Ciências

Graças à implante elétrico, homens paraplégicos voltam a caminhar

 

Após dez anos de estudos, chegou a hora de celebrar. Três pacientes paraplégicos puderam andar, nadar e pedalar de novo graças a um dispositivo elétrico que estimula eletricamente a medula espinhal. Os resultados da pesquisa científica foram publicados no começo da semana na revista “Nature Medicine“.

Segundo relatos, o dispositivo implantado no corpo dos três pacientes é composto por 15 eletrodos que estimulam vários pontos da medula. Eles são controlados por um tablet. De acordo com Grégoire Courtine, da Escola Politécnica Federal de Lausanne, na Suíça, e autor sênior da pesquisa, esses eletrodos conseguem ativar toda a região que envolve o controle dos movimentos do tronco e das pernas.

Os pacientes que participaram do estudo conseguiram dar alguns passos logo depois da cirurgia que implantou o dispositivo. Embora a caminhada não tenha sido como uma normal, os “pequenos” passos são um verdadeiro “salto” para a humanidade.

É uma tecnologia muito mais precisa, que nos permitiu tratar indivíduos com a forma mais grave de lesão medular – lesão medular clinicamente completa, sem sensação, sem movimento. E, no entanto, com essa tecnologia, eles conseguiram dar passos independentes ao ar livre, fora do laboratório“, comemorou o pesquisador.

Os eletrodos usados desta vez são maiores que outros testados anos atrás. Por conta disso, eles conseguem atingir mais músculos, o que torna o resultado mais efetivo. Um software mais avançado também permite que os impulsos elétricos enviados sejam mais certeiros.

Homem que ficou paralisado em acidente de moto voltou a andar

Em 2017, Michel Roccati sofreu um acidente de moto que o fez perder toda a sensibilidade e movimento em suas pernas. A lesão na medula espinhal foi, de certa forma, revertida com a implantação dos eletrodos. Ele foi um dos participantes da pesquisa, ao lado de outros dois homens com idades entre 29 e 41 anos.

Com o dispositivo, os pacientes tem seguido uma rotina de exercícios para fortalecer a musculatura e desenvolver movimentos maiores e mais elaborados, tudo com a ajuda do tablet, que envia os sinais específicos para cada atividade selecionada.

Ciências

Pesquisa mostra caminhos para produção de anticoncepcional masculino

Pesquisa da Universidade Estadual Paulista (Unesp) apontam caminhos que podem levar ao desenvolvimento de um anticoncepcional masculino. O estudo, publicado na revista Molecular Human Reproduction, mostra que a partir da proteína Eppin, que regula a capacidade de movimentação do espermatozoide é possível desenvolver medicamentos que controlem a fertilidade dos homens.

Segundo o professor do departamento de Biofísica e Farmacologia da Unesp, Erick José Ramo da Silva, a partir de experimentos feitos em camundongos foi possível identificar dois pontos da proteína que regulam a movimentação dos espermatozoides. “Ela tem um papel muito importante no controle da motilidade temática por interagir com outras proteínas que agora estão no sêmen. E essas proteínas, ao interagirem com a Eppin, promovem o ajuste fino da motilidade, o controle da motilidade”, explica o pesquisador que faz estudos na área há 20 anos.

Segundo Silva, foram usados anticorpos para descobrir quais são os pontos da Eppin, que tem função semelhante nos camundongos e nos seres humanos, responsáveis por regular a movimentação célula reprodutiva masculina. Após a ejaculação, o espermatozoide precisa nadar para chegar ao óvulo e fazer a fecundação.

Porém, antes da ejaculação, os espermatozoides não se movimentam. O estudo trabalhou em identificar justamente qual é a interação que faz com que as células fiquem paradas antes do momento certo. “Quem impulsiona o espermatozoide para dentro é o próprio processo de ejaculação. Somente depois de alguns minutos da ejaculação é que o espermatozoide vai adquirir a motilidade progressiva para seguir a jornada dele”, detalha o professor.

