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Conflito no Sudão pode desencadear crise em ‘grande escala’, diz secretário-geral da ONU

antonio Guteres

 

O conflito entre o Exército e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (FAR) no Sudão pode desestabilizar toda a região e desencadear uma crise de grandes proporções, alertou o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres.

“A perspectiva de uma guerra prolongada e em grande escala é insuportável”, disse Guterres durante uma reunião do Conselho de Segurança da ONU que discutia a crise no país africano. Segundo a Organização, em dez dias de conflito, 427 civis morreram e 3,7 mil ficaram feridos.

“A luta pelo poder no Sudão não está apenas colocando em risco o futuro do país, mas está acendendo um fogo que pode se espalhar além das fronteiras, causando imenso sofrimento nos próximos anos e atrasando o desenvolvimento em décadas”, ressaltou Guterres, mencionando que o país faz fronteira com outras sete nações, incluindo algumas que sofreram conflitos e distúrbios civis na última década.

Além disso, o país é a entrada para o Sahel, considerada uma das regiões mais instáveis do mundo e que passa por grave crise humanitária. O secretário pediu, ainda, para que ambos os lados respeitem a trégua de 72 horas intermediada pelos Estados Unidos e que concordem com o fim das hostilidades.

Deu na Jovem Pan

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Corpos cobrem as ruas da capital do Sudão e cheiro de morte invade hospitais do país

Pessoas usam caminhão para fugir dos conflitos em Cartum, capital do Sudão

 

Ibrahim Mohammed descobriu no sábado (22) que seu vizinho da enfermaria do hospital havia morrido. Três dias depois, sufocado pelo cheiro do corpo em decomposição, foi obrigado a deixar o hospital em meio às balas que ressoavam ao seu redor.

Em Cartum, a guerra entre os dois generais que disputam o poder acabou com um sistema de saúde já fragilizado, em um país castigado por décadas de guerras e sanções internacionais.

Depois de mais de uma semana de guerra aberta no centro da capital de mais de cinco milhões de habitantes, pacientes e médicos descrevem o horror absoluto.

Mohammed Ibrahim, de 62 anos, visitava regularmente seu filho Ibrahim, de 25 anos, no hospital onde ele recebia tratamento para leucemia.

No sábado, 15 de abril, sua provação tomou um novo rumo com a morte do jovem com quem dividia o quarto. Ele morreu “mas o corpo foi deixado lá por causa dos combates”, disse o pai à AFP.

“NECROTÉRIOS LOTADOS”
Para o médico Attiya Abdalah, secretário-geral do sindicato dos médicos, cenas como essa não são incomuns no Sudão em meio ao caos.

“Corpos em decomposição permanecem nos quartos de hospitais” por falta de capacidade para transferi-los.

“Os necrotérios estão lotados, os corpos cobrem as ruas, até os hospitais que atendem os feridos podem ser obrigados a parar tudo a qualquer momento”, declara, exausto.

O fogo cruzado por toda a cidade não poupa médicos, pacientes nem hospitais. “Ou ficávamos no meio do cheiro pútrido ou saíamos para levar um tiro”, diz Mohammed Ibrahim.

Finalmente, a administração do hospital resolveu o dilema de seu filho. “Eles nos disseram para ir embora por causa dos combates e porque estavam atirando no hospital”, disse o pai.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou no domingo que registrou “oito mortos e dois feridos” entre os profissionais da saúde. No total, de acordo com o sindicato médico, 13 hospitais foram bombardeados e outros 19 obrigados a fechar por falta de material ou porque foram tomados pelos combatentes.

“Somos forçados a mandar pacientes para casa porque correm o risco de serem baleados e mortos”, diz o doutor Abdalah.

Mohammed Ibrahim teve que carregar o filho doente nos braços, “a pé, sob o fogo e em meio aos combates”, durante cinco horas até conseguir chegar em casa, onde Ibrahim terá que ficar, porque 75% dos hospitais estão fora de serviço, diz o médico Abdallah.

Deu no R7

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Jogador brasileiro preso em guerra no Sudão cobra ajuda do Itamaraty: “Omissos”

jogador criticando governo

 

O jogador Paulo Sérgio usou as redes sociais para manifestar sua indignação com a falta de auxílio do Itamaraty para retirar os brasileiros do Sudão, país que está em guerra há nove dias.

“Todo mundo metendo o pé desse lugar e vocês demorando para agir. Vocês não têm moral com ninguém”, escreveu o atleta, informando terem até 18 horas deste domingo, 23, para deixar o país. “Isso aqui vai virar uma loucura, já avisaram a gente. Estamos virados, tentando resolver o problema por conta própria”, continuou Sérgio.

Em uma série de stories compartilhados no Instagram, ele também fala que tinham sido informados que enviariam um ônibus para o local para fazer o transporte para outra cidade, e de lá eles seguiriam viagem para o Egito na segunda-feira, 24, contudo, na publicação seguinte, ele duas horas e vinte minutos depois, ele disse que a situação continuava a mesma e que bombas começavam a ser lançadas intensamente.

“Éramos para estar longe daqui há muito tempo. Desorganizados, medroso, omissos e mentirosos”, escreveu o jogador, que também notificou que uma funcionária da embaixada havia sido deixada para trás e que eles precisaram ajudá-la a sair de sua casa.

Em nota publicada na sexta-feira, 21, o Ministério das Relações Exteriores, havia informado: “Governo brasileiro acompanha consternado a contínua violência registrada no Sudão, que já causou centenas de mortes, inclusive de civis, e exorta as partes à cessação imediata das hostilidades. O Itamaraty está em contato com os 21 brasileiros que se encontram no Sudão e com seus familiares no Brasil, de modo a prestar toda a assistência possível aos nacionais.

Deu na Jovem Pan