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URGENTE: Nova pesquisa mostra forte crescimento de Bolsonaro no Norte/Nordeste e queda de Lula

Urgente: Pesquisa mostra queda de Lula nas regiões Norte e Nordeste e forte crescimento de Bolsonaro

 

E as pesquisas começam a “se ajustar” e já mostram forte crescimento de Bolsonaro na corrida pela presidência nas eleições 2022.

Média ponderada da Potencial Inteligência realizada para o Diário do Poder, que analisa as pesquisas eleitorais para presidente nos Estados, aponta que a diferença entre Lula e Jair Bolsonaro (PL) é a menor desde junho nas regiões Norte e Nordeste, onde o petista lidera a disputa. No Nordeste, Lula perdeu quatro pontos na semana, e Bolsonaro ganhou três. Ainda assim o petista tem 53,1% na região e o presidente, 25,9%.

No Norte, Lula perdeu mais de um ponto, e registra 42% na média até a última sexta (22). Bolsonaro cresceu quase três pontos para 37,4%.

Os dados são do Diário do Poder

Política

Pesquisas dão banho de realidade em Lula e alertam aliados

 

Não faz muito tempo, o clima de já ganhou se instalou na pré-campanha de Lula ao Planalto. O Radar já mostrou que aliados mais animados já até escolhiam entre si os ministérios que poderiam ou não ocupar no futuro governo petista.

As pesquisas eleitorais que mostram a estabilidade de Lula na dianteira da disputa ao Planalto contra Jair Bolsonaro são o motor desse otimismo imprudente. Para uma ala menos sonhadora dos aliados de Lula, no entanto, elas também oferecem importantes alertas.

Em Minas Gerais, estado que costuma decidir eleições, o governador Romeu Zema, nome bolsonarista no pleito, apareceu na pesquisa Real Time Big Data com 43% das intenções de voto. O candidato de Lula no estado é Alexandre Kalil, que tem 29% das intenções de voto, mesmo depois de ter feito eventos públicos com o petista e alardeado a aliança há semanas.

Na Bahia, o ex-prefeito de Salvador ACM Neto tem 58% das intenções de voto, segundo o levantamento do Paraná Pesquisas divulgado nesta terça. O candidato de Lula no estado é o petista Jerônimo Rodrigues, apoiado pelo governador Rui Costa, por Jaques Wagner e pelo MDB de Geddel Vieira Lima. Quanto tem o candidato lulista no estado? 15,8%.

O alerta das pesquisas ao petismo é de que o mar não anda tão tranquilo assim quanto seus apoiadores apaixonados pensam nos estados. A Bahia é o quarto colégio eleitoral mais importante do país, comandado pelo petismo há anos, e está abandonando o petismo, segundo as pesquisas. Minas decidiu a eleição de 2014 a favor de Dilma Rousseff e parece não querer o nome apoiado por Lula. Se os candidatos vão mal nesses lugares, algo não vai bem na campanha petista.

Sinal de alerta vermelho no partido vermelho.

Informações da Veja

Saúde

Número de pessoas com planos de saúde cresceu 5% na pandemia


Foto: Sergio Lima/Poder 360

A pandemia fez o número de pessoas com planos de saúde no Brasil crescer 5%. O setor estava em queda desde 2015, mas a preocupação com a covid-19 aumentou a demanda. E a expectativa é que a quantidade de segurados continue subindo até o final do ano, apesar da inflação alta e do reajuste de 2 dígitos nos contratos com as operadoras.

Há 49,4 milhões de brasileiros com um plano de saúde, segundo o último dado disponível, referente a abril de 2022. O número foi divulgado nesta semana pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), órgão responsável por fiscalizar e regular os planos de saúde.

A quantidade de segurados era de 47 milhões há 2 anos. Houve 2,4 milhões de novas contratações em relação a fevereiro de 2020, um mês antes de a Organização Mundial da Saúde declarar pandemia.

O país chegou em abril de 2022 ao maior patamar de segurados desde setembro de 2015 –eram 49,7 milhões de beneficiários naquele mês. O auge dos planos de saúde foi em dezembro de 2014, segundo a série histórica da ANS, que começa em 2011.

Em 2014, havia 50,5 milhões de pessoas com planos particulares. A expectativa do setor é superar esse recorde ainda neste ano. A Abramge (Associação Brasileira de Planos de Saúde) calcula que no final do ano o total de beneficiários será de 50,6 milhões. Caso o cenário se concretize, haverá uma alta de 3,3% frente a 2021.

