Educação

Talebã exclui meninas na reabertura do ensino médio

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O Talebã está excluindo meninas das escolas secundárias do Afeganistão, depois de ordenar neste sábado (18/09) que apenas meninos e professores do sexo masculino voltem para a sala de aula no retorno às aulas esta semana.

Uma declaração do grupo islâmico divulgada esta semana fala na retomada das aulas no ensino médio, mas não menciona meninas ou mulheres.

Uma estudante afegã disse à BBC que estava arrasada. “Tudo parece muito sombrio”, disse ela.

Apesar das promessas do Talebã, esse é o mais recente sinal de que o Afeganistão está retornando ao estilo de governo linha-dura dos anos 1990.

Na sexta-feira (17/07), havia sinais de que o Talebã fechou o ministério de assuntos femininos, o substituindo por um departamento com doutrinas religiosas rígidas.

Durante o governo do Talebã entre 1996 e 2001, havia um Ministério para a Propagação da Virtude e Prevenção do Vício, que era responsável por enviar às ruas a chamada polícia da moralidade para fazer cumprir a interpretação estrita do Talibã da lei religiosa islâmica, conhecida como Sharia.

‘Estou muito preocupada com o meu futuro’

Um comunicado emitido antes da reabertura das escolas afegãs neste sábado disse: “Todos os professores e alunos do sexo masculino devem frequentar as instituições de ensino”.

Escolas secundárias geralmente são para alunos com idades entre 13 e 18 anos. A maioria das escolas também é segregada, o que tornaria mais fácil para o Talebã fechar escolas para meninas.

Alunas e seus pais disseram que as perspectivas no país são sombrias.

“Estou muito preocupada com meu futuro”, disse uma estudante afegã, que quer ser advogada.

“Tudo parece muito sombrio. Todos os dias eu acordo e me pergunto ‘por que estou viva?’ Devo ficar em casa e esperar que alguém bata na porta e me peça em casamento? É esse o propósito de ser mulher?”

Seu pai disse: “Minha mãe era analfabeta, e meu pai constantemente a intimidava e a chamava de idiota. Eu não quero que minha filha se torne como minha mãe”.

Outra estudante, uma jovem de 16 anos de Cabul, disse que foi um “dia triste”.

“Eu queria ser médica! E esse sonho desapareceu. Acho que eles não nos deixarão voltar para a escola. Mesmo que abram o colégio novamente, eles não querem que as mulheres se eduquem.”

No início da semana, o Talebã havia anunciado que as mulheres teriam permissão para estudar nas universidades, mas elas não poderiam fazê-lo ao lado dos homens e teriam que se submeter a um novo código de vestimenta.

Alguns sugeriram que essas novas regras na prática acabariam excluindo as mulheres do sistema educacional, porque as universidades não têm recursos para oferecer aulas separadas.

Impedir que as meninas frequentem escolas secundárias também significa que nenhuma delas será capaz de chegar ao ensino superior.

Desde que o Talebã foi removido do poder em 2001, houve grande progresso no número de matrículas e nas taxas de alfabetização do Afeganistão — especialmente entre meninas e mulheres.

O número de meninas nas escolas primárias aumentou de quase zero para 2,5 milhões, enquanto a taxa de alfabetização feminina quase dobrou em uma década, atingindo 30%.

“Este é um revés na educação de mulheres e meninas afegãs”, disse Nororya Nizhat, ex-porta-voz do Ministério da Educação.

“Isso lembra a todos o que o Talebã fez nos anos 90. Isso fez com que tivessemos uma geração de mulheres analfabetas e sem instrução.”

Pouco depois de assumir o poder, o Talebã havia dito que os direitos das mulheres no Afeganistão seriam respeitados “dentro da estrutura da lei islâmica”.

Com informações da BBC News

Saúde

Senado aprova distribuição de absorventes a mulheres de baixa renda

Foto: Pixabay

O Senado aprovou esta semana um projeto de lei que viabiliza a distribuição de absorventes gratuitamente para mulheres de baixa renda em todo o Brasil.

Com a aprovação, a proposta agora vai para sanção do presidente da república. Se ele acatar o texto, as regras entram em vigor 120 dias após a publicação do texto no “Diário Oficial da União”.

De acordo com a proposta, o governo criar o Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual.

Mulheres beneficiadas

Inicialmente, o programa prevê a distribuição gratuita de absorventes para mulheres que se encaixam no seguinte perfil:

  • jovens estudantes de baixa renda, que estejam devidamente matriculadas em escolas da rede pública de ensino;
  • mulheres em situação de rua ou em situação de vulnerabilidade social extrema;
  • mulheres apreendidas e presidiárias, recolhidas em unidades do sistema penal;
  • mulheres internadas em unidades para cumprimento de medida socioeducativa.

Com exceção das mulheres em situação de rua, para receber os absorventes será indispensável o registro no Cadastro Único de Programas Sociais (CadÚnico).

Precariedade menstrual

A medida pretende combater a precariedade menstrual, que atinge a maioria das mulheres carentes e em situação de vulnerabilidade social.

O texto estabelece que os critérios de quantidade e de oferta gratuita de absorventes, sejam definidos em regulamento, a ser editado após a publicação da lei.

De acordo com o relatório “Pobreza Menstrual no Brasil: desigualdade e violações de direitos“, divulgado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o Brasil tem aproximadamente 713 mil meninas vivem sem acesso a banheiro ou chuveiro em casa e mais de 4 milhões não têm acesso a itens mínimos de cuidados menstruais.

Para ler o projeto de lei completo, você pode acessá-lo pelo site da Câmara, neste link.

A sugestão de lei foi apresentada por Emilly Silva, de Pernambuco, por meio do Portal e-Cidadania e apresentada pela autora do projeto Marília Arraes (PT-PE).

Informações do Correio Braziliense