Economia, Tecnologia

Sistemas de energia solar crescem 39,9% no RN em um ano

Foto: Alex Régis

 

O Rio Grande do Norte alcançou, ao final de outubro deste ano, marcas históricas na geração de energia solar distribuída, aquela que geralmente é colocada no teto das residências e empresas. De acordo com o Observatório da Energia Solar, base de informações montada pela empresa JVilar Consultoria, que integra a Associação Potiguar de Energias Renováveis – APER, já são 52.873 sistemas instalados, espalhados por todos os 167 municípios do Estado, com uma capacidade instalada de 530,67 kWp. No mesmo período de 2022, eram 37.788 sistemas instalados, com potência de 378,9 kWp. A evolução no período foi de 39,9%.


Energia solar distribuída no RN – Top 10 dos municípios em potência instalada (Kwp) até outubro de 2023 – Gráfico: Aper/observatório da energia solar/jvilar consultoria

 

Para que se tenha uma ideia da ordem de grandeza que isso representa, caso essa potência fosse direcionada para atender apenas estabelecimentos residenciais, com uma conta média mensal de R$ 200,00, seriam atendidos mais de 295 mil domicílios, maior que a quantidade de domicílios existentes na cidade do Natal, 270.045 em 2022, de acordo com dados do IBGE. Em termos de quantidade de sistemas já conectados à rede de energia, 81,1% são representados por estabelecimentos residenciais e 14,9% por comerciais.

Utilizando como referência dados da consultoria Greener e a quantidade de empresas do setor já atendidas pelo Sebrae/RN, estima-se que cerca de 500 empresas estejam atuando no Estado, comercializando e instalando os sistemas, o que representa cerca de 5 mil empregos diretos, considerando uma média de 10 empregados por empresa. Os 10 municípios com maior quantidade de sistemas instalados respondem por 66,2% da quantidade de sistemas instalados no RN e 60,7% da potência instalada. Há ainda um amplo espaço para crescimento do setor, pois as 52.873 conexões já instaladas representam apenas 4,6% da quantidade de domicílios existentes no Rio Grande do Norte em 2022 (1.141.756), conforme dados do IBGE.

A elevação do preço da energia elétrica e a queda nos preços dos equipamentos de energia solar, com os módulos fotovoltaicos atingindo o menor preço da história em 2023, tem contribuído para que o prazo de retorno dos investimentos tenha sido reduzido, mesmo considerando a entrada em vigor das novas regras para geração de energia solar distribuída.

Para o diretor superintendente do Sebrae-RN, José Ferreira de Melo Neto, é de grande importância os dados e os impactos positivos do programa de energia solar distribuída no RN. “O Sebrae/RN teve o privilégio de firmar uma parceria com empresários desse setor para apoiar a criação da APER. A associação nasceu dentro do Sebrae e tornou-se, mais recentemente, uma grande parceira do polo Sebrae de Energias Renováveis. É realmente uma associação de grande sucesso. São mais de 50 mil sistemas instalados em todos municípios do RN. Foram criadas novas oportunidades de negócios para instaladores, que já ultrapassa o número de 100 empresas em pleno funcionamento”, afirma Zeca Melo.

Para o secretário estadual do Desenvolvimento Econômico, Jaime Calado, a geração distribuída no Rio Grande do Norte surpreende a cada dia. “Em 2019, quando a governadora Fátima assumiu, nós tínhamos 2.450 instalações. Agora, em setembro, passou de 50 mil. Se você botar na ponta do lápis, eu acho que nem a China cresce numa velocidade dessa. A geração de emprego também é muito grande, nós já temos perto de 500 empresas só instalando painéis solares aqui no Estado e a manutenção disso dá empregos, vamos dizer mais estáveis, e a economia é absolutamente fantástica tanto para as pessoas como para as empresas. A APER, que é a associação potiguar de energia renovável, que cuida da geração distribuída tem um trabalho muito bom e a gente faz uma sintonia muito bacana com a APER. E a gente sempre convida a associação para todos os eventos, inclusive faz parte da nossa Câmara Setorial de Energia”, declarou.

O presidente da APER, Cássio Maia, destaca qu o marco alcançado pela geração distribuída fotovoltaica no RN comprova não somente a grande adesão do potiguar às energias renováveis, mas também a aprovação e validação da energia solar como solução para trazer economia e conforto para os adeptos. “Esse grande número mostra a força e representatividade das energias renováveis na economia do nosso Estado, tendo papel importante na geração de empregos para a população e levando competitividade às empresas potiguares que reduzem seus custos, através da adesão a essa grande oportunidade. Em comparação com os estados vizinhos, o RN é o que apresenta maior potência instalada quando comparado com sua população ou PIB.”, comemora.