“Vinhamos de uma tendência de queda de beneficiários antes da pandemia. Estávamos um pouco abaixo de 47 milhões. Nos 2 anos iniciais da pandemia houve a reversão desse fenômeno com o aumento do número de beneficiários”, afirmou o presidente da Abramge, Renato Casarotti, ao Poder360 em abril.

A alta nos planos de saúde durante a pandemia foi puxada pelos contratos empresariais. A maioria dos beneficiários se concentram nesses acordos. São 34 milhões frente a 9 milhões de pessoas nos planos individuais. A quantidade de segurados em contratos individuais se manteve estável em relação ao começo da pandemia.

Em maio, a ANS autorizou o maior reajuste nos planos de saúde individuais e familiares da série histórica, que começa em 2000. As operadoras poderão aumentar o preço dos contratos até 15,5% para o período de maio de 2022 a abril de 2023.

O cálculo para o reajuste tem 80% do peso para as despesas assistenciais e 20% para o IPCA (Índice Geral de Preços ao Consumidor) no período.

Em 2021, o reajuste foi negativo em 8,1% por conta da redução das despesas assistenciais em 2020. No 1º ano da pandemia, procedimentos eletivos foram suspensos, o que levou à redução das despesas médico-assistenciais.

O reajuste dos planos individuais e familiares são definidos pela ANS, ao contrário de planos por adesão e empresariais. Nesses planos, o reajuste é definido conforme operadora. Dados da agência, até fevereiro de 2022, mostram que o reajuste médio dos planos coletivos foi de 8,43%.

Com informações do Poder 360

Política

DECEPÇÃO : Aliança com Alckmin não afeta desempenho de Lula nas pesquisas

 

 

Pesquisas mais recentes têm efeito de balde de água fria no otimismo parcial do PT com a presença do ex-tucano Geraldo Alckmin como vice, na chapa liderada por Lula. Noves fora, nada: a pesquisa do Poderdata, realizada dois dias depois do factoide da reconfirmação de Alckmin como vice, acabou por registrar a menor diferença entre o ex-presidente a o atual: apenas 5 pontos percentuais. Nunca estiveram tão próximos.

Pouco adiantou a generosa transmissão dos discursos de Lula e Alckmin em redes de rádio e TV, no factoide da semana passada.

A eleição definirá o “tamanho” real de Alckmin, que nas presidenciais de 2018 teve só 4% e em 2010 foi menos votado no 2º turno do que no 1º.

De acordo com o Poderdata, que entrevistou 3 mil eleitores, em pesquisa registrada no TSE sob nº 0368/22, Lula tem 40% e Bolsonaro 35%.

Alckmin não consegue explicar ao eleitor por que agora se juntou àquele a quem se referia como um ladrão pretendendo voltar “à cena do crime”.

 

Informações do Claudio Humberto

Ciências

Pesquisas sobre o uso medicinal da pele de tilápia ganham 3 prêmios

 

O revolucionário tratamento brasileiro com pele de tilápia, desenvolvido por cientistas Universidade Federal do Ceará, ganhou três prêmios nacionais em apenas um mês, um reconhecimento merecidíssimo.

As pesquisas premiadas envolvem o uso medicinal da pele do peixe em diversas áreas: para tratar queimaduras, feridas, para cirurgias plásticas e reparadoras e também no uso veterinário, em cães.

Com essas comendas recebidas em novembro, as pesquisas com a pele de tilápia já somam 19 premiações, todas em primeiro lugar. Que orgulho dos nossos cientistas!

Os prêmios

No último dia 24 de novembro, um grupo de pesquisadores do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM) da UFC recebeu o Prêmio Mentes da Inovação, promovido pela empresa Bayer.

Com a pesquisa “O curativo biológico de pele de tilápia liofilizada: um novo dispositivo regenerativo para tratamento de feridas, queimaduras e cirurgias plásticas reparadoras”, os pesquisadores foram premiados na categoria Saúde.

O estudo apresenta como produto a versão liofilizada do curativo de pele da tilápia, ou seja, o curativo é desidratado por um processo a frio e sob baixa pressão.

