Justiça

STF pode descriminalizar o porte de drogas para consumo próprio; ENTENDA

STF pode descriminalizar o porte de drogas para consumo próprio; ENTENDA

 

A descriminalização do porte de drogas para uso pessoal deve voltar a ser discutida no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira (24).

A Corte analisa uma ação que pede a derrubada de um artigo da lei de drogas que diz que comete crime a pessoa que: “adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar”.

A discussão está parada desde que o ministro Teori Zavascki pediu vista dos autos. Dois anos depois, em 2017, ele morreu em um acidente aéreo.

A discussão está parada desde que o ministro Teori Zavascki pediu vista dos autos. Dois anos depois, em 2017, ele morreu em um acidente aéreo.

O ministro Alexandre de Moraes assumiu o lugar dele e, em 23 de novembro de 2018, devolveu os autos para a continuação do julgamento. Desde então, o processo estava na fila da pauta, aguardando a retomada.https://d-26390580942229492295.ampproject.net/2305051745001/frame.html

O julgamento do STF analisa a constitucionalidade do artigo 28 da Lei nº 11.343, de 2006 sobre “comprar, guardar ou portar drogas sem autorização para consumo próprio.”

Penas: 

I – advertência sobre os efeitos das drogas;
II – prestação de serviços à comunidade;
III – medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo”, de acordo com o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT).

De acordo com o advogado criminalista e especialista em direito público Oberdan Costa, que defende a descriminalização do consumo pessoal de droga, é preciso mudar a lógica de combate ao tráfico, que fragiliza os direitos humanos do povo socialmente vulnerável.

“O combate estatal ao tráfico objetiva alvos irracionalmente escolhidos, e a apreensão modifica pouco ou nada no cenário da mercancia de entorpecentes, além de cometer diversos abusos processuais na decretação e execução de medidas cautelares”, disse.

“Uso de drogas deve ser tratado como questão de saúde pública”, defende advogado

Mestre em direito e advogado criminalista, Rodrigo Barbosa diz que “o uso de drogas deve ser tratado como questão de saúde pública, e não de segurança pública”.

Para ele, “a manutenção da criminalização da conduta resulta em diversas violações constitucionais, como privacidade e intimidade, além de contribuir com a estigmatização de usuários e dependentes”.

“A guerra às drogas e o tráfico causam muito mais mal à sociedade do que as drogas. Se o objetivo é proteger a população, tratar drogas como questão criminal alcança o resultado exatamente oposto. Medicamente, drogas são um problema sério. Mas são, assim como o consumo excessivo e o vício em álcool, um problema de saúde pública, e assim devem ser tratadas”, defendeu o especialista.

Problemas a respeito do tema

A ideia de regular o uso de drogas no país, contudo, não é bem avaliada por alguns especialistas.

O presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e membro do Comitê Científico da Associação Mundial de Psiquiatria, Antônio Geraldo da Silva acredita que a medida pode aumentar o tráfico de drogas no Brasil e elevar a quantidade de dependentes químicos.

“A proposta de descriminalizar o uso de drogas vai aumentar o consumo, trazendo muito mais doentes a um sistema de saúde que não suporta o que já tem. Descriminalizar é aumentar o número de pessoas com doenças mentais e a quantidade de pessoas perambulando pelas ruas. Não é isso que vai resolver o problema do tráfico e da criminalidade, pois a tendência é que haja um aumento da oferta de pontos de venda”, apontou.

“Descriminalizar o uso de drogas não traz benefício algum à sociedade e tende apenas a aumentar a violência urbana. Quem aprovar isso vai estar apenas atendendo aos interesses de quem quer vender mais drogas”, afirmou.

Informações do R7 e Estadão

Mundo

Câmara dos deputados dos EUA aprova projeto que descriminaliza a maconha em âmbito nacional

 

A Câmara dos Deputados dos Estados Unidos aprovou na última sexta-feira 1º, um projeto de lei que retira a maconha da lista federal de drogas perigosas e dá mais um passo rumo à descriminalização da substância em âmbito nacional .

Se aprovada também no Senado, a matéria anulará condenações federais por crimes de drogas as quais, segundo os defensores do texto, levam a prisões em massa, que afetam principalmente as minorias. A medida liberaria pessoas encarceradas por crimes relacionados à substância, desde que a quantidade apreendida não ultrapasse 30 gramas.

Além dos deputados democratas, que votaram a favor do texto de forma quase unânime, três deputados republicanos endossaram o projeto.

A descriminalização pode abrir um novo mercado nos estados em que o consumo, a produção e a venda ainda são proibidos.

O texto também traz medidas de controle do uso. Entre elas, a destinação de verba específica para os órgãos responsáveis por fiscalizar rodovias, a fim de coibir a direção sob efeito da substância, além de verbas voltadas para a elaboração de estudos sobre a produtividade dos trabalhadores e o uso da maconha.

“Há tantas discussões que aconteceram ao longo dos anos sobre o uso de maconha ou cannabis ou qualquer outra coisa… O fato é que ela existe. Está sendo usada. Temos de abordar como isso é tratado legalmente”, disse a presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi.

Atualmente, os Estados Unidos lidam com a toxidade como um problema de segurança pública, concentrando-se na punição estatal, e não como uma questão relacionada à saúde, pensando na reabilitação e no tratamento de usuários, como outros países que descriminalizaram o uso da maconha.

A postura do governo americano elevou drasticamente o número de infratores penais por crimes relacionados às drogas, desproporcionalmente entre as comunidade negras.

No país, negros tem quase quatro vezes mais chances de serem presos por porte de maconha em comparação com brancos, apesar de as taxas de uso serem semelhantes entre os dois grupos.

Embora permaneçam obstáculos para a descriminalização federal, 18 estados legalizaram a maconha recreativa e 37 avalizaram o uso da maconha medicinal.

Para a proposta ser aprovada no Senado, deve ter a assinatura de todos os democratas da Casa e de pelo menos 10 republicanos.

Deu na Carta Capital