Número de casos de HIV cresce 553% no Rio Grande do Norte

 

Os recentes dados sobre o HIV no Rio Grande do Norte são preocupantes. De acordo com o Boletim Epidemiológico sobre HIV e Aids, divulgado pelo Ministério da Saúde no início do mês de dezembro, no período entre 2012 e 2022 as notificações passaram de 93 para 608 por ano, o que equivale a um aumento de 553% nos diagnósticos. Entre janeiro e outubro de 2023, foram registrados 308 casos de HIV. Ainda segundo o Boletim, os números da Aids subiram de 463 notificações em 2012 para 609 em 2022, um crescimento de 31,5%.

Ainda de acordo com o documento do Ministério da Saúde, o Rio Grande do Norte é o quinto estado do país com maior detecção do vírus entre grávidas, 1.126 dentro do período. A Aids é a doença causada pela infecção do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV na sigla em inglês). Esse vírus ataca o sistema imunológico, que é o responsável por defender o organismo de doenças. Ou seja, ter HIV não significa que a pessoa desenvolverá aids. No entanto, quando infectada, a pessoa viverá com o HIV durante toda sua vida.

De acordo com dados do Sistema de Controle Logístico de Medicamentos (SICLOM), detalhados em Boletim Epidemiológico da Sesap em novembro, o RN possui, atualmente, cerca de 12.400 pacientes realizando tratamento para HIV/Aids em 14 Serviços de Atenção Especializada (SAE) existentes nos municípios de Natal, Parnamirim, Macaíba, São Gonçalo do Amarante, São José de Mipibu, Santa Cruz, São Paulo do Potengi, Caicó, Mossoró e Pau dos Ferros.

Mortalidade
No RN, de janeiro de 2012 a dezembro de 2022, foram registrados 1.447 óbitos em decorrência da Aids. Desses, 73,4% ocorreram em homens. Observa-se, no período, um aumento de 32,6% no número de óbitos por Aids no estado. Entre janeiro e outubro de 2023, foram registrados 84 óbitos.

O ano de 2022 registrou o maior número de óbitos no Rio Grande do Norte. Foram registradas 170 mortes, 58,8% a mais do que em 2012, quando o RN teve 107 óbitos em que a Aids foi a causa básica.

Profilaxia
Uma das formas de se prevenir contra o HIV é fazendo uso da PrEP (Profilaxia de Pré-Exposição), método que consiste em tomar comprimidos antes da relação sexual, em virtude de um possível contato com alguém que já tenha contraído HIV. A pessoa em PrEP realiza acompanhamento regular de saúde, com testagem para o HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis. Em todos os estados, há serviços de saúde que ofertam a PrEP.

De acordo com Igor Thiago Queiroz, infectologista e presidente da Sociedade Riograndense do Norte de Infectologia, a rede pública está totalmente preparada para diagnóstico e tratamento de pessoas com infecção por HIV.

O infectologista alerta que os testes rápidos para diagnóstico de HIV estão disponíveis em todas as unidades do SUS e não é necessário uma indicação ou prescrição médica para realização, basta o indivíduo solicitar diretamente na rede de atendimento.

“Há disponível nas Unidades Básicas, UPAs e Pronto Socorros os teste rápidos, assim como os medicamentos são distribuídos de forma gratuita seja para tratamento, com terapia anti-retroviral, o chamado coquetel, ou profilaxia pré-exposição (PrEP) ou pós-exposição (PEP)”.

O infectologista chama a atenção para a divulgação dos métodos de prevenção contra o HIV e realização do teste precocemente, principalmente entre os jovens.

“A grande dificuldade que a gente vê é que são pessoas que não sabem o diagnóstico e obviamente não se tratam e, quando descobrem, muitas vezes já estão com a doença avançada recebendo diagnóstico em uma internação hospitalar por alguma infecção oportunista”, diz.

Fonte: Tribuna do Norte

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