Meio Ambiente

Pantanal registra maior número de focos de incêndio no primeiro semestre desde 1988

Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

O Pantanal teve a maior quantidade de focos de incêndio já registrada no primeiro semestre desde 1988, quando as queimadas começaram a ser monitoradas por satélites pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Entre 1º de janeiro e 23 de junho deste ano, foram detectados 3.262 queimadas, um número 22 vezes maior que o registrado no mesmo período do ano passado (+2.134%), segundo dados do instituto.

Este ano, o Pantanal bateu também o recorde de queimadas ocorridas no primeiro semestre de 2020. Naquele ano, foram 2.534 focos entre janeiro e junho e, ao fim de 12 meses, o fogo atingiu 22.116 focos. Aproximadamente 26% do Pantanal foi consumido pelo fogo, afetando pelo menos 65 milhões de animais vertebrados nativos e 4 bilhões de invertebrados, de acordo com o levantamento.

Deu no R7

Meio Ambiente

Pantanal está cada vez mais seco e com a biodiversidade ameaçada, dizem novos dados científicos

Foto: Jornal Nacional/ Reprodução

Dados científicos novos revelaram como o Pantanal tem se tornado um ambiente cada vez mais seco.

A maior planície alagada do mundo está se transformando em um lugar cada vez mais seco e inflamável. Quase 60% do Pantanal já foram atingidos pelo fogo nos últimos 38 anos. É o bioma mais castigado pelas queimadas em todo o Brasil. O poder de destruição das chamas aumenta com a falta de chuvas que atinge a região, e a última grande cheia no Pantanal foi há seis anos.

“A gente tem, desde 2018, aumento desse período de seca e, também, o aumento das grandes áreas queimadas. Em 2024, o bioma Pantanal não registrou a cheia que normalmente acontece no bioma”, ressalta Eduardo Reis Rosa, coordenador de mapeamento bioma Pantanal do Mapbiomas.

Um estudo inédito do Mapbiomas, que será divulgado na semana que vem, mostra como a área coberta de água no Pantanal vem diminuindo desde 1985. Em 2023, a área alagada ficou 61% abaixo da média histórica.

“Na década de 1960, 1970, o Pantanal já foi muito seco. Mas, 64 anos atrás, a gente tinha outra realidade climática e outra realidade de cobertura e uso do solo. Quando você tem uma grande biomassa disponível para queima, esses incêndios são incontroláveis , que é o que a gente está vendo hoje no bioma”, explica Eduardo.

A redução do volume de chuvas e a multiplicação das queimadas têm tornado o Pantanal um ambiente hostil para muitos animais da região. Pesquisadores já detectaram a redução das populações de algumas espécies que correm até risco de extinção.

Os incêndios de 2020 provocaram a morte de aproximadamente 17 milhões de vertebrados no Pantanal. Estudos recentes mapearam as consequências das queimadas sem controle sobre a oferta de alimentos e a reprodução dos animais. Entre as espécies mais vulneráveis estão o cervo do Pantanal, a capivara, a ariranha e a onça pintada.

Outro problema é que a mudança do clima do Pantanal, com menos áreas alagadas, tem provocado migrações inéditas de espécies. É o caso da raposinha e do lobo-guará.

“Com a redução do nível de alagamento, a redução do nível de inundação com o fogo, esses ambientes ficaram mais propensos a serem ocupados por espécies dos ambientes mais secos e mais altos do Pantanal. Quando isso acontece, elas competem pelos recursos – alimentação, abrigo, área de reprodução – com as outras espécies que estavam lá”, afirma Christian Berlinck, analista ambiental do ICMBio.

Patrimônio Natural da Humanidade, o Pantanal nunca esteve tão vulnerável quanto hoje.

Deu no G1

Meio Ambiente

Queimadas no Pantanal em junho superam patamar da maior devastação já registrada

Foto: Dida Sampaio

 

Os focos de incêndio no Pantanalaumentaram 1.500% de 2023 para 2024, considerando o período de janeiro até 17 de junho. Os dados são do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia. De janeiro a maio deste ano, 1.276 km² pegaram fogo, uma área equivalente a 178.700 campos de futebol. Com 1.291 focos, a cidade de Corumbá, no Mato Grosso do Sul, concentra a maior parte dos incêndios – no bioma e no País em 2024. As 2.246 queimadas registradas pelo Inpe no bioma até meados deste mês se aproximam do patamar de 2020 na mesma época. Naquele ano, 26% da extensão do bioma pantaneiro pegou fogo, com 2.315 focos até junho. Foi até hoje a maior devastação já registrada no Pantanal. Levando em conta somente o mês de junho de cada ano, porém, o cenário de 2024 é ainda mais preocupante: até 18 de junho de 2024, houve 1.434 focos, contra 406 em todo o mês de junho de 2020. Segundo dados do MapBiomas Fogo, que também monitora os focos de queimada no País, divulgados na terça-feira, 18, Corumbá (MS), foi um dos municípios mais atingidos pelo fogo no Brasil de 1985 a 2023.

Apesar da área menor em comparação a outros biomas – 90 mil km² foram atingidos por fogo pelo menos uma vez -, o Pantanal foi proporcionalmente o mais queimado no período. O fogo já atingiu 59% da extensão do bioma. No início de junho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou com governadores dos Estados que compõem a Amazônia e o Pantanal um pacto pela Prevenção e Controle de Incêndios. Também no começo deste mês, o Supremo Tribunal Federal deu ao Congresso Nacional um prazo de 18 meses para editar uma lei de proteção ao bioma, concluindo haver “omissão inconstitucional” por parte dos deputados e senadores na matéria. Considerado patrimônio nacional, o Pantanal conta atualmente com a proteção do Código Florestal e de leis estaduais. Por enquanto, só a Mata Atlântica conta com uma lei federal específica, que representou um divisor de águas na preservação do bioma.

Informações da JP