“Coloco minha cara no fogo pelo presidente”, diz Tarcísio de Freitas

 

O pré-candidato ao governo de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) respondeu nesta segunda-feira (27) que “colocaria a cara no fogo” pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), de quem foi ministro da Infraestrutura.

A declaração veio em resposta ao questionamento de que se faria o mesmo pelo ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, que está sendo investigado por suposta corrupção. A afirmação foi feita em meio às suspeitas de interferência do chefe do Executivo no inquérito que apura o suposto esquema de liberação de verbas da Educação para prefeituras mediante o pagamento de propinas.

Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, Freitas disse que “pelo presidente” coloca a “cara no fogo” e que não acredita no envolvimento de Bolsonaro em suposta interferência na investigação. A expressão foi usada pelo chefe do executivo em março deste ano em alusão a Ribeiro, que passou um dia preso na semana passada, no âmbito da Operação Acesso Pago, da Polícia Federal.

Após a prisão de Ribeiro, o presidente disse que “exagerou” quando declarou que colocaria a “cara no fogo” por Ribeiro e que a investigação não é sobre corrupção, mas sobre “tráfico de influência”.

Freitas disse acreditar que Bolsonaro não tem envolvimento no caso. “A gente tem que ver o que de fato o presidente falou para o (então) ministro Milton (Ribeiro) e o que ele (Milton) falou para esses pastores, de que forma ele falou”, afirmou. “Eu não acredito que o presidente tenha dado um comando dessa natureza, porque ele nunca disse para mim”.

Sobre Ribeiro, o ex-ministro disse que sempre teve a melhor impressão possível, mas que aguarda a apuração dos fatos. “Entendo que havendo culpa, dolo, desvio, descaminho, tem que ser punido de forma exemplar. A gente não pode mais tolerar corrupção no Brasil.”

Segundo Freitas, a exoneração de Ribeiro do ministério, por exemplo, não apontaria um indício de que Bolsonaro tivesse acesso privilegiado às investigações. A exoneração “a pedido”, caso de Milton, seria “uma deferência”, de acordo com o ex-ministro. “Isso é muito comum, normalmente pessoas que são exoneradas são a pedido.”

O ex-ministro também falou sobre outras investigações envolvendo a família do presidente e disse que os casos não terão impacto na corrida ao Palácio dos Bandeirantes. “Tem muitas questões que não chegaram a lugar nenhum, as investigações não foram conclusivas. Não acredito em um impacto na minha candidatura”, disse. “O meu alinhamento ao presidente Bolsonaro, a minha lealdade, é total.”

Apesar de considerar o presidente uma figura importante em sua campanha pelo potencial de “transferência de votos”, Freitas não aposta em uma participação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) em seu governo.

“Eduardo Bolsonaro não deverá ser (meu secretário) de jeito nenhum, para preservar o próprio Eduardo. Ele é filho do presidente, que eu espero que seja reeleito”, disse. Também defendeu que levará em conta a ficha criminal dos indicados para a distribuição de cargos. “Perfil de risco certamente será vetado.”

Deu no Estadão

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