O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados poderá discutir e votar na manhã desta quarta-feira, 20, o processo que pede a cassação do mandado da deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP).
O parecer preliminar que poderá ser votado na reunião é do deputado Acácio Favacho (MDB-AP) que pede a cassação da deputada por quebra do decoro parlamentar.
Procurada pelo Estadão, a deputada disse que as ações fazem parte de um “processo de perseguição política por parte do PL”, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro. “Não gostaram do meu comportamento nas comissões e no próprio plenário, o que, na prática, significa que discordam do meu posicionamento político, da minha postura combativa e contundente contra os projetos obscurantistas que eles defendem.”
Sâmia é acusada pelo PL de “tumultuar” reuniões da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do MST e de “desrespeitar” o deputado General Girão (PL-RN) durante as sessões, que foram marcadas por bate-bocas. Em uma delas, Girão disse à Sâmia que a deputada “se vale de ser mulher para silenciar os demais e se vitimizar, quando lhe convém”.
Sâmia acumula duas acusações protocoladas pelo PL: a outra cita desentendimentos entre parlamentares durante votação do marco temporal. No requerimento, também há uma captura de tela de um tweet da deputada, referindo-se ao marco temporal como “um genocídio legislado”. O PL acusa a deputada de “utilizar suas redes sociais para a propagação de Fake News sobre o tema”.
A deputada acrescentou ainda que o Conselho de Ética vem sendo “banalizado” e utilizado como instrumento de quem se opõe politicamente a outro parlamentar, e não para apurar condutas que, segundo ela, deveriam de fato ser repreendidas. “Alguns cometem crimes contra a honra, crimes contra o País e não tem sanção, enquanto outros, que somente tem uma atuação mais incisiva sobre determinados temas, acabam ficando ‘pendurados’ por muito tempo no Conselho de Ética. É um instrumento que acabou perdendo a sua função original e real aqui na Câmara.”
Deu no Estadão