Cale-se agora e cale-se para sempre também

Por Mateus Nacer

É uma pergunta simples: você prefere que a sociedade seja livre, que as pessoas possam fazer o que quiserem, ou prefere uma sociedade de controle, em que deva obedecer a vontades ditatoriais de um líder ou Governo?

Analisando toda a literatura sobre os dois modelos de sociedade (a livre e a ditatorial), podemos ver uma espécie de trindade óbvia sobre as distopias, ou seja, as utopias invertidas – livros que descrevem não um mundo maravilhoso, mas um mundo de censura e controle absoluto da vida.

Dentre as obras mais conhecidas estão 1984, de George Orwell, Laranja Mecânica, de Anthony Burgess, e Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley. Além do óbvio O Processo, de Franz Kafka (imprescindível para os tempos de juristocracia do Brasil).

Resumindo brevemente a ideia dos livros, trata-se da descrição de sociedades que, graças a uma abstração – como a “paz”, a “igualdade”, a “fraternidade” ou o que for -, não permite que as pessoas façam o que desejam; pensem livremente sem interferência, ainda que pensem errado; acreditem no que quiserem; digam qualquer coisa, mesmo a maior bobagem; ajam como quiserem ou trabalhem e criem a riqueza que desejem.

Mas o que isso tem a ver com o Brasil?

Calma, vamos chegar lá!

Nos últimos dias, uma multidão de verde e amarelo tomou as ruas do país, logo após as eleições “limpas” e “seguras” que elegeram um, sou forçado a dizer, “ex-ladrão” e “ex-condenado” em três instâncias.

Mas o que tanto essas pessoas temem?

Por que não aceitam o resultado de um processo “justo”, “constitucional” e “democrático”?

Talvez porque, além de ser responsável pelo maior escândalo de corrupção do país, a ligação de Lula e do PT com ditaduras socialistas causa repulsa e traz consigo medo e insegurança.

Poderíamos estar prestes a viver uma ditadura com requintes de uma distopia?

A Folha de S.Paulo publicou há algumas semanas uma reportagem admitindo que a relação de Lula e do PT com ditaduras é uma “pedra no sapato”, já que o petista “foi próximo ideologicamente de líderes autoritários e firmou parcerias econômicas com regimes socialistas”.

O eufemismo da Folha chega a ser engraçado.

Lula não foi próximo; ele ainda é! E não se trata apenas de parceria econômica, mas de laços ideológicos e de poder.

Lula participou da fundação do Foro de SP com Fidel Castro, com o intuito de “resgatar na América Latina o que se perdeu no Leste Europeu”, ou seja, o comunismo.

Lula sempre idolatrou Fidel, o maior tirano assassino da história do continente.

Até mesmo durante a campanha, quando teve a oportunidade de se afastar um pouco do genocida, Lula insistiu em sua “profunda admiração pelo líder cubano”.

Na Venezuela, Lula gravou vídeos de apoio tanto a Chávez como a Maduro, e disse certa vez que Chávez dirigia uma Ferrari, enquanto ele dirigia um Fusquinha, mas ambos apontando para o mesmo destino.

Gleisi Hoffmann, presidente do PT, sempre defendeu o regime venezuelano abertamente.

Durante seu governo, Lula se aproximou de Ahmadinejad, o responsável à época pela ditadura iraniana. Lula se aproximou do Hamas, grupo terrorista que controla a Faixa de Gaza.

Lula foi ao Gabão e, ao retornar, “brincou” que foi lá “aprender a como ficar quase 40 anos no poder”.

Sem falar que Lula é amigo e diz ter orgulho do seu relacionamento com Daniel Ortega, o ditador da Nicarágua que fecha igrejas e persegue cristãos.

Lula e o PT jamais demonstraram respeito pela democracia. Seu DNA é extremamente autoritário, quiçá totalitário, digno de um “líder supremo” das distopias.

Tanto que o PT sempre tratou adversários como inimigos mortais, não como políticos ou partidos com divergências legítimas e dignas de respeito.

A relação das violações diretas da lei por parte de ministros amigos de Lula é pública e indiscutível.

O STF anulou as quatro ações penais contra o petista, inclusive sua condenação pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, sem qualquer razão séria; alegou erro de endereço no processo, coisa que, pasmem, ninguém notou durante cinco anos e ao longo de três instâncias.

O Tribunal permitiu, com essa trapaça, que Lula fosse candidato nas eleições deste ano sem a absolvição de nenhum de seus crimes.

Recentemente, esses mesmos ministros eliminaram de forma sistemática o direito de livre expressão nas redes sociais. Bloquearam contas bancárias, violaram o sigilo de comunicações e “desmonetizaram” comunicadores de “direita”.

Censuraram a imprensa, em desrespeito direto à Constituição Federal. Mandaram a polícia para cima de apoiadores do presidente da República que mantinham um grupo particular de conversas no WhatsApp.

Lula recebe o apoio excitado de quase toda a mídia, dos advogados de políticos corruptos e de toda essa gente “civilizada” que assinou a “Carta às Brasileiras e Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito”.

É um fenômeno nunca antes visto no Brasil ou no mundo: uma carta em favor da democracia que é um manifesto em favor da ditadura.

Isso tudo está sendo feito, segundo os amigos do futuro “líder” do Brasil, para “defender a democracia”.

Violam a lei, suprimem direitos individuais e liquidam as liberdades públicas, mas dizem que fazem essas coisas para salvar o Brasil do “autoritarismo”.

Qualquer semelhança com os livros de Orwell, Burgess, Huxley ou Kafka é mera ilusão causada por nossos olhares “antidemocráticos”. Confia!

E se nossas bocas, num descuido, gritarem por liberdade, nos resta pedir imediatamente ao STF uma mordaça.

Para eles, a voz do povo é um risco para a segurança do processo eleitoral e uma ameaça à democracia.

Vamos todos nos calar em nome do estado democrático de direito! É hora do “novo normal”: calar agora e calar-se para sempre também.

Coloque um esparadrapo na boca, uma mão na consciência e prepare o seu churrasco.

Vai ter picanha!

Mas cuidado, pode ser de cachorro.

Mateus Nácer é Jornalista

3 thoughts to “Cale-se agora e cale-se para sempre também”

  1. Ótimo artigo, com as doses adequada de informação, denúncia e ironia que provocam profunda reflexão e desafiam a uma corajosa tomada de decisão em prol da verdade e da liberdade.

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