Mundo

Opositor venezuelano Edmundo González indica que não atenderá intimação para depor nesta segunda

Gaby Oraa/Reuters

O ex-candidato à presidência da Venezuela Edmundo González indicou que não atenderá a intimação do Ministério Público da Venezuela para prestar depoimento nesta segunda-feira (26). A convocação é para às 10h de Caracas (11h no horário de Brasília).

O opositor, que segundo a oposição foi o vitorioso do pleito presidencial de 28 de julho, é investigado sobre a publicação de um site com atas eleitorais que autoridades chavistas afirmam terem sido falsificadas.

“Venezuelanos e venezuelanas, nesta ocasião, presto depoimento diante de vocês, que são os que garantem a soberania popular”, expressou o opositor em vídeo postado em suas redes sociais na noite deste domingo (25).

Na publicação, o ex-candidato afirma que o Ministério Público pretende submetê-lo “a uma entrevista sem precisar em que condição em que se espera que compareça e pré-qualificando crimes não cometidos”.

“O procurador-geral da República se comportou reiteradamente como um acusador político, condena antecipadamente e agora impulsiona uma convocação sem garantias de independência e do devido processo”, argumentou o opositor.

No vídeo, ele também afirmou que Nicolás Maduro precisa entender que “a solução não está na repressão, mas sim na verificação internacional e independente das atas” e que esta não pode ser substituída pela sentença judicial da Suprema Corte do país.

González garantiu ainda que a oposição apresentará os exemplares das atas de escrutínio que sua coligação diz ter recebido de fiscais eleitorais.

Na intimação entregue neste sábado, o Ministério Público venezuelano convocou González “para dar entrevista” sobre o “suposto cometimento dos crimes de usurpação de funções, forjamento de documento público, instigação à desobediência de leis, crimes informáticos, associação para cometer crimes e conspirar”.

O alvo das investigações é um site que divulga atas eleitorais, que a oposição afirma garantirem vitória para o candidato apoiado pela ex-deputada María Corina Machado, com cerca de 67% dos votos.

Para o procurador-geral do Ministério Público da Venezuela, o site “usurpou a qualidade e competência que só corresponde ao Poder Eleitoral venezuelano”. O governo venezuelano, por sua vez, alega que 83% dos documentos publicados pela oposição foram falsificados.

“Ele vai ter que mostrar a cara perante esse Ministério Público”, disse na última sexta (23) o procurador-geral do Ministério Público, Tarek William Saab, ao anunciar que González seria intimado a depor.

Porém, quase um mês após as eleições presidenciais, nenhuma ata com resultados desagregados da votação por seção eleitoral foi publicada oficialmente. Esta é uma exigência não somente da oposição e da maior parte da comunidade internacional para reconhecimento da vitória de Maduro.

Apesar dos questionamentos à falta de transparência da divulgação dos resultados, o Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela ratificou a vitória de Maduro com mais de 50% dos votos.

Deu na CNN Brasil

Mundo

Protestos reúnem milhares em Caracas e outras cidades contra ditadura da Venezuela

 

A líder da oposição venezuelana María Corina Machado reapareceu, neste sábado (17), em público para participar de protesto contra o resultado oficial das eleições presidenciais, que afirma terem sido vencidas pelo opositor Edmundo González Urrutia, apesar do resultado oficial ter concedido a vitória ao ditador Nicolás Maduro.

Machado reapareceu em Caracas após duas semanas em que permaneceu sob proteção, temendo por sua “liberdade e sua vida”, como explicou em um artigo publicado no “The Wall Street Journal”, embora não tenha deixado de se expressar através de entrevistas em vários meios de comunicação e publicações nas redes sociais, convidando os venezuelanos a não abandonar a luta pela “verdade” das eleições.

A líder oposicionista voltou a aparecer no já popular caminhão de campanha, aclamada por milhares de manifestantes que atenderam ao seu apelo para continuar o protesto pacífico, acompanhada por vários opositores, como Delsa Solórzano, Biagio Pilieri e César Pérez Vivas, entre outros.

