Polícia

PF mira suspeitos de desviarem R$ 36 milhões do PROS em 2022; partido apoiou Lula na eleição

Foto: divulgação/PF

Cinquenta e dois mandados de prisão e de busca e apreensão são cumpridos pela Polícia Federal nesta quarta (12) contra suspeitos de participarem de uma organização criminosa que teria desviado aproximadamente R$ 36 milhões do fundo partidário de uma legenda durante as eleições de 2022.

As investigações que levaram à operação Fundo no Poço começaram após uma denúncia feita pelo então presidente do partido contra um ex-dirigente que se utilizava de candidaturas laranjas em várias partes do país.

O nome do partido e o suspeito não foram divulgados pela Polícia Federal, mas a autoridade cita o envolvimento da Fundação de Ordem Social (FOS), que era ligada ao PROS e que foi incorporada pela Fundação 1º de Maio, do Solidariedade, no ano passado.

A Gazeta do Povo entrou em contato com o PROS e o Solidariedade e aguarda retorno. Os dois partidos se fundiram em 2023.

Ao todo, são cumpridos sete mandados de prisão preventiva, 45 de busca e apreensão em dois estados (Goiás e São Paulo) e no Distrito Federal, bloqueio e indisponibilidade de R$ 36 milhões e o sequestro judicial de 33 imóveis, deferidos pela Justiça Eleitoral do DF.

Informações preliminares apontam que o presidente do Solidariedade (ex-presidente do PROS), Eurípedes Gomes Júnior, é um dos alvos da operação.

A PF diz que a investigação foi baseada em Relatórios de Inteligência Financeira e análise das prestações de contas de candidatos suspeitos, em que foram encontrados indícios da existência de uma organização criminosa estruturada com o objetivo de desviar e se apropriar de recursos dos fundos Partidário e Eleitoral.

Além das candidaturas laranjas, o grupo superfaturava serviços de consultoria jurídica e desviava recursos destinados à Fundação de Ordem Social (FOS), vinculada ao partido.

“Os atos de lavagem foram identificados por meio da constituição de empresas de fachada, aquisição de imóveis por meio de interpostas pessoas, superfaturamento de serviços prestados aos candidatos laranjas e ao partido”, diz a PF em nota.

Segundo registros públicos, a FOS é uma instituição sem fins lucrativos criada em 2013 pelo PROS, que foi incorporada pela Fundação 1º de Maio, ligada ao Solidariedade, no ano passado. “Com a incorporação, somaremos forças e lutaremos juntos por um país com mais oportunidades, trabalho e educação para todos”, diz uma publicação conjunta dos dois partidos em uma rede social.

Os envolvidos, segundo a autoridade, são investigados pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, furto qualificado, apropriação indébita, falsidade ideológica eleitoral e apropriação de recursos destinados ao financiamento eleitoral.

PROS apoiou Lula em 2022

Naquele ano, o PROS enfrentou uma forte disputa interna entre a ala favorável ao apoio à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do então dirigente Eurípedes Júnior, e a que lançou Pablo Marçal à disputa presidencial, apoiada por Marcus Holanda.

A disputa pelo comando da legenda começou ainda em 2019 e culminou na pré-campanha daquele ano, em que Holanda organizou um processo administrativo para destituir Eurípedes por suspeita de corrupção e uso de recursos do fundo partidário em benefício próprio.

No entanto, o dirigente pró-Lula foi à Justiça e conseguiu uma decisão favorável monocrática do ministro Jorge Mussi, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), para retomar o comando do PROS.

A volta de Eurípedes Junior à presidência do PROS enterrou a indicação de Pablo Marçal e levou o partido a participar da coligação “Brasil da Esperança” após uma reunião da executiva com o então coordenador da campanha de Lula, Aloizio Mercadante, e Geraldo Alckmin.

Deu na Gazeta do Povo

Polícia

Operação da PF mira Bolsonaro, Costa Neto, Anderson Torres, Braga Netto, Heleno e outros aliados do ex-presidente

 

A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira, 8, a Operação Tempus Veritatis, que investiga organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito. Entre os alvos, estão militares, ex-ministros do governo anterior e aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, como o general Augusto Heleno; general Walter Souza Braga Netto; o ex-ministro Anderson Torres; o presidente nacional do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, entre outros. Segundo a PF, o objetivo do grupo investigado era “obter vantagem de natureza política com a manutenção do então presidente da República no poder”. São cumpridos 33 mandados de busca e apreensão, quatro mandados de prisão preventiva e 48 medidas cautelares. O Exército Brasileiro acompanha o cumprimento de alguns mandados.

Agentes cumprem as medidas judiciais, expedidas pelo Supremo Tribunal Federal, nos Estados do Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, Paraná, Goiás e no Distrito Federal. As medidas cautelares também incluem a proibição dos alvos de manter contato com os demais investigados, proibição de se ausentarem do país, com entrega dos passaportes no prazo de 24 horas e suspensão do exercício de funções públicas. De acordo com a PF, as investigações apontam que o grupo se dividiu em núcleos de atuação para disseminar a ocorrência de fraude nas eleições de 2022, com objetivo de viabilizar e legitimar uma intervenção militar.

Ainda segundo a corporação, o primeiro eixo de atuação dos investigados consistiu na construção e propagação da versão de fraude no último pleito eleitoral – vencido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – por meio da disseminação falaciosa de vulnerabilidades do sistema eletrônico de votação, discurso reiterado pelos investigados desde 2019 e que persistiu mesmo após os resultados do segundo turno. Já o segundo eixo consistiu na prática de atos para subsidiar a abolição do Estado Democrático de Direito, através de um golpe de Estado, com apoio de militares com conhecimentos e táticas de forças especiais no ambiente politicamente sensível. Os fatos investigados configuram os crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.

Deu na JP News