Economia

Caminhoneiros ameaçam fazer greve para forçar governo Bolsonaro baixar diesel

8.set.2021 - Paralisação de caminhoneiros em Lages (SC), em protesto contra o preço da gasolina e do diesel - Fom Conradi/iShoot/Estadão Conteúdo
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A sequência de aumentos no preço do diesel fez a categoria dos caminhoneiros cogitar entrar em greve para forçar o governo a baratear o combustível. Novo reajuste foi anunciado ontem. Presidente do Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), Plinio Dias diz que o assunto vai ser tratado na próxima reunião das lideranças da categoria, que será realizada no dia 16 de outubro, no Rio de Janeiro.

“Tem vários motoristas querendo parar, mas tudo vai depender desse encontro no Rio”, afirmou Dias à coluna. “Nossa intenção não é essa e sim sentar e dialogar pra todos saírem com ótimas condições de trabalho, sem ter que paralisar nosso país”.

O líder caminhoneiro diz que a solução do problema cabe ao governo federal.”Nossa intenção é que o presidente Bolsonaro e o presidente da Petrobras resolvam isso, pois está nas mãos deles”, diz o presidente do CNTRC. Ele não concorda com a argumentação do presidente da República, que costuma repassar a responsabilidade da alta do combustível para os governadores, por causa da cobrança do ICMS. Assim como várias outras que representam os motoristas de caminhão, a entidade de Plinio Dias não apoiou a mobilização de caminhoneiros convocada no dia 7 de setembro, em apoio ao presidente Bolsonaro. Para ele, o movimento, que criou barricadas em estradas de vários estados, foi obra de profissionais ligados ao agronegócio e não de caminhoneiros autônomos. O secretário nacional da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), Carlos Alberto Litti Dahmer, confirma a insatisfação com o governo, mas argumenta que é cedo para falar em paralisação. “O fantasma da greve ronda sempre, mas precisamos evoluir pra chegar nela. É um processo”.

Informações do UOL

Política

“Não podemos tentar resolver um problema criando outro”: diz o Ministro Tarcísio, confirmando que o áudio é mesmo do presidente Bolsonaro a caminhoneiros

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Em vídeo, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, confirma a veracidade do áudio do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), enviado para os caminhoneiros na noite desta quarta-feira (8).

Na mensagem de voz, o presidente diz aos manifestantes que os bloqueios atrapalham a economia, pois provocam desabastecimentos, inflação e prejudicam a todos, em especial os mais pobres. O presidente afirma ainda que os caminhoneiros são aliados, e pede então para que liberem as estradas bloqueadas.

Segundo o ministro, o áudio “mostra a preocupação do presidente com a paralisação”. “Essa paralisação ia agravar efeitos da economia, inflação, impactar os mais pobres e mais vulneráveis. Nós já temos hoje um efeito nos preços dos produtos em função da pandemia”, reforçando o que disse Bolsonaro no áudio.

Tarcísio de Freitas segue dizendo que é uma preocupação de todos a melhoria da situação do país e com a resolução de problemas graves. “Mas a gente não pode tentar resolver um problema criando outro, principalmente os mais vulneráveis. Daí a preocupação do presidente da república.”

O ministro finaliza dizendo que pede a todos que escutem o presidente. “Que a gente tenha serenidade para pavimentar um futuro melhor. O presidente no áudio mesmo fala que a solução do problema vai se dar através do diálogo com as autoridades. Então vamos confiar nessa condição, no diálogo e vamos em frente.”

Notícias

Rodovias ocupadas por caminhoneiros em 8 estados são desbloqueadas pela PRF

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Rodovias ocupadas por caminhoneiros continua dando o que falar . O Ministério da Infraestrutura informou que existem pontos de concentração de caminhoneiros, com abordagem a outros veículos de carga, em oito estados, até as 17h30 de hoje (8). O balanço foi feito com base em informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF). As mobilizações ocorrem na Bahia, no Espírito Santo, no Mato Grosso, no Mato Grosso do Sul, em Santa Catarina, no Paraná, no Maranhão e no Rio Grande do Sul. Em nenhum desses locais, segundo a pasta, há bloqueio total da pista.

“A PRF encontra-se em todos os locais identificados e trabalha pela garantia do livre fluxo com a tendência de fim das mobilizações até a 0h do dia 09/09. Importante alertar que a disseminação de vídeos e fotos por meio de redes sociais não necessariamente reflete o estado atual da malha rodoviária”, informou o Ministério da Infraestrutura, em nota.

Ainda segundo a pasta, ao longo do dia foram debeladas 67 ocorrências com concentração de populares e tentativas de bloqueio total ou parcial de rodovias.

O movimento ocorre um dia depois de manifestações pró-governo em diferentes cidades, nessa terça-feira (7). Manifestantes pediram o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e a destituição de ministros da corte, além de intervenção militar.

Em nota, a Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística) manifestou “total repúdio” às paralisações. “Trata-se de movimento de natureza política e dissociado até mesmo das bandeiras e reivindicações da própria categoria, tanto que não tem o apoio da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos”, diz a entidade. O texto leva a assinatura do presidente da NTC&Logística, Francisco Pelucio.

A entidade, que congrega cerca de 4 mil empresas de transporte, disse ainda estar preocupada com os efeitos que bloqueio nas rodovias poderão causar, especialmente em relação ao abastecimento dos setores de produção e comércio.

Caminhões na Esplanada

No início da tarde, mesmo depois do fim da manifestação de ontem, dezenas de caminhões permaneciam estacionados ao longo do canteiro central da Esplanada dos Ministérios, em Brasília, cujo trânsito segue bloqueado. Eles pressionam pela derrubada do bloqueio policial que dá acesso à Praça dos Três Poderes, onde fica o STF, o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto.

Mais cedo, eles tentaram invadir a sede do Ministério da Saúde e hostilizaram jornalistas. Equipes de pelo menos duas emissoras tiveram que se abrigar dentro do prédio após ameaça de agressão por parte dos manifestantes.

Segundo a Polícia Militar do DF, que foi chamada ao local, não houve registro de feridos e ninguém foi detido. A corporação informou também que o policiamento no local está reforçado.

Em nota, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do DF disse ter recebido relatos de ataques de manifestantes a profissionais de imprensa e cobrou da Secretaria de Segurança Pública do DF assegurasse o trabalho dos profissionais de comunicação. O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa, deputado Distrital Fábio Felix (PSOL), também informou ter enviado ofício à Secretaria de Segurança do DF para reforçar “urgentemente” o policiamento no local.

Deu na Agência Brasil