María Corina Machado apareceu escoltada por uma caravana de veículos motorizados, como aconteceu durante a campanha eleitoral, em que defendeu o voto em González Urrutia, e nas duas saídas públicas realizadas após as eleições, cujo resultado oficial desencadeou protestos de cidadãos exigindo a publicação da ata oficial do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), algo que ainda não ocorreu. Nesta sexta (18), a Organização dos Estados Americanos (OEA), aprovou uma resolução para exigir que as autoridades da Venezuela publiquem “rapidamente” as atas de votação da eleição presidencial realizada em 28 de julho. Desta vez, a medida teve apoio do Brasil.

Em publicação neste sábado no X, Machado afirmou: “depois de 6 dias de repressão brutal, pensaram que iam nos silenciar, nos deter ou nos intimidar… Vejam a resposta. Hoje, a presença de cada cidadão nas ruas da Venezuela demonstra a magnitude da força cívica que temos e a determinação de ir até o fim”.

Os opositores à ditadura chavista afirmam ter compilado, através de testemunhas e membros da mesa, 83,5% das atas que dizem dar a vitória a González Urrutia por ampla margem sobre Maduro, tese apoiada por vários países e organizações nacionais e internacionais, incluindo o painel de peritos eleitorais da ONU que testemunhou as eleições e o Centro Carter, que também enviou uma missão de observação.

O protesto deste sábado ocorreu nas principais cidades da Venezuela, onde milhares de pessoas, com bandeiras e cópias das atas eleitorais publicadas em um site pela oposição, exigem “a verdade” dos resultados das eleições presidenciais.
Além disso, milhares de venezuelanos reuniram-se para aderir à reivindicação em diversas outras cidades do mundo.

Deu na Gazeta do Povo

Mundo, Política

Lula diz que não reconhece vitória de Maduro e que ditador deve explicação ao mundo

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, na manhã desta quinta (15), que não reconhece a vitória do ditador venezuelano Nicolás Maduro na eleição suspeita de fraude realizada há quase três semanas.

Ele tem sido pressionado a se posicionar mais claramente sobre a eleição no país, mas tem adotado um tom mais cauteloso e negocia com a Colômbia uma solução para o impasse que tem Maduro se dizendo vencedor de um lado e o candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, do outro.

“Ainda não [reconheço], ele sabe que está devendo uma explicação para a sociedade brasileira e para o mundo. Ele sabe disso”, disse Lula em uma entrevista à Rádio T de Curitiba, onde anuncia a reabertura de uma fábrica de fertilizantes e investimentos em uma refinaria da Petrobras, ambas na região metropolitana da capital paranaense.

Lula pontuou que “não é fácil e nem bom” que um presidente de um país “palpite” sobre o processo eleitoral de outro, mas ressaltou o que vem negociando junto com a Colômbia e, até o começo desta semana, com o México. Os três países haviam se unido para cobrar do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela a divulgação pública das atas de votação que comprovariam quais dos dois candidatos venceu a eleição.

“Só tem uma coisa: tem que apresentar os dados, que seja confiável. O CNE, que tem gente da oposição, poderia ser. Mas ele [Maduro] mandou para a Suprema Corte dele. Não posso julgar a Suprema Corte de outro país”, disse o presidente ressaltando que ainda pode ligar para o ditador venezuelano, uma conversa que vem sendo negociada desde a semana passada a pedido de Maduro, mas que Lula só pretende realizar em conjunto com os presidentes Gustavo Petro (Colômbia) e Manuel Lopez Obrador (México).

Ainda segundo o presidente petista, já há algumas linhas desenhadas do que poderia ser uma saída para o impasse na Venezuela, como o estabelecimento de um governo de coalizão com a oposição – assim como ele formou no Brasil neste terceiro mandato.

“Eu não quero me comportar de forma apaixonada e precipitada, eu quero resultado. Se a gente tiver um resultado e esse resultado for factível, vamos tratar de saber o seguinte: o Maduro tem seis meses de mandato ainda, só termina em janeiro do ano que vem. Ele é o presidente da República independentemente das eleições”, disse.

O presidente pontuou que conversou com Petro na quarta (14) e com Obrador na terça (13) sobre as negociações para a eleição venezuelana.

