Judiciário, Mordomia

Super-remunerações no TJDFT: técnicos ganham até R$ 883 mil em um mês

Foto: Rafaela Felicciano

O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) pagou super-remunerações a técnicos e analistas judiciários nos últimos meses. Um técnico lotado no Núcleo de Suporte a Redes Convergentes teve rendimento bruto de R$ 883,6 mil em dezembro de 2022 – o maior valor registrado nas folhas de pagamento do TJDFT. Ele recebeu R$ 633,9 mil líquidos naquele mês.

Segundo o contracheque, a remuneração básica do técnico era de R$ 11,7 mil em dezembro de 2022. Ele recebeu mais R$ 2,1 mil de vantagens pessoais, R$ 1,2 mil em indenizações, R$ 854,6 mil em “vantagens eventuais” e R$ 13,8 mil em gratificações, somando um total de R$ 883,6 mil. Com os descontos da Previdência e do Imposto de Renda, o TJDFT pagou efetivamente R$ 633,9 mil para o servidor.
Veja:

De outubro a dezembro de 2022, as remunerações somadas do servidor, sem os descontos obrigatórios, foram de R$ 1 milhão. Em outubro, o TJDFT pagou R$ 95,5 mil líquidos (R$ 153,7 mil bruto) para o técnico e, em novembro, a remuneração líquida dele foi de R$ 10,5 mil (R$ 14,7 mil bruto). Os dados são oficiais e estão disponíveis no site do tribunal.

O técnico judiciário em questão havia sido demitido pelo TJDFT em agosto de 2018, por improbidade administrativa. A portaria que efetivou o desligamento cita os motivos da demissão: “Valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da função pública; utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em serviços ou atividades particulares; e proceder de forma desidiosa”.

Ele conseguiu reverter a medida administrativa com direito aos valores retroativos e foi reintegrado à Corte, em outubro de 2022.

O vencimento (salário básico) de um técnico do TJDFT varia de R$ 3,3 mil a R$ 5 mil. Já a remuneração de um analista vai de R$ 5,5 mil a R$ 8,2 mil, dependendo do padrão. Os servidores podem receber penduricalhos, como gratificações por atividade externa e de segurança, que elevam o salário. Os valores das remunerações dos cargos efetivos do TJDFT estão disponíveis no site da Corte. Veja aqui.

R$ 695,2 mil e R$ 576,2 mil

Em dezembro de 2022, mês no qual o técnico recebeu R$ 633,9 mil líquidos, o TJDFT fez pagamentos acima de R$ 100 mil para pelo menos outros 16 técnicos e analistas.

O segundo maior pagamento do mês, de R$ 478,5 mil líquidos (R$ 695,2 mil bruto), foi para uma técnica aposentada. Um analista lotado no Núcleo Médico teve remuneração líquida de R$ 467 mil (R$ 576,2 mil) no período.

A situação se repetiu em outros meses. Em julho de 2023, por exemplo, pelo menos 12 analistas e técnicos tiveram remuneração acima de R$ 100 mil. O maior valor pago no mês foi de R$ 207,1 mil líquidos (R$ 217 mil bruto), para uma analista lotada em gabinete de um desembargador.

Um técnico que trabalha no gabinete de um juiz recebeu a segunda maior remuneração entre servidores do período, de R$ 171,1 mil líquidos (R$ 179,8 mil – montante bruto).

Em dezembro de 2023, foram registradas remunerações acima de R$ 100 mil para pelo menos 36 técnicos e analistas judiciários. Um analista lotado no Tribunal de Justiça do Amapá, mas que consta na folha de pagamento do TJDFT, ganhou R$ 243,2 mil líquidos (R$ 285,1 mil). No mesmo mês, um analista aposentado recebeu R$ 228,3 mil líquidos (R$ 317,6 mil).

 

O que diz o TJDFT

Sobre o caso do técnico que havia sido demitido e, após reintegrado à Corte, teve rendimento de R$ 1 milhão bruto, o TJDFT disse à coluna que, “para assegurar o fiel cumprimento da decisão final, o Tribunal efetuou os cálculos referentes aos valores que deixou de receber no período em que esteve desligado (31/08/2018 a 13/10/2022), sendo o pagamento devidamente creditado em folha de pagamento”.

“Em 10/2022, o servidor recebeu, além do próprio pagamento de outubro, as verbas devidas pelo período de janeiro a setembro/2022. Já em 12/2022, recebeu as verbas referentes aos exercícios anteriores”, explicou a Corte. O TJDFT não deu detalhes sobre os motivos da demissão e da decisão de readmissão do servidor porque disse que se trata de um processo sigiloso.

Questionado sobre o que elevou as remunerações dos servidores além de eventuais 13º e férias, o TJDFT afirmou que “houve o pagamento de passivos (débitos) de vários anos, que já teriam sido reconhecidos por decisão e aguardavam disponibilidade orçamentária para quitação, sendo decorrentes de decisões finais, que geraram o pagamento de débitos da administração com servidores, magistrados e pensionistas (viúvas de ex-servidores)”.

