O líder da Coreia do Norte, Kim Jong Un, prometeu acelerar o desenvolvimento nuclear do país e advertiu o governo dos Estados Unidos a não adotar “uma decisão equivocada”, depois de supervisionar o lançamento do míssil balístico intercontinental (ICBM) mais potente do país, informou a imprensa estatal nesta terça-feira, 19.
“Uma manobra de lançamento do ICBM Hwasong-18 foi efetuada como uma ação militar importante para mostrar claramente aos inimigos a vontade de reação esmagadora e a força incomparável das forças estratégicas nucleares norte-coreanas”, afirmou a agência KCNA. O Hwasong-18, o maior míssil do arsenal norte-coreano, voou pouco mais de 1.000 quilômetros e demonstrou “a capacidade de combate do ICBM”, acrescentou a imprensa estatal. Kim disse que o lançamento do míssil, com capacidade de atingir o território dos Estados Unidos, envia um “sinal claro às forças hostis” e “coloca em marcha novas tarefas importantes para o desenvolvimento das forças nucleares estratégicas” da Coreia do Norte, segundo a agência de notícias.
Ele destacou que o lançamento evidencia as opções do país caso Washington “adote uma decisão equivocada contra” Pyongyang. “A manobra bem sucedida é uma demonstração prática da atual condição e confiabilidade das formidáveis capacidades de ataque e dissuasão de guerra nuclear sob poder das Forças Armadas da Coreia do Norte”, afirmou Kim. O Exército sul-coreano anunciou na segunda-feira que o Norte disparou um ICBM de combustível sólido, o que faz com que os mísseis sejam mais fáceis de transportar e mais rápidos de disparar que os de combustível líquido. A KCNA divulgou fotos de Kim acompanhado de sua filha no momento em que supervisionava o lançamento. Coreia do Sul, Estados Unidos e Japão ativaram nesta terça-feira um sistema para compartilhar, em tempo real, informações dos lançamentos de mísseis norte-coreanos com o objetivo de fortalecer a cooperação na área de segurança, informou o ministério sul-coreano da Defesa.
“Os três países estabeleceram o sistema para garantir a segurança de seus cidadãos (…) com a detecção e avaliação dos mísseis lançados pela Coreia do Norte em tempo real”, afirmou o ministério em um comunicado. O lançamento de segunda-feira foi a terceira vez que a Coreia do Norte testou um ICBM de combustível sólido, o que, segundo analistas, indica esforços consistentes para melhorar esta tecnologia. O novo teste ocorreu depois de uma reunião na sexta-feira em Washington, onde os Estados Unidos e a Coreia do Sul discutiram a dissuasão nuclear em caso de um conflito com o Norte. Washington e Seul advertiram no sábado que um ataque nuclear de Pyongyang contra eles resultaria no fim do regime norte-coreano. Um porta-voz do Ministério da Defesa da Coreia do Norte criticou no domingo, 17, os planos dos países aliados de ampliar o exercício militar conjunto anual em 2024 para incluir uma simulação de operação nuclear, o que chamou de “declaração aberta sobre o confronto nuclear”.
A Coreia do Norte realizou um número recorde de testes armamentistas em 2023. Em novembro, o país lançou um satélite militar, que, segundo as autoridades do país, permitiu obter imagens de áreas militares dos Estados Unidos e da Coreia do Sul. O regime norte-coreano se declarou no ano passado uma potência nuclear “irreversível” e insistiu, em várias ocasiões, que nunca renunciará a seu programa nuclear, que o regime considera essencial para sua sobrevivência. O Conselho de Segurança da ONU aprovou diversas resoluções em que pede à Coreia do Norte a interrupção de seu programa nuclear e de mísseis balísticos desde que o país realizou seu primeiro teste nuclear em 2006.