Lula prosseguiu e afirmou que “se ele [Maduro] tiver bom senso, ele poderia tentar fazer uma conclamação ao povo da Venezuela, quem sabe até convocar uma nova eleição, estabelecer um critério de participação de todos os candidatos, criar um comitê eleitoral suprapartidário, e deixar que entrem olheiros do mundo inteiro pra verem as eleições”.

A possibilidade de sugerir uma nova eleição na Venezuela vem sendo debatida internamente pela diplomacia brasileira e deve ser tema da visita que o minsitro Mauro Vieira (Relações Exteriores) fará ao seu homólogo colombiano, Luis Gilberto Murillo, ainda nesta semana.
O trio de países que estava buscando uma solução negociada com a Venezuela teve um desfalque na última terça (13), quando Obrador decidiu suspender o diálogo com Petro e Lula até que o tribunal eleitoral venezuelano apresente uma decisão sobre a eleição. “Vamos esperar a decisão do tribunal eleitoral, porque ainda está em tramitação. Acho que na sexta-feira desta semana vão decidir sobre as atas e os resultados, então, vamos esperar”, disse em uma entrevista coletiva na Cidade do México.

Informações da Gazeta do Povo

Política

Líder da oposição venezuelana diz que Lula teve “posição nítida” de exigir atas da votação

Foto: Ronald Penã

 

A líder da oposição na Venezuela, Maria Corina Machado, afirmou neste final de semana que o governo brasileiro e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tiveram uma “posição nítida” ao exigir a divulgação pública das atas de votação da eleição do país.

O governo do ditador Nicolás Maduro vem se recusando a apresentar os boletins de urna mesmo sob a exigência brasileira e de outros países das Américas e Europa. As atas que a oposição venezuelana teve acesso supostamente dariam vitória a Edmundo Gonzaléz Urrutia.

“Como venezuelana, fico muito agradecida pela resposta de alguns governos, de alguma maneira próximos a Maduro –como Brasil, Colômbia e México–, e que assumiram posições muitos firmes para que a verdade eleitoral seja conhecida. Agradeço a posição nítida do governo do Brasil e do presidente Lula, ao exigir que se divulguem os boletins, um a um”, disse Maria Corina à TV Globo neste final de semana.

O governo brasileiro vem sendo constantemente cobrado pela oposição a Lula a se posicionar mais claramente sobre a reeleição questionada de Maduro, proclamada pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), o equivalente ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sem apresentar as atas da votação. Segundo o órgão, Maduro vendeu a eleição com 51,2%, enquanto que Urrutia recebeu 44,2%.

Na última quinta (1º), o Brasil emitiu uma nota conjunta com a Colômbia e o México pedindo que a Venezuela divulgue as atas de votação após “controvérsias sobre o processo eleitoral”.

Em um tom diplomático, o Ministério das Relações Exteriores faz um “chamado às autoridades eleitorais da Venezuela para que avancem de forma expedita e divulguem publicamente os dados desagregados por mesa de votação”.

“As controvérsias sobre o processo eleitoral devem ser dirimidas pela via institucional. O princípio fundamental da soberania popular deve ser respeitado mediante a verificação imparcial dos resultados”, pontuaram as três nações.

A mensagem ainda faz um chamado aos “atores políticos e sociais” a terem cautela nas manifestações públicas que fizerem, para evitar uma escalada de episódios violentos.

Deu na Gazeta do Povo

Mundo

Maduro é ilegítimo’, diz Corina em manifestação que rejeita a vitória eleitoral na Venezuela

Foto: Juan Barreto

 

A líder da oposição, María Corina Machado, reapareceu em público neste sábado (3), aplaudida por milhares de manifestantes que rejeitam a proclamação de Nicolás Maduro como presidente reeleito da Venezuela, em um dia em que o chavismo também convocou seus seguidores a marchar. Em um caminhão e vestida com uma camiseta branca, Machado estava acompanhada por vários líderes da oposição, mas não pelo candidato Edmundo González Urrutia, que reivindica a vitória na eleição presidencial de 28 de julho. Machado e González Urrutia, ameaçados e escondidos, haviam sido vistos em público pela última vez na terça-feira, em um comício em Caracas. Os manifestantes começaram a se reunir na capital cerca de duas horas antes, em uma atmosfera de calma e sem grande mobilização das forças de segurança.