“É muito diferente de você fazer desidratação por calor. Quando você a faz por aquecimento, você acelera a degradação do tecido, você desnatura as proteínas. Já a liofilização conserva a estrutura do tecido”, explica o pesquisador Carlos Roberto Koscky Paier, que é um dos orientadores da pesquisa, juntamente com os professores Felipe Rocha, Odorico de Morais e Elisabeth de Morais e o médico Edmar Maciel, coordenador-geral das pesquisas com pele de tilápia.

A vantagem

A vantagem desse novo curativo é que ele reduz os custos existentes no curativo de pele de tilápia conservada em glicerol, que é o material que vem sendo utilizado atualmente nas pesquisas e tratamentos.

Como esse curativo tem a necessidade de estar armazenado sob refrigeração, ele gera gastos maiores com a energia e com o transporte. Já o liofilizado não necessita dessa preocupação no armazenamento, uma vez que pode ser mantido em temperatura ambiente.

“Para se ter uma ideia, quando a gente precisa esterilizar a pele em São Paulo, a gente envia a pele liofilizada por SEDEX, pagando quarenta, cinquenta reais. Antigamente, quando a pele estava no glicerol, a gente pagava mil reais, porque ela tinha que ser refrigerada. Então, é um ganho logístico absurdo”, avalia Paier, que também é técnico de laboratório da UFC e coordenou a submissão do trabalho, detalhado em forma de monografia, para concorrer ao prêmio da Bayer.

A defesa do trabalho foi feita em apresentação oral pela doutoranda em Farmacologia Nathaly Mendonza, sob orientação de Paier.

Aplicação ginecológica

Pela segunda vez, as pesquisas com pele de tilápia vencem o Prêmio Abril & Dasa de Inovação Médica com Veja Saúde. Desta vez, na edição de 2021, um grupo de pesquisadores da área de ginecologia, coordenado pelos professores Leonardo Bezerra e Zenilda Bruno, da Faculdade de Medicina da UFC, venceu a comenda na categoria Tratamento. A cerimônia de premiação acontecerá em formato virtual em 15 de dezembro.

O prêmio foi destinado ao estudo “A pele de tilápia na saúde sexual feminina e cirurgias reparadoras complexas: recuperação da função sexual de mulheres com estenose e malformação vaginal, autoaceitação de mulheres transgênero e reparo de sindactilia grave”.

Desde 2016, o Prof. Leonardo Bezerra vem trabalhando, de forma pioneira, na técnica de utilização do curativo de pele de tilápia para uso ginecológico.

O uso da pele de tilápia na área da Ginecologia, iniciado a partir de pesquisas desenvolvidas em Fortaleza, ganhou destaque internacional. A primeira cirurgia de redesignação de sexo (masculino para feminino), realizada no mundo, utilizando a pele do peixe, ocorreu em Cali, na Colômbia, com matéria prima originária do Banco de Peles de Tilápia, instalado no NPDM/UFC.

O procedimento cirúrgico, que teve duração de uma hora, foi realizado em um paciente de 36 anos de idade, por uma equipe que contou com as participações dos pesquisadores cearenses Edmar Maciel Lima Júnior e Leonardo Bezerra, bem como do cirurgião plástico Álvaro Rodriguez, referência na Colômbia em cirurgia de redesignação sexual.

Mais de trinta cirurgias desta em pacientes da América Latina já foram realizadas naquele país.

Autor da técnica de neovaginoplastia usando a pele de tilápia, Leonardo Bezerra informa que o procedimento é mais rápido, favorece a recuperação e apresenta resultados anatômicos bastante satisfatórios, já amplamente publicados na literatura médica.

As cirurgias vêm sendo realizadas desde 2017 sob protocolo de pesquisa clínica e já beneficiaram mais de 20 pacientes na Maternidade-Escola Assis Chateaubriand (MEAC/UFC) com rara síndrome de agenesia vaginal congênita ou câncer vaginal, sob coordenação da Profa. Dra. Zenilda Vieira Bruno.

Uso na veterinária

A terceira premiação foi dada à primeira pesquisa que utiliza a pele da tilápia para o uso oftálmico. A veterinária Mirza Melo apresentou, no XVII Congresso Brasileiro de Oftalmologia Veterinária, o estudo “Enxerto de pele de tilápia em úlcera de córnea de cães”, o qual recebeu o prêmio de melhor trabalho do congresso. Fruto de sua pesquisa de mestrado na UFC em Medicina Translacional, sob orientação do Prof. Odorico de Morais, o trabalho descreve o primeiro caso de uso da pele da tilápia in natura em lesões de olhos de cães.