Deu na Tribuna do Norte

Economia, Tecnologia

Energia Solar Fotovoltaica: o que você precisa saber

Brasília – Ministério de Minas e Energia (MME) inaugura a primeira usina solar instalada na cobertura de um prédio (sede do MME) do governo federal (José Cruz/Agência Brasil)

 

Fonte alternativa, renovável e sustentável, a energia solar vive um momento de expansão no país. O Brasil, terceiro maior do mundo em irradiação solar, atingiu crescimento de produção superior a 1 GW por mês nos últimos 150 dias de 2022, segundo dados da Associação Brasileira de Energia Fotovoltaica- Absolar. A energia fotovoltaica, modelo que converte a luz solar em energia elétrica através de painéis solares fotovoltaicos, se destaca pela economia, praticidade e sustentabilidade.

Essa energia gerada pelos painéis é geralmente armazenada em baterias e pode ser usada para alimentar edifícios ou equipamentos, além de poder, em caso de excesso, voltar para a corrente elétrica, gerando crédito na conta do produtor.

“Uma das principais vantagens da energia solar fotovoltaica é que ela é uma fonte de energia limpa e renovável. Ela não produz emissões de gases de efeito estufa e não depende de combustíveis fósseis, como o petróleo ou o gás natural. Além disso, ela pode ser instalada em qualquer lugar que receba luz solar e, mesmo em dias nublados, é uma opção viável para áreas remotas ou de difícil acesso”, explica Ramon Pissaia, CEO da Otto Energia Sustentável, rede que oferece serviços de sistemas de geração de energia solar fotovoltaica para autoconsumo ou investimento.

Para se beneficiar desta fonte energética, é necessário investir em painéis solares e em equipamentos de armazenamento de energia, como baterias. “Esses investimentos funcionam também como uma garantia de valorização, já que os painéis solares podem valorizar em até 6% o imóvel. As placas são um benefício econômico, já que, com esse sistema instalado, o valor da conta de luz pode diminuir em até 95%”, afirma o CEO.

Além do impacto econômico para o bolso dos consumidores, a modalidade tem mostrado crescimento também na geração de novos empregos. De acordo com a Absolar, no acumulado de dados desde 2012, o setor já empregou mais de 720 mil pessoas e em tributos arrecadou mais de R$38,2 bilhões. A tendência é de crescimento e maior participação no mix energético global, tornando-se a mais utilizada em 2050. A ideia é que supere as hidrelétricas, que de acordo com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica, atualmente possui cerca de 109,7 GW.

Tecnologia

Por que o sistema fotovoltaico ainda é vantajoso diante da “taxação do sol”?

O que é energia solar? Saiba tudo sobre o assunto

 

Desde o dia 7 de janeiro, a lei conhecida como “taxação do sol” mudou a compensação de créditos para os consumidores que produzem sua própria eletricidade por sistemas fotovoltaico e eólico. Antes desta data, o usuário destes sistemas fornecia a energia excedente a concessionárias de distribuição e conseguia compensar em 100% as duas tarifas em sua conta de luz. Agora, com as mudanças previstas na legislação, um consumidor residencial ou comercial de pequeno porte, que se enquadre como microgerador, poderá ter em 2023 uma redução de 15% da compensação em uma das componentes da conta de energia. “Mas mesmo com todas as modificações, a opção por equipamentos fotovoltaicos continua compensadora para o consumidor”, afirma o engenheiro Jayme Passos, que responde pela Ecobrisa Energia. O chamado “payback” do investimento e o impacto da taxa interna do retorno são dois pontos positivos que justificam a escolha, segundo o especialista.

A compensação em 100% da tarifa de energia (TE) e da tarifa de uso do sistema de distribuição (TUSD) na conta de luz de usuários de sistemas fotovoltaico e eólico pela injeção do excedente produzido de energia em redes elétricas passou a vigorar em 2012, quando a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) estabeleceu a Regulação Normativa (REN) nº 482. “Esta regra ficou conhecida como ‘um para um’, já que o kWh gerado pelo sistema do consumidor compensava integralmente o custo de um kWh a pagar”, lembra Passos.

Com a Lei nº 14.300, vigente desde 7 de janeiro deste ano, a energia injetada, originária do excedente gerado por sistemas fotovoltaico e eólico, não mais compensa em 100% a TE e o TUSD. “Em 2023, a fração que não haverá compensação é de 15% sobre o fio B e vai aumentando gradativamente com o passar dos anos”, explica o engenheiro. Em 2028, o percentual deve chegar a 90%, segundo a legislação.

Diante desta lei, popularizada como “taxação do sol”, o consumidor tem se questionado sobre ter ou não o sistema fotovoltaico. Para sanar as dúvidas mais frequentes, o especialista da Ecobrisa Energia toma como exemplo uma casa padrão construída na região de Campinas, equipada com geração fotovoltaica de energia.

Sem o sistema fotovoltaico, o proprietário desta casa paga pelo consumo mensal de 620 kWh cerca de R$ 500, em Bandeira Verde. O mesmo consumo mensal com o equipamento fotovoltaico gera 520 kWh, que representa um crédito de aproximadamente R$ 400. No final, a fatura será de R$ 96.