“Maduro é ilegítimo. Não somos terroristas, estamos lutando por nosso país, pela liberdade. Peço a Maduro que ouça a voz de nossos irmãos, de todos aqueles que morreram”, disse Jezzy Ramos, uma chef de cozinha de 36 anos, casada e mãe de uma filha, na manifestação. Maduro foi ratificado na sexta-feira pelo Conselho Nacional Eleitoral como presidente reeleito e acusa os líderes da oposição de tentar dar um golpe de Estado. “Estou defendendo a democracia e o voto, porque elegemos um presidente, isso é óbvio, as atas estão publicamente na internet (…). O governo não reconhece que perdeu. É um autogolpe”, disse Sonell Molina, 55 anos, mãe de dois filhos, que vivem no Peru.

Com onze civis mortos desde o início dos protestos espontâneos na segunda-feira em rejeição ao anúncio da reeleição de Maduro e mais de mil presos, os líderes da oposição limitaram suas aparições públicas nos últimos dias. Na sexta-feira, o líder da oposição e jornalista Roland Carreño, que já havia ficado preso entre 2020 e 2023 por acusações de “terrorismo”, foi detido novamente, conforme denunciado por seu partido Voluntad Popular, de Juan Guaidó e Leopoldo López. De acordo com a promotoria, um militar também foi morto durante os protestos.

“Gesto incomum”

O Conselho Nacional Eleitoral ratificou a vitória de Maduro com 52% dos votos, à frente dos 43% atribuídos a González Urrutia, a quem o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, expressou apoio. Maduro acusou os EUA de intervencionismo. “Ele se desespera em um gesto incomum na diplomacia dos EUA e sai para dizer que eles têm os resultados (…). O que eles têm é a armadilha que tentaram impor”, disse ele, referindo-se a Blinken. “Houve vários apelos e gritos de fraude vindos desse setor da direita radical, criminosa e violenta da Venezuela”, disse Maduro em uma coletiva de imprensa com correspondentes estrangeiros. “Eles não querem reconhecer os mecanismos nacionais e soberanos da Venezuela, só querem manter o show da farsa. O chavismo marchará à tarde pelo centro de Caracas, no que Maduro já anunciou como “a mãe” das manifestações.

Uma caravana de motociclistas apoiando Maduro saiu pelas ruas do centro. A oposição diz ter provas de fraude e apresenta um site com cópias de mais de 80% dos registros de votação em sua posse. O chavismo rejeita essa afirmação e alega que os documentos são falsos. “Temos que continuar avançando para afirmar a verdade. Temos as provas e o mundo já as reconhece”, declarou Machado em X. De acordo com a oposição, González Urrutia recebeu 67% dos votos.

Política

Venezuela registra 750 detidos após protestos contra resultados das eleições presidenciais

Manuel Díaz/EFE

Pelo menos 749 pessoas foram detidas na Venezuela nas últimas horas, depois dos numerosos protestos registrados em várias regiões do país contra o suposto resultado oficial das eleições de domingo (28), que ratificaram Nicolás Maduro como presidente reeleito. O procurador-geral, Tarek William Saab, apresentou nesta terça-feira (30) um balanço da atuação das forças de segurança no âmbito destas manifestações, que também resultaram em 48 policiais e militares feridos, bem como na morte de um membro das Forças Armadas “em consequência dos tiros disparados por estes manifestantes” no Estado de Aragua (norte). Saab não falou sobre os ferimentos sofridos pelos manifestantes, que foram repelidos com gás lacrimogêneo e chumbinhos utilizados pela força pública.

Publicado por Carolina Ferreira

*Com informações da EFE

Mundo

Caso da Venezuela mostra que voto impresso auditável não basta para garantir lisura

 

No começo da segunda-feira (29), o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), órgão responsável pelas eleições na Venezuela e controlado pelo chavismo, anunciou a vitória do ditador Nicolás Maduro no pleito presidencial. Com 80% dos votos apurados, Maduro teria obtido, de acordo com o CNE, mais de 51% dos votos, o que lhe garantiria mais seis anos de mandato.

