Política

Em carta, Fátima e mais 19 governadores afirmam que aumento na gasolina é problema nacional

Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Em carta, vinte governadores respondem às acusações do presidente da República, Jair Bolsonaro, com relação ao aumento do ICMS no combustível. De acordo com carta, nos últimos 12 meses, o preço da gasolina registrou um aumento superior a 40%, “embora nenhum Estado tenha aumentado o ICMS incidente sobre os combustíveis”. Para os signatários, o problema envolvendo o tema é nacional, “e, não somente, de uma unidade federativa”. E mandaram um claro recado ao mandatário, ao dizerem que “falar a verdade é o primeiro passo para resolver um problema”.
Ao longo dos últimos meses, com o aumento do preço do combustível e com a pressão de setores como o dos caminhoneiros, Bolsonaro tem colocado a responsabilidade do aumento do combustível nos governadores.
Segundo o presidente, o aumento se deve em grande parte ao ICMS estadual. Bolsonaro tem incentivado seus eleitores a pressionar dirigentes para solucionar a questão.
Por isso, os gestores incluíram no manifesto, a fim de deixar claro que o presidente falta com a verdade, mas sem citá-lo nominalmente que “falar a verdade é o primeiro passo para resolver um problema”.
No início deste mês, o governo entrou com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para obrigar os Estados a adotarem alíquota única de ICMS sobre os combustíveis.
O documento é assinado pelo próprio presidente e pelo advogado-geral da União, Bruno Bianco, e pede que o Supremo fixe prazo de 120 dias para que o Congresso aprove uma nova lei sobre o tema.
A petição encaminhada ao Supremo é uma Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO). O presidente alega que o Congresso foi omisso ao não editar lei complementar para regular a cobrança de ICMS no País.
São signatários da carta publicada nesta segunda-feira os governadores Rui Costa (PT-BA), Claudio Castro (PL-RJ), Flávio Dino (PSB-MA), Helder Barbalho (MDB-PA), Paulo Câmara (PSB-PE), João Doria (PSDB-SP), Romeu Zema (Novo-MG), Ronaldo Caiado (DEM-GO), Mauro Mendes (DEM-MT), Eduardo Leite (PSDB-RS), Camilo Santana (PT-CE), João Azevedo (Cidadania-PB), Renato Casagrande (PSB-ES), Wellington Dias (PT-PI), Fátima Bezerra (PT-RN), Renan Filho (MDB-AL), Belivaldo Chagas (PSD-SE), Reinaldo Azambuja (PSDB-MS), Ibaneis Rocha (MDB-DF) e Waldez Goés (PDT-AP).
Estadão conteúdo
Política

Ex-presidente Lula volta a pressionar o PT a debater regulação da mídia

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Depois de afirmar que “vai regular os meios de comunicação” se eleito for, o político do PT volta a criticar a mídia. A imprensa era o alvo principal do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quando ele se levantou para discursar no palco do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC no último dia 31, num evento organizado pelo PT para marcar os cinco anos do impeachment de sua sucessora, Dilma Rousseff.

O líder petista começou reclamando da ausência de emissoras de televisão no local, mencionou as críticas que lhe fazem quando fala em regulamentar os meios de comunicação e por fim queixou-se do tratamento recebido de jornais, revistas e TVs quando a Operação Lava Jato estava no seu encalço.

Citando um novo livro lançado pela Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT, Lula mostrou contrariedade. “Aqui não tem um capítulo do papel da imprensa no golpe”, observou, referindo-se ao impeachment de Dilma. “A gente está coagido a não mexer com a imprensa. É melhor apanhar e ficar quieto.”

Deu no Folha Press

Política

“É Sensacionalismo”: diz Fátima sobre crítica por perder R$ 5 Milhões na compra de respiradores que nunca chegaram

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A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), rebateu nesta segunda-feira (13) as críticas que recebeu após o Estado perder R$ 5 milhões em uma compra frustrada de respiradores durante o auge da pandemia de Covid-19. Ao comentar as investigações sobre o assunto, Fátima classificou como “sensacionalismo” as críticas pelo prejuízo aos cofres públicos.

“Ficam fazendo sensacionalismo. O que você faria no meu lugar? Naquele momento, não tinha respirador nenhum. Sabe quando foi que o Governo Federal fez chegar os respiradores? Em junho. O povo estava precisando de respirador a partir de março. A gente, de boa-fé, fizemos (sic) aquela compra. Levamos um calote. A empresa passou um calote. Todas as providências estão sendo tomadas no âmbito judicial para reaver esse prejuízo que o Estado teve. Estamos tranquilos da licitude dos nossos atos”, enfatizou a governadora, em entrevista à TV Ponta Negra.