“Apesar de haver 48 aplicações para a pele de tilápia na medicina humana, o uso oftálmico nunca havia sido realizado, e o que vemos em nossos resultados é que, além de fácil conservação e manipulação no transcirúrgico, temos um ótimo reparo corneano e um pós- cirúrgico sem dor, sem infecções ou complicações após a aplicação da pele”, explica a pesquisadora Mirza Melo.

Mirza esclarece que hoje a técnica vem sendo usada utilizando não mais a pele in natura, mas a sua matriz dérmica, também denominada scaffold, que é um arcabouço feito de colágeno puro, obtido através de um longo processo laboratorial de remoção das células do peixe. Ela aponta que esse novo material tem proporcionado ótima cicatrização e transparência corneana.

A veterinária informa que 119 cães já foram operados com a técnica e que, agora, estão sendo estudadas novas possibilidades de aplicação em cirurgia nos olhos. “Estamos evoluindo com nossos resultados para que a técnica também seja usada em olhos humanos”, adianta.

Expansão da pesquisa

O coordenador-geral das pesquisas com pele de tilápia, Edmar Maciel, que foi quem iniciou esses estudos em 2015, comemora as premiações como a valorização da importância desses achados científicos.

“Esses prêmios foram ganhos em três áreas distintas, por três pessoas diferentes que não a minha pessoa, o que mostra um engajamento de todos na pesquisa, nas mais diversas especialidades e nas mais diversas áreas. Isso mostra que a nossa pesquisa é gerenciada de forma horizontal, na qual todos participam, todos alcançam o sucesso e todos têm o reconhecimento”, celebra.

Edmar destaca que, neste semestre, o grupo de pesquisadores envolvidos nos estudos com pele de tilápia chegou a 297 pessoas, distribuídos em nove estados brasileiros e oito países.

“Esses prêmios, em primeiro lugar, reconhecem o mérito, o esforço, a dedicação dos pesquisadores que estão à frente desse projeto ao longo desses anos”, destaca o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Rodrigo Porto. Segundo ele, todo o reconhecimento nacional e internacional dessas pesquisas se dá por elas representarem “um exemplo cristalino” dos resultados práticos dos investimentos em pesquisa na melhoria da vida das pessoas.

Ele reforça ainda que a UFC tem procurado atuar de maneira mais próxima dos pesquisadores no processo de reconhecimento da propriedade intelectual de seus inventos, através das patentes. No caso da pele de tilápia, já existem quatro patentes para produtos desenvolvidos a partir desse material. Em três delas, a UFC detém 50% dos direitos autorais e, na quarta, 25%.

Informações da UFCE

Notícias

FANTÁSTICO: Pesquisas comprovam troca de cartas em Tupi entre indígenas em 1645

Fotomontagem de Lívia Magalhães com imagens de Patrick Raynaud/APIB e Eduardo Navarro

A história é escrita pelos vencedores. No caso brasileiro, primeiro foram os portugueses e, depois, os holandeses. Documentos que contam a história brasileira pela perspectiva dos que foram vencidos – os povos originários – são raros. O professor Eduardo Navarro, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, especialista em tupi antigo e em literatura do Brasil colonial, mostra uma dessas exceções. Navarro pesquisou seis cartas trocadas entre indígenas em 1645, os únicos textos conhecidos que os próprios indígenas escreveram em tupi nos tempos coloniais. Essas cartas estão guardadas nos arquivos da Real Biblioteca de Haia, na Holanda, e detalham uma guerra religiosa travada entre portugueses e holandeses, com a presença de indígenas em cada lado, conhecida como Insurreição Pernambucana (1645-1654).

O professor explica que essas seis cartas pertenciam ao arquivo da Companhia das Índias Ocidentais, uma empresa de comércio com capitais privados e também capitais do Estado holandês. Essa companhia organizou uma invasão do Nordeste brasileiro em 1625, que não foi bem-sucedida. Os integrantes da companhia voltaram para o país europeu com alguns indígenas a bordo, entre eles os caciques Pedro Poti e Antônio Paraopeba. Na Holanda, os caciques foram convertidos ao protestantismo calvinista. Cinco anos depois, houve outra tentativa de invadir a costa do Nordeste. E dessa vez deu certo, principalmente, em Pernambuco, onde os holandeses permaneceram por 24 anos, desde 1630 até 1654.