O anúncio feito pelo CNE, amplamente visto como uma farsa pela comunidade internacional, é uma demonstração de como o aparelhamento do órgão estatal responsável pelas eleições pode inviabilizar a lisura do sistema eleitoral.

Ironicamente, a ditadura venezuelana alega colocar em prática aquilo que parte da direita brasileira enxerga como remédio para sanar as dúvidas sobre nosso sistema eleitoral: o voto impresso auditável.

A votação na Venezuela também é feita com urnas eletrônicas, como no Brasil. Diferentemente daqui, contudo, o país vizinho exige a impressão do voto de cada eleitor.

Ao entrar no local de votação, os venezuelanos apresentam sua identidade e fazem o reconhecimento biométrico por meio de impressão digital. Após essa verificação, eles se dirigem à urna eletrônica. Ali, o voto é impresso em papel, permitindo que o eleitor confirme suas escolhas antes de depositar esse comprovante em uma urna física.

Ao término do processo de votação, cada urna eletrônica emite um boletim com os resultados, que são enviados para um centro de totalização, assim como ocorre no Brasil. Além disso, ao contrário do que acontece aqui, há também uma verificação manual posterior dos votos impressos realizada com o objetivo alegado de garantir que eles correspondam aos votos eletrônicos registrados.

Em 2021, nas discussões da Câmara sobre o sistema eleitoral brasileiro, o processo de auditoria das urnas eletrônicas com a impressão de votos foi defendido por especialistas como um fator de segurança adicional contra fraudes eleitorais. Nos últimos anos, parte da direita brasileira tem levantado dúvidas sobre a confiabilidade do sistema de urnas eletrônicas e sugerido que um comprovante em papel seria a solução para essa desconfiança, já que seria possível fazer uma recontagem dos votos.

Em declaração feita na segunda à coluna Entrelinhas, da Gazeta do Povo, sobre as eleições na Venezuela, o senador Jorge Seif (PL-SC) resgatou o assunto. “Já estamos trabalhando no voto impresso auditável, tanto na Câmara quanto no Senado”, disse, sugerindo que isso ajudaria a resolver as suspeitas em relação ao sistema eleitoral brasileiro.

A experiência da Venezuela indica que, mesmo com um sistema que inclui o voto impresso com auditoria, a confiabilidade das eleições pode ser comprometida se o órgão eleitoral não for independente. No caso venezuelano, o CNE tem evidente ligação com o chavismo, e a oposição frequentemente denuncia a falta de transparência das eleições, acusando o CNE de manipular os resultados a favor do governo.

Voto impresso auditável não é imune a fraudes, dizem juristas

Adriano Soares da Costa, ex-juiz de Direito e especialista em Direito Eleitoral, defende o voto impresso auditável, mas ressalta que “nenhum sistema eleitoral de recepção e contagem de votos é imune à fraude”.

“O primeiro aspecto necessário, mas não suficiente, para um sistema eleitoral seguro diz respeito à seriedade das instituições que administram o processo eleitoral”, afirma.

O segundo ponto essencial, para ele, é a transparência do processo eleitoral, que inclui o acesso de partidos, candidatos e observadores independentes a informações, desde a definição dos locais de votação e segurança do processo de inscrição dos eleitores até a distribuição das urnas. Além disso, no final da votação, deve haver um processo de apuração “com ampla fiscalização dos interessados”, acrescenta o jurista.

Por fim, segundo ele, a auditoria dos votos é fundamental. Nesse ponto, ele considera que o modelo mais seguro é justamente o de urnas eletrônicas com voto impresso auditável, que permita “recontagem por amostragem ou naquelas sessões eleitorais em que existam clara suspeita fundadas de fraude”.

