Política

Gabriel Boric diz não ter dúvidas de que Maduro tenta fraudar eleições na Venezuela

Foto: JUAN BARRETO / AFP

O presidente do Chile, Gabriel Boric, afirmou, nesta quarta-feira (7), não ter dúvidas de que o governo de Nicolás Maduro tenta “cometer uma fraude” ao não apresentar publicamente as atas da eleição presidencial de 28 de julho na Venezuela, da qual foi proclamado vencedor. “Não tenho dúvidas de que o regime de Maduro tentou cometer uma fraude. Se não, teriam mostrado as famosas atas. Por que não o fizeram? Se tivessem vencido, claramente teriam mostrado as atas”, disse Boric em uma declaração no Palácio de La Moneda. O mandatário chileno foi um dos primeiros governantes a questionar a transparência das eleições presidenciais na Venezuela. Na mesma noite da votação, afirmou que os resultados que deram a vitória a Maduro com 51,2% dos votos eram “difíceis de acreditar”. Vários governos não reconhecem os resultados deste pleito, e a oposição venezuelana afirma que o vencedor foi o ex-diplomata Edmundo González Urrutia. “O Chile não reconhece a vitória autoproclamada de Maduro. Além disso, não confiamos na independência, nem na imparcialidade das atuais instituições na Venezuela”, acrescentou Boric.

O chanceler venezuelano, Yván Gil, reagiu imediatamente. “O senhor @GabrielBoric se coloca à direita de (Javier) Milei (presidente da Argentina) e do Departamento de Estado dos EUA, sua máscara caiu definitivamente, seu governo pinochetista e golpista fica nu”, escreveu na rede social X (antigo Twitter). Boric também disse que na Venezuela estão “sendo cometidas graves violações aos direitos humanos, reprimindo as pessoas que estão se manifestando e, além disso, iniciando perseguições penais que são irrisórias”. Segundo a ONG venezuelana de direitos humanos Provea, o número de mortos na Venezuela durante as manifestações opositoras contra a reeleição de Maduro subiu para 24 na quarta-feira. As autoridades venezuelanas, por sua vez, relataram que dois militares morreram em incidentes violentos que eclodiram na mesma noite da eleição.

Na segunda-feira, o presidente chileno se reuniu em Santiago com seu contraparte brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, que realiza gestões juntamente com o colombiano Gustavo Petro e o mexicano Andrés Manuel López Obrador para buscar uma saída para a crise na Venezuela. “O compromisso com a paz é o que nos leva a conclamar as partes ao diálogo e promover o entendimento entre governo e oposição”, afirmou Lula, cujo governo tampouco reconheceu abertamente a reeleição de Maduro. “O respeito pela soberania popular é o que nos move para defender a transparência e os resultados” das eleições, acrescentou. Lula e Boric tampouco reconheceram o opositor González Urrutia como o vencedor do pleito, como fizeram os governos de Argentina, Equador, Peru, Uruguai, Costa Rica, Panamá e Estados Unidos. Em represália à posição assumida por Boric sobre o processo eleitoral, a Venezuela expulsou a delegação diplomática chilena em Caracas.

Publicado por Luisa Cardoso

*Com informações da AFP

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Lula vai se reunir com Gabriel Boric no Chile para firmar acordo sobre extração de minerais

Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarca neste domingo (4) para uma visita oficial de dois dias ao Chile. Na segunda-feira (5), ele se encontrará com o presidente chileno Gabriel Boric para assinar uma série de acordos nas áreas econômica, social, ciência e tecnologia, defesa da democracia, direitos humanos, inovação, educação e saúde. A secretária de América Latina e Caribe, embaixadora Gisela Padovan, afirmou que não há temas proibidos no encontro, mas destacou que a questão da Venezuela não será o foco principal das discussões.

A situação na Venezuela, no entanto, permanece um ponto sensível. O presidente venezuelano Nicolás Maduro expulsou diplomatas de vários países, incluindo Chile, após acusações de fraude eleitoral. Gabriel Boric classificou a medida como uma profunda intolerância à divergência, essencial em uma democracia, e defendeu a publicação dos registros de votação para garantir a transparência. Lula, por sua vez, já manifestou a necessidade de apresentação das atas eleitorais, mas ainda não se posicionou claramente sobre a reeleição de Maduro.

Além dos encontros diplomáticos, o petista terá reuniões com empresários dos dois países. Apesar das divergências entre os presidentes sobre temas como a guerra na Ucrânia, a questão venezuelana será inevitável. Analistas destacam que, embora ambos os líderes sejam de esquerda, Boric tem uma postura mais crítica em relação ao regime venezuelano. Observadores esperam que o presidente chileno possa influenciar positivamente o governo brasileiro a adotar uma posição mais firme sobre a situação na Venezuela.

*Com informações da repórter Luciana Verdolin