Princípio ativo

Ao entender detalhadamente como as proteínas mantém os espermatozoides parados e depois ativam a movimentação dessas células, os pesquisadores abrem a possibilidade do desenvolvimento de medicamentos que atuem dessa forma. “A gente estuda como essas proteínas interagem para entender como elas interrompem a motilidade para que a gente possa pensar estratégias farmacológicas, usando um composto, um princípio ativo, que pudesse incisar essa relação que naturalmente acontece”, acrescenta.

Um medicamento que fosse capaz de interromper a movimentação dos espermatozoides seria um anticoncepcional com efeito quase imediato, afirma Silva.

O estudo, inciado em 2016, foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e teve parceria com os departamentos de Farmacologia e de Ciências Biológicas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), além do Instituto de Biologia e Medicina Experimental do Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas, da Argentina.

Silva diz que, agora, as pesquisas devem continuar no sentido de buscar compostos ou moléculas que possam atuar nos pontos identificados pelo estudo. Essa nova etapa terá colaboração com cientistas da Inglaterra, de Portugal e da Universidade de São Paulo (USP).

O pesquisador conta, no entanto, que ao longo das últimas décadas, o desenvolvimento de um anticoncepcional masculino tem enfrentado dificuldades devido a falta de financiamento pelas indústrias farmacêuticas.

Ciências

Cientistas brasileiros descobrem proteína ligada ao envelhecimento do cérebro

Medidas preventivas podem retardar o desenvolvimento do Alzheimer

 

Um grupo de cientistas brasileiros, em parceria com pesquisadores na Holanda e nos Estados Unidos, identificou a relação de uma proteína com o envelhecimento do cérebro. Trata-se de um composto já conhecido pela comunidade científica, chamado lamina B-1, presente em todo o corpo humano.

De maneira inédita, o estudo identificou que a presença dessas proteínas na região cerebral diminui à medida que os indivíduos ficam mais velhos. Esse resultado pode representar um avanço no entendimento do déficit cognitivo.

Apesar da descoberta, cérebros de pacientes com doenças como o Alzheimer e Parkinson não foram analisados na pesquisa. Estudiosos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) pretendem, a longo prazo, avançar na compreensão das diferenças entre o cérebro de idosos saudáveis e de uma pessoa da mesma idade com alguma dessas doenças neurodegenerativas.

O trabalho avaliou os sistemas nervosos tanto de animais como de seres humanos para realizar as associações entre a lamina B-1 e o processo de envelhecimento. A professora do Instituto de Ciências Biomédicas, Flávia Gomes, e a bolsista de pós-doutorado do Ministério da Saúde (Decit), Isadora Matias, são as responsáveis pelo projeto.

“Nós caracterizamos exatamente o tipo celular afetado pela diminuição dessa proteína: os astrócitos. Eles são células essenciais no funcionamento do sistema nervoso, por conta da formação de memória e de sinapses. Identificar um fenômeno que faz com que essa célula pare de funcionar é uma informação importante, porque isso impacta em entender como acabamos caminhando para um déficit cognitivo”, explica Flávia.

A neurocientista também destaca os possíveis desdobramentos frente às análises. “O que acontece é que, ao longo do envelhecimento, existe uma perda de memória, uma perda cognitiva. O nosso próximo passo, que é exatamente o que a gente está fazendo agora, é tentar reverter esse quadro aumentando essa proteína. Assim, veríamos, por exemplo, se esse animal passa a resgatar a memória”, explica.

De acordo com Flávia, o estudo está dividido em três etapas, que consideram o isolamento em laboratório das células do sistema nervoso do cérebro dos animais, a avaliação de camundongos envelhecidos e a análise do tecido cerebral post-mortem.

Essa última análise diz respeito a tecidos cerebrais vindos de bancos de encéfalos. “Os familiares doam o cérebro de pessoas que morreram. São idosos saudáveis e pacientes que faleceram com doenças neurodegenerativas ou doenças do envelhecimento. O banco de cérebros do Brasil, na USP, é um dos maiores do mundo. Isso é algo importante, porque nós não trabalhamos com pessoas vivas”, justifica.

As conclusões do estudo foram publicadas em um artigo na revista científica Anging Cell, referência em assuntos ligados à biologia do envelhecimento.

O artigo contou com o financiamento do Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde (Decit/MS); da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ); da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior (Capes).