“Foram realizados, no período, conforme disposição legal, acertos financeiros relacionados à concessão da aposentadoria de magistrados e servidores, todos apurados após o devido trâmite processual e legalmente devidos no momento em que ocorrem os atos de desligamento”, enfatizou a Corte.

Deu no Metrópoles

 

Judiciário, Mordomia

STJ vai bancar reforma de R$950 mil para o Ministro Benedito Gonçalves morar em bairro nobre

 

Edital aberto pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) prevê gastar até R$950.868,81 para reformar um imóvel funcional do tribunal localizado no Lago Sul, área nobre do Distrito Federal que costuma ser o endereço de ricaços e autoridades no topo da República.

A belíssima casa era ocupada pelo ministro Felix Fischer. De acordo com o portal Uol, fonte da informação, depois da repaginada, o imóvel deve ser ocupado por Benedito Gonçalves. O nome do ministro não foi confirmado ou negado pela assessoria do STJ.

A reforma do casarão inclui a troca de bancadas, instalação hidráulica e elétrica, instalações para TV e ar-condicionado, troca da calçada, do muro e do portão, pintura do teto e das paredes, impermeabilização do piso e da piscina, além da reforma do teto.

À reportagem, o STJ informou que “a casa não passa por manutenção desde 1997 e é uma rotina fazer reparos e reformas nos imóveis quando eles são desocupados pelos ministros”.

Ministro Benedito Gonçalves deve ser o novo inquilino da belíssima casa. Informação não é confirmada ou negada pelo STJ (Foto: Antonio Augusto/TSE)

Deu no Diário do Povo

 

Mordomia, Política

Família de ministro de Lula abastece veículos com dinheiro público

 

O ministro de Portos e Aeroportos do presidente Lula (PT), Silvio Costa Filho (Rep-PE), usou recursos da cota parlamentar para abastecer veículos de familiares.

Notas fiscais mostram que o gabinete de Costa Filho encheu o tanque de veículos da mulher, Cristiana Bezerra, do pai, Silvio Serafim Costa, e do irmão, Carlos Antônio da Costa, entre abril de 2022 e agosto de 2023, no período em que ele exercia o mandato de deputado federal.

As informações foram reveladas pelo jornal O Globo, e mostraram que outro veículo abastecido com o dinheiro público foi o da cunhada de Costa Filho, Hildiany Kelly.

Procurada pelo jornal, Kelly confirmou que é dona do carro, mas não explicou o motivo pelo qual o mesmo consta no pedido de reembolso apresentado pelo gabinete.

O gabinete informou à Câmara ter abastecido 48 veículos diferentes no mesmo posto, gastando R$105,1 mil com combustível entre abril de 2022 e agosto de 2023.

O valor é referente a 10,8 mil litros de gasolina, 6,7 mil litros de diesel e 793,91 litros de etanol. Até janeiro de 2023, a Câmara estabelecia o limite mensal de R$6 mil para esse tipo de gasto. Atualmente, o limite é de R$9,3 mil.

Ao jornal, o ministro negou que cometeu as irregularidades, e alegou que o posto falhou “do ponto de vista contábil”.

“Eles falharam no ponto de vista contábil. Nós fizemos o dever de casa: prestamos contas e houve aprovação da Câmara. Em momento nenhum, fizemos abastecimento em carros com placas de familiares. Na minha cabeça, estava tudo ok. A assessoria nunca parou para adentrar nota por nota. Não é uma coisa pertinente ao gabinete. Acho que não acontece em nenhum gabinete de deputado, de avaliar placa por placa”, afirmou Silvio Costa Filho.

Deu no Diário do Poder

Mordomia, Política

Buffet com “sofisticação”, bebidas de “alto nível” e banda trotskista: o Réveillon do PCO

 

Um novo ano está prestes a começar e, para o PCO (Partido da Causa Operária), renovam-se as esperanças de que a revolução comunista finalmente virá. Enquanto isso não acontece, a sigla decidiu celebrar a chegada de 2024 com uma festa requintada.

O partido, que tem 5.447 membros em todo o Brasil, está com tudo pronto para o “Réveillon Vermelho”, em São Paulo. O site oficial descreve o evento como “A festa mais antiga da esquerda.”

Como a revolução comunista ainda não aconteceu, só entra na festa quem desembolsar R$ 350 pelo ingresso. Um operário casado e com dois filhos adolescentes terá de gastar R$ 1.400 reais — mais de um salário mínimo.

Os organizadores garantem que vale a pena.

Buffet com “sofisticação”

Para celebrar a chegada de 2024, o PCO reservou um bufê chique no bairro do Ipiranga, em São Paulo. O local costuma realizar casamentos, festas de 15 anos e confraternizações de empresas. Em sua página na internet, o espaço se apresenta assim: “Realçado com um toque de beleza coloquial, a arquitetura do Buffet para eventos possui toques carismáticos de legítimo charme e sofisticação.”