“A Venezuela não cumpriu nenhum dos requisitos: as instituições que administram o processo eleitoral são aparelhadas e dominadas totalmente por membros ligados ao regime, o processo de votação foi totalmente comprometido com obstáculos à votação dos eleitores, não houve transparência durante o processo eleitoral, com impedimento a observadores internacionais, além do processo de contabilização ter sido feito com evidente finalidade de lesar a vontade expressa pelos eleitores, comprovadas por boletins de urnas a que a oposição teve acesso”, observa.

O jurista Fabricio Rebelo, coordenador do Centro de Pesquisa em Direito e Segurança (Cepedes), comentou via X que “o fundamental em um processo eleitoral não são os votos, mas quem e como os conta” e definiu as eleições venezuelanas como um “teatro”.

“No Brasil, há um forte discurso da direita de que eleições sem registro físico são inseguras, porque não auditáveis; o ditador Maduro, ‘inexplicavelmente’, endossa as críticas às vésperas da ‘eleição’ por lá, dizendo que o modelo venezuelano, com votos impressos, é o mais seguro; ele ‘vence’ a disputa, mesmo num ambiente absolutamente desfavorável, com um cenário de vitória esmagadora da oposição; a “conclusão” esperada pelos atores é óbvia: a de que voto impresso não adianta nada. No fundo, estão certos; não adianta mesmo”, escreveu.

Informações da Gazeta do Povo

Política

Candidatos à Prefeitura de São Paulo questionam vitória de Maduro na Venezuela

Ronald Peña R./EFE

Os candidatos e pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo se manifestaram nesta segunda-feira (29) sobre o anúncio da vitória do presidente Nicolás Maduro nas recentes eleições da Venezuela — a maioria deles em tom crítico. O atual prefeito e pré-candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), classificou o resultado das como tendo “fortes indícios de fraude”. Nunes afirmou que “um democrata não pode reconhecer o resultado” e manifestou sua solidariedade aos venezuelanos que buscaram refúgio no Brasil devido à ditadura de Maduro. O prefeito também pediu que o Brasil não se torne cúmplice de regimes autoritários. Tabata Amaral (PSB) também criticou o processo eleitoral na Venezuela, apontando para o que considera serem sinais claros de fraude. Em suas redes sociais, a deputada federal mencionou a intimidação de opositores, dificuldades no processo de votação e a falta de transparência na divulgação dos resultados como evidências de irregularidades.

O candidato do PSDB, José Luiz Datena, considerou o resultado “inaceitável” e descreveu Maduro como uma ameaça à democracia na América do Sul. O tucano fez um apelo para que o governo brasileiro tome uma postura firme. Marina Helena, candidata do Novo, criticou Maduro por usar as Forças Armadas para intimidar a população, enquanto Kim Kataguiri, pré-candidato do União Brasil, acusou o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela de “roubar” as eleições, citando discrepâncias entre as parciais e o resultado final anunciado. Pablo Marçal, pré-candidato do PRTB, publicou vídeos em suas redes sociais com denúncias sobre a eleição, mas não fez uma declaração pública.

O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) adotou uma abordagem mais cautelosa, declarando que acompanha a situação com “preocupação”. Boulos disse, em nota, que aguardará a posição oficial da diplomacia brasileira, que está monitorando a situação e solicitou a divulgação completa dos dados eleitorais pela Venezuela. Com 80% das urnas apuradas, Nicolás Maduro foi declarado vencedor com 51,2% dos votos, enquanto o principal candidato da oposição, Edmundo González, obteve 44,2%. A declaração oficial do resultado ocorreu por volta da 1h desta segunda-feira (29), no horário de Brasília. Desde então não houve atualização adicional por parte do Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela.

O assessor especial Celso Amorim, designado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para observar as eleições na Venezuela, declarou que o governo brasileiro aguarda informações adicionais antes de se manifestar sobre os resultados apresentados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE). Ele ressaltou que a falta de clareza nos dados é uma preocupação e que o Brasil espera receber as atas que fundamentam os números divulgados. A oposição, no entanto, contesta os números apresentados, afirmando que não teve acesso completo às atas de votação e defendendo que González é o verdadeiro vencedor da disputa.