Deu na CNN

Ciências

Consumir vinho tinto pode proteger contra a COVID-19, diz pesquisadores

 

 

Beber cerveja pode ser um fator de risco para contrair Covid-19. Em contrapartida, consumir vinho tinto pode proteger contra a doença. Esta foi a conclusão de um estudo feito por pesquisadores do Hospital Shenzhen Kangning, na China.

A pesquisa analisou 473.957 pessoas, das quais 16.559 testaram positivo para Covid-19. Análises apontaram que o consumo de cerveja e cidra aumentou o risco de Covid-19, independentemente da frequência e quantidade ingerida. A alta frequência de consumo de destilados (ingestão de 5 copos por semana ou mais) também aumentou o risco de contrair a doença.

Já pessoas cujo histórico apontava para o alto consumo de vinho tinto (ingestão de 5 copos por semana ou mais) tiveram menos risco de contrair a doença. O mesmo aconteceu para aqueles com alta frequência de consumo de vinho branco e champanhe.

“O consumo de cerveja e cidra não é recomendado durante as epidemias. As orientações de saúde pública devem se concentrar na redução do risco de Covid-19, defendendo hábitos de vida saudáveis e políticas preferenciais entre os consumidores de cerveja e cidra”, afirmam os autores no estudo.

Os cientistas compararam também o consumo de bebidas alcoólicas no geral com o risco de contrair Covid-19. Eles concluíram que aqueles que bebiam tinham um risco menor de desenvolver a doença em comparação com os que não bebiam, mas o efeito protetor não foi significativo.

No entanto, aqueles que bebiam acima das diretrizes tiveram uma tendência de maior risco de Covid-19, e os consumidores que dobraram a ingestão acima das diretrizes ou consumiram mais que o dobro tiveram um risco 12% maior de pegar Covid-19 em comparação com quem não bebe.

Deu no Globo

Ciências

Objeto espacial misterioso emite ondas de rádio a cada 18 minutos

O Murchison Widefield Array capturou a Via Láctea em frequências de rádio. As frequências mais baixas são vermelhas, as frequências médias são verdes e as mais altas são azuis. O ícone de estrela mostra o objeto misterioso Natasha Hurley-Walker/CRAR/Curtin/Gleam ICRAR
Enquanto mapeavam ondas de rádio do espaço, astrônomos encontraram um objeto celeste liberando rajadas enormes de energia – e ele não se parece com nada que já viram antes.

O objeto espacial giratório, avistado em março de 2018, liberava radiação a três vezes a cada hora. Nesses momentos, se tornava a fonte mais brilhante de ondas de rádio visível da Terra, atuando como um farol celestial. A imagem mostra a Via Láctea vista da Terra, e o ícone de estrela marca a localização do objeto desconhecido / Natasha Hurley-Walker/CRAR/Curtin/Gleam.

Astrônomos acreditam na possibilidade de que sejam restos de uma estrela que colapsou, ou uma estrela de nêutros densa, uma estrela branca anã morta com um campo magnético forte – ou pode ser algo completamente diferente.

“O objeto estava aparecendo e desaparecendo por algumas horas durante nossas observações”, disse a autora líder do estudo, Natasha Hurley-Walker, astrofísica do ramo da Universidade Curtin do Centro Internacional para Pesquisa em Radioastronomia, em nota.

“[Encontrar o fenômeno] foi completamente inesperado. Foi um pouco assustador para uma astrônoma, porque não há nada conhecido no espaço que faça isso [iluminar-se tanto e emitir ondas de rádio com tanta frequência]. E está relativamente próximo de nós, a cerca de 4 mil anos-luz. Está em nosso quintal galático”.