A compra frustrada dos respiradores é investigada no Superior Tribunal de Justiça (STJ) desde o ano passado. Através do Consórcio Nordeste, o Rio Grande do Norte e demais estados da região anteciparam recursos para comprar respiradores, mas até hoje não receberam os equipamentos nem o dinheiro de volta. O RN entrou com uma cota de R$ 5 milhões por 30 respiradores.

 

Política

Datena é convidado para ser vice-presidente na chapa de Ciro Gomes

Foto : Divulgação

Lançado pelo PSL como pré-candidato à Presidência, o apresentador José Luiz Datena recebeu convite para se filiar ao PDT. A legenda oferece ao jornalista a opção de se candidatar a vice de Ciro Gomes (CE).

O jornalista afirmou estar “analisando de fato” a proposta. À Folha o presidente do PDT, Carlos Lupi, contou que também há a possibilidade de Datena ser lançado a governador ou senador.

“Vamos avaliar em pesquisa as três opções: vice-presidente, governador ou senador por São Paulo”, disse Lupi. A conversa do presidente do PDT e Datena ocorreu na segunda-feira (13).

Informações da Folha Press

Política

Bolsonaro anuncia repasse de R$ 1,1 Bilhão para leitos de UTI Covid-19

Foto: Reprodução/ Twitter

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) anunciou, na manhã desta sexta-feira (17), que está autorizado o repasse de R$ 1,1 bilhão para custeio de 24.614 leitos de UTI Covid-19 em todo o Brasil. A medida reforça e amplia o suporte ao Sistema Único de Saúde (SUS) para enfrentamento do coronavírus, segundo o presidente.

As autorizações vão ocorrer conforme solicitação dos estados. Entre os aspectos observados estão a curva epidemiológica na região, a estrutura para manutenção e funcionamento da unidade, equipamentos, RH e corpo clínico para atuação em UTI.

O investimento total, em 2021, tanto em leitos de UTI Covid-19 quanto nos de suporte ventilatório pulmonar, será de mais de R$ 6,1 bilhões. O presidente ressaltou que o governo também entregou, desde março do ano passado, 17.888 ventiladores pulmonares para todo o Brasil: 10.109 de UTI e 7.779 de transporte.

Informações do R7

Política

“Apunhalada nas costas”: Acordo dos EUA sem a França balança a relação entre Biden e Macron

Foto: Divulgação

Pintou um clima ruim na França. Depois de os Estados Unidos, Reino Unido e Austrália celebrarem um acordo para dotar de submarinos a marinha australiana, o chanceler da França, Jean-Yves le Drian, disse que o presidente Joe Biden deu uma “apunhalada nas costas” de Macron. “Age como Trump”, disse o diplomata, na quinta-feira 16. Após a negociação multilateral, os franceses perderam o contrato de US$ 66 bilhões que tinham com a Austrália para o fornecimento dos veículos.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, tentou pôr panos quentes na situação. “Cooperamos de forma incrivelmente próxima com a França em muitas prioridades compartilhadas na região Indo-Pacífica e também em todo o mundo”, declarou, horas depois do pronunciamento do ministro do país europeu. “Vamos continuar fazendo isso. Colocamos um valor fundamental nessa relação, nessa parceria. A França, particularmente, é um aliado vital.”

 


Política

Garibaldi confirma que é pré-candidato ao Senado na eleição do próximo ano

O ex-governador Garibaldi Alves Filho (MDB) confirmou nesta quinta-feira (16) que é pré-candidato ao cargo de Senador da República nas eleições de 2022 pelo MDB. A informação foi dada  na tarde desta quinta-feira (16), ao Jornal AGORA RN, pelo deputado federal Walter Alves, filho de Garibaldi.

Segundo Walter Alves: “O nome de Garibaldi é sim colocado hoje como pré-candidato a senador no MDB. Nesse momento, ele surge como uma terceira via para a disputa nas urnas”, revelou.
Após semanas de indecisões e articulações políticas sobre qual seria o cargo mais adequado e, que ao mesmo tempo, agradasse ao eleitorado potiguar, ao colocar o nome de Garibaldi Filho na disputa na campanha de 2022, finalmente o MDB bateu o martelo. Até esta quarta-feira (15) os Alves ainda não haviam decidido qual cargo o ex-governador concorreria.