Tão importante quanto a economia na conta de luz é o “payback”, ou retorno do investimento. “Tomando ainda o exemplo da casa padrão, na regra antiga o retorno era de 4 anos e meio. Com a lei que entrou em vigor, são 5 anos para o investimento se pagar”, diz Passos.

A taxa interna de retorno para o usuário é outro ponto a ser avaliado. Neste caso, o engenheiro destaca que o retorno era de 20% ao ano, mais a inflação da energia. “Na nova legislação, a redução é de 17%. Mas se balizarmos com as taxas de juros atuais, ainda assim o percentual é quase três vezes maior do que paga um título público, portanto um excelente retorno”, observa.

O horizonte de investimento do sistema fotovoltaico, segundo o engenheiro, é de pelo menos 25 anos. “Então, o que temos é um retorno muito alto por um prazo muito longo, o que é vantajoso para o consumidor”, conclui o engenheiro Jayme Passos.

Tecnologia

Indústria de confecção da Grande Natal investe em energia solar para ter autonomia energética

 

A energia elétrica impacta diretamente nos custos da produção industrial. E no caso da Equipaggio, indústria de confecção de Natal (RN) com 29 anos de mercado, o custo da eletricidade chegou a corresponder por cerca de 8% das despesas operacionais. Para assegurar a produção de mais 25 mil peças por mês, comercializadas no Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Pernambuco, Ceará e Pará, e ao mesmo tempo reduzir os gastos crescentes com a conta de luz, a empresa resolveu instalar a sua própria usina fotovoltaica.

“Nos últimos seis anos o valor da tarifa de energia praticamente duplicou. E com a entrada da bandeira vermelha esse aumento se tornou sazonal, sem falar na instabilidade no fornecimento”, afirma Victor Hugo de Lima Faustino, sócio administrador da Equipaggio, que sempre investiu em tecnologia para produzir mais e melhor.

E foi durante uma viagem pela Europa que o executivo decidiu implementar o sistema de geração própria de energia. “Na Alemanha e Suíça vi muitas fábricas que operam com a energia solar e pensei: por que não fazer isso em Natal, onde temos o sol praticamente o ano todo?”.

Sistema robusto e inovador – Assim, em dezembro de 2021, a empresa iniciou o processo de instalação do sistema fotovoltaico na planta fabril, na zona industrial de Macaíba. Alinhada com as necessidades da fábrica, a Enerbras Energias Renováveis, representante da Fronius, fabricante líder mundial de inversores fotovoltaicos da região, desenvolveu um projeto inovador, que tem como destaque o recém-lançado inversor Tauro, de 50kW-D, voltado para usinas de média e grande potência, conectado com 300 módulos solares instalados sobre o telhado da fábrica.

“Queremos estar sempre à frente do mercado, com tomada de decisões rápidas. E esse projeto é o primeiro com a tecnologia Tauro na região Nordeste”, afirma Helder Ferreira, diretor geral da Enerbras.

O executivo explica que o inversor de grande potência da Fronius se mostrou mais adequado à usina fotovoltaica da Equipaggio pela sua robustez e desempenho extraordinário mesmo em condições desafiadoras, como as altas temperaturas do Nordeste brasileiro.

Outro ponto que determinou a escolha do inversor Tauro foi o seu hardware que, além de contar com camada extra de proteção contra o calor, possui um design mais compacto e inteligente, que proporciona uma flexibilidade sem precedentes ao projeto. “O design do equipamento não só contribui para otimização de custos de BOS (que inclui componentes, conexões para gerar equilíbrio do sistema fotovoltaico), como também simplifica a instalação e agiliza o serviço”, complementa Ferreira. E no caso de um eventual problema técnico, é possível fazer conserto e manutenção no local, ao contrário dos demais inversores de grande potência do mercado.

Economia e escalabilidade 

Em operação desde fevereiro de 2022, a usina fotovoltaica da Equipaggio tem capacidade para gerar cerca de 96 mil kWh, o suficiente para abastecer toda a fábrica e gerar crédito que pode ser abatido nas contas de luz das quatro lojas da fábrica, reduzindo em mais de 95% as despesas com eletricidade. “Antes da instalação do sistema fotovoltaico, o gasto com a conta de luz variava de 9 a 10 mil reais por mês, e até mais quando vigorava a bandeira vermelha. Hoje, pagamos apenas tarifa mínima”, afirma o executivo.

A Equipaggio segue a tendência do novo ‘prosumidor’, aquele consumidor que além de produzir, também monitora e adota medidas para otimizar a eletricidade que gera. A eficiência energética é garantida pelas outras melhorias contínuas que a confecção vem realizando ao longo dos anos, como a modernização da linha de produção com maquinários digitais, mais eficientes e que consomem menos energia, e iluminação LED.

Além da economia, a tecnologia fotovoltaica proporcionou à Equipaggio autonomia energética, para manter suas atividades e aumentar a produção mesmo diante do problema de fornecimento da rede pública.