“E por que Portugal deixou a Holanda invadir o seu território?”, provoca Navarro. Ele relata que, em 1645, fazia cinco anos que Portugal tinha saído do domínio espanhol e, para firmar sua independência, era necessário obter apoio dos holandeses. Essa aliança foi consolidada pelo padre Antônio Vieira, que também era diplomata. Ele escreveu o plano Papel Forte, que consistia em entregar o Nordeste brasileiro em troca de apoio político. Já os senhores de engenho não queriam a presença dos holandeses, pois muitos estavam endividados com a Companhia das Índias Ocidentais. Queriam que os holandeses fossem embora, para não pagar suas dívidas. Nesse período, o conde Maurício de Nassau foi quem administrou Pernambuco e conseguiu apaziguar os conflitos religiosos e dos senhores de engenho. Ele criou um ambiente de tolerância religiosa, numa época em que em território português era obrigatório o catolicismo e as outras religiões eram consideradas heresia.

Carta de de Felipe Camarão a Antônio Paraopeba, de 4 de outubro de 1645 – Fotos: Arquivo de Eduardo Navarro

 

Quando Nassau voltou para a Europa, em 1644, começaram a acontecer conflitos religiosos. Jacob Rabbi, um alemão a serviço do governo holandês, provocou um massacre em Cunhaú, no Rio Grande do Norte. As portas da Igreja de Nossa Senhora das Candeias foram trancadas e dezenas de fiéis foram mortos. Esse foi o estopim para a Insurreição Pernambucana.

Navarro descreve que, do lado holandês, ficaram Pedro Poti e Antônio Paraopeba, indígenas protestantes, e, do lado português, Felipe Camarão, indígena católico, que pedia a seus parentes Poti e Paraopeba que voltassem para o lado português. “Esses pedidos estão nas cartas, todas de 1645: a primeira é de agosto e as últimas são de outubro. Foram preservadas seis cartas, mas imagino que deve haver mais”, destaca o professor. Ele conta que a primeira carta de que há registro é de Felipe Camarão, pedindo para que Pedro Poti deixasse os holandeses, sob a alegação de que eram hereges e “estão no fogo do diabo”. Camarão escrevia que os indígenas precisavam se unir, pois eram do mesmo sangue e não podiam se matar daquela maneira. A resposta do Poti é conhecida através de um resumo em holandês feito por um pastor holandês. “Poti respondeu que não havia motivo para apoiar os portugueses, já que eles só fizeram mal para seu povo: escravizaram e praticaram violência contra os potiguaras. Uma crítica bem contundente”, ressalta Navarro. Diferentes dos holandeses, os portugueses não preservaram as cartas dos indígenas, entre elas a resposta de Poti. “Por isso só é possível ver as cartas que os holandeses receberam”, lamenta o professor.

Carta de Felipe Camarão a Pedro Poti, de 4 de outubro de 1645 – Fotos: Arquivo de Eduardo Navarro

O conteúdo das cartas é constituído por textos sobre indígenas que desejam que seus parentes se unam, que abandonem as suas posições na guerra e parem de matar os seus parentes. Há comentários em que eles pedem que suas antigas tradições sejam revigoradas. Por meio das cartas, obtêm-se também informações mais específicas, como os nomes dos caciques que morreram na guerra e os lugares em que eles lutaram.

Carta de Diogo da Costa a Pedro Poti, de 17 de outubro de 1645 – Fotos: Arquivo de Eduardo Navarro

Pelo fato de as cartas serem escritas pelos próprios indígenas, pode-se observar como era a língua efetivamente falada e usada por eles, de acordo com Navarro. Assim, as cartas também são consideradas provas de que os missionários descreveram a língua corretamente. Como conta o professor, há estudiosos que dizem que os missionários jesuítas teriam adaptado a língua aos seus interesses. Entretanto, não foi isso o que aconteceu. “As cartas comprovam que missionários escreveram exatamente aquilo que os indígenas falavam.”