Porém, havia a possibilidade de uma aliança entre o PT e o MDB no Rio Grande do Norte. Em viagem pelo Nordeste do Brasil, quando esteve em Natal, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a se reunir em um jantar com a cúpula do MDB no Estado. O objetivo era firmar um acordo colocando o nome de Walter Alves como vice na chapa de reeleição de Fatima Bezerra (PT) e Garibaldi Alves Filho seria candidato a deputado federal.

Entretanto, a ligação política entre PT e MDB no RN virou motivos para críticas e discordâncias da formação dessa possível aliança entre os dois partidos, como por exemplo, a deputada federal Natália Bonavides e, mais recentemente, a vereadora Brisa Bracchi, que afirmaram ser contrárias à aliança defendida por Lula.

A deputada estadual Isolda Dantas defende “que o diretório estadual faça o que for interessante para o partido e, consequentemente, para os potiguares”, afirmou.

Já Francisco do PT explicou que “não tenho nenhuma dificuldade em conversar com lideranças políticas que vejam que o Estado está sendo reconstruído pela governadora Fátima, aqueles que tem concordância com a gestão e, se for para somar, acredito que seja benéfico”, concluiu.

Pode ter sido o fato de haver reações pontuais negativas à aliança do PT com o MDB, que fizeram com que o ex-senador e ex-governador Garibaldi Filho, tenha definido mudar a estratégia e assumir posição de protagonismo em uma chapa majoritária, que poderá tanto fazer aliança com a governadora Fátima Bezerra, quanto caminhar no rumo da oposição.

 

AGORA RN

Política

Esquerda batendo em esquerda: Após derrota humilhante, vice-presidente Cristina Kitchner publica carta atacando presidente Alberto Fernândez

Foto: Divulgação

A relação entre os peronistas Alberto Fernández e Cristina Kirchner está abalada. Nesta quinta-feira, 16, a vice-presidente publicou uma carta aberta à nação com duras críticas ao presidente do país e seu aliado. “Quando tomei a decisão, e faço na primeira pessoa do singular porque foi assim mesmo, de propor Alberto Fernández como candidato a presidente de todos os argentinos, fiz com a convicção de que era o melhor para o meu país”, escreveu Cristina. “Peço apenas ao presidente que honre essa decisão, mas acima de tudo levando também as suas palavras e convicções.”

No documento, a peronista ressalta ter sido contra as diretrizes econômicas delineadas pelo governo. “Apontei que acreditava que estava sendo feita uma política de ajuste fiscal errada”, salientou. “Sempre falei ao presidente sobre o que constituía uma situação social delicada para mim”, disse. “E que resultava, entre outras coisas, em atrasos salariais, descontrole de preços — especialmente em alimentos e remédios — e de falta de trabalho”, lembrou Cristina, ao mencionar que teve 18 encontros com Fernández, em Olivos, na residência oficial do Poder Executivo, para adverti-lo.

Ao comentar as primárias no país, subiu o tom: “Os rumos da economia teriam consequências eleitorais. Cansei de dizer tudo isso ao presidente da Nação.” A peronista sugere ainda que não acredita em pesquisas eleitorais. “A resposta do governo sempre foi que ‘não era bem assim’, que eu estava errada e que, pelas pesquisas, íamos ganhar as eleições. Não leio pesquisas. Leio política e economia.” Na sequência, Cristina sinaliza que quer a demissão do chefe de gabinete de Fernández, Santiago Cafiero, e de outros ministros. “Tivemos uma derrota sem precedentes”, concluiu Cristina, na carta.

Com mais de 98% dos votos contabilizados, a coalizão de direita Juntos por el Cambio obteve 40,2% dos votos nas primárias legislativas para deputados na Argentina. A aliança peronista Frente de Todos obteve 31,3%. Na eleição para o Senado, que ocorre apenas em algumas regiões do país, a diferença foi maior: 40,47% para os conservadores, contra 27,79% dos governistas.

Os resultados saíram no domingo 12, quando 34 milhões de pessoas foram às urnas nas primárias legislativas, responsáveis por definirem os candidatos que, em 14 de novembro, disputarão vagas no Congresso Nacional. Na cidade de Buenos Aires, a direita teve mais de 47,9% dos votos, com a liderança de Maria Eugênia Vidal. Os peronistas somaram 24,8%, com Leandro Santoro.

