham que sabemos o que aconteceu, mas na verdade não, porque não estávamos aqui em 2001”, explica Astrid, estudante de 17 anos. “Ainda mais que esse fato não é considerado como ‘histórico’ pelos nossos professores, no sentido temporal, já que eles vivenciaram os atentados”, diz. “É História sim, mas continua sendo parte da atualidade, porque os sobreviventes do drama ainda estão aqui para contar o que aconteceu”, lembra Camille, outra estudante. “É um passado que não é tão longíquo, e uma das provas é que muitas pessoas que, por exemplo, contraíram doenças após a tragédia, estão aí, 20 anos depois”, diz. O 11 de setembro é uma História que continua a ser escrita e transmitida, mesmo sendo uma data que só é lembrada pelo jovens de hoje no dia do seu aniversário.

Em cada família, o dia da tragédia foi contado de uma forma ou outra, mas a nova geração ainda ignora muitos detalhes desse drama. “Fiquei chocada ao descobrir, hoje, que não foram apenas as torres gêmeas que foram atingidas em 2001”, diz Astrid, um pouco sem-graça. No dia 11 de setembro, duas outras aeronaves atingiram também a Pensilvânia e o Pentágono. “Também não sabia que antes de 2001 havia menos controles de segurança nos aeroportos. Fico me perguntando como era nessa época”, declara. A jovem também ignorava a emergência de um racismo contra os muçulmanos após os ataques jihadistas.

Camille trabalhou como voluntária no memorial de 11 de setembro e conhece os detalhes de um dos dias mais dramáticos da história americana. Ela também aprendeu que as relações dos Estados Unidos com o Oriente Médio, ainda hoje, são marcadas pela data e o terrorismo e o Islã não devem ser confundidos. “Isso nos ajuda a entender o mundo”, diz. As teses complotistas sobre a tragédia, sua preparação e consequências, se multiplicam nas redes sociais, mas são alimentadas principalmente pela geração que vivenciou os atentados, como o movimento conspiracionista de extrema direita, Qanon.

Para os jovens, o drama é um fato histórico ensinado na escola como a Primeira Guerra ou a Segunda Guerra Mundial. Os atentados de 2001, entretanto, não faz parte do programa de todas as escolas dos Estados Unidos, mas nos estabelecimentos nova-iorquinos, o conteúdo é obrigatório. O 11 de setembro se transforma assim em uma página da História. E, por conta dos atentados, a ascensão do terrorismo é uma noção que não parece preocupar a geração do século 21. “Nascemos com o terrorismo”, diz Camille. É algo normal para nós, não temos medo desse tipo de violência.”
As preocupações das novas gerações são outras. “O clima e a Covid são as coisas mais importantes para mim no futuro”, afirma. De acordo com um estudo da empresa Morning Consult de 2020, a pandemia, o racismo, a economia e o clima são os desafios dos próximos anos. Na útima sexta-feira (10),  para marcar a data, os 90 alunos do liceu francês fizeram um minuto de silêncio no auditório do estabelecimento. Em seguida, eles assistiram a um documentário sobre o dia do atentado, com vídeos e imagens impressionantes. Um sinal de que a catástrofe, vinte anos depois, é, e continuará sendo, para todas as gerações, um acontecimento que mudou o curso da História.

Deu na RFI

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