Cotado para Vale, nome de Guido Mantega faz empresa desvalorizar R$ 8,5 bilhões

 

A possibilidade da ida de Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda, para compor o conselho da empresa Vale causou uma perda no valor de mercado na mineradora de R$ 8,5 bilhões na parcial desta semana. Na última sexta-feira (12) o valor era de R$ 308,5 bilhões, nesta semana chegou a cair para R$ 298,8 bilhões subindo logo em seguida e parando em R$ 300 bilhões.  

Guido Mantega é ex-ministro dos governos passados de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Dilma Rousseff (PT). O ex-ministro é conhecido por ter participado de políticas que não tiveram sucesso no passado. Além disso, foi investigado pelo MPF (Ministério Pública Federal) em 2018 pelas “pedaladas fiscais”, mas a acusação foi arquivada. Depois da reeleição de Dilma em 2014, Guido foi demitido. 

A inserção de Mantega e do governo federal na Vale, que é considerada queridinha pelo pagamento volumoso de dividendos, não é vista com bons olhos pelo mercado. Em 2023, foram R$ 28,9 bilhões em proventos aos acionistas. A mineradora detém mais de 13% da carteira do Ibovespa. 

A mineradora tem 91,3% de capital privado, o que sempre causou uma certa frustação no presidente Luiz Inacio Lula da Silva (PT) que se mostrou inconformado com a privatização da companhia.

O processo de privatização foi iniciado em 1997 no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Nos 2 primeiros mandatos do petista, o governo ainda tinha como interferir na Vale por meio de boa parte dos acionistas, mas que foi dificultado pela reconfiguração da gestão feita no governo Jair Bolsonaro (PL) dificultou. 

Até 2020, a Vale tinha entre seus maiores acionistas fundações públicas, como a Previ e a Litel Participações, holding que era formada pela própria Previ e pelos fundos de pensão Petros (Fundação Petrobras de Seguridade Social) e Funcef (Fundação dos Economiários Federais). A tentativa de influir na mineradora provoca reações negativas nos agentes financeiros. 

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) detinha uma participação na mineradora Vale por meio da subsidiária BNDESPar, que foi vendida em 2021. A Previ, outra acionista da Vale, também vendeu boa parte de suas ações e agora detém menos de 10% da composição acionária. A Previ perdeu duas das quatro cadeiras que tinha no Conselho de Administração. A participação da Litel na Vale foi desmanchada. 

Como resultado, a Vale se tornou uma “corporation”, ou seja, uma empresa de controle privado, com capital diluído no mercado e sem nenhum investidor com mais de 10% das ações. 

Deu no Diário do Poder

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