A oposição também ficou na dianteira em outras importantes províncias como Córdoba, Santa Fé e Mendoza. O pleito era tido como termômetro da popularidade de Fernández. Desde a derrota, Cristina Kirchner permaneceu calada.

Política

TRE-RN determina realização de novas eleições para prefeito em Canguaretama

O colegiado do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte deu provimento a um recurso contra a expedição dos diplomas eleitorais do prefeito e da vice-prefeita de Canguaretama, Wellinson Carlos Dantas Ribeiro e Maria de Fátima Moreira, respectivamente. A Corte Eleitoral também determinou a consequente realização de novas eleições para os cargos no município. A votação do recurso, que teve início na sessão plenária do dia 2 de setembro, foi concluída nesta quinta-feira, 16.

A apelação foi movida pelo diretório municipal do Partido Democrático Trabalhista (PDT) em Canguaretama, que apontou a inelegibilidade de Wellinson Ribeiro nas Eleições de 2020. O órgão partidário apontou que uma condenação criminal do Tribunal Regional Federal da 5ª Região em face de Ribeiro pela prática de crimes contra a fé pública e crime de responsabilidade o tornaria inelegível.

No julgamento, a relatora do processo, Juíza Adriana Magalhães, votou, em consonância com o parecer da Procuradoria Regional Eleitoral, pelo provimento do recurso do órgão partidário, declarando o prefeito inelegível, e a consequente cassação dos diplomas de Ribeiro e da vice, Maria de Fátima Moreira, além da realização de nova eleição para prefeito no município.

“Importa rememorar que o recorrido foi condenado criminalmente pelo juízo da 14ª Vara Federal da Seção Judiciária do Rio Grande do Norte como incurso nas penas do artigo 305 do Código Penal e artigo 1º do Decreto-Lei 201 de 1967”, destacou a magistrada em seu voto.

A relatora foi acompanhada pelo Presidente do TRE-RN, Desembargador Gilson Barbosa, pelo Desembargador Cláudio Santos, pelo revisor do processo, Juiz José Carlos Dantas, e pela Juíza Érika Paiva, restando vencidos os juízes Daniel Maia e Geraldo Mota.

Política

Petistas estimulam tese fantasiosa de que facada de Adélio em Bolsonaro foi forjada

Parlamentares e dirigentes do PT estão emulando nas redes sociais a fantasiosa tese de que a tentativa de assassinato de Jair Bolsonaro em 6 de setembro de 2018 pode ter sido um atentado falso, forjado pelo próprio candidato à Presidência com o objetivo de ser eleito.

A suposição é insinuada em 1 hora e 44 minutos de um documentário lançado no sábado (11) pelo site Brasil 247, alinhado ao PT. No título, a acusação é feita de forma direta —”Bolsonaro e Adélio, Uma Fakeada no Coração do Brasil”.

A Polícia Federal concluiu, em duas investigações, que Adélio Bispo de Oliveira agiu sozinho, sem nenhuma evidência real de que tenha sido auxiliado por outras pessoas ou obedecido a um mandante. O inquérito mais recente tem nove volumes e 1.908 folhas.

Adélio sempre disse que agiu a mando de Deus, para tentar livrar o Brasil da vitória de Bolsonaro, que via como uma ameaça.

Considerado inimputável pela Justiça mediante diagnóstico de que ele tem transtorno mental que o incapacita de entender o caráter de crime que cometeu, ele cumpre medida de segurança na penitenciária federal de Campo Grande (MS).

O documentário do Brasil 247 tem como autor o jornalista Joaquim de Carvalho, que viajou a Minas Gerais e Santa Catarina e entrevistou personagens do episódio, entre outros elementos de apuração. Até as 22h desta quarta (15) somava cerca de 850 mil visualizações no YouTube.

Além de destacar informação falsa —a de que Adélio Bispo de Oliveira foi filiado ao PSD—, o documentário recorre a uma série de teorias da conspiração que pululam na internet, a maioria delas investigadas e descartadas pela Polícia Federal ou pela simples ausência de lógica, e as associa a outras de lavra própria para chegar a ilações sem qualquer comprovação, várias delas contraditórias umas com as outras.

“O documentário deixa evidente que o episódio e seu contexto têm muitos pontos sombrios, que aumentaram ainda mais as muitas dúvidas que eu já nutria sobre o fato”, disse à Folha o deputado Bohn Gass (RS), líder da bancada do PT na Câmara.