CNN

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Pfizer e BioNTech anunciam estudo de nova vacina contra Ômicron

 

A Pfizer e a BioNTech anunciaram nesta terça-feira, 25, que deram início a um estudo clínico para elaborar uma vacina contra a variante Ômicron da Covid-19. O estudo contará com 1.420 participantes de 18 a 55 anos e seu principal intuito é se antecipar a necessidade de vacinas baseadas em variantes do vírus. Kathrin U. Jansen, vice-presidente e chefe de pesquisa e desenvolvimento de vacinas da Pfizer, disse que mesmo que as pesquisas e os dados apontem que a atual vacina fornece um alto nível de proteção e evita sintomas graves e hospitalização, incluindo as infecções pela Ômicron, é preciso estar preparado para caso essa proteção diminua com o tempo devido as variantes que podem surgir. “Permanecer vigilantes contra o vírus exige que identifiquemos novas abordagens para que as pessoas mantenham um alto nível de proteção, e acreditamos que desenvolver e investigar vacinas baseadas em variantes, como esta, são essenciais em nossos esforços para atingir esse objetivo”, comentou.

O CEO e cofundador da BioNTech, Ugur Sahin, declarou que a vacina continua oferecendo uma forte proteção contra a Ômicron, mas “dados emergentes indicam que a proteção induzida por vacina contra infecções leves a moderadas da doença diminui mais rapidamente do que foi observado com cepas anteriores”. “O estudo é parte de nossa abordagem científica para desenvolver uma vacina baseada em variantes que alcance um nível similar de proteção contra a ômicron como o registrado contra as variantes anteriores, mas com uma duração maior da proteção”, explicou Ugur. As empresas já haviam anunciado que este ano estimam produzir 4 bilhões de doses da vacina Pfizer-BioNTech contra a Covid-19 e isso não deve mudar caso uma vacina adaptada seja necessária. Para o estudo, os participantes serão divididos em três grupos:

  • Primeiro serão analisadas as pessoas que tomaram duas doses da atual vacina Pfizer-BioNTech de 90 a 180 dias da inscrição. Elas receberão um ou duas doses da vacina contra a Ômicron;
  • O segundo grupo será de pessoas que já receberam as três doses da vacina Pfizer-BioNTech de 90 a 180 dias antes da inscrição. Elas serão analisadas após tomarem uma dose da vacina contra a Ômicron;
  • Já o último grupo será de pessoas que não foram vacinadas. Elas irão tomar três doses da vacina contra a Ômicron.
Ciências

Cientistas descobrem que Folha de Louro tem substância antidepressiva

 

 

Folha de Louro - Cg - Alimentos - Magazine Luiza

 

Quem poderia imaginar que a folha de louro teria poderes para agir contra a depressão e servir como antidepressivo?

Esse potencial foi descoberto durante estudos de cientistas brasileiros da Universidade Federal do Ceará (UFC), em parceria com as federais da Paraíba e do Piauí.

Eles descobriram uma substância na folha de louro – também conhecido como “louro-rosa” – chamada riparina 3. A riparina 3 está presente na Aniba riparia (nome científico do louro), espécie de planta encontrada na Amazônia.

A espécie vem sendo investigada há alguns anos por pesquisadores do Laboratório de Neurofarmacologia, ligado à Faculdade de Medicina da universidade cearense (FAMED/UFC).

 

A pesquisa

Em etapa pré-clínica, os pesquisadores descobriram o potencial da riparina como antidepressivo.

No estudo, um grupo de cobaias recebeu a riparina via oral, diluída em água destilada, enquanto outro grupo recebeu apenas água destilada, servindo como controle.

Ambos foram submetidos a situações de estresse, às quais respondiam com comportamento semelhante à depressão.
Após uma série de testes e estímulos, o grupo que recebeu a riparina mostrou-se muito mais resistente à depressão induzida por estresse do que o grupo controle.

Os estudos iniciais são realizados com animais e se tudo der certo, poderão ser usados para o desenvolvimento de medicamentos contra a depressão.

Os detalhes da pesquisa estão disponíveis na matéria da Agência UFC.

Com informações da UFC

Ciências

Vírus causador da Esclerose Múltipla é descoberto em Harvard

Segundo a Harvard, a descoberta do vírus que provoca a esclerose múltipla, pode ajudar em tratamentos preventivos - Foto: reprodução

 

 

A esclerose múltipla, doença que atinge 2,8 milhões de pessoas no mundo, é degenerativa e não tem cura, mas agora surge uma luz no fim do túnel.