Antes de Navarro, houve algumas tentativas de traduções das cartas. Uma delas foi feita pelo engenheiro Teodoro Sampaio, que recebeu as cartas pelo historiador José Hygino Duarte Pereira, que foi quem as descobriu, em 1885. O engenheiro confessa, em seu artigo Cartas tupis dos Camarões (1908), que até conseguia reconhecer o assunto das cartas, mas não conseguia traduzi-las efetivamente. Eram “verdadeiros mistérios”. Ninguém mais tentou traduzi-las até a década de 1990, quando o professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Aryon Rodrigues foi à Holanda buscar essas cartas. Não conseguiu traduzi-las e mostrou-as a Navarro. “Eu pedi para a biblioteca na Holanda e elas chegaram em microfilmes. E percebi que ninguém conseguia traduzi-las porque não havia dicionário em tupi antigo. Eu tive que elaborar um dicionário para depois traduzir as cartas”, explica Navarro. Após publicar Dicionário de Tupi Antigo: a Língua Indígena Clássica do Brasil (2013), Navarro começou a analisar as seis cartas de forma mais intensa.

Carta de Diogo Pinheiro Camarão a Pedro Poti, de 21 de outubro de 1645 – Fotos: Arquivo de Eduardo Navarro

São os primeiros e os únicos documentos escritos pelos próprios indígenas até a Independência do Brasil. É muito raro ter algo escrito pelos indígenas que tenha sido preservado. Esse é o verdadeiro valor dessas cartas”, destaca Navarro. Com esses “documentos preciosos”, de acordo com Navarro, observa-se também os rumos da guerra. As cartas mostram o movimento dos exércitos, aspectos da cultura dos indígenas potiguaras e certa tristeza por terem perdido sua cultura tradicional.

 

Carta de Diogo Pinheiro Camarão aos capitães Baltazar Araberana, Gaspar Cararu, Pedro Valadina e Jandaia, de 21 de outubro de 1645 – Fotos: Arquivo de Eduardo Navarro

 

“Esse trabalho me alegra muito”, comenta Navarro. Ele afirma que há duas razões para essa alegria. A primeira é que a pesquisa é uma contribuição para a cultura brasileira. A segunda é que as cartas auxiliam no ensino. O professor conta que desde 2001 ensina tupi para um grupo de indígenas potiguaras, na Paraíba, que tinham deixado de falar sua língua e hoje buscam uma afirmação da sua identidade e querem aprender a língua.

A pesquisa do professor Navarro será publicada no Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, de Belém, no Pará.

Deu no Jornal da USP

Polícia

Ministro Marcos Pontes diz que a falta de concursos pode afetar pesquisas no Brasil

Foto: Divulgação

O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, disse nesta quarta-feira (6) que a falta de concursos públicos pode comprometer a produção de pesquisas no país. A afirmação foi feita durante audiência pública na Câmara dos Deputados, após parlamentares cobrarem, do ministro, uma “defesa mais incisiva” do setor.

Segundo Pontes, o maior problema de sua pasta é a falta de pessoal. Em segundo lugar estaria a falta de orçamento. “A gente não tem concurso público. Não consigo repor pesquisadores. Tem o Instituto Nacional da Mata Atlântica, que tem 14 pesquisadores e metade pode aposentar. Se eles aposentarem, eu fecho o instituto, o que eu vou fazer?”, disse o ministro.

Ao iniciar a apresentação, Pontes apresentou aspectos considerados essenciais para o desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovações no país. Ele lembrou que esta é ferramenta “essencial” para o desenvolvimento econômico e social de qualquer país, e que são exatamente essas as áreas que diferenciam aqueles que estão em estágio mais avançado.

O ministro descreveu áreas de atuação e diretrizes de sua pasta, focadas desde o cenário encontrado em 2019, quando assumiu o cargo, e descreveu estruturas e estratégias adotadas em projetos e programas.

Segundo o ministro, o orçamento previsto na proposta de lei orçamentária não é suficiente para o custeio normal do ministério. “Nosso orçamento discricionário, este ano, é R$ 2,6 bilhões, sendo que R$ 1 bilhão ficará nas bolsas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), o que é essencial. Portanto não podemos mexer. Sobra R$ 1,6 bilhão.

Considerando o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, o que estava no orçamento gira em torno de R$ 600 milhões”, disse.
“Fica então R$ 1 bilhão, para o qual temos 27 unidades vinculadas. Dá, grosso modo, R$ 30 ou 40 milhões por unidade. E tem ainda unidades como o programa espacial, como o programa nuclear, que precisam de muito mais do que isso”, completou o ministro.

Informações Agência Brasil