Em suas redes sociais, ele elogiou o documentário e pediu a seus seguidores que o assistam.

Ele não respondeu à pergunta sobre se o PT não estaria agindo, nesse caso, de maneira similar a uma das principais características do bolsonarismo, a de espalhar contra adversários fake news e teorias da conspiração da internet que não encontram qualquer lastro na realidade.

A deputada Maria do Rosário (PT-RS) escreveu que “o jornalismo cumpre papel importante ao investigar o caso das facadas”. À Folha afirmou que o caso causa dúvida em boa parte da população.

“Sempre acredito na vítima. Por esse motivo, naquele momento manifestei minha solidariedade ao atingido. Mas acreditava que existiria uma investigação mais profunda sobre o autor. O fato dele frequentar o clube de tiro dos filhos nunca foi respondido. Independente do documentário, avalio que isso gera suspeita fundamentada.”

Ela se refere ao fato conhecido de Adélio ter ido meses antes, por alguns dias, a um local de Santa Catarina também frequentado por dois filhos de Bolsonaro, Carlos e Eduardo, a “.38 Clube e Escola de Tiro”.

O documentário trata como “a chave do segredo” essa relação, insinuando que ali poderia ter sido acertada a trama do suposto atentado fajuto.

Apesar de aventar a tese de que uma sofisticada rede criminosa planejou minunciosamente uma espetacular fraude até hoje não desmascarada, não há explicação sobre o fato de que o caso da .38 só ter vindo à tona porque tanto os Bolsonaro quanto Adélio divulgaram a presença na escola de tiro em suas redes sociais, para qualquer um ver.

E por que trama tão engenhosa precisaria ser combinada pessoalmente em um clube de tiro de Santa Catarina, com check-in no Facebook.

Outra das contradições é que o documentário reserva vários minutos para levantar a hipótese de que um fotógrafo foi distraído de propósito em meio à multidão para não registrar o momento exato da facada, “ou da suposta facada”, como repete o jornalista em vários momentos do vídeo.

Ele não explica, entretanto, qual serventia haveria nessa atitude, sendo que a cena estava sendo gravada de perto por câmaras profissionais e de incontáveis aparelhos de telefone celular.

O documentário também tenta emplacar a tese de que Adélio era, na verdade, uma pessoa com posições mais alinhadas ao bolsonarismo, não uma pessoa simpática à esquerda.

Adélio foi filiado ao PSOL de Uberaba de 2007 a 2014, mas nunca militou —esse fato, sustenta o documentário, serviu à narrativa eleitoral da facada fajuta, a de que a esquerda quis tirar Bolsonaro da disputa.

O jornalista Joaquim de Carvalho ressalta no documentário a sua estranheza sobre o fato de a imprensa nunca ter dito que Adélio havia sido filiado do centro-direitista PSD, de Gilberto Kassab, até 2016. Como prova, mostrou um pedido de desfiliação do PSD assinado por Adelio.

A informação é falsa, Adélio jamais foi filiado ao PSD, e essa informação está disponível a qualquer cidadão no Tribunal Superior Eleitoral e é confirmada pelo partido.

À PF Adélio relatou que uma vez procurou a Justiça Eleitoral por achar que poderia ter sido filiado à revelia pelo PSD. Daí, assinou uma requisição de desfiliação, por segurança, apesar de ter obtido na mesma ocasião certidão oficial que informava não ter havido essa filiação.

O responsável pelo documentário disse à Folha considerar que a suspeita de Adélio de que era filiado representa, na prática, a seu ver, uma filiação.

“O Adélio pediu desfiliação do PSD. Se ele pediu desfiliação, é porque se considerava filiado, o que equivale dizer: era filiado de fato. Se você envia uma carta à Folha com pedido de demissão, significa que você acredita que é contratado da Folha.”

Os deputados Paulo Pimenta (PT-RS) e Rogério Correia (PT-MG), entre outros, também divulgaram o “Fakeada” em suas redes sociais.

“Creio que existem indícios e perguntas sem respostas que devem ser esclarecidas”, disse Pimenta à reportagem. “Há muito tempo uma grande reportagem, daquelas que fazem justiça ao nome, não gerava tanto comentário”, escreveu Correia, em um artigo.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), não respondeu à pergunta sobre qual é a posição dela ou do partido.

Pré-candidato à presidência e maior liderança do PT, o ex-presidente Lula também já manifestou dúvidas públicas sobre se Bolsonaro sofreu ou não um atentado.

