“Encontro de Bolsonaro com Biden”

Por Ney Lopes de Souza

A avaliação isenta do encontro de Bolsonaro e Biden ontem, 9, na Cúpula das Américas é positiva para ambos os lados.

Divulgou-se antes do diálogo presidencial, que haveriam cobranças públicas sobre os temas que mais têm antagonizado os dois países, a democracia e a pressão climática.

Nada disso aconteceu.

Sabe-se, que o encontro tem efeito meramente político, objetivo que foi alcançado por Bolsonaro.

Não há mais tempo para consequências nas políticas de ambos governos, o que somente acontecerá após as eleições brasileiras.

Mas, o presidente brasileiro afastou-se do seu estilo de confronto e atritos e comportou-se como chefe de estado, o que deveria ter feito desde o início do seu governo.

Certamente, se tivesse agido assim teria hoje uma situação eleitoral muito mais favorável.

Bolsonaro declarou que foi excepcional o encontro e estava muito feliz.

Prosseguiu: “Posso dizer que estou maravilhado com ele. Não estou errando em falar dessa maneira. Ficamos quase meia hora conversando. Falamos abertamente sobre Amazônia. O Brasil é um exemplo para a preservação ambiental do mundo todo. Temos pela frente a questão de energia limpa, como a eólica”.

Sobre eleições disse o presidente brasileiro: “Este ano, temos eleições no Brasil, e nós queremos, sim, eleições livres, confiáveis e auditáveis. E tenho certeza que quando eu deixar o governo, também será de forma democrática”, ressaltou.

Acerca da guerra da Rússia na Ucrânia, Bolsonaro afirmou querer a paz e fazer o possível para que ela seja alcançada, mas sem tomar medidas que poderiam trazer consequências econômicas para o Brasil.

Estados Unidos e Europa têm liderado boicotes comerciais contra o russo para pressionar pelo fim da guerra.

Biden elogiou o Brasil, chamando de “país maravilhoso”, com um “povo magnífico” e “instituições fortes”.

Outro ponto positivo foi que Bolsonaro se movimentou bem na sala VIP, onde se encontravam os chefes de governo.

Ele teve a iniciativa de se dirigir ao presidente argentino Alberto Fernández, com quem sempre teve relações difíceis, e os dois conversaram amistosamente, por cerca de 30 minutos, dez deles a sós.

Bolsonaro e Fernández falaram em somar esforços no agro, para ter voz mais firme no mercado global, e de integração energética (gás natural).

Em resumo, a ida do presidnete Bolsonaro à Los Angeles protagonizou um bom momento da política externa brasileira, que vinha em processo de desgaste perante o mundo, causando isolamento incômodo ao nosso país.

Seria bom agora, que o Itamaraty articulasse um encontro semelhante com Macron (França), que hoje lidera a Europa.

Só traria benefícios recíprocos e a nossa diplomacia voltaria a ser reconhecida como uma das melhores do mundo.

 

Dr Ney Lopes de Souza é advogado, professor titular da UFRN e ex-deputado federal

 

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