Aliados de Jair Bolsonaro já aguardam uma denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente, em meio ao avanço das diversas frentes de investigação da Polícia Federal.
Mas a avaliação interna é a de que, apesar do desgaste com o caso das joias, que levou ao indiciamento de Bolsonaro por peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro, é na apuração da trama golpista que devem surgir as imputações mais graves contra o ex-ocupante do Palácio do Planalto.
A expectativa da PF é de concluir ainda nesta semana o relatório da trama golpista instalada no seio da antiga administração para impedir a posse de Lula.
Investigadores que acompanham de perto essa apuração veem elementos para enquadrar Bolsonaro nos crimes de abolição do Estado Democrático de Direito (com pena de 4 a 8 anos de prisão) e golpe de Estado voltado para tentar depor um governo legitimamente constituído (4 a 12 anos), ambos previstos no Código Penal, respectivamente nos artigos 359-L e 359-M.
Para o entorno bolsonarista, um novo indiciamento da PF – mas desta vez no caso da minuta golpista –, com uma denúncia da PGR, pode pavimentar o caminho da prisão do ex-presidente, mas colocará o STF numa encruzilhada.
Isso porque, na opinião de integrantes do PL ouvidos reservadamente pela equipe da coluna, Bolsonaro pode reforçar o discurso de perseguição política, incitar as ruas e ser mais um fator de instabilidade para o País, caso seja preso. Também há o risco de colocar o Supremo sob pressão de uma expressiva parte da sociedade que ainda defende o ex-presidente, mesmo com o avanço das diferentes investigações.
“Bolsonaro preso é um problema para o STF e pode gerar um movimento popular pela sua soltura”, resume um interlocutor do ex-presidente.
Malu Gaspar – O Globo