Quem comprar os ingressos terá comida e bebida à vontade. “O réveillon vai ser uma fartura de comida. A gente quer isso para os operários”, explicou nesta sexta-feira Márcio Roberto, integrante do diretório do PCO e responsável pela organização da festa. Ele participou de uma transmissão ao vivo na página do jornal Causa Operária, mantido pelo PCO.

Roberto deu mais detalhes sobre o evento, que vai até as 3h da madrugada: “A ceia vai ser gigante”, prometeu. Serão “mais de 10 tipos de cerveja”. A bebida vai ser “de alto nível”. Por exemplo: os comunistas vão se deliciar com conhaque das marcas Napoleon e Macieira. “Quem conhece bebida sabe”, explicou Roberto.

A festa do Partido da Causa Operária não terá nada de simplória. “É uma coisa sofisticada, da maneira que os operários merecem passar a virada de ano”, disse Roberto. Para quem estiver preocupado com uma possível traição aos ideais marxistas, o militante tem boas notícias: “O primeiro embrião de um partido operário marxista foi a Liga Comunista, formado por Marx e Engels. E eles desde o início já faziam confraternização para comemorar o ano passado e ter energia para o ano novo”.

À meia-noite, o PCO promoverá uma queima de fogos que promete ficar marcada na memória do bairro do Ipiranga e, quem sabe, marcar a chegada do ano da revolução.

Banda trotskista na programação

A festa será animada pela banda Revolução Permanente, formada por militantes trotskistas. Quem comparecer à festa estará protegido do pensamento burguês dos outros conjuntos musicais. “As músicas que eles vão tocar foram selecionadas a dedo”, explica Roberto. “Inclusive o próprio companheiro Rui participou da seleção dessas músicas”, diz. Ele se refere Rui Costa Pimenta, eterno presidente do PCO.

Uma das canções da banda Revolução Permanente inclui os versos “É mesmo um verme de milico / A faca saiu até limpa”, em referência à facada em Jair Bolsonaro em 2018.

O evento terá ainda sorteio de prêmios (no ano passado, o principal deles foi uma TV de plasma). E quem comparecer também vai assistir ao lançamento de uma “campanha permanente em defesa da Palestina”.

Aliás, quando não está organizando festas de ano novo, Márcio Roberto costuma desfilar pela Avenida Paulista com a bandeira do Hamas nas mãos e, à semelhança das fãs da apresentadora Xuxa, uma faixa com os dizeres “100% Hamas” na testa.

Em 2022, Márcio Roberto tentou se eleger deputado estadual mas teve a candidatura indeferida. Quatro anos antes, ele disputou como vice na chada de Lilian Miranda ao governo paulista. Em 2016, concorreu a um assento na Câmara de Vereadores de São Paulo e conquistou 56 votos. É provável que a festa de ano novo do PCO reúna mais gente.

Pagamento facilitado

O valor de 350 reais pode ser pago por PIX, cartão, boleto ou por meio da plataforma Mercado Pago.

O site oficial do evento exibe os símbolos do Itaú, da Visa e da Mastercard para assegurar aos visitantes que a compra do ingresso tem o respaldo do sistema financeiro capitalista. Bem ao lado, o texto convida os revolucionários a comparecer: “Que possamos celebrar, juntos, as lutas e as conquistas da classe operária contra os retrocessos e o esforço da burguesia para manter os trabalhadores presos em seus grilhões.”

Talvez por distração, a página do evento troca 2024 por 2023: “Que 2023 seja um ano próspero para todos, sobretudo os oprimidos e companheiros que estão conosco nas trincheiras, dia após dia.” Mas, para quem vive no século passado, um ano a menos faz pouca diferença.

Informações da Gazeta do Povo

 

Política

Câmara banca imóvel, com dinheiro público, até para quem não é deputado

Desde o início da Legislatura, em fevereiro, o auxílio-moradia das excelências já custou R$5,1 milhões ao pagador de impostos brasileiro. (Foto: Agência Câmara)

 

Os disputados apartamentos funcionais da Câmara dos Deputados têm 17 inquilinos que não são “da Casa”: seis ministros e 11 senadores que têm guarida garantida em um dos 432 apartamentos divididos em quatro superquadras de Brasília. Deputados alçados ao posto de ministro não abrem mão dos espaçosos imóveis; é o caso de André Fufuca (Esporte), Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Celso Sabino (Turismo), Paulo Teixeira (Des. Agrário) e Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos).

Atuais senadores, Wellington Fagundes (PL-MT), Efraim Filho (UB-PB), Davi Alcolumbre (UB-AP) e Romário (PL-RJ) desde 2015 lotam os apês.

Quem não tem um funcional para chamar de seu ganha R$4,2 mil de auxílio-moradia e pode complementar com mais R$ 4,1 mil do cotão.

Dos 513 deputados federais, só 35 renunciaram aos imóveis funcionais e ao auxílio-moradia. Todos os oito parlamentares do DF estão na lista.

Desde o início da Legislatura, em fevereiro, o auxílio-moradia das excelências já custou R$5,1 milhões ao pagador de impostos brasileiro.

Informações do Cláudio Humberto