Banidos do Twitter no Brasil, alvos de Moraes dizem que reação a Musk “escancara ditadura”

 

Banidos do X (antigo Twitter) no Brasil por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, o jornalista exilado, Allan dos Santos, o influenciador digital, Bruno monteiro Aiub, conhecido como Monark, e o empresário e jornalista também exilado, Paulo Figueiredo, disseram à Gazeta do Povo que a reação de Moraes às revelações do bilionário Elon Musk, dono do X, sobre a censura na rede social, “escancara ditadura” e “arbitrariedades”.

A mando de Moraes, que também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Musk foi incluído em dois inquéritos depois de  perguntar ao ministro por que ele “exige tanta censura no Brasil” e prometer ativar as contas de usuários brasileiros que foram banidos por ordem do STF ao longo dos últimos quatro anos.

O questionamento ocorreu após a divulgação de uma nova série de documentos internos do Twitter envolvendo as tratativas da rede social com autoridades e personalidades brasileiras que revelam que o TSE, além de parlamentares e do Ministério Público, buscaram violar o Marco Civil e “direitos constitucionais” dos cidadãos brasileiros, segundo os próprios consultores jurídicos da empresa, para fazer pesca probatória e coletar dados em massa de usuários que postaram determinadas hashtags. O escândalo está sendo chamado de Twitter Files Brazil.

A notícia sobre a possível restauração dos perfis bloqueados no Brasil foi divulgada pelo bilionário por meio de sua conta no X, em resposta a um questionamento feito pelo jornalista Paulo Figueiredo Filho, exilado nos Estados Unidos.

Procurado pela Gazeta do Povo, nesta segunda-feira (8), Figueiredo lembrou que outras redes sociais (Rumble e Locals) já encerraram as operações no Brasil por não concordarem com as ordens de Moraes, porém, “o Twitter é a primeira das redes mainstream a fazer esse desafio”.

“Este é um momento de divisão de águas. Alexandre está sendo obrigado a dobrar a aposta e escancarar a ditadura brasileira para o brasileiro e para o mundo. Se o fizer, estaremos entrando na seleta lista de países que banem o Twitter, composta por China, Coreia do Norte e outros. O meu trabalho de denunciar a ditadura brasileira ao mundo se tornou muito mais fácil agora. Hoje, concedo oito entrevistas a veículos internacionais. Recebi uma ligação de um congressista americano no domingo às 21 horas. A repercussão é gigantesca”, disse o jornalista.

Paulo Figueiredo teve o perfil na rede social X derrubado no começo de abril de 2023 por determinação do ministro Alexandre de Moraes, no âmbito do “Inquérito das Fake News (4.781)”.

Também alvo de Moraes e exilado nos EUA, o jornalista Allan dos Santos disse que lá fora, “a repercussão é das piores para o Brasil”.

“Pessoas de todos os espectros da política estão saindo em defesa do X e Musk. O americano tem na liberdade de expressão um valor inegociável. É inconcebível aqui que um juiz da corte constitucional abra investigações criminais para perseguir seus críticos”, afirmou Allan dos Santos à Gazeta do Povo.

Allan não descarta a possibilidade de banimento do Twitter no Brasil, uma vez que Musk virou alvo de investigações no STF.

“Quanto à possibilidade de banimento do X, sim é possível, dado que Musk, assim como eu, virou alvo, em decisão draconiana, como a da minha prisão e extradição, no mesmo inquérito 4.874 [das Milícias Digitais]. A decisão de Moraes é um atestado de confissão para o mundo de suas arbitrariedades”, completou.

O perfil de Allan dos Santos na rede social está bloqueado no Brasil desde 9 de outubro de 2021. O jornalista é investigado por críticas a ministros do STF e por supostos “ataques à democracia”.

Outro alvo do judiciário brasileiro que precisou mudar-se para os Estados Unidos é o influenciador Monark, que teve as redes sociais suspensas por criticar o autoritarismo estatal e por apoiar manifestações contra o STF e o TSE.

Ao conversar com a Gazeta do Povo, Monark disse que as revelações de Musk são uma “grande notícia para o Brasil, para quem se importa com liberdade de expressão”.

“Se ele [Moraes] quiser brigar, vai ter que escancarar para o mundo que o Brasil é uma grande ditadura na qual ele é o ditador maior. Então, é um preço muito grande para o governo pagar. Eu acho que eles [o governo] vão tentar desescalar a situação, mas isso também é positivo para a gente, porque significa que o Twitter vai ficar livre das amarras estatais. A gente vai ter, pelo menos, uma plataforma que não vai ceder às pressões”, disse Monark ao lembrar que plataformas como YouTube, TikTok e Meta já estão alinhadas às diretrizes do STF.

Monark disse não acreditar que a rede social seja banida do Brasil e falou sobre a “comoção” gerada na internet em decorrência do caso.

“Eu acho que se o Alexandre de Moraes dobrar a aposta, vai aumentar essa comoção.  Então, é promissor o caminho. São boas notícias. Com certeza, a gente vai ver um Alexandre de Moraes bem enfraquecido nos próximos anos ou um fortalecimento da ditadura do Brasil, mas aí já vai ter escancarado para o mundo”, completou.

Deu na Gazeta do Povo

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