Pesquisadores da Unviersidade de Harvard, nos Estados Unidos, descobriram que a doença provavelmente está associada a uma infecção prévia pelo VEB (vírus Epstein-Barr). Os resultados deste estudo, o maior já conduzido pela universidade, foram publicados na renomada revista Science.

“Este é o primeiro estudo que fornece evidências convincentes de causalidade”, disse em comunicado o professor de epidemiologia e nutrição Alberto Ascherio, da Escola de Saúde Pública T.H. Chan, da Universidade Harvard.

 

A pesquisa

Os cientistas envolvidos na pesquisa analisaram mais de 10 milhões de jovens adultos na ativa nas Forças Armadas dos EUA. Eles coletaram amostras de soro dos militares a cada dois anos.

Foi identificado que 955 deles tinham diagnostico de esclerose múltipla durante o período de serviço.

Como o acompanhamento foi periódico, eles conseguiram verificar desde o início quais já tinham tido contato com o EBV e os que tiveram contato ao longo do estudo.

Deu na Isto é

Entre os que foram infectados pelo vírus Epstein-Barr no primeiro ano de serviço, o risco de esclerose múltipla aumentou em 32 vezes.

“Os achados não podem ser explicados por nenhum fator de risco conhecido para EM [esclerose múltipla] e sugerem o EBV como a principal causa de EM”, acrescenta o comunicado.

Abordagem preventiva

Segundo Alberto, o estudo da Universidade de Harvard pode não direcionar à cura da esclerose múltipla, de fato, mas a descoberta permite que seja criada uma abordagem preventiva aos pacientes que contraíram o vírus. Isso pode evitar que futuramente eles desenvolvam a doença.

“Atualmente, não há como prevenir nem tratar efetivamente a infecção pelo EBV, mas uma vacina contra o EBV ou direcionar o vírus com medicamentos antivirais específicos para o EBV poderia prevenir ou curar a EM.”

Ciências

Cannabis pode impedir que humanos tenham COVID-19, diz estudo dos EUA

 

Um estudo publicado nesta quarta-feira (12/1) no periódico científico Journal of Natural Products pode ser um grande passo na busca por um antiviral contra o novo coronavírus.

É que pesquisadores da Universidade Estadual de Oregon, nos Estados Unidos, encontraram um par de ácidos canabinóides capaz de se ligar à proteína spike e impedir que o SARS-CoV-2 infecte células humanas.

Essa proteína é a principal porta de entrada do vírus nas células e, também, uma das maiores ameaças em variantes mais recentes, como a Ômicron, por exemplo.

Assim, um medicamento que conseguisse se ligar a ela seria de grande ajuda para o sistema imune do hospedeiro e impedir que ele desenvolva a covid-19.

Essa é uma estratégia-chave na ciência farmacêutica para combater diversos tipos de vírus. Com relação ao novo coronavírus, é a mesma abordagem das atuais vacinas e das terapias de anticorpos, ainda em desenvolvimento.

“Qualquer parte do ciclo de infecção e replicação é um alvo potencial para intervenção antiviral, e a conexão do domínio de ligação do receptor da proteína spike ao receptor ACE2 da superfície da célula humana é um passo crítico nesse ciclo”, explicou Richard van Breemen, pesquisador do Centro Global de Inovação em Cânhamo do Estado de Oregon, Faculdade de Farmácia e Instituto Linus Pauling.

A vantagem desses compostos é que eles apresentam poucos riscos e são facilmente encontrados na planta conhecida como cânhamo e em muitos de seus extratos. Compostos de cânhamo já estão presentes em produtos industriais cosméticos, loções corporais, suplementos dietéticos, além do uso na produção de ração animal e de alimentos.

“Não são substâncias controladas como o THC, o ingrediente psicoativo da maconha, e têm um bom perfil de segurança em humanos. E nossa pesquisa mostrou que os compostos de cânhamo foram igualmente eficazes contra variantes do SARS-CoV-2, incluindo a variante B.1.1.7, que foi detectada pela primeira vez no Reino Unido, e a variante B.1.351, detectada pela primeira vez na África do Sul”, explicou van Breemen em entrevista ao site especializado EurekaArlet.

