Os incêndios florestais continuam consumindo a flora do Pantanal brasileiro e vitimizando milhares de animais, de onças-pintadas a veados-catingueiros. A área arrasada pelo fogo já se aproxima dos 2 milhões de hectares, só no Mato Grosso do Sul. O impacto gerado na fauna local é incalculável.
O trabalho dos bombeiros, socorristas, técnicos e voluntários que continuam na região tem se dividido entre a tentativa de conter as chamas e o resgate e monitoramento de milhares de animais, que lutam para sobreviver em meio ao fogo. O sinal mais claro do sofrimento dos bichos, muitas vezes, é percebido nas patas queimadas pelo chão quente.
Em Campo Grande (MS), o Hospital Veterinário Ayty, vinculado ao Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (Cras), tornou-se referência no atendimento dos animais socorridos nos incêndios do Pantanal. Para lá, foram levadas, por exemplo, duas onças-pintadas – Miranda e Antã – que foram encontradas com ferimentos graves em áreas atingidas pelas chamas.
Em meio ao aumento preocupante das queimadas no Pantanal, duas onças-pintadas, conhecidas como Divino e Timburé, foram encontradas buscando abrigo no interior de manilhas de concreto.
A cena, registrada pela ONG Onçafari, que monitora esses animais, escala o impacto severo que os incêndios estão tendo sobre a fauna local. As onças foram vistas dividindo espaço com uma jaguatirica, em uma tentativa desesperada de escapar das chamas que consomem seu habitat.
A situação das onças é emblemática do pior cenário de incêndios no Pantanal desde o início da série histórica, superando até mesmo os trágicos eventos de 2020, conhecido como o ‘ano do fogo’. Nos primeiros seis meses deste ano, o número de focos de incêndio no bioma chegou a 4.696, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), representando um aumento de 11% em relação ao mesmo período de 2020. Apesar das chuvas em agosto, o fogo continua a devastar regiões importantes do Pantanal.
A Onçafari, ao publicar as imagens nas redes sociais, explicou que o fogo tem dificultado a busca por abrigo para muitos animais, que recorrem às manilhas por serem locais mais frescos e protegidos.
No caso dos machos Divino e Timburé, eles inicialmente dividiram uma mesma manilha, mas logo um deles se deslocou para outra, onde encontrou uma jaguatirica. Embora tenha havido um breve confronto entre os animais, o instinto de sobrevivência prevaleceu, e a tensão foi rapidamente substituída por uma coexistência pacífica.
A crise ambiental no Pantanal tem gerado respostas insuficientes por parte do governo Lula. Na última semana, o presidente da República visitou o bioma pela primeira vez desde que os incêndios começaram a se intensificar.
Mesmo diante dos questionamentos, o Ministério do Meio Ambiente diz que cerca de 890 profissionais estão envolvidos nas operações de combate ao fogo, incluindo membros das Forças Armadas, do Ibama, do ICMBio, da Força Nacional de Segurança Pública e da Polícia Federal. Além disso, 15 aeronaves e 33 embarcações estão sendo utilizadas nas ações de controle dos incêndios.
O Pantanal entrou em um período crítico de risco extremo de incêndios, conforme boletim divulgado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA). Até o fim de semana, toda a extensão do bioma será classificada entre risco “Alto” e “Extremo” de fogo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva editou uma Medida Provisória para liberar R$ 137,6 milhões, a fim de combater as queimadas e mitigar os efeitos da estiagem. Desde janeiro deste ano, o bioma já perdeu 778 mil hectares de vegetação nativa, o que representa 5,15% de sua área total. No momento, 832 profissionais estão em campo no combate aos incêndios, sendo Dos 55 grandes incêndios combatidos até agora, 31 foram extintos e 24 permanecem ativos, dos quais 22 já estão controlados. Controlar um incêndio significa que ainda restam ilhas, troncos, árvores e outros combustíveis florestais queimando, mas o fogo está cercado por uma linha de controle.
Desde maio, o uso de fogo no Pantanal está proibido, com penas que variam de 2 a 4 anos de prisão para os infratores. Todos os incêndios registrados no último mês têm causas humanas, e os responsáveis estão sendo investigados e serão punidos, de acordo com o MMA. O governo também tomou outras providências para aprimorar o combate aos incêndios no Pantanal. Uma nova Medida Provisória permite o uso de aeronaves e tripulações estrangeiras em casos de calamidade pública ou emergências ambientais. Além disso, foi reduzido o prazo de recontratação de brigadistas de dois anos para três meses, agilizando a resposta a novos focos de incêndio. O Pantanal enfrenta a pior seca dos últimos 70 anos, o que agrava a situação dos incêndios. O bioma é essencial para a biodiversidade brasileira, abriga uma vasta gama de espécies de fauna e flora, além de ser uma importante fonte de sustento para comunidades locais. A devastação causada pelos incêndios não só ameaça a biodiversidade, mas também a economia e a vida das pessoas que dependem desse ecossistema.