Deu na JP News

Política

Celso Amorim diz que eleição na Venezuela deve ter transparência e evita endossar relato de fraude

Foto: O ministro da Defesa do Brasil EFE

O assessor especial do governo brasileiro para assuntos internacionais, Celso Amorim, cobrou transparência no processo eleitoral da Venezuela e disse aguardar que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) ofereça as atas que embasam a vitória de Nicolás Maduro no pleito de domingo (28). Amorim, contudo, afirmou que não irá endossar “nenhuma narrativa de fraude” nas eleições presidenciais. “O governo brasileiro continua acompanhando o desenrolar dos acontecimentos para poder chegar a uma avaliação baseada em fatos. Como em toda eleição, tem que haver transparência, o CNE ficou de fornecer as atas que embasam o resultado anunciado”, afirmou Amorim, em nota divulgada nesta segunda-feira (29). O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) anunciou na madrugada de hoje a vitória de Maduro na eleição presidencial na Venezuela. Após o resultado eleitoral, Amorim conversou com Lula para apresentar ao chefe do Executivo federal o panorama das eleições.

Desde o fechamento das urnas, há indícios de fraude eleitoral no país vizinho. A oposição diz não ter tido acesso a 70% das atas eleitorais do processo. As sessões ficaram abertas até depois do horário em áreas predominantemente chavistas e, em áreas opositoras, houve relatos de intimidação e criação de empecilhos para votar. Apesar das acusações, Amorim evitou endossar a narrativa de fraude. “Não vou endossar nenhuma narrativa de que houve fraude. É uma situação complexa e nós queremos apoiar a normalização do processo político venezuelano”, acrescentou. O assessor foi enviado na sexta-feira (26) ao país vizinho para acompanhar o pleito. Diante da situação, Amorim deve falar com observadores eleitorais e conversar com representantes das principais candidaturas, a de Maduro e a do líder de oposição, Edmundo González, para determinar uma posição do governo brasileiro em relação ao tema.

A expectativa, com o envio do assessor, é que seu relato sobre a situação do país vizinho deve dar respaldo à gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu posicionamento sobre o pleito. Mais cedo, o Palácio Itamaraty divulgou nota e disse acompanhar “com atenção” o processo de apuração da eleição na Venezuela. O Ministério das Relações Exteriores reafirmou o princípio fundamental da soberania popular e disse aguardar publicação do CNE acerca dos dados desagregados por mesa de votação que, segundo a gestão brasileira, é passo “indispensável” para a legitimidade do pleito.

*Com informações do Estadão Conteúdo

Publicado por Marcelo Bamonte

Eleições 2024

Chile e Argentina não reconhecem vitória de Maduro; Lula fica em silêncio

 

Líderes mundiais declararam que não vão reconhecer a vitória do ditador Nicolás Maduro, declarado vencedor no pleito que renovou o mandato à frente da Venezuela neste domingo (28).

Vários países manifestaram insatisfação e desconfiança em relação ao processo eleitoral. Na América do Sul, Chile e Argentina declararam que não vão reconhecer o resultado das eleições, sob desconfiança de fraude.

“O regime de Maduro deve entender que os resultados publicados são difíceis de acreditar. A comunidade internacional e sobretudo o povo venezuelano, incluindo os milhões de venezuelanos no exílio, exige total transparência das ações e do processo, e os observadores internacionais não se comprometem com o governo na conta da veracidade dos resultados. Desde o Chile não reconheceremos nenhum resultado que não seja verificável”, declarou o presidente chileno, Gabriel Boric.

A Argentina não vai reconhecer outra fraude e espera que desta vez as Forças Armadas defendam a democracia e a vontade popular. A liberdade avança na América Latina”, disse o argentino.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Espanha, José Manuel Albares, cobrou transparência na contagem de votos, “Queremos total transparência e por isso pedimos a publicação da ata tabela por tabela”.

Luís Lacalle Pou, presidente do Uruguai, também levantou desconfiança sobre o processo.

“Era um segredo aberto. Eles iam ‘ganhar’ sem prejuízo dos resultados reais. O processo até ao dia da eleição e da contagem foi claramente falho”, declarou o uruguaio.

Informações do Diário do Poder