Assim, a produção e administração de um possível medicamento teria poucas barreiras pela frente. “Esses compostos podem ser tomados por via oral e têm uma longa história de uso seguro em humanos”, disse van Breemen. Ele também detalhou como funciona o par de ácidos encontrado.

“Eles têm o potencial de prevenir e tratar a infecção por SARS-CoV-2. CBDA e CBGA são produzidos pela planta de cânhamo como precursores de CBD e CBG, que são familiares a muitos consumidores. No entanto, eles são diferentes dos ácidos e não estão contidos nos produtos de cânhamo.”

O próximo passo da equipe é conseguir financiamento para novos estudos e desenvolvimento do medicamento.

Informações do Correio Braziliense

 

Ciências

Estudantes de SC criam detergente biodegradável para louças

Um detergente biodegradável para lavar louças, que não prejudica o meio ambiente, foi criado por duas estudantes do Colégio Bom Jesus de Itajaí, em Santa Catarina.

Vitória Chiaratti e Gabriella Costa Pereira começaram a pesquisa em 2019, quando estavam na 1.ª série do Ensino Médio, durante as aulas de Iniciação Científica.

Durante os estudos, elas chegaram à conclusão de que o detergente comum, usado para lavar louças, possui fosfatos em excesso, o que impede a circulação de oxigênio na água e é danoso ao meio ambiente. Por isso, pesquisaram uma fórmula eficiente, que não agredisse a natureza, e conseguiram chegar a dois produtos: um detergente em barra e uma embalagem, ambos biodegradáveis.

“Quando fazíamos as aulas de Iniciação Científica, sempre nos preocupávamos com a degradação do meio ambiente. Percebemos, então, que pequenos hábitos poderiam auxiliar na preservação”, contou Gabriella.

 

As fórmulas

Os testes para chegar a uma mistura biodegradável, capaz de limpar sem degradar o meio ambiente, usaram uma barra de sabão de coco, açúcar, álcool e bicarbonato. Depois, prepararam um detergente em barra com essas mesmas matérias-primas.

Até que chegaram aos produtos satisfatórios: a mistura de água, gelatina e glicerina para a embalagem, e a combinação de sabão de coco e óleo vegetal para o detergente em barra. O interessante, segundo elas, é que após 120 dias o material não sofreu com fungos.

Elas também fizeram um lacre com barbante para chegar ao antifúngico, após testarem seis fórmulas.


Orgulho do professor

O professor de Química e de Iniciação Científica do 9.º ano do Ensino Fundamental, Francisco Novais, comenta que os desafios fizeram com que elas crescessem como pesquisadoras e aprendessem cada vez mais.

Ele explica que os entraves não foram poucos: primeiro pensaram em um sabão com óleo vegetal, soja, girassol, etc.

Depois, uma embalagem com amido e vinagre. Foram testando, modificando as fórmulas, tentando encontrar também uma substância para os fungos e para não degradar. Não foi nada fácil, segundo Novais.

“Até que conseguiram. Elas são engajadas nas questões ambientais e surpreenderam com essa pesquisa. O mérito é todo delas”, observa o professor.

De acordo com Novais, as estudantes já estão testando novas fragrâncias para a embalagem – casca de laranja e folha de capim-cidreira estão entre as matérias-primas de teste.

Experiência de vida

Gabriella conta que foi uma experiência nova para elas, o que alimentou ainda mais a ânsia por alcançar os resultados e evoluir com o trabalho.

“Eu nunca tinha feito um trabalho de pesquisa, e desenvolver algo novo foi muito bacana”, diz a aluna, que quer ser engenheira química (Vitória pretende ser médica).
Para Vitória, o aprendizado das aulas de Iniciação Científica está justamente na paciência adquirida para atingir os objetivos da pesquisa. “Demoramos um pouco para ver resultados, fizemos vários testes, mas isso nos ensinou”, afirma.

O professor lembrou do estímulo que isso tudo provoca nos alunos.

“A Iniciação Científica do Bom Jesus é diferenciada. Nós percebemos que os alunos aperfeiçoam o espírito de cooperação e perseverança, pois vários testes deram errado. Elas merecem a conquista e devem continuar com o trabalho”, concluiu.

Informações do BomjesusBr