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Moraes vota para anular condenação por peculato de ministro de Lula

peculato Waldez Góes

 

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou para anular a condenação do ministro do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes. Em 2019, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) condenou Góes, ex-governador do Amapá, a seis anos de prisão por peculato. Segundo o acórdão, ele desviou recursos destinados ao pagamento de empréstimos consignados de servidores do Estado entre 2009 e 2010.

Moraes, no entanto, entendeu que o então governador usou esses valores para atender a outras prioridades públicas, sem proveito particular, conforme voto proferido no plenário virtual do STF. “Dessa forma, verificando-se que a utilização do recurso desviado ocorreu para finalidade estritamente pública, em proveito da própria Administração, é imperioso reconhecer a não ocorrência do crime de peculato-desvio”, escreveu, na decisão favorável a Góes.

Sob responsabilidade da 1ª Turma, o caso estava sob julgamento entre os dias 19 e 26 de maio. Porém, o próprio relator, ministro Roberto Barroso, pediu vista, interrompendo o julgamento, que agora deve ir para votação presencial.

Barroso já tinha votado contrariamente ao habeas corpus do Góes, mas, agora, com novo pedido de destaque, poderá rever o voto. O ex-ministro Marco Aurélio (aposentado) também votou pela recusa do habeas corpus, ou seja, pela manutenção da decisão do STJ. Com o pedido de vista de Barroso, ainda não há data para o julgamento.

No HC, os advogados de Góes, do escritório de José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça no governo Dilma Rousseff, pedem a cassação do acórdão do STJ e a remessa da ação para julgamento no Tribunal de Justiça do Amapá (TJ-AP), com solicitação para que seja estendida a Góes a absolvição dada a outros réus pelo tribunal no mesmo caso.

Em nota, a defesa de Waldez Góes disse que confia em um julgamento favorável ao pedido de anulação da decisão do STJ. “Evidentemente somente o próprio ministro relator [Barroso] poderá explicar o destaque. Mas a defesa de Waldez Góes acredita que a razão do destaque se deve à provável necessidade de adaptação do seu voto à evolução jurisprudencial que ocorreu após a sua apresentação. Por isso, a defesa confia no julgamento procedente do HC”, disse o advogado José Eduardo Cardozo, em nota à imprensa.

A ONG Transparência Internacional criticou a escolha de Góes por Lula, em razão da condenação. “A nomeação de um ministro condenado à prisão destoa desses bons quadros e acende todos os alertas”, afirmou a organização em janeiro, ocasião em que também criticou Lula pelo “silêncio sobre o combate à corrupção”.

Deu na Oeste

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Ex-vereadores e vereador de Natal são condenados a mais de 10 anos de reclusão por desvio de dinheiro da Câmara

 

O Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) obteve a condenação de dois ex-vereadores e um vereador pelo desvio de verbas públicas da Câmara de Vereadores de Natal. Os réus, denunciados pelo MPRN e condenados pela Justiça Estadual em três ações penais, se valeram do mandato eletivo de vereador e praticaram diferentes crimes, como o de peculato e de falsificação de documento, além de associação criminosa.

Os desvios foram viabilizados pela emissão de cheques em branco, por assessor parlamentar, supostamente em benefício de empresas prestadoras de serviços e mercadorias (em geral, postos de combustíveis). Não havia a efetiva prestação dos serviços e/ou fornecimento de produtos e os cheques eram sistematicamente sacados por agente integrante do grupo criminoso, sempre uma pessoa diversa daquelas indicadas nas prestações de contas. Essa prática é caracterizada como peculato.

Já o crime de uso de documentos ideologicamente falsos ocorreu quando os agentes, para encobrir os crimes de peculato, utilizaram cópias de cheques, notas fiscais e recibos falsos. Essa documentação era apresentada junto à prestação de contas da Câmara dos Vereadores de Natal, com beneficiários diferentes dos que efetivamente realizaram os saques.

Os parlamentares tinham a posse desses valores em razão do cargo que ocupavam, por se tratar de verba indenizatória de gabinete, destinada ao custeio da atividade parlamentar. Assim, o MPRN demonstrou a autoria e a materialidade dos crimes, apresentando prova testemunhal e o magistrado julgou que a versão dos acusados não se sustentava.

A primeira ação penal tem como réus: o ex-vereador Dinarte Torres Cruz; a ex-assessora parlamentar, Liege Maria Gomes Cavalcanti Teixeira; a contadora Aurenísia Celestino Figueiredo Brandão; o advogado Cid Celestino Figueiredo Souza; e o empresário Sidney Rodrigues dos Santos. Cada um agindo a seu modo, desviaram em proveito próprio e alheio, ao longo de 2011, R$ 33.920 da Câmara de Vereadores de Natal.

A responsável por montar artificiosamente a prestação de contas com notas fiscais frias ou por meio de empresários cooptados era Aurenísia. A contadora também recrutou os denunciados, Cid, Maria Dalva de Oliveira e Sidney Rodrigues dos Santos, para fornecer essas notas fiscais frias.

O mesmo esquema foi operado no gabinete do então vereador Franklin Roosevelt de Farias Capistrano com as assessoras parlamentares, Maria Georgia Wanderley de Meneses e Janete Dias de Andrade, com o apoio de Aurenísia, Cid e Sidney.

Apenas neste processo vinculado a Franklin Roosevelt, foram constatados 190 desvios de recursos públicos em favor do grupo criminoso, perfazendo ao menos 177 cheques, que foram emitidos supostamente em favor de diversas empresas. Porém, na verdade, os saques foram feitos em sua maioria, pela própria ré Aurenísia.

Nesta segunda ação penal, o MPRN apontou que os danos perpetrados contra o patrimônio público municipal, pela empreitada criminosa, durante os anos de 2008 a 2011, totalizam a quantia atualizada de R$ 3.048.389,09.

Na terceira ação penal, o MPRN demonstrou os crimes praticados pelo então vereador Francisco de Assis Valetim da Costa com os então assessores parlamentares Jane Diane Gomes da Silva e Judite Cristiane Solado Costa Vale, Milton Bezerra de Arruda e Marinalva de Sales, ex-assessores parlamentares municipais lotados no gabinete do mencionado parlamentar.

Juntos, desviaram em proveito próprio e alheio, ao longo de 2011, o montante de R$ 202.210,48 da Câmara de Vereadores de Natal. Novamente, com o apoio de Aurenísia, Cid, Maria Dalva e Sidney. A instrução processual revelou que, no total, foram realizados 47 desvios de recursos públicos em favor do grupo criminoso, através de pelo menos 47 cheques.

Deu no Portal da 96