Cultura, Política

Ezequiel Ferreira destaca exposição sobre Auta de Souza na Assembleia Legislativa

 

O presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, deputado estadual Ezequiel Ferreira (PSDB), destacou na abertura da sessão plenária desta terça-feira (09), a exposição que está sendo realizada na Casa em homenagem a poetisa potiguar Auta de Souza. A exposição está aberta ao público das 8h às 14h, até o dia 19 de abril, no Salão Nobre do Legislativo.

“Uma figura emblemática das letras brasileiras, cuja vida e obra transbordam os limites do tempo”, disse o parlamentar em referência a Auta de Souza. Ainda de acordo com Ezequiel, em uma de suas obras a poetisa “nos oferece versos que são uma janela para a sua alma sensível” e destacou que o texto é de uma “beleza singela, mas profundamente tocante”, refletindo “anseio por conforto espiritual”.

Conforme o presidente da Assembleia, ao homenagear Auta, “celebramos não apenas a poetisa, mas a mulher, a alma que apesar dos infortúnios soube encontrar na poesia a força para se erguer e brilhar”. Para Ezequiel, “seu legado é um farol de esperança e beleza”, e “sua obra eternizada pelo tempo permanece como hino a resiliência do espírito humano e a capacidade de transformar a dor em algo sublime”.

Auta de Souza nasceu em Macaíba, em 1876, e conquistou reconhecimento devido a sua sensibilidade poética e profundidade emocional, sendo considerada uma referência do Simbolismo no país. Apesar de ter falecido precocemente, aos 24 anos de idade, ela deixou um legado significativo na literatura brasileira. Seus poemas continuam a ser estudados e apreciados pela maneira como capturam a essência da condição humana, tornando-a uma figura imortal na história da literatura nacional.

Sua obra é marcada por temas como amor, religiosidade e morte, abordados com uma linguagem lírica e simbólica. Entre seus principais trabalhos está o livro póstumo “Horto”, publicado em 1900, que será relançado em fac-símile em edição que conta com participação da Assembleia Legislativa.

Arte

Livro “Horto” da poetisa Auta de Souza será lançado na próxima sexta-feira, 10, em conformidade com a primeira edição de 1900

O folclorista Câmara Cascudo referia-se à conterrânea Auta de Souza como “a maior poetisa mística do Brasil”. A célebre potiguar deixou um único livro, “Horto”. Desde então, o livro de poemas foi mutilado por várias alterações nas edições que sucederam a primeira, a ponto de comprometer seriamente a originalidade da obra da jovem poetisa macaibense. Foi por essa razão que Carlos Castim e Fábio Fidelis, em vigoroso trabalho de arqueologia literária, dedicaram-se a reescrevê-lo, de maneira absolutamente fidedigna à primeira edição de 1900, a única lida, aceita e abraçada por Auta de Souza.

Depois de três anos de pesquisa, ocorrerá o lançamento de “Horto – Poemas originais de Auta de Souza em conformidade com a primeira edição (1900)”, na próxima sexta-feira (10), às 19h, na Academia Norte-rio-grandense de Letras (ANRL), em Natal. O projeto conta com patrocínio do cemitério, crematório e funerária Morada da Paz.

Publicada originalmente em 1900, a obra apresenta erros de diagramação e descuidos editoriais, o que incomodava o advogado, ex-procurador do Município de Natal, músico, compositor e poeta Carlos Castim. Diante dessa realidade, ele se juntou ao advogado e professor universitário Fábio Fidelis para se devotarem à pesquisa da obra autaniana.

A macaibense integrou a segunda geração romântica e escreveu poemas com influência simbolista e de elevado valor estético, cujos versos refletiam a sua realidade. A primeira edição do seu único livro foi prefaciada por Olavo Bilac, e seus exemplares esgotaram-se em poucos meses. Ademais, os exemplares da obra a qual aborda frustração amorosa, religiosidade, perdas familiares e tuberculose foram recebidos com elogios pela crítica literária.

Ela nasceu em 1876, antes da abolição da escravatura no Brasil, em 1888. “Naquela conjuntura social, ela conseguiu, mesmo sendo mulher e negra, ser reconhecida pela sua qualidade literária”, destaca Castim, acrescentando que, após a morte da autora, aos 24 anos, muitos de seus poemas foram alterados, sobretudo a partir da segunda edição. “Assim, o presente trabalho está rigorosamente de acordo com a primeira edição, a única abraçada e referendada por ela”, orgulha-se o escritor.

O propósito do projeto é resgatar a originalidade do livro e o respeito à memória da autora. “Esse trabalho envolveu uma cuidadosa pesquisa de todas as edições já lançadas no mercado, além dos manuscritos, ‘Dhálias’ e ‘Horto’. O resultado consiste numa edição pequena e numerada. A sensação é estar em posse da primeira edição, de 1900, com a diferença de ser acrescida de notas informativas sobre cada poema alterado, além de pequenos comentários de Câmara Cascudo extraídos da biografia ‘Vida Breve de Auta de Souza’ alusivos aos referidos cânticos”, conclui Castim.

O projeto foi patrocinado pelo Morada da Paz com o intuito de abraçar uma iniciativa que visa resgatar a obra de uma mulher que marcou a história não só do Rio Grande do Norte, mas do Brasil. “Nosso propósito é ajudar a perpetuar histórias e pessoas, especialmente uma personalidade como Auta de Souza e sua obra. O legado das mulheres tem sido constantemente apagado da história ao longo dos séculos e acreditamos que iniciativas como essa chegam para mostrar resistência, presença, resgate e muito valor histórico”, declara o diretor do Grupo Morada, Eduardo Vila.

Toda a renda obtida com a venda dos livros será integralmente destinada às seguintes instituições: Comunhão e Caridade Ave Luz, em Natal, e Fundação Lar Celeste Auta de Souza, em Macaíba/RN.

Serviço
Lançamento do livro “Horto – Poemas originais de Auta de Souza em conformidade com a primeira edição (1900)”
Data: 10/12/2021 – sexta-feira
Hora: 19h
Local: Academia Norte-rio-grandense de Letras (ANL) – Rua Mipibu, 443, Petrópolis