A comunidade científica e ambientalistas destacam a necessidade urgente de políticas públicas eficazes e de longo prazo para a preservação do Pantanal. A prevenção, educação ambiental e a gestão integrada de recursos naturais são essenciais para evitar que situações como esta se repitam. Além das medidas emergenciais, é preciso ainda investir em pesquisa e tecnologia para monitoramento e combate aos incêndios, o que garante a proteção contínua do bioma. As medidas adotadas pelo governo são um passo importante, mas a colaboração de todos – governo, organizações ambientais e sociedade – é fundamental para a preservação deste patrimônio natural.
O Pantanal teve a maior quantidade de focos de incêndio já registrada no primeiro semestre desde 1988, quando as queimadas começaram a ser monitoradas por satélites pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Entre 1º de janeiro e 23 de junho deste ano, foram detectados 3.262 queimadas, um número 22 vezes maior que o registrado no mesmo período do ano passado (+2.134%), segundo dados do instituto.
Este ano, o Pantanal bateu também o recorde de queimadas ocorridas no primeiro semestre de 2020. Naquele ano, foram 2.534 focos entre janeiro e junho e, ao fim de 12 meses, o fogo atingiu 22.116 focos. Aproximadamente 26% do Pantanal foi consumido pelo fogo, afetando pelo menos 65 milhões de animais vertebrados nativos e 4 bilhões de invertebrados, de acordo com o levantamento.
O tamanho da devastação causada pelo fogo no pantanal alcançou um novo patamar alarmante. De janeiro até esta terça-feira (11), 372 mil hectares foram atingidos por incêndios, área que supera a de duas cidades de São Paulo. A extensão é 54% maior do que a afetada pelas chamas no mesmo período em 2020 —considerado o pior ano de queimadas no bioma—, quando 241,7 mil hectares queimaram até a data.
Os dados são do Lasa (Laboratório de Aplicação de Satélites Ambientais), do departamento de meteorologia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Até esta sexta-feira (14), o bioma já teve, em 2024, 2.019 focos de incêndio, segundo a plataforma BD Queimadas, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Em comparação, em 2023, durante o mesmo período, foram 133 focos.
O Pantanal brasileiro registrou o maior número de focos de incêndio para o mês de junho desde o início do monitoramento pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) em 1998.
Até esta terça-feira (11), foram contabilizados 489 alertas de fogo no bioma. Esse número representa um aumento de 1.037% em relação ao mesmo período de 2022, que teve 43 focos de incêndio. Os dados foram coletados através da plataforma BDQueimadas, que utiliza informações de satélites do Inpe.
O recorde anterior para o mês de junho foi em 2005, quando houve 188 focos de incêndio no Pantanal.
O Pantanal, com uma extensão de 150.355 km², é a maior planície de inundação contínua do mundo. Aproximadamente 70% de sua área está no estado de Mato Grosso do Sul, sendo 30% no Mato Grosso.
Até maio deste ano, o bioma perdeu 1.276 km² para o fogo, em comparação com 120 km² no mesmo período de 2023, o que representa um aumento de 963% na área destruída pelas chamas.
O primeiro semestre de 2024 já registrou 1.388 focos de incêndio na região, um aumento de 943% em relação aos 133 pontos registrados no primeiro semestre de 2023. Este é o terceiro maior número da série histórica, superado apenas pelos primeiros semestres de 2020 (2.180 focos) e 2009 (2.021 focos).
Depois de uma atípica temporada intensa de fogo em novembro passado, o pantanal volta a ficar sob alerta. De janeiro ao início de junho de 2024, os focos de incêndio no bioma aumentaram 974% na comparação com o mesmo período do ano anterior.
Os dados são do Programa de BDQueimadas, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Atualizada diariamente, a plataforma mostra que, até esta terça-feira (4), o bioma somava 978 focos, enquanto em 2023 o número era de 91.
Há mais de um mês, o fogo consome o Pantanal, e não há previsão de trégua. Em 16 dias de novembro deste ano, foram registrados 3.098 focos de incêndio no bioma, um recorde histórico para o mês desde 2002, quando foram contabilizados 2.328 focos.
Em relação ao mesmo período de 2022, o aumento de queimadas ultrapassa 1.400%, conforme monitoramento do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Na última quarta-feira (15), o fogo chegou a invadir a rodovia Transpantaneira. As chamas foram controladas pelas equipes de brigadistas e não alcançaram as casas.
Os incêndios levaram os governos de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, estados que abrigam o bioma, a decretar situação de emergência na região norte do Pantanal.