Em uma entrevista, o ex-presidente afirmou que a facada “tem uma coisa muito estranha”, já que não aparece sangue nas imagens. “O cara que dá a facada é protegido pelos seguranças do Bolsonaro, a faca que não aparece em nenhum momento”, disse, citando teorias da internet também reproduzidas no documentário.

Questionado novamente dias depois, afirmou que tinha suspeitas sobre o ocorrido: “Não, eu não disse que não tinha tomado, eu disse que não acreditava [que Bolsonaro levou uma facada]”.

O “Fakeada no Coração do Brasil” usa também em boa parte de uma edição de vídeos do dia da facada feita pela conta do YouTube “True or Not”.

Esses vídeos levantam, sem qualquer prova, várias suposições de que Adélio poderia ter agido com colaboração de outras pessoas, em especial seguranças privados e os agentes da PF que faziam a escolta de Bolsonaro.

“Quem fez esse canal sabe das coisas”, diz no documentário Joaquim de Carvalho, que assina a direção ao lado de Max Alvim, afirmando ainda ter tentado descobrir seus autores, mas sem sucesso.

A PF investigou formalmente os vídeos desse canal.

“As narrativas constantes destes vídeos, calcadas em análises superficiais das imagens e dos fatos em torno do crime, ilustram a quase totalidade das conjecturas e teorias lançadas após o atentado, e foram minuciosamente averiguadas, concluindo-se pela falsidade de todas as teses aventadas”, afirma o relatório do delegado Rodrigo Morais.

O documentário também elenca como indícios a suposta afirmação de uma suposta cirurgiã que teria pedido para não se identificar, segundo quem os vídeos mostram que Adélio não teria “ponto de apoio” para enfiar a faca na barriga de Bolsonaro com tanta profundidade.

Além do precedente de uma pedrada na cabeça que teria contribuído para a eleição de um prefeito, justamente em Juiz de Fora.

O vídeo explora ainda o fato de Bolsonaro não ter usado colete à prova de balas no dia, o mistério sobre o financiador da defesa de Adélio —se é que houve, já que há suspeita de que o caso possa ter sido assumido de graça, em busca de holofotes— e a ocupação de cargos no governo por seguranças do dia 6 de setembro.

Tudo isso é apontado como suspeita de atentado forjado. A principal tese aventada, que não é nova no universo das teorias de conspiração, é a de que o presidente teria passado por uma cirurgia para retirada de um tumor já sabido, e não para o tratamento da facada, que não teria acontecido.

A Folha encaminhou 21 perguntas a Joaquim de Carvalho e ao Brasil 247.

Entre elas, a que os questiona sobre a que eles atribuem a não descoberta de tamanho ardil, três anos depois, mesmo sendo necessária a participação, na suposta trama, de uma infinidade de pessoas: testemunhas, aliados dos Bolsonaro, ex-aliados, seguranças, auxiliares, ex-auxiliares, policiais civis e militares de Juiz de Fora, policiais federais, integrantes do Ministério Público, integrantes do governo de Michel Temer (que tinha Henrique Meirelles como candidato à Presidência, à época), motoristas, funcionários, enfermeiros e médicos de dois grandes e respeitados hospitais (Santa Casa de Juiz de Fora e Albert Einstein, em São Paulo), além de familiares de todas essas pessoas, entre outras.

O 247 não respondeu, apenas reproduziu as perguntas em seu site, dizendo que “a intenção da Folha não é investigar as fragilidades do caso, que foram detalhadas por Joaquim de Carvalho, com riqueza de detalhes, em seu documentário”.

Joaquim de Carvalho afirmou que só poderá responder as perguntas de forma completa na segunda-feira (20), pois está finalizando um documentário sobre o centenário de Paulo Freire. Em uma manifestação geral, afirmou que o inquérito da PF não investigou a hipótese do autoatentado.

De fato, a PF nunca teve como objeto formal da investigação a hipótese de autoatentado, assim como não teve a de que a facada foi planejada por alienígenas, por exemplo, pelo simples fato de não haver qualquer indício plausível nesse sentido. Mas ela investigou e descartou a veracidade de várias das teorias de internet publicadas nesse sentido.

“A reabertura do caso levaria a essa investigação. Perdoe a sinceridade, mas falsa é a conclusão a que você chegou. O documentário não tem nenhuma informação inconsistente. Inconsistente é a narrativa que prevaleceu, abraçada sem contestação pela imprensa”, disse o jornalista.

Folha de São Paulo